Bella

Estacionei o carro em uma das poucas vagas perto da entrada. O estacionamento mediano estava lotado de carros, o que era um forte indicador que dentro do bar tinha uma quantidade considerada de gente da escola. Eu tentei não ficar surpresa por isso, afinal, eu tive um pouco do amor desse pessoal na hora do almoço.

— Emmett, Rose e Jake estão mais para frente. – anunciou Nessie, pulando do banco de trás.

Edward sorriu para mim antes de sair do seu lugar ao meu lado. Eu revirei os olhos para o nada. Os Cullen tinham vindo conosco porque como morávamos na mesma rua e íamos para o mesmo canto, então não tinha muito sentido em irmos separados. Vamos poupar o meio ambiente esta noite.

Saí do carro, deparando-me com o Cullen escorado na porta de traseira do carro. Ao que parece, eu era a única que ainda estava dentro do veículo. Edward ofereceu-me o braço e eu aceitei, enganchando o meu nele.

Ao nos aproximarmos dos outros três, notei que Alice tinha o seu braço enganchado no de Jasper. Percebendo isso, Nessie pulou para o lado esquerdo de Edward, sorrindo.

— Teremos que dividir o cavalheiro esta noite, querida prima. – Nessie falou para mim, já nos puxando para andar. Alice e Jasper seguiram atrás de nós, cochichando sobre algo.

— Ele é todo nosso. – pisquei para ela.

Nessie e eu rimos enquanto Edward revirou os olhos.

— Sinto-me usado. – resmungou falsamente.

— Você tem duas... – começou Nessie, mas parou assim que avistou Rose. Ela chamou a loira com a mão, que imediatamente veio, e enganchou seu braço nela – Três garotas lindas ao seu lado. Sinta-se um garanhão. – emendou.

Meu suposto namorado sorriu maliciosamente.

— Se você ver por esse lado...

— Oi gente! – cumprimentou Rose, sorrindo.

Eu sorri para ela. Edward soltou-lhe uma piscadela.

— Uau, Cullen! Não acha que está supersaturado de garotas, cara? – comentou Emmett, trocando beijos comigo e Nessie, e batendo na testa do Edward.

— Talvez ele devesse dividir um pouco. – Jacob entrou no jogo e veio falar conosco, quando Emmett pulou para bater em Jazz e beijar o rosto de Alice.

Edward olhou rapidamente para as três garotas que o ladeava e sorriu convencidamente.

— Acho que não quero dividir. Nessie fez uma ótima colocação sobre três garotas lindas. – piscou para os meninos, que fizeram caras falsamente chocadas.

Jasper riu.

— Cara, isso que eu chamo de 10x0. – zombou.

Meu suposto namorado ampliou o sorriso convencido. Semicerrei os olhos para ele e dei-lhe uma tapa na perna. Logo o sorriso de merda caiu do seu rosto, dando lugar a uma careta de dor.

— Não precisa ter ciúmes, querida. Você sabe que meu coração é seu. – deu uma de meloso.

Agora foi a minha vez de fazer careta, enquanto alguns riam e outros achavam fofo.

— Leve à merda essa sua breguice, Cullen.

— Bella é uma mulher de ação, Edward. – comentou Jacob com malícia.

Lancei-lhe o meu dedo médio, desprendendo-me do meu suposto namorado idiota e caminhando para a entrada. Só percebi que os outros me seguiam por conta das gargalhadas próximas.

Antes que eu pudesse entrar no local, uma mão puxou meu braço, arrastando-me para trás e fazendo meu corpo colar em outro. Ui!

— Você fica sexy quando está brava. Alguém já te falou isso? – Edward sussurrou em meu ouvido com sua melhor voz sensual.

Não contive o arrepio que passou por todo meu corpo. Cullen idiota!

— Muitas vezes. – entrei na brincadeira, olhando para trás para poder piscar-lhe um olho.

Edward sorriu de forma travessa e grudou sua mão na minha, puxando-me para entrarmos com os outros. Ao nos ver, a galera toda parou para bater palmas e soltar assovios, assim como fizeram no refeitório. Em meio a sorrisos, agradecemos e nos desmembramos para poder falar com todos os presentes na festa.

Edward veio grudado em mim. Nessie seguiu com Rosalie. Jasper arrastou Alice – esses dois estão muito juntos ultimamente... – Emmett seguiu com Jacob para a sinuca onde estava o pessoal do time.

