Bella

Sim, eu tinha seguido para casa de Edward Cullen. Acho que eu estava sendo injusta com ele por um bom tempo, e agora parecia uma boa chance para contornar isso. Estávamos nos saindo como bons amigos – um pouco coloridos, mas ainda assim amigos. Não que eu vá deixar de xingá-lo ou perturbá-lo, claro que não. Isso é parte do meu charme.

É. O mundo dá umas voltas loucas.

Apertei a campainha, sentindo-me tímida de repente. Quem atendeu foi Alice. Ela sorriu para mim, apesar de ter um olhar confuso em seu rosto.

— Bella? Tudo bem?

Sorri sem jeito.

— Oi, Alice. Eu estou bem – torci as mãos – Eh... Seu irmão está aí?

As sobrancelhas de Alice se ergueram lentamente, mas, novamente, ela não fez nenhum tipo de comentário. Alice era uma pessoa maravilhosa!

— Ele está lá em cima. Pode entrar. – deu passagem para mim.

Agradeci rapidamente a ela e segui para o primeiro andar. Bati duas vezes na porta, até Edward aparecer dentro de roupas esportivas. Ele ia correr?

— Bella? – perguntou surpreso, mas não conseguiu esconder um sorriso em seu rosto.

— Oi. – coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha – Atrapalho? – completei, olhando seus trajes novamente.

— Claro que não. – abriu mais a porta do quarto bem organizado – Entre.

Entrei em seu quarto, olhando o ambiente ao redor. Eu só estive aqui para chamar os Cullen para noite da pipoca, entretanto eu não tinha entrado no ambiente. Fiquei surpresa com o que vi.

O lugar era amplo e bem iluminado, com tons variando entre o azul marinho e creme. Tinha uma cama – uh, grande cama — com uma estante na lateral lotado de CDs, DVDs, livros e cerca de três porta-retratos. Uma escravinha estava presente, assim como um bom closet, TV e outros acessórios interessantes.

— Legal o seu quarto. – elogiei – Gostaria de manter o meu na mesma organização.

Ele sorriu.

— Quer sentar? – apontou para a única poltrona próxima a janela. Ela era mediana e feita de couro preto.

— Acho que prefiro sua cama. – dei de ombros, dirigindo-me ao local.

— Prefere minha cama, hm? – indagou com malícia.

Incrivelmente, minhas bochechas ficaram vermelhas. Mas que merda estava acontecendo comigo nos últimos minutos? Primeiro, eu fico sem jeito em entrar na casa e agora estou corando!

Pigarreei, tentando voltar ao meu estado normal.

— Elas geralmente são mais macias. – dei de ombros, sorrindo torto para ele.

Edward balança a cabeça, sorrindo, e toma um lugar ao meu lado.

— Estou curioso para saber o que traz a minha humilde casa.

Essa frase fez com que toda a timidez fosse mandada para o ralo, trazendo à tona toda a minha confusão e o desejo de conversar com alguém.

— Na verdade, eu só estou querendo conversar. – olhei para o lado – E me livrar da Nessie, claro. – acrescentei.

Edward olhou-me confuso.

— Livrar-se da Nessie?

— É que... – suspirei – Eu falei com o Dereck hoje. – derramei o assunto.

Edward olhou seriamente para mim, ajeitando-se na cama de forma que suas costas ficassem na cabeceira.

— Falou? – sua voz saiu baixa.

— É. – cruzei minhas pernas em posição de índio – Eu fui comprar algumas coisas no mercado e acabei topando com ele. – suspirei – Na verdade, ele já vem me mandado algumas mensagens desde que furei com ele na quinta.

— Que? – inquiriu incrédulo – Você ia ser encontrar com ele?

— Veja pelo meu ponto: ele não pararia de me perturbar. Eu apenas queria encerrar qualquer tipo de assunto com ele.

— E encerrou? – arqueou uma sobrancelha.

— Espero que sim.

— O que ele queria?

Sorri incredulamente ao recordar-me do seu pedido.

— Ele queria que eu voltasse para ele. Não é um fodido? – sacudi a cabeça, deixando de lado a parte das desculpas esfarrapadas.

— Completamente. – concordou Edward, com certo desprezo em sua voz – Você vai falar para o pessoal?

Suspirei.

— Não agora. Não estou a fim de ouvir os ‘’porque você foi?’’; ‘’que merda você tem na cabeça?’’; ‘’você ainda gosta dele?’’ e toda essa ladainha.

Já não ligando mais para porra nenhuma, coloquei minha cabeça no colo de Edward, deitando-me em sua cama. Ele não esboçou surpresa, apenas sorriu.

— O quão maluco isto é? Dias atrás estávamos quase enlouquecendo um ao outro e agora eu estou me aconchegando em você. – balancei a cabeça – Eu só faço isso quando uma pessoa ganha minha confiança e, bom, você a ganhou. Sinta-se honrado por isso!

Edward revirou os olhos. Um sorrisinho sarcástico pairando em seu rosto.

— Claro, nobre dama. Vou tirar uma foto deste momento e grudar na minha testa.

Sorri de lado.

— Sabe que essa não é uma má ideia?

Ele apenas revirou os olhos verdes outra vez.

— Agora falando sério... Desculpe-me pelo meu mau julgamento no início. Eu fui um pouco cadela. Mas isso também não quer dizer que eu vá parar com as implicâncias, ou eventuais xingamentos. Isto sou apenas eu.

Os olhos de Edward brilharam quando sua mão caminhou para os meus cabelos. Ele parecia feliz.

