Safe & Sound II: A Sociedade Secreta escrita por Gistar


Capítulo 16
Injustiça


Notas iniciais do capítulo

Agora que o Nyah voltou, vamos aproveitar né? Boa leitura!



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“Se eu cair e tudo estiver perdido

Nenhuma luz para iluminar o caminho

Lembre-se de toda aquela solidão

É onde eu estarei.”

Sara

– Você está bem? – Mandy perguntou ao ver minhas lágrimas quando entrei no carro.

– Sim, vamos embora.

Eu achei que elas iriam insistir pra eu contar tudo, mas algo fez com que elas se calassem e não perguntassem nada durante as duas horas de viagem.

Eu tampouco tinha coragem de repetir tudo o que eu dissera a Steven e o que ele me dissera. Parecia que elas adivinharam o quanto aquilo havia sido difícil pra mim.

Nós paramos diante do prédio e descemos.

– Vai ao jogo? – Rose perguntou.

Eu havia esquecido completamente do jogo que seria em menos de duas horas.

– Eu não sei.

– Vamos, - insistiu Jess - vai ser bom pra você se distrair um pouco, se ficar em casa, vai ficar pensando besteiras...

– Jess tem razão – Ângela concordou – nós nos encontramos em uma hora aqui embaixo pra irmos juntos.

– Ok. – Respondi.

Enquanto Mandy ia guardar o carro, nós subimos para os quartos. Eu e Jana fomos tomar banho e nos preparar para o jogo.

– Sara, o que você acha do Eric? – Jana me pegou de surpresa com a pergunta, enquanto eu secava o cabelo e ela passava a chapinha.

– Você está interessada nele? – perguntei.

– É. Eu acho ele tão fofo, mas eu não sei o que ele acha de mim. Ele parece ser muito tímido pra demonstrar qualquer tipo de interesse, então não sei se ele está interessado em outra pessoa. No início até achei que ele gostasse da Jess, mas agora ela está com o meu irmão.

O relacionamento de Jess com Alex tinha sido uma surpresa e ao mesmo tempo um alívio para todos nós. Surpresa por que parecia impossível Jess se interessar por algum garoto depois do que acontecera com Miguel e alívio por saber que ela finalmente havia decidido seguir em frente.

Depois disso Jana e Eric haviam ficado desconfortáveis ao andar com a gente, pois éramos cinco casais apaixonados e eles acabavam constrangidos quando a conversa ia para o lado romântico.

– Eu acho que você devia falar com ele sobre isso. Ele realmente estava interessado na Jess no início, mas ele era amigo demais do Miguel e acho que ele sentia como se tivesse traindo a amizade deles se ele ficasse com a Jess. E ela também o via praticamente como um amigo, quase um irmão. Acho que nunca poderia ter dado certo entre eles.

– Eu já tinha pensado em falar com ele sobre isso, mas depois dos últimos acontecimentos, eu não sei se tem clima pra esse tipo de coisa...

Eu não pude deixar de rir.

– Jana, você se esqueceu de como Pedro e eu começamos a namorar? Acredite em mim, eu tenho certeza de que esse clima tenso não vai atrapalhar em nada, ainda mais agora que Alex está cuidando da Jess, nada mais justo que você e Eric cuidem um do outro.

Jess estava feliz ao lado de Alex, mas depois que soubemos do verdadeiro motivo de termos entrado para a Skull & Bones, Jess voltou a ficar depressiva e eu podia adivinhar o motivo. Além do óbvio que eram as lembranças da morte de Miguel e dos dias do sequestro, havia um novo tormento para ela: Alex. Eu podia ver em seus olhos, apesar de ela querer disfarçar, que ela temia perdê-lo como havia perdido Miguel e aquilo estava matando-a por dentro. Ela estava com muito medo da história se repetir, Alex nos contara que ela tentara convencê-lo a desistir de nos ajudar, mas ele insistira que nada aconteceria com ele.

“Jess tem razão Alex, ela não vai suportar outra perda se acontecer o mesmo com você. Ela levou muito tempo pra se recuperar da morte de Miguel, se ela sofrer outro golpe desses, ela não vai suportar...” – Falei depois de ouvir o que ele dissera.

Ele concordara com o que eu dissera, mas continuava com a determinação de participar do plano, dizendo que agora a situação era outra.

– Tem razão, - respondeu Jana, me arrancando das minhas lembranças - eu vou falar com ele hoje, na festa depois do jogo.