Edward e eu falamos com algumas pessoas. A maioria ficava nos olhando bobamente, o que me incomodou um pouco e fez Edward sorrir feito idiota. Qual é, nós éramos apenas um casal, para todos os efeitos. 

Eu fiquei zanzando com o meu suposto namorado, até ele ficar para trás em certo ponto, conversando com algum colega de turma. Sem a mínima vontade escutar a conversa tediosa deles, eu fui para o bar. A fim de tomar algo, sentei-me em um dos bancos e pedi uma cerveja. A coisa boa de conhecer o dono é que ele liberava algumas bebidas ilegalmente para adolescentes.

— Olha se não é a ilustre Isabella Swan! – escutei a voz de Dean atrás de mim.

Olhei para trás, encontrando o belo moreno em trajes claros.

— Dean! – exclamei feliz, praticamente saltando em seus braços. Ele riu sobre os meus cabelos – Como você está, cara?

— Eu estou bem, Bella. – soltou-se de mim, com um sorriso de menino em seu rosto – E você? Sentindo-se muito bem em desbancar Tiffany Campbell?

— Acho que quem está adorando isso tudo é você. – cutuquei o seu peito, causando-lhe uma gargalhada.

— Não posso mentir e falar que não gostei. Ela merece isso e muito mais. – deu de ombros – Bom, a única notícia quente não é essa. – sorriu conspiratoriamente para mim e sentou-se no banco ao lado do qual eu estava.

Arqueei uma sobrancelha, retomando o meu lugar.

— Qual é a outra notícia quente que eu, fonte das informações, não estou sabendo? – questionei, bebendo um gole da minha cerveja.

Ele riu, pedindo uma bebida para si no bar.

— Você e Edward Cullen. Quem diria, hein B? – piscou para mim.

Eu revirei os olhos.

— Isso não é lá muito novo. – abaixei o olhar e comecei a fazer círculos com o dedo na boca da garrafa.

— Claro que é. Mas eu não vim para falar sobre isso. – seu tom se tornou mais sério, fazendo com que eu levantasse o olhar para ele.

Dean não olhava para mim. Apenas tomava sua cerveja, parecendo está com o pensamento longe.

— E do que você quer falar?

Ele largou a garrafa em cima do balcão e soltou um suspiro.

— Fiquei sabendo que meu irmão foi te procurar. – falou, ainda com o olhar para longe. Eu bufei, lembrando-me do ocorrido – Eu ainda não sei qual é a porra do problema do meu irmão. – bufou. Seus olhos vieram para os meus. Os orbes claros pareciam preocupados – Ele foi ruim para você?

— Ele foi um grande saco de merda, D, como sempre, mas nada de muito ofensivo. Veio com um papo idiota de me querer de volta e deu uma de bom moço. É uma pena que na laia dele eu não caio mais. – dei de ombros, tomando o resto da minha bebida.

A verdade era que Dereck já não me afetava tanto. Ele apenas seria aquela parte do meu passado que eu jurei que daria certo e não deu. Apenas mais um desencantado para a minha lista do fracasso. Eu já levei o suficiente da queda para acostumar-me a ela.

Dean sorriu de forma arteira para mim.

— Agora você tem o Edward e ele não parece fazer o tipo de cara ruim. Na verdade, acho que ele tem os seus quatro pneus arriados por você. – ele sussurrou a última frase como se fosse um segredo. Eu rir – Sério, vocês formam um casal quente. Eu espero que prospere, Bella. Vocês têm uma química muito boa pelo o que eu vi por aí.

— Acho que sim. – murmurei, sentindo-me um pouco perdida em suas palavras.

— Vou circular por aí. Qualquer coisa é só gritar. – beijou minha bochecha e se foi.

Antes que eu pudesse pensar muito sobre ‘’química muito boa’’, eis que meu ilustre – e suposto – namorado aparece em minha frente. Ele estava sorrindo.

— Sabe o que eu estava pensando? – perguntou, verificando se na minha garrafa ainda tinha algum líquido. Percebendo que não, ele fez uma cara triste.

Revirei os olhos.

— O que se passa nessa sua cabeça além de vento? – escorei meu cotovelo sobre o balcão, colocando meu rosto sobre a mão no ar e sorrindo maldosamente para ele.

Edward semicerrou os olhos para mim.

— Ignorando sua piadinha sem graça... – dei-lhe a língua – Eu estava pensando que faz um tempo desde que não fazemos alguma aposta.

Sentei-me ereta do banco, olhando para o garoto na minha frente com cuidado.

— O que você quer com isso?