— Eu gosto que você seja você. Isso é o que te cativa: sua originalidade. Sinto-me feliz em saber que sou de sua confiança. – ele parou por um momento. Parecia refletir algo. – Eu sempre tive uma curiosidade.

— O que?

— O que aconteceu com você e o Dereck? – uniu as sobrancelhas.

Suspirei, desviando o olhar.

— Acho que eu já devia ter contado isso, hm? Mas, bom, nunca é tarde demais. – dei de ombros – A história toda ocorreu no penúltimo verão. Jazz, Nessie e eu fomos com Renné e Charlie para Malibu, passar as férias lá. Emm e Jake tinham viajado para cantos diferentes, pois aquele era o ano de passar o verão com a família.

‘’Nós tínhamos chegado a Malibu perto da hora do almoço e tiramos a tarde para descansar. Quando a noite chegou, meus pais nos informaram que estavam indo para um jantar a dois e que nós estávamos livres para curtir a noite. Até as onze horas, é claro. E foi aí que Renesmee veio com uma ideia... ’’

Flashback – ON

Eu estava arrumando minhas roupas na cômoda do quarto, quando Renesmee saiu esbaforida do banheiro. Ela tinha um sorriso grande no rosto, do tipo que se pudesse falar, dizia ‘’eu tenho uma grande ideia’’.

— O que passa nessa sua cabeça? – desconfiei na hora.

— Acabei de encontrar na minha calça um panfleto maravilhoso que peguei hoje quando chegamos ao hotel. Vai ter um luau às oito horas e nós vamos!

— Como assim ‘’nós’’? – larguei em cima da cama a blusa que estava em minhas mãos.

— Você, Jazz e eu né. Dã. – bateu na própria testa.

— Sei não, Nessie... – voltei a ajeitar minhas roupas. – Ainda me sinto cansada.

— Qual é Bella. Jazz vai adorar! Ele estava catando um lugar para irmos e eu já mandei uma mensagem para ele. – seu celular vibrou no bolso. – Oh, ele respondeu um grande e gordo sim! – bateu palmas, comemorando.

— Cadê?

Ela mostrou-me a mensagem que realmente trazia um ‘’SIM!!!!!!’’ do Jasper. Dei de ombros. Eu é que não vou ser a do contra e ficar sozinha por aqui.

Arrumamo-nos por volta das seis, e as sete nós fomos jantar. Depois de estarmos satisfeitos, seguimos para praia, que não ficava muito distante do hotel no qual estávamos.

O luau estava todo decorado com luzes e flores brancas. Tinha um bar no leste, e seu acabamento era feito com palha e folhas de coqueiro. Muitas pessoas transitavam vestidas de branco, afinal, era a cor da noite, segundo o panfleto. Só entrava quem estivesse de acordo com a cor.

A festa estava sendo agitada por uma banda de rock que fazia um cover de Californication.

— Legal. – Nessie aprovou, olhando em volta.

— Tem muita coisa bonita andando por aqui. – Jasper aprovou, sorrindo para um grupo de garotas.

Fomos até o bar pedir um coquetel de frutas sem álcool. Apesar de consumirmos em algumas festas dadas pelo pessoal da escola, ainda éramos menores de idade para bebidas alcoólicas.

Sentamo-nos em bancos do bar, observando o movimento e curtindo o som da banda – que era bom, por sinal. Do nada, Jasper falar que precisa sair e some, deixando apenas Nessie e eu. Aposto que ele tinha visto alguma garota interessante.

— Preciso encontrar um banheiro. – minha prima disse, largando o copo vazio em cima do balcão – Não saia daí. – alertou.

Apenas dei de ombros, curtindo o gosto cítrico da bebida. Olhei novamente em volta e meus olhos acabaram se prendendo em um garoto. Um garoto muito bonito, por sinal. Ele tinha os cabelos loiros e lisos que iam até a nuca e os olhos azuis claríssimos. Ele mantinha um sorrio aberto em seu rosto – os dentes brancos reluziam – enquanto conversava com um cara mais baixo na sua frente.

E então o impossível aconteceu: ele virou o rosto, captou meu olhar e sorriu. Ele loucamente sorriu para mim. Antes que eu pudesse surtar, uma juba ruiva apareceu em minha frente.

— Bella? – Nessie chamou, franzindo as sobrancelhas – Se perdeu aí dentro? – brincou, cutucando minha testa com o dedo.

Bufei.

— Você acabou de atrapalhar meu momento.

Pedi outra bebida daquela para a garota do bar, sentindo-me chateada.

— Que momento? – perguntou confusa, olhando em volta. – Oh – soltou e eu segui seu olhar.

O carinha ainda estava olhando para cá. Desviei o olhar rapidamente, corando.

— Oh meu santo Deus! Ele é um gato. E está olhando para você. – comemorou, pegando minha bebida em cima do balcão e dando um gole. Olhei indignada para ela. – O que é? Você tem o gato, eu a bebida.

Revirei os olhos.

— Eu não vou ter nada com ele. Depois do fiasco com o Kevin, prefiro ficar quieta.

— Kevin era um lunático que achava que tinha nascido grudado com você. – bufou, fazendo pouco caso.

— Você também disse que o Kevin era gato.

— E é. – afirmou novamente – Mas é louco, então você está melhor sozinha. – seus olhos vagaram novamente – Ou com um novo alguém. Prepare-se, porque ele está vindo aí. – sorriu maliciosamente.

