Querido Cúpido escrita por Sáskya


Capítulo 23
Capítulo: 22 - Histórias


Notas iniciais do capítulo

Oi genteee! Ai como tô orgulhosa de mim. Consegui postar 3 capítulos em pouco tempo! Abençoadas sejam essas férias.
Boa leitura e a gente se vê nas notinhas finais, porque hoje o capítulo tá ótimo!



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Bella

Com um suspiro triplo, Nessie, Jazz e eu nos sentamos no sofá. Charlie e Renné acompanharam o gesto, e sentaram-se no sofá menor.

E lá vamos nós... Outra vez.

— Hoje eu recebi uma ligação do colégio não muito agradável. – começou Renné.

— O diretor Green informou-nos que vocês e seus amigos tinham publicado fotos indevidas dele, tanto no blog, como nas paredes do colégio. – Charlie continuou – Eu não sei o motivo para terem feito isto, mas é importante salientar que não é uma conduta respeitável. Feriram a integridade do diretor e invadiram sua privacidade. Poderiam ser presos por isso, sabiam?

Nessie passou as mãos no rosto.

— Nós não fizemos nada! Armaram para cima de nós. O senhor acha mesmo que teríamos a audácia de fazer isso? Somos loucos, não burros! – levantou-se do sofá – Pensei que tivessem um pouco mais de fé em nós.

Papai coçou o cabelo, franzindo a testa.

— Nós sabemos também como você pode ser peralta Nessie. Ainda mais quando se trata do diretor.

A ruiva abriu a boca.

— Tio! – exclamou chateada. – Eu sei que posso arrumar algumas encrencas com o Green, mas eu tenho um pouco de noção! Tudo bem que a ideia foi bem bolada... bando de filhos da puta.... – murmurou um tanto perdida. Mamãe pigarreou, não gostando do palavrão. – Enfim – Nessie ignorou – Não fomos nós e vamos provar isso!

Mamãe suspirou.

— Eu não acreditei muito nisso, mas não pude deixar de me preocupar. Como vocês vão fazê-lo acreditar?

— Isso é uma ideia em discussão – me pronunciei, cruzando as pernas. – Vamos começar investigando alguém.

— Tiffany Campbell. – rosnou Nessie, semicerrando os olhos.

Revirei os meus.

— Aquela loira que vimos no shopping outro dia dando tchau pra você e você rosnou? – mamãe perguntou confusa.

Nessie rosnou novamente. Eu engoli uma risada, diferente do meu irmão.

— Essa eu queria ter visto. – falou Jasper, a risada espalhafatosa ainda presente em sua voz.

— Vá à merda, Jasper! – grunhiu Nessie. – Agora eu estou indo para o meu quarto. Preciso ficar só.

E então Nessie subiu, massageando as têmporas.

— Ela parece um pouco estressada. – comentou papai com uma careta. – Será que devo oferecer um exercício de relaxamento?

Soltei uma risadinha.

— Pai, acho melhor apenas deixá-la quieta. – era capaz de a ruiva surtar mais ainda com os exercícios de relaxamento do Charlie.

— Estamos subindo para o quarto. – anunciou Renné, se levantando e pegando a mão do Charlie. – Estejam prontos para o jantar.

Eles subiram as escadas sussurrando alguma coisa um para o outro. Desviei a atenção deles e me deparei com Jasper me fitando. Ele estava com um sorriso de quem trama algo.

— O que se passa nessa cabeça de minhoca? – questionei direta.

Jasper deu-me a língua.

— Estou pensando em uma reuniãozinha na piscina! Tô a fim de molhar o corpo. – sorriu de lado, alisando a barriga.

— A fim de mostrar teu couro branco e esquelético, né? – zombei.

— Invejosa. – deu-me língua outra vez – Estou indo chamar os caras. Faça o favor de chamar o seu namorado e a sua cunhada. – sorriu maliciosamente.

— Chame você, seu paspalho! Ele não é meu namorado. – irritei-me.

— Mas vocês pareciam bem íntimos hoje, hein. Estou de olho, dona Isabella. – apontou seu dedo indicador e médio para os olhos e depois para mim, no gesto típico do ‘’tô de olho’’.

Sorri, lançando o dedo médio para ele. Jasper bufou, mas foi para o andar de cima como um sorriso idiota na cara.

Com o assunto ‘’Edward’’ trazido à tona, eu mordi o lábio, pensando nos beijos que trocamos. Ele não era a minha pessoa favorita no mundo, mas mesmo assim eu o beijava? Qual é a merda do sentido? Tudo bem que ele tinha um beijo do caralho – porcaria de garoto— mas mesmo assim as perguntas rondavam a minha cabeça.

Eu só espero não desenvolver nenhuma merda de sentimento, porque eu realmente não estava pronta para outra. As lembranças dos meus dias com o Dereck ainda me perturbavam.