— Não está óbvio, querida namorada? Quero uma aposta! – sorriu brilhantemente para mim.

Semicerrei os olhos.

— E para que você quer uma aposta?

— Ganhar coisas.

— Que coisas?

— Faça a aposta e você saberá. – arqueou uma sobrancelha, achando-se muito esperto.

Passei a língua pelo meu lábio superior, pensando. Arriscar ou não arriscar, eis a questão!

— Você está hesitando demais. – cantarolou – Está com medo? – atiçou, cutucando-me na barriga com o dedo.

Bufei, fazendo pouco caso da sua pergunta idiota.

— Não tenho medo de apostas, Cullen. Jogue sua carta e vamos com isso. – bati no balcão do bar.

Edward sorriu vitoriosamente para mim e virou-se para chamar o carinha do bar.

— Duas doses de tequila, por favor. – pediu, assim que o rapaz se aproximou de nós.

— O que você quer com isso? – perguntei desconfiada.

Edward não respondeu minha pergunta. Apenas aguardou o rapaz trazer o seu pedido, e assim que o mesmo o trouxe, pediu que ele permanecesse por alguns minutos.

— Quem beber primeiro essa dose de tequila faz o que o outro quiser. – explicou Edward — E o nosso amigo aqui – bateu no ombro do rapaz – será o nosso juiz.

Sorri, gostando do assunto.

— Você vai perder. – avisei, pegando um dos copos com a bebida.

— Vamos apostar. – piscou um olho, levantando o seu copo para mim.

Levantei o meu copo também, batendo levemente no seu. Contamos até três e viramos o copo. Quando bati o copo na mesa, sentindo o líquido rasgar por minha garganta, notei que Edward já sorria para mim.

— Parece que o garoto venceu. – anunciou o carinha, olhando um pouco assustado para Edward.

— Não acredito! – exclamei, chateada.

Meu suposto namorado sorriu gigantemente.

— Parece que eu tenho um desejo.

Cruzei os braços, arqueando uma sobrancelha em desafio para Edward.

— Hmm... Será que já posso dá a rodada grátis? – o cara do bar perguntou, quebrando a conversa e olhando para mim – Você é uma das garotas que estão no comando por aqui, sim?

Desviei o olhar de Edward para dá atenção ao rapaz.

— Sim. A propósito, qual é o seu nome? – perguntei, cansada de referir-me a ele como o ‘’cara do bar’’.

— Sou o Alex. – sorriu, apontando para o crachá em seu peito.

Oh, claro! Como não notei isso?

— Bem, Alex, pode anunciar a rodada grátis. Comece por aqui, sim? – pisquei para ele, fazendo-o corar um pouco.

— Cla-claro. – gaguejou, um pouco perdido.

Sorri, olhando para o garoto que se afastou de onde estávamos para poder pegar as bebidas. Ele não aparentava ser muito velho. Tinha cabelos extremamente negros e usava óculos de grau. Provavelmente era algum universitário que precisava de uma grana extra.

— Interessada? – a voz de Edward quebrou-me dos meus pensamentos.

Voltei a olhar para ele, carregando um olhar descrente em meu rosto. Edward parecia divertido.

— Claro. Até porque o que eu mais quero no momento é um cara. – comentei com sarcasmo.

Alex trouxe nossas bebidas e logo se afastou para anunciar a rodada grátis no microfone. A galera comemorou e rapidamente vieram em busca de um pouco de álcool grátis.

Peguei minha garrafa de cerveja e distanciei-me da multidão, procurando um lugar nas mesas para poder sentar. Edward seguiu-me, é claro.

— Ainda não disse o que eu quero. – sussurrou próximo ao meu ouvido.

— Estou ouvindo. – anunciei, encontrando uma mesa vazia um pouco afastada das demais.

Seguimos para lá, sentando-nos nas cadeiras de forma que ficássemos um de frente para o outro.

— Quero um tempo a sós com você. Hoje. – sorriu torto, arqueando uma sobrancelha e trazendo um ar sexy para o seu rosto.

— Está querendo abusar de mim, Cullen? – soltei, tomando um gole da minha bebida.

Edward riu.

— Claro! Como você descobriu? – revirou os olhos – Eu só quero conversar um pouco, Swan. Conhecer mais sobre você.

Olhei-o desconfiada, mas Edward apenas sorria de forma afetuosa para mim. De repente, senti-me incomodada. O que Edward pretendia com aquilo? Ele estava achando que aquele teatro todo era real? Tudo bem que estávamos nos dando bem, mas vamos com calma.