Meus olhos quase saltaram da órbita ao ver que ela estava falando a verdade. O cara estava vindo para cá! Eu tentei me manter calma, mas eu podia sentir as palmas da minha mão suando.

— Um coquetel de frutas com Martini, por favor. – sua voz de seda cantou em meus ouvidos enquanto ele fazia o pedido para a garota do bar.

Um cara maior de idade! Que loucura!

Seu rosto apareceu em meu campo de visão. Ele sorria. Eu estava petrificada.

— Eu não te conheço de algum lugar? – deu uma de confuso.

Nessie esbugalhou os olhos, tentando não rir.

— Eu acho que-que não. – gaguejei.

Boa Isabella!

— Estranho. Eu sempre conheço rostos bonitos. – apoiou um cotovelo no bar, claramente me cantando.

— Boa sacada. – elogiei, pegando a bebida que Nessie deixara no balcão.

— Um cara precisa começar de alguma forma, sim? – arqueou a sobrancelha.

Eu rir, verdadeiramente achando graça de tudo aquilo. A moça trouxe a bebida dele e eu não pude deixar de reparar que ela tinha piscado para ele no processo. Entretanto, ele pareceu não perceber.

— Dereck, a propósito. – estendeu sua mão para mim.

— Isabella, mas pode chamar só de Bella. Eu prefiro. – estendi minha mão e ele a pegou para beijar-lhe as costas.

Eu corei com o ato.

— Acho que já deve ter ouvido isso por aí, mas o apelido faz muita justiça à pessoa. – inclinou a cabeça, sorrindo torto.

— É. Você não é o primeiro a dizer isso. – dei de ombros, achando-me esperta.

Nessie, atrás de Dereck, mandou um joinha.

— Bells, eu vou atrás do Jazz. – minha prima se fez presente, parando próxima a mim e analisando Dereck da cabeça aos pés.

Ele franziu o cenho para ela. Nessie sorriu.

 – Sou Renesmee, prima dela. – apresentou-se, estendendo a mão.

E essa era a minha prima!

— Dereck. – ele beijou as costas de sua mão também.

— Bom te conhecer. Espero que você cuide bem da Bella enquanto eu dou um pulinho ali. – suas palavras foram suaves, mas tinha uma sutil ameaça nelas.

— Claro. – os olhos de Dereck arregalaram levemente.

Eu quase revirei os olhos para isso.

A ruiva se despediu de nós com um aceno. Assim que ela saiu de cena, o meu olhar e o de Dereck se encontraram. Nós sorrimos com isso.

— Quer dançar? – ofereceu.

— Se você aguentar alguns pisões de pé... – dei de ombros.

— Sua companhia é o que importa. – galanteou.

Sorri. Aquele cara sabia falar as coisas certas.

Flashback – OFF

— Não demorou muito para que eu me apaixonasse por ele depois disso. Nós dançamos e nos beijamos naquela noite. Trocamos números de telefone e cada vez nós ficávamos mais carinhosos um com outro, até que duas semanas depois ele me pediu em namoro. Tínhamos apenas o verão para nós, já que eu morava em Phoenix e ele estava cursando faculdade em Los Angeles. – sorri de lado, lembrando-me da época que eu me sentia feliz – Descobri pouco tempo depois que ele tinha vinte anos, e só conseguiu bebidas alcoólicas na festa porque a garota do bar tinha uma queda por ele. Na verdade, muitas tinham. Ele era lindo, universitário e gostava de surfar, quem não se apaixonaria? – suspirei.

‘’Fizemos de tudo para aproveitar o verão. Saíamos durante a tarde, seja para um passeio na praia, tomar um sorvete ou nos aventurar em seu conversível antigo pela costa oeste da Califórnia. Por muitas vezes, Nessie acobertou nossas saídas de carro, tanto dos meus pais quanto do Jasper. Meu irmão nunca foi com a cara dele e meus pais estavam hesitantes sobre a história de ‘amor de verão’. Sim, Renné e Charlie o conheceram. Mamãe tinha nos vistos juntos, aí já viu. Nessie estava tranquila. Ela viu que eu estava feliz, então só mandou que eu aproveitasse’’.

— Eu não estava me importando para nada. Eu só queria curtir o meu namorado e os preciosos momentos que tínhamos. – pausei, incerta sobre a informação seguinte – Eu perdi minha virgindade com ele uma semana antes de ir embora. – Edward se remexeu embaixo de mim.

Olhei para ele, percebendo que ele tinha o cenho franzido e uma cara de desagrado? Bati em sua perna.

— Ai! – resmungou.

— Não faça essa cara feia. Acha que eu sou menininha virgem e inocente? Puff.

— Nunca achei isso. – sorriu maliciosamente. – A parte do inocente, pelo menos. – acrescentou em um tom mais baixo.

Dei outra tapa em sua perna. Ele fez cara feia

— Quer parar?

— Molenga. – dei-lhe a língua – Bom, continuando... O dia de voltar para casa chegou. Tínhamos feito um pacto de permanecer com o nosso relacionamento e sempre que pudéssemos visitaríamos um ao outro. Ele me disse que era de Phoenix um dia antes de eu ir, mas não deu mais nenhuma informação. Eu chorei silenciosamente metade do caminho para casa. Eu já sentia falta dele. Eu o amava.

‘’Passou-se dois meses desse nosso acordo e um feriado apareceu. Nós nos falávamos regularmente, mas ele começou a ficar estranho um mês antes. Eu ignorei, porque eu o amava. Eu só queria vê-lo outra vez, então informei que estava indo no feriado para visitá-lo. Ele disse que estaria muito ocupado e que deixasse para as festividades do final do ano. Eu concordei. Triste, mas concordei. Então, Dean decidiu que daria uma festa. Era feriado, e seu irmão estava de volta ao lar. Bom, ninguém tinha consciência do parentesco entre Dean e Dereck...