Falando em Dereck... Peguei meu celular do bolso da calça, visualizando mais uma vez a mensagem que ele tinha mandado na aula de espanhol hoje.

Você está mesmo fugindo de mim? Eu não mordo, Bella. Eu só queria um tempo para conversar com você. Sinto sua falta.

Beijo no canto da boca, Dereck.

Revirei os olhos para tamanho descaramento. Sente tanta a minha falta que foi embora e me enganou... Antes que eu deixasse a velha raiva me dominar, respirei fundo, tentando liberar a tensão. Ainda não sei como esse mané conseguiu meu número de celular!

Perdi-me em pensamentos por um tempo que não contei, e só fui despertar quando escutei vozes do lado de fora da casa.

Curiosa, tirei meu tênis dos pés e caminhei descalça até o grande jardim da casa. Encontrei todos os meus amigos – incluindo os Cullens – Jazz e Nessie em volta da piscina, discutindo sobre algo.

— Obrigada por me chamarem. – comentei com sarcasmo, sentando-me ao lado de Nessie.

— Você parecia está no mundo da lua quando eu te chamei. – defendeu Jasper.

Revirei os olhos.

— Edward estava apenas sugerindo uma pequena festa entre nós amanhã em sua casa, já que os pais viajarão para um congresso. – Emmett explicou a parte que eu tinha perdido.

Olhei para o Cullen.

— Vai ter bebida?

— Ele prometeu-me uma boa garrafa de vinho. – Nessie sorriu cúmplice para Edward, agarrando-se em seu braço.

Arqueei as sobrancelhas, mas não falei nada.

— Nunca vi alguém se render tão fácil por uma garrafa de vinho. – zombou Jacob.

— É porque você nunca viu uma alcoólatra. – Jasper respondeu.

— Ei, eu não sou alcoólatra! – defendeu-se.

— Nunca disse que você era. – deu de ombros.

Nessie grunhiu.

— Ok. Nós não estamos aqui para trocar farpas ou saber de festas. Estamos aqui para conseguir achar quem armou toda aquela história para cima da gente. – fui direta.

Eles se entreolharam.

— Bella está certa. – concordou Emmett – Precisamos pegar os verdadeiros culpados, com provas concretas. – olhou para Renesmee de soslaio ao falar isso.

— Eu posso dá um murro na cara de Tiffany e fazê-la cuspir a história toda.

— Violência não resolve as coisas, Renesmee. – Emmett alertou.

— Quer testar? – desafiou, cruzando os braços e levantando as sobrancelhas.

Emm suspirou.

— Chega de brigar vocês dois! – exclamei sem paciência – Temos coisas mais importantes para serem resolvidas, e não temos espaços para briguinhas de 4º série!

Ambos bufaram e desviaram o olhar para direções opostas. Respirei fundo, retomando a fala.

— Qual é a prova concreta que você tem contra a Tiffany, Nessie?

— Ainda não sei, mas vou encontrar. – respondeu decidida.

— Ok, digamos que tenha sido Tiffany. – meu irmão começou – Como ela conseguiria invadir o nosso blog? E, pior, como conseguiria invadir o computador do Green? Temos que ter uma explicação lógica para isso.

— Eu já falei sobre isso! – exaltou-se Nessie. – Ela não iria sujar as suas mãos assim. Ela tem algum cúmplice que sabe fazer essas coisas!

— Talvez essa seja a chave. – murmurou Edward.

Todos os olhares foram lançados para ele. Ele soltou um pigarro desconfortável.

— O que é a chave? – questionei.

— O cúmplice. Se descobrirem quem ele é, talvez vocês possam pegar a Tiffany.

— Excelente, Edward, mas se não for a Tiffany? – Jacob contra-atacou.

Renesmee bufou alto, jogando-se na grama.

— Temos que trabalhar com todas as possibilidades, ruiva. – justificou-se.

— Eu também acho que Tiffany é uma boa possibilidade. – os olhares de todos caíram sobre mim.

Nessie tinha um meio sorriso.

— Por?

— Ela pareceu assustada quando Nessie a ameaçou.

Um minuto de silêncio se fez. Cada um matraqueando aquela informação na cabeça. Escorei minha cabeça no ombro do meu irmão, que estava ao meu lado, cansada de toda aquela história.

— Nessie, contate seus informantes e veja se eles já descobriram alguma coisa. – mandou Emmett, sacando seu celular no bolso, já teclado furiosamente pelas teclas.

Com um discreto rolar de olhos, minha prima fez o mesmo.

— Enquanto esperamos retorno, que tal tomarmos um bom banho de piscina e relembrar os velhos tempos? – sugeriu Jacob, sorrindo com otimismo.