Eu gemi ao lembrar que tinha a tal festa. Eu poderia dizer que não ia, mas provavelmente os outros me arrastariam e eu iria de qualquer maneira.

Nos encontramos para irmos juntos, menos os meninos que já estavam lá, se preparando para jogar. Pegamos um bom lugar na arquibancada.

O jogo foi bom e ganhamos com uma vantagem grande sobre o time adversário. Pedro fez a maioria dos pontos e a torcida enlouquecia toda vez que ele marcava.

Quando o jogo acabou, nós fomos esperá-los na saída do vestiário.

– Detonaram, hein! – Alex falou quando eles começaram a sair do vestiário.

Pedro veio diretamente até mim e me abraçou.

– Como foi lá?

– Deu tudo certo! Ele vai nos ajudar.

Ele suspirou aliviado.

– Ótimo. Foi muito ruim?

– Não sabe o quanto.

– Eu sinto muito.

– Tudo bem, era o que eu tinha que fazer.

– Vamos gente, estão nos esperando pra comemorar a nossa vitória. – Jacson gritou pra nós e nós saímos arás deles.

A festa era no mesmo clube onde tinha sido a do início do semestre e como aquela esta também estava lotada com o pessoal todo da Universidade dentro.

Quando entramos, o pessoal começou a gritar e as pessoas chegavam até nós para cumprimentar os meninos.

Depois que conseguimos atravessar a multidão que parabenizava o time, sentamos em uma das mesas e fomos pedir as bebidas.

Ficamos algum tempo sentados e depois que os outros jogadores do time começaram a questionar por que não estávamos dançando, tivemos que levantar e ficar um pouco na pista com o pessoal. Eu tentava entrar no clima da animação, mas mesmo com todo aquele ar de felicidade à nossa volta era difícil. Toda aquela empolgação ao invés de ajudar, parecia que era pior, era sufocante.

Cheguei ao meu limite e decidi ir ao banheiro, só parei no caminho para avisar Mandy onde estava indo e saí.

Por sorte o banheiro parecia estar vazio.

Fui até o espelho e olhei meu rosto. Definitivamente não combinava com a festa.

Abri a torneira e fechei os olhos enquanto a água fria corria entre meus pulsos e as lágrimas começavam a cair ardentes na minha pele.

Por que a vida era tão injusta?

Depois de lavar o rosto, saí do banheiro e como se não faltasse nada pra piorar a noite, acabei esbarrando na pessoa que eu menos queria ver naquele momento. Tentei fingir que não o tinha visto, mas ele ficou na minha frente, bloqueando minha passagem.

– Estava te procurando! – Luke disse.

– Pra quê? Me torturar? – Perguntei impaciente e incomodada com a proximidade dele, ele estava quase em cima de mim para que eu pudesse ouvi-lo no meio da música alta.

– Queria saber se deu tudo certo.

Ele não podia esperar até a reunião da sociedade no dia seguinte?

– Sim, não se preocupe.

– Ótimo, avisou ele do prazo?

– Sim, eu já disse que está tudo certo! – Respondi enquanto olhava para os lados à procura de alguém pra me livrar do interrogatório.

– Que bom, seria uma pena se Daniel a matasse.

O quê?

Eu olhei incrédula pra ele que sorria da minha reação. Como ele ousava dizer aquilo na frente de um monte de testemunhas, embora ninguém parecesse prestar atenção em nós ele estava quebrando as regras.

– Ah é? – perguntei sarcasticamente – Não sabia que dava valor a minha vida, nem à vida de ninguém, aliás, é difícil acreditar que você se importa com algo além de si mesmo e da sociedade.

Ele ficou sério e abriu a boca para dizer algo, mas alguém gritou meu nome e ele se virou também pra ver quem era.

Pedro tentava passar pelas pessoas pra chegar até onde nós estávamos junto à parede dos banheiros.

– Algum problema? – a pergunta parecia que era pra mim, mas ele olhava para Luke.

Luke voltou a relaxar o rosto e respondeu descontraído.

– Apenas verificando se Sara tinha ido bem.

– Você estava demorando! – Disse e me puxou, fazendo com que eu me afastasse do Luke.

– Fila grande. – Respondi.

– Parabéns, foi um ótimo jogo! – Luke elogiou.

– Obrigado. Se não se importa, vamos voltar agora.