Flashback – ON

— Bella. – cantarolou Nessie, jogando peças de roupa sobre a minha cama – Se vista, pois estamos saindo em quarenta minutos.

— Eu já disse que não vou a esta merda de festa, Nessie. Não estou no clima. – resmunguei, enfiando minha cara em Morro dos Ventos Uivantes outra vez. Acho que era a quarta vez que lia a obra.

Ela caminhou a passos duros para perto de mim e arrancou meu livro com ferocidade.

— Ei! – reclamei – Devolve.

— Não devolvo. – colocou o livro atrás de si – Estou de saco cheio desse seu estado de merda constante. Não deu para ver o Dereck neste feriado? Paciência. Até parece que nasceu grudada com ele.

— Experimente ter um namoro a distância e aí podemos ter esta conversa. – cruzei os braços.

— Deus que me livre desse mal! Você parece uma maluca. Até parece que ele não está se divertindo horrores em LA.

— Ele me ama! – defendi, sentindo-me ofendida.

— Claro. Quem está dizendo o contrário? – revirou os olhos.

Por mais que Nessie tenha nos apoiado em Malibu, ela não acreditava em relacionamento a distância.

— Você! – acusei.

Ela suspirou.

— Sabe, quando eu incentivei vocês a ficarem juntos, eu pensei que seria só um caso de verão, não essa obsessão toda sua. – caminhou para porta, mas antes ir, parou na soleira – A roupa está aí. Espero que você decida ir e espairecer um pouco a cabeça. Esta merda toda não faz bem. – finalizou, batendo a porta atrás de si.

Soltei uma respiração profunda, jogando todo meu corpo contra a cama. Talvez Nessie estivesse certa. Eu precisava sair um pouco. Isso não quer dizer que eu beijaria o primeiro que aparecesse, hm?

Mandando um foda-se para tudo, levantei-me da cama, pegando as peças trazidas por Nessie.

[...]

 — Olha quem resolveu aparecer. – Emmett fez piada, dando-me um abraço apertado.

— Eu pensei que ela ficaria em casa chorando as pitangas pelo Dereck. — ironizou Jacob, beijando minha bochecha — Nem conheço esse cara e já o acho um idiota.

Bati em sua testa.

— Não fale de quem você não conhece. – ralhei.

— Eu conheço e tenho a mesma opinião. – cantarolou Jasper, passando por nós.

— Isso porque você é otário! – gritei para ele.

Cruzei os braços, já me arrependendo de ter vindo para aquela merda. Aqui só tinha gente dançando feito louco, bebendo e enchendo o meu saco!

— Deixem a Bella em paz. Já foi um inferno para tirá-la de casa. – Nessie reclamou com os meninos, que levantaram os braços em sinal de rendição. – Vou atrás do Dean com a Bella. Quero conhecer esse tal irmão. – ela sorriu matreira.

Emmett e Jacob fecharam a cara.

— Aquieta o fogo desse rabo, ruiva. – Jacob falou.

— Vá à merda. – cuspiu para ele, arrastando-me para a casa.

Cumprimentamos algumas pessoas pelo caminho. Tínhamos começado o nosso jornal e a popularidade só aumentava a cada dia.

Avistamos Dean conversando com mais duas pessoas em um canto mais afastado no segundo andar. Engraçado, eu conheço aquele cabelo loiro de algum lugar...

Meu corpo todo paralisou quando reconheceu a pessoa. Nessie, ao meu lado, parou também.

Eu quase me desfiz em pedaços ao constatar que era Dereck ali, rindo e conversando com seu irmão – quase da mesma forma como no dia que nos conhecemos. Só que tinha um pequeno adicional: ao seu lado, agarrada firmemente ao seu braço, estava uma garota de longos cabelos negros e de ótima aparência. Ela deu um rápido selinho em seus lábios, quebrando-me por dentro.

Eu estava prestes a puxar Nessie pela mão, porém Dean nos avistou antes, acenando animadamente. Curiosos para ver com quem o garoto falava, o casal olhou em nossa direção.

Percebi que o meu querido namorado empalideceu.

— Nessie! Bella! Venham cá conhecer o meu irmão Dereck e sua namorada. – chamou, ainda de forma animada.

O namorada foi um tremendo tapa na minha cara.

Eu permaneci lá, em um estado estranho de letargia. Já Nessie, marchou em direção a eles e desferiu uma enorme tapa no rosto do meu suposto namorado.

— O que está acontecendo aqui? Porque você está agredindo meu namorado? – a garota questionou, irritada e confusa.

— Porque ele é um grande filho da puta! – gritou, seus olhos fixos em Dereck – Como você teve a porra da coragem de fazer isso?

— Renesmee...

— Você a conhece? – a garota perguntou incredulamente.

— Claro que eu conheço! Até poucas horas atrás, ele era unicamente o namorado da minha prima. – cuspiu, apontando para mim.

Dean e a garota olharam para mim. Senti o ar fugir dos meus pulmões.

— Namorado?! – a morena exclamou, olhando para o Dereck.

— Bella é a garota sobre quem você me contou? Quão fodido você é, Deck? – esbravejou para o irmão.

Eu estava prestes a sair correndo feito uma louca, a fim de me esconder em algum canto e poder expelir algum tipo de reação que não fosse a paralisia, mas um peitoral firme me fez parar.