— Tipo o que? Lembrar do fatídico dia em que nos conhecemos? – brincou Jasper, ganhando uma cotovelada de Alice.

— Seria interessante saber a forma como vocês se conheceram. – a baixinha se pronunciou pela primeira vez.

— Vou pedir uma rodada de suco a Grace, ai nós contamos como nos conhecemos. – Nessie sorriu marota.

Ela levantou-se e correu para dentro de casa, gritando por Grace.

Jasper sorriu maldosamente.

— Na verdade, tudo começou em uma praia na Califórnia. Era férias de verão e coincidentemente nossas famílias foram para o mesmo local. Tínhamos de 9 a 10 anos na época. – começou Jasper, nem aí para o que Nessie disse.

— Nessie, Jasper e eu estávamos fazendo um castelinho de areia, quando de repente uma bola o atingiu. – pausei dramaticamente, atiçando a curiosidade dos irmãos.

— Poxa, obrigada pela consideração. É bom saber o quanto eu sou importante. – Nessie falou com falsa mágoa, voltando junto com Grace e a bandeja de sucos.

— Foi só uma introdução, ruiva. Você narra os diálogos. – Jacob sorriu maliciosamente. – Ela adora aumentar as coisas. – comentou para os irmãos.

— Eu não aumento. Eu falo fatos, Black. – Nessie apontou um dedo para ele.

Meu amigo apenas riu sarcasticamente. Grace nos serviu a bebida, e logo após o primeiro gole, Nessie começou a falar.

— Nós realmente estávamos dando duro naquele castelo...

Flashback – ON

Quando uma bola amarela, feia, assassina e idiota atingiu meu castelinho de areia, tudo que eu enxerguei foi vermelho. Eu estava fazendo-o com a maior dedicação ao lado dos meus primos para que ele terminasse daquela forma? Não! Eu podia ser pequena, mas não gostava de deixar nada por menos.

— Quem. Foi. O. Idiota. – pontuei bem as palavras, fechando as mãos em punho e fitando acidamente os cinco garotos que jogavam bola.

Quatro deles apontaram para um garoto gordinho, com a pele cor de café com leite e cabelo de cuia.

Sorri.

— Oh, claro. Eu tenho um presente para você. Não saia daí – fiz minha melhor cara de menina boazinha e corri até onde meus tios estavam.

— Tia, onde a senhora colocou o Chico? – pedi por meu coelho de pelúcia.

— Está na bolsa, querida. Cuidado para não molhá-lo. – sorriu para mim e continuou ler a revista em suas mãos.

Peguei o Chico e voltei correndo para onde estavam meus primos e o panaca. Ele ainda estava lá feito um bobão, de olhos arregalados. Jasper parecia empenhado em trocar algumas palavras, enquanto Bella tinha a testa franzida. Os outros garotos que estavam com ele tinham sumido.

Assim que Bella me viu chegar com o Chico, arregalou os olhos.

— Renesmee...

Nem liguei para ela.

— Hey, garotinho da bola amarela. – parei em sua frente, escondendo meu ursinho nas costas. – Trouxe o seu presente. – sorri com os dentes a mostra.

— É? – perguntou um tanto temeroso.

— É. Toma.

E foi com essas palavras que a confusão começou. Eu taquei o Chico com toda força na cara do menino, que caiu no chão. Porém ele logo se recuperou e saiu correndo, gritando desesperado pela mãe. Eu, enfurecida, o segui, claro.

— VOLTA AQUI SEU DESTRUIDOR DE SONHOS! – eu era um tanto dramática na época.

— AAAAH SOCORRO! MAMÃE, MAMÃE!

— NÃO ADIANTA CHORAR PARA MAMÃE, SEU BOBÃO! – aquilo era o mais ofensivo que eu conseguia chegar.

— RENESMEE!

Um grito duplo parou-me por um instante. Meus primos me seguiam desesperadamente. Apenas balancei a cabeça e continuei minha caçada. Ele estava com uns bons passos de sobra, então eu forcei minhas perninhas para correrem mais.

Quando consegui ficar a uma distância quase mínima dele, um menino com um cabelo muito preto aparece como obstáculo no caminho, muito interessado no sorvete que tinha em mãos.

Não deu tempo para o destruidor de sonhos para. Ele chocou-se com o garotinho e ambos caíram na areia quente da praia. Eu não pensei duas vezes: saltei nas costas do garoto sem dó nem piedade e bati o Chico nele.

— SOCORRO! SOCORRO! EU VOU MORRER ESMAGADO! OH DEUS, QUE DESTINO CRUEL! – berrou o garotinho do sorvete.

— MAMÃEEEEEEEEEEEE! – gritou novamente o destruidor de sonhos. Além de destruidor era um bebezão que corria para mamãe na primeira quedinha.

— EU VOU BATER BEM MUITO EM VOCÊ! – gritei por cima dos gritos.