Antes que qualquer coisa fosse dita, Jacob e Emmett aparecerem, sorrindo como idiotas. Ambos tinham cervejas em mãos.

— Edward! Larga a Bells ai e vamos jogar sinuca? – convidou Jacob, puxando-o pelo braço.

— Muito bonita a sua consideração, Black. Quer fazer um brinde? – ironizei, erguendo a minha garrafa de Heineken.

— Eu te amo, faniquita. Do fundo do meu coração, mas nós precisamos do Edward agora.

— É, Bella. Divida um pouco do seu garoto. – Emmett comentou, rindo em seguida. Ele parecia um pouco alto.

— Você vai ficar bem? – Edward questionou, olhando diretamente para mim.

— Suma da minha frente. – mandei.

Ele sorriu.

— Daqui a pouco eu volto para irmos, ok? – piscou para mim, lembrando-me do seu pedido estúpido.

Dei de ombros. Jacob deu-me um beijo molhado na bochecha, sussurrando mais uma vez que me amava. Revirei os olhos para ele, fazendo cara de nojo para sua baba em meu rosto.

Eu permaneci em meu próprio silêncio por cerca de cinco minutos, até Rosalie Hale pairar ao lado da mesa. Ela sorriu hesitantemente.

Pelo visto eu não ficaria só hoje. Não que eu esteja reclamando. Bom, não muito.

— Companhia? – perguntou.

Apontei com a cabeça para uma das cadeiras. Ela se sentou e eu notei que ela não tinha nenhuma bebida em mãos.

— Não está bebendo?

Rose negou com a cabeça.

— Estou dirigindo hoje. Gosto de ser uma garota consciente. – deu de ombros.

Balancei a cabeça, recordando-me que vim dirigindo um carro hoje e não estava sendo uma garota consciente.

— Acho que eu tenho um problema. – franzi o cenho para bebida em minha mão, causando uma risada em Rosalie.

— Quanto você já bebeu?

— Essa é minha segunda garrafa de cerveja. E eu tomei um copo de tequila também. – afastei a bebida sobre a mesa – Acho que chega por hoje. – balancei a cabeça, dando ênfase para minha própria fala.

— É uma boa escolha. – elogiou.

— Não querendo ser chata, nem nada, mas eu pensei que você estaria com as garotas da torcida. – comentei.

Ela sorriu, colocando suas mãos sobre a mesa.

— Estava dançando com elas, mas os meus pés pediram um pouco de arrego.

— Por isso fujo dos saltos. São coisas bonitas, porém mortais.

Rosalie riu do meu comentário. Nossa conversa muito produtiva foi interrompida quando quatro líderes de torcida se aproximaram de nós. Uma delas era Esther, a pequena traidora. Notando a garota, Rosalie rapidamente desmanchou o sorriso e deu lugar a uma carranca.

— Conta para ela, Esther. – cutucou uma das garotas que reconheci como sendo Melissa. Ela não tinha uma expressão agradável no rosto.

Esther parecia nervosa.

— Acho que isso não é algo para ser dito aqui. – retrucou a garota, sentindo-se acuada com o olhar mortal de Rosalie sobre ela.

— Não tem lugar para isso ser dito. Apenas coloque isso para fora. – falou outra garota, a qual eu não recordava o nome.

Esther olhou para mim, como se minha presença ali fizesse alguma diferença para o que ela estava prestes a contar. Arqueei uma sobrancelha.

— O problema sou eu? Oh, se for, estou saindo para vocês terem o momento de garotas. – levantei-me do meu assento.

— Fique, Bella. – pediu Rose. Voltei a colocar a bunda na cadeira – E você, diga o que tem para dizer e suma da minha frente. – rosnou, mal olhando para garota.

O que um par de chifres não faz, hm?

Ok. O comentário mental foi um pouco infeliz.

Muito infeliz.

— Eu só beijei o George, porque a Tiffany obrigou-me. – confessou.

Meu queixo caiu e Rose a olhou com cara de taxo. Que grande merda era aquela?

— E você é tão pau mandado dela a esse ponto?

Não, quem disse isso não foi Rosalie. Foi euzinha. A pequena traidora olhou-me com irritação, enquanto as outras sorriram.

— Você não entende, Swan.

— Então explique. – cruzei os braços.

— É. Explique, Esther. – Rose imitou o meu gesto, gostando da pequena emoção.