Era Jacob. E Emmett e Jasper estavam ao seu lado.

— O que está acontecendo? – questionou Emmett, olhando de mim para Nessie.

— Este idiota fodido era para ser o namorado da Bella, mas ao que parece, ele arrumou outra namorada! – informou Nessie, completamente irritada.

Os garotos ferveram.

— Que porra é essa?! – indignou-se Jacob.

— Eu sou a namorada oficial dele! Nós estamos juntos há um ano. – outra facada em meu coração.

Não aguentando mais aquela tortura, saí correndo. Ainda escutei alguém chamar meu nome, mas eu não respondi ao chamado. Eu só queria sumir. Sumir com todas as lembranças, sentimentos, momentos. Queria que meu coração parasse de doer daquela forma e que meus olhos parassem de queimar por conta das lágrimas.

Queria que aquilo não passasse de um maldito pesadelo causado pela minha mente cegamente apaixonada.

Flashback – OFF

— Bom, não era. – rir amargamente – Acredita que ele teve a cara de pau de aparecer na minha casa, de noite e com a cara toda esfolada? Emm e Jake fizeram um bom trabalho nele, devo admitir. E Nessie em acobertar tudo. Ninguém da escola sabe realmente o que aconteceu. – suspirei – Eu ainda, tolamente, dei ouvido a ele. E então começou o festival de desculpas. Dereck disse que ia terminar com a namorada, que me amava, e que eu não desistisse de nós. Agora é que você me pergunta: que nós? – levantei-me do seu colo, agarrando o lençol sob mim com força – Porque só fui eu quem amou. Quem se entregou. Quem foi idiota! Ele mentiu para mim o tempo todo e ainda queria a merda de um perdão? Mas nem fodendo! – joguei as mãos para cima e me virei para Edward – Eu posso ser uma idiota quando estou apaixonada, mas nunca, nunca— frisei bem a palavra – pise na bola comigo, porque não tem volta. Por mais que ainda exista sentimento, não tem.

Edward fez um silêncio quase que mortal. Ele provavelmente estava absorvendo toda a história para si, analisando quão louca eu era. Eu quase rir desse pensamento.

— Acho que Nessie deve ter tido vontade de se bater quando apoiou vocês. – comentou suavemente, pegando-me de surpresa.

Mas eu entendi o seu ponto. Ele estava querendo dissipar a tensão. E, bom, funcionou.

— Ah, sim, ela teve. Entretanto, superou. Nas palavras dela: ‘’Eu não sabia que ele era tão idiota. Só não volte com essa merda, Bells’’.

— Oh, eu adoro essa ruiva. – Edward riu e me puxou para que eu deitasse a cabeça em seu colo novamente – Eu sinto muito por tudo isso, Bella. Eu queria que você não tivesse sofrido dessa forma, mas é como Alice costuma pensar ‘’coisas ruins acontecem com pessoas boas’’.

— Você acha que eu sou uma pessoa boa? – indaguei, sorrindo levemente para ele.

— Eu acho que você é uma pessoa maravilhosa. – sua voz saiu baixa com uma pequena entonação de sensualidade.

Antes que caíssemos naquele momento, o meu celular vibrou em meu bolso. Era Nessie.

— Você por acaso caiu em uma vala? — minha prima, educadamente, atropelou-me antes que eu pudesse dizer ‘’alô’’. Isso era tão a cara dela quando está irritada.

Revirei os olhos.

— Estou chegando. – saltei da cama, colocando minha sapatilha.

— O carro dela está aqui na frente! Ela deve ter se enfiado em algum canto! — berrou Jasper no fundo.

Droga de neurótico!

— Estou indo. – falei outra vez, desligando o telefone.

Edward olhava-me curioso.

— Tudo bem?

— Sim. Apenas Nessie dando mais um surto.

— O de sempre. – Edward comentou.

— O de sempre. – concordei e ambos rimos – Então... – olhei para baixo, ficando sem jeito. Ok, as coisas entre nós estavam indo bem, porém tenho que confessar que ainda era um pouco estranho – Estou indo.

Então Edward sorriu e puxando meu corpo para os seus braços, dando-me um beijo de tirar o fôlego. Eu o retribui com a mesma efervescência, minhas mãos ganhando vida enquanto passeavam livremente por suas costas. As suas não estavam muito diferentes.

Não me julgue por isso. Os beijos eram muito bons para serem desperdiçados.

— Você está cada vez mais abusado. – sussurrei quando nos soltamos.

Ele sorriu torto.

— Faz parte do charme.

Empurrei-o para longe, ajeitando meu cabelo.

— Até mais tarde. – soltei um sorrisinho e sai do quarto antes que ele pudesse me agarrar outra vez. Algo me dizia que ele o faria.

Distraída com o último acontecimento, eu desci as escadas totalmente aérea, acabando por trombar com Alice.

— Desculpa. – pedi, arregalando os olhos para voltar à realidade.

Ela sorriu.

— Sem problemas. Está tudo bem com você?

— Claro. Até mais tarde. – estranhamente, desejei.

— Até. – ela acenou alegremente.

Eu atravessei a rua pensando no quanto eu estava me sentindo... Bem. Em um momento eu estava perdida entre toda merda que Dereck trouxe, e agora eu me sentia como eu novamente. Tinha que confessar que Edward desempenhou um papel bom para isso.

— O que você estava fazendo na casa do Edward? – Nessie bombardeou, assim que coloquei os pés em casa.

