Depois do drama e o pânico passarem de meu olhar eu finalmente tentei entender o que realmente estava acontecendo, com absoluta certeza eu não iria à escola naquela manhã. Fomos todos até a cozinha para discutir junto os procedimentos. Na carta havia descrições específicas de materiais que eu deveria comprar, porém eu não sabia aonde comprar tudo isso e nem mesmo como chegar até esta tal escola. Ignorei a carta e a coloquei na gaveta do lado de minha cama onde havia uma velha estante que embora fosse velha ainda guardava minhas coisas como um cofre forte.

Passaram se dias e todos em casa já estavam esquecendo o que havia acontecido com a tal carta, aliás já estávamos esquecendo que HAVIA uma carta. Estava na hora do jantar, a lua lá fora lançava sua luz sobre a grande janela que havia em nossa cozinha e a refletia diretamente para a mesa onde estávamos sentados, era como se fosse uma mesa de interrogatório, porém mais agradável. Meu pai estava contando uma daquelas piadas sem graça que temos que rir no final para não chatear a pessoa que está contando, não era o forte da nossa família contar piadas. Depois minha mãe começou a falar sobre como foi no seu trabalho, coisa que eu ficaria agradecido de não ouvir, mas eu não podia simplesmente sair da mesa e ir comer no meu quarto então fiquei. Depois que estávamos quase no fim do jantar escutemos um barulho na porta, alguém batia, indicando que devíamos abrir.

— Atenda Jake, por favor. — disse meu pai.

Assenti com a cabeça e me levantei da mesa deixando meu prato de comida quase terminado, por um momento fiquei agradecido por não ouvir mais daquela conversa fora. Cheguei até a porta e a abri, porém me surpreendi com o que estava lá fora.

Aquele era o homem mais alto que eu já havia visto em toda a minha vida, sua barriga era enorme como se estivesse carregando um bebê de treze meses, sua barba era tão enorme que chegava a seu umbigo e o tamanho de seus sapatos perto do meu faziam o meu ser pezinhos de bebê. Meu instinto foi correr e me esconder onde eu estivesse seguro, mas eu sabia que ele gostaria de me dizer algo e eu deveria ouvir.

— Olá — disse o homem misterioso.

— Olá... Erg... Tudo bem? — disse ao homem. A conversa estava tão emocionante que eu quase morri de tédio, mas não podia se dar as costas para um gigante de dois metros e meio de altura.

— Jake, temos que ir para Hogwarts, seu trem irá partir amanhã de manhã! — disse o homem.

Não entendi muito o que ele quis dizer, porém abri um pouco a porta ainda mais para que ele pudesse passar com todo o seu pes... magnitude e assim fomos até a cozinha. Meu pai deu um pulo da cadeira e instintivamente foi procurar algo que pudesse ser usado como uma arma, minha mãe saiu correndo para a varanda, mas eu os acalmei falando que estava tudo bem. Na primeira tentativa do homem de sentar em uma das cadeiras da mesa ela se partira ao meio então ele resolveu ficar de pé.

— Meu nome é Hagrid, e vim informar que seu filho foi indicado para estudar em uma das escolas mais graduadas do mundo bruxo, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Amanhã seu trem partira exatamente às sete e meia — Hagrid deu uma pausa como se precisasse de mais oxigênio e retirou de seu bolso um pedaço de papel e entregou à mim, era um bilhete da estação King Cross.

— Porém antes você deve comprar as coisas que foram indicadas na sua lista, que estavam na carta... Você encontrará tudo isso no Beco Diagonal, se quiser te levo lá amanhã um pouco antes de seu trem partir. Você é um bruxo, Jake.

A última coisa que fiz foi olhar para mim mesmo e perguntar? Eu era mesmo um bruxo? Cada parte do meu ser era extremamente ordinária então o que viesse a mais era lucro, porém olhei para meus pais e não sabia se eles estavam com pânico de eu ser bruxo ou ainda com medo do grandalhão.