A pequena traidora voltou a ficar nervosa, mexendo a perna freneticamente.

— Tiffany sabe sobre coisas minhas e ameaçou contar caso eu não colaborasse com ela. Então, eu fui obrigada a fazer o trabalho sujo. Juro que se fosse por mim eu não teria feito nada daquilo, Rose. – finalizou, olhando com súplica para ela – Perdoe-me.

— O que foi feito já foi feito, Esther. – balançou a cabeça – Merda! – exclamou, batendo a mão na mesa – Eu sabia que Tiffany não era minha maior fã, mas fazer uma merda dessas...

— É demais. – completou Melissa, indo para o lado de Rosalie e afagando-lhe o ombro – Nós vamos tomar as medidas para isso. Tiffany sabe sobre o nosso lema e se ela o quebrou foi por pura falta de companheirismo.

As outras duas garotas concordaram com ela. Esther apenas abaixou a cabeça. Eu apenas fiquei observando e percebendo que naquele mundo não só existia futilidade.

E então, como se fosse para colocar uma cereja no bolo daquela discussão, um dos seguranças me passou uma informação interessante.

[...]

— Eu pensei que você fosse chamar alguém relevante, tipo o Emmett McCarty! – vociferou Tiffany, batendo o pé no chão e fuzilando o segurança do bar com os olhos.

Arfei com falsa incredulidade, olhando-a de cima a baixo novamente. Ela estava com um vestido extremamente brilhoso, cabelos e maquiagem bem feitos. Exatamente pronta para uma festa, mas a grande questão era: que festa? Porque aqui ela não seria bem vinda. Sem contar na cara de pau de aparecer em uma festa da reabertura de algo que ela mesma fez o favor de TENTAR destruir.

— Você é patética. Faz aquele circo todo e ainda tem a audácia de aparecer aqui? – falei para ela.

Tiffany empinou o queixo para mim, achando-se muito superior. Arquei uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Não falei com você, sonsa de meia tigela!

— Você tem muita sorte de ter sido eu a ser chamada para te expulsar efetivamente daqui, porque se fosse Nessie, um diálogo não estaria existindo.

— Eu queria o Emm! Ele sabe que eu nunca quis o mal dele! – continuou com seu espetáculo, vindo para mais perto de mim.

Eu ri da cara dela.

— Emmett não quer te ver nem pintada de ouro, Tiffany. Se toca. – propus, cansada de discutir qualquer coisa com aquele ser.

— Ninguém quer, nada verdade. – uma voz completou.

Olhei para trás, notando que Rosalie e as outras meninas da torcida estavam lá. Elas não pareciam nada satisfeitas com sua capitã. Entretanto, Tiffany não viu bem assim.

— Meninas! – exclamou feliz – Eu sabia que vocês viriam para colocar-me para dentro e fazer essas pessoas pararem de pagar mico. – jogou os cabelos, caminhando até onde as garotas estavam.

Uma risada alta foi dada e Renesmee surgiu de trás das meninas, um copo de uma bebida transparente em sua mão. Ela trazia um sorriso debochado em seus lábios. Parecia bem tranquila, provavelmente o álcool já circulava em seu corpo.

— Olha, eu não esperava que você tivesse essa cara de pau toda, mas vejo que me enganei. – balançou o líquido em seu copo distraidamente.

As mãos de Tiffany cerraram-se em punho e ela lançou o seu olhar mais mortal para minha prima.

— Até onde eu sei, a escola toda foi convidada! – tentou se sobressair.

— Todos menos você e aquele quinteto de quinta categoria! Isso aqui é a comemoração de algo que você tentou destruir. – rosnou Nessie, segurando o copo com uma força um tanto exagerada. Notei isso por causa dos seus tendões salientes sob a pele.

— Acho melhor você ir, Tiff. – falou Melissa.

Os olhos da loira dispararam para ela.

— E vocês deveriam vim comigo! Se eu não sou bem vinda aqui, minhas garotas também não são. Somos um time. – persuadiu, olhando com certo carinho para as garotas.

Melissa e Rosalie a olharam um tanto cética. As outras apenas se entreolharam.

— Se fossemos realmente um time, você não teria armado com Esther uma forma de separar uma das nossas de seu namorado. Isso foi horrível, Tiffany. – reprovou Melissa.

A dita cuja arregalou os olhos, fingindo está chocada.

— Eu não ajudei ninguém a nada! Quem te contou essa mentira?

— Não dê uma de santa agora. Eu não fiz isso sozinha! Nunca tive naca contra a Rose, só você que tinha. – defendeu-se Esther, tomando um passo para frente.