— Lá é a casa dos Cullens, não só de Edward. – revirei os olhos.

Não queria entrar no assunto Edward. Nessie me encheria de perguntas para as quais não teria respostas. E nem queria ter.

 — Você não tem muito assunto com a Alice, nem os Cullen mais velhos estão em casa. – passei por ela – BELLA!

— As compras estão no carro. – informei, ignorando-a.

— E ai? Ela falou? – Jasper chegou questionando. Ele trazia um saco de batatas em sua mão.

— Ela está ocultando, mas eu vou descobrir. – sorri para ela e tomei meu caminho para as escadas – EU VOU DESCOBRIR! NADA PASSA DESPERCEBIDO POR RENESMEE SWAN!

[...]

— Quem está a fim de se divertir hoje? – Nessie chegou ao meu quarto saltitando em seus saltos.

— Porque você está vestida assim? – franzi as sobrancelhas, apontando para os seus trajes.

Ela estava vestida com um vestido preto, um colar muito elegante para noite, saltos altos e um penteado bem feito. Será que deram café para a louca?

— Hoje a noite é nossa, meu amor! Segunda nós estaremos de volta naquela pocilga com tudo em cima. – falou com o nariz empinado.

Eu sorri.

— Espero que sim. – levantei-me da cama, ajeitando a blusa de mangas longas que eu usava. – Onde está Jasper?

— Nos esperando lá embaixo.

Saímos do meu quarto e descemos as escadas para chegar ao térreo. Lá estava o meu irmão, vestido casualmente e com uma sacola em mãos.

— Onde é o jantar de gala, Nessie? – perguntou zombeteiro.

Minha prima o olhou por cima.

— Uma diva sempre está vestida para abalar.

Nessie abriu a porta, deixando Jazz e eu para trás. Eu olhei para o meu irmão prendendo a risada. Jasper me olhava da mesma forma.

Apressamos o passo para pegar à maluca que já atravessava a rua. Antes que algum de nós pudesse tocar a campainha, Renesmee interrompeu, entrando na frente.

— Temos que esperar Rosalie.

— Rosalie? – Jazz e eu perguntamos em uníssono, surpresos.

— Claro! Ela é uma peça do meu plano. – falou como se aquilo fosse óbvio.

Esperamos cerca de dez minutos, até um conversível vermelho despontar na esquina e parar em frente a nossa casa. Rosalie saiu do veículo usando roupas simples. Ela olhou ao redor, e nos encontrou em frente à casa Cullen. Talvez Nessie acenando como uma louca tenha chamado um pouco de atenção.

— Oi gente. – cumprimentou um tanto acanhada.

— Rose! – Nessie exclamou e elas trocaram um abraço.

— Oi Rosalie. – acenei.

— Oi Rose. – Jasper sorriu de lado tentando ser... Charmoso?

Dei um cutucão no meu irmão idiota. Ele me olhou sem entender. Eu apenas balancei a cabeça com um olhar que dizia ‘’não’’. Ele bufou.

— Agora podemos entrar. – Nessie falou, apertando a campainha.

Um minuto depois, a porta foi aberta por um Edward Cullen sorridente.

— Vocês chegaram. – essa foi sua saudação.

— Viemos alegrar sua noite, bonitão. – comentou Nessie com malícia, pulando no pescoço dele para abraçá-lo.

Edward riu um pouco envergonhado e saiu cumprimentando o resto de nós. Ele trocou uma bagunçada de cabelos com o Jasper. Abraçou Rose, que ficou momentaneamente corada. Arqueei uma sobrancelha para o fato, mas fiquei quieta quando ele passou os braços ao redor da minha cintura e tocou os seus lábios nos meus rapidamente.

Antes que eu pudesse abrir a boca para perguntar o porquê, meu cérebro trabalhou mais rápido. Rosalie estava ali. Tínhamos que manter a fachada, afinal, ela não sabe sobre o falso namoro.

Entramos na casa e eu senti olhares queimarem minhas costas enquanto eu seguia atrás de Edward – sua mão na minha. Olhei para trás rapidamente, deparando-me com Jazz e Nessis nos estudando analiticamente. Meu irmão parecia insatisfeito. Já a minha prima sorria como se soubesse de algo interessante.

— É um casal bonito, sim, Rosalie? – minha prima atiçou.

— Claro. – a loira concordou com uma voz doce – Eles fazem um bom par.

Senti Edward apertar minha mais forte mão e o olhei interrogativa. Ele tinha um sorriso torto filho da puta em seu rosto.

Bufei baixinho e dei um jeito de desvencilhar minha mão da de Edward quando chegamos à área da piscina. Não é porque trocamos uns beijos às vezes que precisamos ficar nessa intimidade toda na frente das pessoas.

Alice estava lá, mexendo em alguma coisa no som. Uma mesa próxima se si estava com bebidas – alcoólica, refrigerante e suco – e alguns salgados. Jasper foi colocar nossa colaboração lá e eu percebi que Rosalie tinha trazido alguma coisa.

— ¡HOLA! – um berro duplo foi dado, assustando a todos.

Olhares foram lançados para a porta que dava da cozinha para a área da piscina. Lá estavam Emmett e Jacob rindo feito idiotas. Cada um trazia uma garrafa de bebida alcoólica na mão. Whisky e vodca.

— Cadê a porra da educação de vocês? – estressei-me.

Jacob veio para o meu lado, passando a mão sobre meus ombros.

— Relaxa, Bella. Mi casa es tu casa. – improvisou no espanhol outra vez.

Revirei os olhos.