– Claro. Aproveitem a festa enquanto estão... na Universidade. Depois vão sentir falta dessa época.

Pedro e eu voltamos para onde os outros estavam e ele não disse nada, mas como eu, ele também parecia ter percebido que Luke queria dizer uma coisa e disse outra.

Mas o que ele queria dizer?

– Achou a fujona? - Emerson perguntou.

– Tinha muita gente no banheiro. – Expliquei.

– Luke não parecia estar esperando o banheiro.

– Ele só queria saber como eu tinha ido com o Steven.

– Ela estava com o Luke? – Mandy perguntou e me deu um olhar preocupado.

– Estava e ele parecia prestes a atacá-la. Nunca gostei do modo como ele a olha. – Pedro disse.

– Eu já tinha comentado isso com a Sara, mas ela disse que eu estava vendo coisas.

– Não tem nada a ver. – Teimei.

– De qualquer forma é melhor ele ficar longe de você, eu não vou me importar com quem é ou quem ele conhece se ele fizer alguma coisa com você. – Garantiu Pedro.

– Ele não vai fazer nada, fica frio, ele sabe que eu amo você! – disse lhe dando um beijo.

Ele pareceu relaxar um pouco e depois sorriu.

– Não mais do que eu.

– Parece que o novo casalzinho se entendeu. – Disse Ângela enquanto se sentava com Bruno.

Eu ia perguntar de quem eles estavam falando quando percebi que não estavam todos à mesa. Onde estavam Jana e Eric?

– Onde eles estão? – Perguntei.

– Vimos os dois saindo de mãos dadas do clube. – Bruno respondeu.

Eu olhei para Alex esperando que ele fosse dar uma de irmão ciumento, mas ele não parecia fazer esse tipo.

– Acho que eles não são os únicos que resolveram fazer demonstrações públicas de afeto hoje. - Rose disse enquanto lançava um olhar de nojo para o bar.

Nós seguimos o olhar dela e vimos Tânia praticamente se atirando pra cima de Luke que parecia estar gostando da atenção.

– Eles se merecem. – Disse Jess.

– Não gosto deles juntos. – Falou Mandy desviando o olhar. - Não pode resultar em nada bom.

– Ninguém merece aquele cara, ele pode ser bonito, mas é frio, manipulador e perigoso. – Rose falou, discordando do comentário de Jess.

– É. – Concordou Pedro – Apesar de não gostar muito da Tânia, ela merece coisa melhor.

Eu olhei novamente para o bar, Tânia estava sentada no colo de Luke, os dois aos beijos. Pode ter sido impressão minha, mas pareceu por um momento que ele estava com os olhos abertos e olhou em minha direção. Impressão ou não eu desviei o olhar.

– Que coisa doentia! – Concordou Ângela. – Não sei o que ela viu nele...

– Vamos embora? – Convidei, a festa parecia estar se esvaziando.

Nós saímos do clube e eu estremeci ao sentir que a temperatura havia caído. Pedro percebeu e me apertou mais junto a ele.

– Quer falar sobre a sua conversa com Steven?

Eu lhe contei todos os motivos que ele alegou para não ter nos avisado sobre a sociedade e não ter impedido o sequestro.

– Essa gente é mesmo terrível. – Comentou depois que eu terminei de contar tudo. – Vai perdoá-lo?

– Talvez. Eu preciso de um tempo pra pensar sobre isso e pra ver como as coisas vão ser de agora em diante.

– Eu estava conversando com os meninos sobre isso e eles surgiram uma coisa.

– O quê? – Perguntei curiosa e esperançosa que houvesse uma saída.

– Nós poderíamos pegar algum dinheiro e fugir!

Eu parei de andar e o encarei.

– Fugir? Mas se fizermos isso, vamos ter que nos afastar pra sempre da nossa família e as nossas vidas vão ser fugir e fugir, nunca teremos paz. Eles vão nos caçar até o fim do mundo, Pedro!

– Eu sei e foi isso que eu disse ao Emerson. Eu jamais te pediria para largar a sua família e vir comigo, mas não podemos negar que ela estaria mais segura se nós estivéssemos longe daqui. A única coisa que me prende aqui é você.

Ele tinha razão, mas eu não sei se teria coragem de largar tudo, mesmo se fosse pra proteger aqueles que eu amo.

– Não se preocupe, – disse quando viu a aflição que aquela ideia me provocava – vamos dar outro jeito.


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Notas finais do capítulo

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