Voltaire - Z'Histórias escrita por Iva Sama


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer: Naruto é de Kishimoto, assim como a obra "Cândido ou Otimismo" pertence a Voltaire. O título faz referência, também, à publicação do romancista "O Ingênuo".



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CAPÍTULO III

De que maneira Naruto escapou da prisão

búlgara e o que aconteceu com ele

Nada era tão bonito, tão elegante, tão brilhante, tão bem ordenado como os dois exércitos. As trombetas, os pífaros, os tambores, os canhões formavam uma harmonia como jamais existiu no inferno. Os canhões logo derrubaram cerca de seis mil homens de cada lado. Em seguida, a mosquetaria varreu do melhor dos mundos aproximadamente nove a dez mil patifes que lhe infestavam a superfície. A baioneta também foi a razão suficiente da morte de alguns milhares de homens. O total podia muito bem somar umas trinta mil almas. Naruto, que tremia como um filósofo, escondeu-se o melhor que pôde durante essa carnificina heroica.

Finalmente, enquanto os dois monarcas mandavam cantar Te Deum [1], cada qual em seu campo de batalha, ele resolveu ir para outro lugar raciocinar sobre os efeitos e as causas. Passou por cima de pilhas de mortos e moribundos e logo chegou numa aldeia vizinha. Estava reduzida a cinzas. Era uma aldeia ábara que os búlgaros haviam incendiado, segundo as leis do direito público. Aqui, velhos crivados de golpes viam suas mulheres morrerem degoladas, apertando seus filhos contra seus seios ensanguentados; mais além, meninas destripadas, depois de terem saciado as necessidades naturais de alguns heróis, exalavam os últimos suspiros; outras, meio queimadas, gritavam para que lhes acabassem de vez com a vida. Miolos estavam espalhados pelo chão, ao lado de braços e pernas amputados.

Naruto fugiu o mais depressa possível para outra aldeia. Pertencia aos búlgaros e os heróis ábaros lhe haviam conferido o mesmo tratamento. Sempre andando por sobre membros palpitantes ou entre ruínas, Naruto conseguiu finalmente deixar o teatro da guerra, levando algumas poucas provisões no alforje, sem nuca esquecer a senhorita Hinata.

Quando chegou na Holanda, os mantimentos já haviam acabado. Mas como tinha ouvido dizer que todos eram ricos nesse país, e verdadeiramente cristãos, não duvidou que o haveriam de tratar tão bem como o fora no castelo do barão, antes de ser expulso de lá por causa dos lindos olhos da senhorita Hinata.

Pediu esmola a várias pessoas sisudas e todas lhe responderam que, se continuasse a exercer esse ofício, fariam com que fosse internado numa casa de correção para ensinar-lhe a viver.

Dirigiu-se em seguida a um homem que acabava de falar, unicamente com ele, por uma hora sobre a caridade perante uma grande assembleia. Esse orador, olhando-o de soslaio, disse-lhe:

– O que vem fazer aqui? Está aqui pela boa causa?

– Não há efeito sem causa, respondeu modestamente Naruto, tudo está necessariamente encadeado e disposto da melhor maneira possível. Foi preciso que tivesse sido expulso de perto da senhorita Hinata, que tivesse sido submetido às chibatadas e agora é preciso que esmole meu pão até que possa ganhá-lo; tudo isso não poderia ser de outro modo.

– Meu amigo, disse-lhe o orador, acredita que o Papa seja o Anticristo?

– Ainda não tinha ouvido falar a respeito, respondeu Naruto, mas, se ele é ou não, o fato é que me falta pão.

– Você sequer merece comer pão, redarguiu o outro; vá embora, patife, vá, miserável, nunca mais se aproxime de mim!

A mulher do orador, assomando à janela e reparando num homem que duvidava que o Papa fosse o Anticristo, despejou-lhe na cabeça o conteúdo de um... penico. Oh, Céus! A que excessos chega o zelo religioso das senhoras!

Um homem que não havia sido batizado, um bom anabatista [2], chamado Kakashi, viu o modo cruel e ignominioso como estava sendo tratado um dos seus irmãos, um ser com dois pés e sem plumas, que tinha uma alma. Levou-o para casa, limpou-o, deu-lhe pão e cerveja, presenteou-o com dois florins e até quis ensiná-lo a trabalhar em suas manufaturas de tecidos da Pérsia, fabricados na Holanda. O loiro, quase prosternado diante dele, exclamava:

– Bem, me dizia mestre Sai que tudo está da melhor maneira possível neste mundo, pois me sinto infinitamente mais tocado por sua extrema generosidade do que pela dureza desse senhor de manto negro e da senhora sua esposa...

No dia seguinte, ao passear, encontrou com um mendigo coberto de pústulas [3], os olhos sem vida, a ponta do nariz carcomida, a boca torta, os dentes pretos, e falando pela garganta, atormentado por uma tosse violenta e cuspindo um dente a cada esforço.

...CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

[1] É um hino cristão, usado principalmente na liturgia católica, como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças

[2] São cristãos sectários do Anabatismo, a chamada "ala radical" da Reforma Protestante.

[3] São pequenas elevações da epiderme, a camada mais externa da pele, contendo fluído turvo ou purulento (com pus). Podem ser brancas ou vermelhas. Costumam ser um sinal de infecção bacteriana.
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