— Ei! O que ela faz aqui? – perguntou Emmett, olhando surpreso – e um pouco chateado – para onde Rosalie estava.

— Eu a convidei, porque ela faz parte do plano. – Renesmee se pôs na frente, mostrando autoridade.

Emmett bufou, mas ficou quieto. Vi Rosalie se retrair um pouco. Alice afagou seu ombro, confortando-a.

— Hoje a noite é de calma e atenção. – Edward falou, querendo colocar a paz e a harmonia entre todos.

— Isso, caro Edward. – minha prima bateu em suas costas.

— Eu quero animação. – Jacob falou enérgico e correu até o som.

Segundos depois, uma música do Usher começou a tocar.

— É assim que se fala. – comemorou Jasper.

Ele e Jake se juntaram para fazer uma dança esquisita, na tentativa de aparentar ser sexy. Alice e Rosalie ficaram olhando para eles com os lábios franzidos, provavelmente contendo a risada.

— Eu preciso beber. – murmurou Nessie, olhando para cena também.

Edward e eu fomos com ela atrás de algo para beber. Emmett ficou para trás rindo abertamente dos amigos. O negócio dele era mais músicas eletrônicas.

— I wanna make love in this club (in this club, in this club, in this club).— cantaram juntos, fazendo ondulações no corpo.

Tomei uma taça inteiro de vinho.

— Não vão fazer amor nem aqui, imagina em um clube. – zombou Nessie, bebericando seu copo de vodca.

A música terminou, dando inicio aos acordes de outra. Pela voz, era alguma da Britney Spears.

— Jake! – Jasper não gostou.

— Que foi? – meu amigo continuou no ritmo, nem ai para nada.

— Agora sim. – Nessie comemorou, levando o seu corpo para pista de dança improvisada juntamente com o seu copo.

Ela puxou as meninas para dançar também. Elas riram e tentaram acompanhar minha prima de forma ainda meio tímida. Jasper veio beber algo, assim como Emmett. Jacob parou também para pegar algo para ele e as outras duas garotas ficaram apenas no refrigerante.

— Boys. – Nessie tentou imitar a Britney, olhando para Jacob.

— Girls. – meu amigo retrucou dando uma de Pharrell Williams.

Revirei os olhos.

— Eles vão ficar bêbados, né? – Edward não perguntou a ninguém em específico.

— Pode apostar. – Emmett concordou e acabou se rendendo a música.

[...]

Dois copos de vinho depois, Nessie pausa a música para poder contar o seu plano.

— Vamos fazer uma rodinha aqui no chão antes que eu fique bêbada. – ela disse, largando seu copo de Martini pela metade.

Nós nos ajeitamos em um círculo fechado.

— Caros amigos presentes aqui hoje. É com muito prazer que eu vos conto a operação Detonando a Phoenix. – colocou as mãos na cintura, achando-se a fodona.

Um silêncio caiu sobre todos.

— Sério? – Jake falou por todos – Tinha um nome melhor não?

— Cala a boca, Black. Só cala a boca. – levantou um dedo para ele – Enfim, — se recompôs, sorrindo – O plano será o seguinte: nossa amiga aqui – passou o braço pelos ombros de Rosalie – Vai ser a nossa isca.

— Isca? – ela perguntou assustada.

— Sim. Eu sei que o idiota do Newton tem uma queda do tamanho do Grand Canyon por você. Você vai marcar, pelo facebook, um sorvete com ele e vai arrancar a verdade. Você estará com uma escuta, obviamente. Com a confissão nas mãos, segunda entregamos para o louco do Green e voltamos a reinar naquela porra. – socou o chão – Ai! – balançou a mão, beijando-a em seguida.

Risinhos foram dados.

— Onde você vai encontrar uma escuta? – perguntou Rosalie, quebrando a onda de risos.

— Eu encontro tudo. – Nessie piscou para ela.

— Como eu vou fazê-lo confessar? – Rose parecia está nervosa.

— É simples. Você tem que apenas jogar seu charme e mostrar que nos odeia, mesmo que isso não seja verdade. O Newton é idiota e vai acabar confessando isso. Ainda mais para você.

— E se isso não der certo, gênio? – arqueei uma sobrancelha para ela.

— Não vai, mas se essa sua boca agourenta ferrar tudo... – dei o dedo médio a ela, que ignorou com um sorriso — Então vamos ter que apelar para a violência. – ela retrucou com um sorriso diabólico.

Nessie

— Stop calling, stop calling, I don't wanna think anymore. I left my head and my heart on the dance floor. Stop calling, stop calling, I don't wanna talk anymore. I left my head and my heart on the dance floor.— cantamos todos juntos, deixando a bebida transbordar por nossa boca em forma de música.

Já passava de uma hora da manhã e nós estávamos tri loucos. Com exceção de Alice, apesar de ela parecer está se divertindo também. Isso é bom. Minha borboleta tem que sair do seu casulo e aproveitar a linda vida que Deus a deu.

— STOP TELEPHONING ME. – gritou Rose, parecendo está expulsando algo de si.

Parece que o idiota do George ainda enche o saco. Existe caras que não se mancam, né? Fazem as merdas e depois querem voltar. Apenas beijem minha bunda, otários.

Opa! Acho que estou muito doida mesmo.

Alguns foram cansando, outros foram atrás de algum banheiro e eu me joguei na grama, sentindo o ventinho entrar pelo meu vestido. Hmmm... Tão bom!

— Como vai o vento aí, Nessie? Tá favorável? – ironizou Jacob.

— Bastante.

Ele riu.