Tiffany ferveu no mais puro ódio para ela.

— Você é uma vadia mesmo, né? Não deixou escapar a primeira oportunidade. – rosnou, apontando o dedo energicamente para Esther. Ela permaneceu em silêncio.

— Então você assume mesmo a culpa? – Rosalie questionou, com uma pontada de mágoa em sua voz.

Tiffany voltou-se para ela com um sorriso sarcástico se espalhando pelo seu rosto.

— Quer saber mesmo, Hale? Eu assumo mesmo. Arquitetei tudo e arquitetaria de novo se pudesse! Isso foi apenas um aviso para você se manter longe do meu caminho e da minha torcida. – despejou ácida, achando-se muito esperta.

— Interessante você falar isso. – riu Melissa com humor negro — Você sabe que a nossa regra é ter união sempre, e você a descumpriu, Tiff. Você e Esther armaram um complô para destruir o relacionamento de uma das nossas, e isso não se faz. – pausou, olhando-a divertidamente – Sabe o que isso implica? Expulsão.

— Isso vai ser interessante. – murmurou Nessie para mim, cruzando os braços e apreciando o show.

Tiffany gargalhou alto.

— Quem você acha que é para me tirar da torcida, Melissa? EU sou a capitã. EU quem faço as regras. E sou EU quem expulso as pessoas. – apontou para si mesma, dando ênfase em sua frágil arrogância.

Melissa riu.

— Esqueceu-se de mais uma regra nossa, querida capitã? – cruzou os braços – Rose gostaria de lembrar a ela?

Rose sorriu.

— Claro. Será um prazer. – pigarreou, fazendo uma cara séria – Se todas as líderes, ou a maioria, estiverem insatisfeitas com sua capitã, elas podem retirá-la do cargo, ou até mesmo do time.

Logo o olhar de Tiffany caiu para uma borda de desespero. Nessie e eu ficamos ao fundo, deleitando-nos com a cena e tomando o resto da bebida do seu copo – que eu descobri ser vodca.

— As meninas não fariam isso comigo. Não é? – olhou desesperada para as colegas de torcida. Elas pareciam um pouco desconcertadas – Lembrem-se quem fez essa torcida, quem sempre esteve com vocês. Eu fui mais que uma capitã, eu fui amiga! Vocês não podem fazer isso comigo. – seus lábios tremeram e pela primeira vez vi os olhos de Tiffany se encherem de lágrimas.

Rosalie e Melissa pareciam nem um pouco comovidas com o choro de cobra.

— Meninas? O que me dizem? – Melissa indagou, olhando para as garotas atrás de si – Vocês gostariam de ter uma traidora em nossa equipe? – as garotas negaram com a cabeça. – Está fora.

A loira ficou estática por cerca de cinco segundos, até que um berro estridente saiu de sua boca.

— ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! VOCÊS VÃO PAGAR PELO O QUE ESTÃO FAZENDO COMIGO! VÃO PAGAAAAAAAAAR – ameaçou com o dedo em riste para nós.

— Você é quem já está pagando pelos seus pecados, Tiffany. – fiz o favor de avisá-la.

Olhei para o segurança e apontei com a cabeça para Tiffany, em um pedido mudo para que ele a retirasse daqui. Em meio a berros, Tiffany foi arrastada da entrada do bar.

— Isso foi melhor do que aqueles vídeos de barracos. – comentou Nessie, olhando para as garotas – Presumo que Rosalie será a nova capitã?

Melissa olhou de Nessie para Rose com um sorriso no rosto.

— Se ela aceitar... – deixou no ar, piscando um olho para as outras garotas. Elas pareciam apreciar a escolha.

— Seria ótimo ter você como capitã, Rose. – falou Mia, abraçando a loira pelos ombros.

Rosalie olhou para ela com os olhos transbordando em lágrimas e as abraçou em conjunto. A única que ficou de fora da cena foi Esther, que sorriu triste ao ver suas companheiras de torcida em um clima harmônico.

— Creio que eu também estou fora, não é? – falou baixo, fitando seus pés adornados por um salto de tiras.

Rosalie suspirou, desprendendo-se das outras e parando em frente a Esther.

— Regras são regras, Esther.

Ela assentiu, olhando para os pés.

— Espero que um dia me perdoe, Rose. – sussurrou, tomando seu caminho para o estacionamento.

Um minuto de silêncio se fez, até Nessie quebrá-lo com uma batida de palmas.