Senti minha bexiga se contrair em um claro sinal de ‘’eu quero ser esvaziada’’. Irritada, sai do meu estado de letargia e fui caçar um banheiro. Quando eu cheguei à sala, escutei sussurros calorosos vindos do corredor que dava para o banheiro. Curiosa, escondi-me por ali para poder escutar.

— Será que você pode esquecer isso por um minuto? Já faz tempo Emmett! — opa, essa voz era de Rose. Ela não parecia muito feliz.

— Tempo? Isso foi no verão passado! Você me fez de palhaço!

— Você sabia que eu gostava do George e se arriscou porque quis.

— Se você gostava tanto dele, porque foi? Porque me deu alguma porra de esperança transando comigo três malditas vezes naquela estúpida festa!

Eu comecei a tossir feito uma louca, chocada demais com aquela informação.

Emmett e Rosalie tiveram um caso.

Emmett e Rosalie tiveram um caso tórrido e quente.

Emmett e Rosalie tiveram um caso tórrido e quente que durou, ao que parece, uma noite!

Eles apareceram na sala, ambos mais brancos do que papel.

— Nessie... – Emmett começou.

Ergui uma mão, o parando.

— Vocês tiveram um caso e eu nunca fiquei sabendo disso? É por isso que existe todo esse ódio entre vocês? – joguei sobre eles, magoada.

— Nessie, não é bem assim. Ninguém... Ninguém sabe sobre isso. – murmurou Rosalie, baixando a cabeça – Pelo menos da minha parte.

— E você acha que eu espalharia por ai que eu fui trocado? Poupe- me! – Emmett se indignou.

Eles já iam começar a discutir outra vez, entretanto eu saí correndo da sala – ainda bem que eu tinha tirado meus saltos.

— Que cara é essa? – Alice perguntou para mim.

Logo os olhares de Jasper e Jacob foram atraídos para mim. Edward e Bella não estavam por ali.

— Rosalie e Emmett transaram. – soltei como se aquilo fosse uma bomba prestes a explodir em minha boca.

E, metaforicamente, era.

Alice arregalou os olhos. Já os queixos de Jazz e Jake despencaram.

Alguém suspirou atrás de mim e eu já sabia quem era. O casal esotérico resolveu se juntar a nós, afinal.

— Como assim você ficou com a Rosalie? Você não a odiava? – Jasper estava cético.

— Foi no verão passado. – confessou, derrotado – Nós estávamos naquela festa de fim de segundo ano e, bom, acabamos juntos.

— Oh, meu Deus! Você disse que a única líder que tinha transado era a Nia White. Você mentiu, seu comedor de uma figa! – acusou Jasper.

— Sem contar que isso fere nossa conduta de amizade. Nada de segredos. – olhei magoada para Emmett.

E eu estava mesmo. Nós éramos melhores amigos de infância e acontece algo desse porte e ele não me conta. Não conta a ninguém. Nem mesmo a Rose me contou. E parece que tinha mais do que uma simples transa nessa história.

Emmett olhou-me ironicamente.

— Não pode falar muito de segredos, Renesmee. Você ficou dois meses se pegando com aquele italiano e só Bella sabia disso.

— Eu só não contei antes porque eu sabia que vocês ficariam criando caso! – vociferei – Eu nunca escondi que gostava dele! Já você, parece que tem um amor encubado por Rosalie e nunca confiou em alguém para contar! Nem nos seus próprios amigos!

— Eu não tenho amor encubado por ninguém. – se retraiu.

— Isso é o que você fala. – cuspi – Ok, quem tem mais segredos aqui? Hm? Vamos, confessem!

— Fui eu quem deu fim ao Chico. – confessou Jacob com a cabeça baixa.

Olhei atônita para ele.

— Foi você?!

— Eu disse que não tinha sido eu! – Jasper mandou para mim, indignado. Por toda vida eu o acusei disso, e agora tudo caiu por terra.

— Você é um bastardo filho de qualquer um menos da tia Sarah! – cuspi para o moreno. – Eu preciso de água. – marchei para cozinha.

Assim que botei o primeiro pé na cozinha, eu avistei Bella e Edward atracados um no outro. Ela estava sentada no balcão da cozinha, com as pernas envoltas na cintura de Edward. Eles se beijavam vorazmente e eu temi de que a qualquer momento eles fizessem sexo ali mesmo. Uma garrafa de vinho vazia estava perto da mão de Bella.

— Sério? – falei alto o bastante para que eles notassem minha presença.

Surtiu o efeito desejando e ambos olharam para mim com os olhos arregalados. Eu sabia que eles estavam se pegando as escondidas!

— Nessie? – Bella perguntou baixinho.

— Não, a mãe Joana. – bufei.

— Que porra é essa? – Jasper chegou questionando, olhando mortalmente para o outro casal esotérico – Que safadeza é essa com a minha irmã? Não era tudo mentira, ou isso foi história para Jasper dormir? – meu primo cruzou os braços, bastante irritado.

— Para Emmett e Jacob também. – adiciona Jake. Ambos cruzam os braços, carrancudos.

Alice tinha ficado muda, assim como o casal. Já Rosalie estava confusa.

— Mentira? Eles não estão namorando de verdade? – inquiriu sem entender nada.

— Eu vou embora antes que eu surte. – sussurrei, saindo a passos largos.

Antes que eu atravessasse a rua, gritei. Alto. Talvez acordando até uns vizinhos, mas eu não me importei. Eu estava mais aliviada. Agora eu só queria cair em minha cama e acordar em 2030.