— Vamos deixar esse clima estranho para lá e curtir o resto da festa, pois só temos mais uma hora!

Rimos das palavras de Nessie e voltamos para a festa. Ao entrarmos de novo no bar, um barulho de palmas e assobios ecoava por todo canto.

Nessie e eu nos entreolhamos com a mesma pergunta estampada em nosso olhar: o que estava acontecendo? Separamo-nos das garotas da torcida e, como boas donas de jornal de escola que éramos, fomos atrás do que causava tanta comoção.

Serpenteamos entre as pessoas, até estacarmos com o motivo de tanto barulho: Jasper e Alice estavam se beijando em uma pose muito romântica.

— QUE? – soltamos Nessie e eu, igualmente chocadas.

Jasper

Eu nunca experimentara como era realmente gostar de uma garota, ao ponto de está apaixonado. Tudo que eu conseguia pensar era arrumar uma namorada gata e andar com a vida. Mas, assim que passei a conhecer Alice Cullen, algumas coisas mudaram. Não que Alice não fosse linda, longe disso, mas com ela eu descobri novas formas de ser lindo. Ser lindo é ter um sorriso que é verdadeiro e luminoso em seu rosto. Ser lindo é ter sentimentos bons por alguém. Ser lindo é querer a felicidade de alguém. Ser lindo é ter a capacidade de rir, mesmo tendo sofrido no passado. Ser lindo não era apenas uma questão de aparência, era questão de energia. E Alice tinha essa energia, a energia que profundamente encantava-me. Encantava-me tanto que eu já estou pensando em coisas piegas como isso.

Desde quando Jasper, um cara que só queria saber de pegar garotas – mesmo fatidicamente não pegando nenhuma – pensaria em coisas profundas como essa?

Alice realmente fazia maravilhas com a minha cabeça, ainda mais esta noite, onde ela vestida nada mais que um justo vestido preto e saltos vermelhos que deixavam suas pernas maravilhosas. Uou! Eu realmente estou admirando-as agora, enquanto a pequena garota degusta de um suco de limão, observando as pessoas ao nosso redor.

Eu realmente gostava do estilo meigo de Alice, mas eu não poderia negar o quão sexy ela estava. Minha cabeça martelava em saber o porquê daquilo. Alice não parece ser do tipo que fica sexy em uma tentativa de querer aparecer.

— Eu já disse que você está linda hoje? – comentei, minha voz saindo um pouco fraca.

Ela sorriu para mim, limpando o canto de sua boca com a mão. Observei o movimento com apreciação. Eu estava tããão fodido.

— Sim. E obrigada, mais uma vez. – riu um pouco.

Antes que eu me perdesse em sua risada, pigarreei, tomando um gole da minha cerveja grátis.

— Você não achou exagerado? – perguntou depois de alguns segundos de silêncio.

Olhei confusa para ela.

— O vestido. – enfatizou, entendendo o meu olhar.

Oh, querida, a última coisa que achei foi exagerado...

— Como eu já disse mais de uma vez: você está linda. – sorri para ela que corou, abaixando a cabeça. Contive um suspiro – Na verdade, estou curioso.

Seus olhos voaram para os meus.

— Curioso?

Assenti com a cabeça.

— Há algum motivo especial para está vestida assim? Quer dizer, acho que não faz muito seu estilo. – fiz a pergunta de um milhão de dólares.

Logo, outras questões foram bombardeadas pelo meu cérebro. E se ela estiver tentando impressionar alguém? E se ela estiver interessada em alguém? E se ela namorar esse alguém? Casar com ela? A onda de ciúmes me possuiu, e antes que a paranóia me contaminasse, o doce riso de Alice atacou os meus ouvidos.

Doce riso? Eu era um caso perdido.

— Gosto de me por à prova. Você sabe... – olhou para baixo, brincando com suas mãos – Desde o que aconteceu comigo, eu vivi presa em mim mesma, e acho que já está na hora de me libertar dessas amarras. Eu queria colocar uma roupa diferente, mas que mesmo assim me mostrasse confiança ao me olhar no espelho. – ela olhou para o lado, um sorriso torto brincando em seus lábios – Fico feliz que esteja dando resultando.

E naquele momento eu acho que me apaixonei mais uma vez.

— Você é incrível. – foi o que eu consegui sussurrar.

Ela sorriu para mim. Uma nova música começou a tocar. Ela era lenta e antiga, o que era mais do que suficiente para chamar Alice para dançar.

— Dança comigo? – estendi a mão, fitando-a com expectativa.

— Ao som de True? Claro! – pegou a minha mão e eu nos conduzi até a pista de dança.

Paramos um em frente ao outro. Com um olhar singelo, minhas mãos foram para cintura de Alice e as suas subiram para se entrelaçarem em meu pescoço. Começamos a nos mover de um lado para o outro, sorrindo e apreciando a música.

Alguns casais nos rodearam perdidos em seu próprio mundo. Eu estava perdido no rosto de Alice. Seus olhos verdes brilhavam e sua boca estava um pouco aberta, fazendo minha cabeça voar para poucos dias atrás.

Flashback – ON

— Obrigado por está se preocupando, Lice. – agradeci a Alice, quando os rapazes sumiram pelas escadas.

— Não tem de que. – olhou para baixo, suas bochechas ganhando um belo tom de vermelho – Eu só quero que todos fiquem bem.

— Vamos ficar. – prometi, colando meus lábios em sua bochecha em um beijo. Eles ficaram formigando após o contato – Você vai ficar bem? – perguntei, querendo genuinamente saber a resposta.

Ela olhou para mim, os grandes olhos verdes perdendo um pouco o foco.

— Eu sempre fico. – sussurrou por fim.

Sem conseguir me conter, corri meus dedos por sua bochecha, gostando da sensação que causava. Alice era uma garota tão boa.

— Eu gostaria de ter te conhecido mais cedo, Alice. Eu gostaria de ter te tirado do caminho daquele infeliz.

— Algumas coisas são feitas para acontecer, Jazz.

— Nem todas. Coisas assim não deveriam acontecer com pessoas doces e gentis como você. – coloquei uma mecha de cabelo atrás da sua orelha.

Ela ameaçou abaixar sua cabeça, e eu não querendo perder o contato, coloquei os dedos em seu queixo, mantendo o olhar.

— Não abaixe o rosto. Ele é lindo demais para ser observado pelo chão. – sorri torto.

Ela corou. Outra vez seu rosto tomando a coloração vermelha. Podia ser bem idiota da minha parte, mas eu achava adorável.

— Saiba que eu estarei sempre aqui por você. Eu posso ser idiota às vezes, mas eu não deixo as pessoas que eu gosto na mão.

— Também estarei por você. Você é importante para mim. – murmurou, não desviando o olhar.

A atmosfera entre nós mudou e um estranho magnetismo se apoderou dos nossos corpos, fazendo-os se inclinarem lentamente um para o outro. Quando eu já quase podia sentir o calor dos lábios de Alice, um estrondo fez com que a nossa bolha estourasse. Afastamo-nos imediatamente.

Amaldiçoei meus amigos em pensamento. Belo momento para atrapalhar, idiotas!

— Eu vou ver o que Jake e Emm estão aprontando antes que eles acordem os meus pais. – revirei os olhos – Quer que eu te leve antes disso?

— Não. – negou, balançando a cabeça – Apenas vá verificar. – sorriu.

Ela beijou minha bochecha na velocidade da luz, e saiu com quase a mesma pressa. Quanto a mim, fiquei lá, estático e feliz como um garotinho de quatro anos quando recebe um beijo na bochecha da garota que gosta.

Da garota que gosta.

Da garota que gosta.

As últimas palavras daquela comparação me fizeram alertar para algo: eu gostava de Alice. Eu gostava daquela garota, e ao contrário do que podia se esperar, eu sorri feliz por gostar de alguém. Gostar verdadeiramente de alguém.

Flashback – OFF

— Terra chamando para Jasper. – brincou Alice, estalando os dedos rentes ao meu rosto.

Pisquei, voltando do meu mundo de pensamentos.

— Acho que eu viajei.

Ela sorriu com uma pontada de travessura.

— Você ainda acha? – ironizou, rindo logo em seguida.

Eu a observei. Minha cabeça girando em uma única coisa.

— Alice? – chamei, interrompendo seu riso.

— Sim?

— Posso beijar você? – perguntei esperançosamente.

A pergunta pegou Alice um pouco desprevenida, mas logo seu rosto amoleceu em um sorriso calmo.

— Eu adoraria.

E então eu selei os meus lábios no de Alice, enquanto a música se encaminhava para o seu fim.

Huh huh huh hu-uh huh

Eu sei o quanto isso é verdadeiro

Huh huh huh hu-uh huh

Eu sei o quanto isso é verdadeiro

True – Spandau Ballet