E a confusão foi grande. Bella e Jazz chegaram gritando também, pedindo para que eu parasse, mas eu devia está possuída naquele dia.

— VOCÊS ESTÃO APERTANDO MINHA BARRIGA! SE UM MAU CHEIRO SUBIR A CULPA NÃO É MINHA, HEIN. TÔ AVISANDO. – gritou o menino do sorvete.

— Renesmee, para com isso pelo amor de Deus! – pedia Bella quase arrancando os cabelos. – Faz alguma coisa Jazz!

— Para ela tacar esse coelho do demo em mim? Não, não – meu primo era esperto.

— Seu banana! – resmungou Bella.

— EU TÔ SENTINDO! EU TÔ SENTINDO! VAI SAIR E EU NÃO TENHO CULPA! – o garoto de cabelo preto gritou de novo, e de novo foi ignorado.

— AI SUA RUIVA DOIDA ME SOLTA! ME SOLTA! MAMÃEEEE.

— ISTO É PARA VOCÊ APRENDER A NÃO DERRUBAR UM CASTELO DE UMA PRINCESA! – bati o Chico em sua cabeça.

Do nada, um fedor maligno assaltou meu nariz, fazendo com que eu tombasse para trás.

— Eca, seu imundo! – exclamei, intoxicada com o mau cheiro.

O destruidor de sonhos parecia que ia vomitar, enquanto o menino do sorvete tinha uma expressão aliviada.

— Morri. – sussurrou Jasper, antes de cair durinho na areia.

— Jazz! – Bella sacudiu o irmão com uma mão, enquanto a outra estava em seu nariz. – OH MEU DEUS! VOCÊ MATOU MEU IRMÃO! – gritou Bella, apontando para o menino do sorvete. E então, a doida correu, jogando-se em cima do fedorento. – Agora eu não vou ter que dividir mais meus doces!

— Hey! – Jasper, o morto, protestou de onde estava.

— SOCORRO! UM ZUMBI! – apavorou-se, caindo em cima do moreno que tentava escapulir de fininho.

— Crianças! – escutei a voz preocupada da Tia Renné e procurei por ela.

Ela vinha acompanhada do tio Charlie, de uma mulher de cabelos tão negros quanto os do fedorento, e de um senhor alto e gordinho com o mesmo tom de pele do bebezão.

O fuzuê foi grande. Cada um tentava falar sua parte da história, confundindo os adultos presentes.

Flashback – OFF

— No final, eu descobri que o destruidor de sonhos se chamava Jacob, e que o homem era Billy, seu pai. A senhora de cabelos escuros se chamava Stella, e o menino do sorvete, Emmett, era o seu filho. Também tinha Sarah, a mãe do Jacob que tinha ficado com a irmã mais velha enquanto Billy procurava o caçula, e o pai do Emmett, Jeremy. E o mais engraçado de tudo: nossos pais se juntaram para o almoço, descobriram que moravam na mesma cidade, riram da história toda e se tornaram amigos. – finalizei a história, com um sorriso saudoso.

Os irmãos Cullen riam abertamente, enquanto meus primos e amigos também traziam um sorriso saudoso.

— Maldito Chico. – resmungou Jacob para si.

— Essa história é tão a cara de vocês! – comentou Alice.

— Já começaram a amizade em grande estilo. – piscou Edward.

— Eu não gritei tanto pela minha mãe como ela conta, só para constar. – resmungou Jacob outra vez.

— Gritava sim, cara. Eu já estava agoniado da sua gritaria no meu ouvido. – Emmett empurrou Jacob de brincadeira.

— E você, sua bunda podre! Eu quase morri intoxicado naquele dia!

Emmett gargalhou ruidosamente.

— Ei! Esse aí fui eu. – reivindicou Jasper. – E ainda agradeceram pela minha suposta morte. – fungou Jasper, olhando para mim.

Eu ri maldosamente.

— Eu sabia que você não tinha morrido, seu idiota. E a ideia dos doces era atraente. – dei de ombros.

Ele deu língua para mim. O gesto foi retribuído com muito amor.

Alguns segundos de silêncio se fez, até que Alice resolveu falar.

— Hmm... Eu também tenho uma história para contar à vocês. Só que ela não é divertida. É triste, na verdade. – baixou a cabeça, torcendo suas mãos na saia que usava.

Surpreso, Edward fitou a irmã. Jacob, Jasper, Emmett, Nessie e eu nos entreolhamos, confusos.

— Alice, tem certeza? – perguntou Edward.

Ela assentiu.

— Eles são nossos amigos. Merecem saber o real motivo de nossa mudança.

— Se não se sentir bem, Alice, não precisa...

— Eu quero. – Alice interrompeu Nessie, levantando a cabeça. – Eu vou contar a vocês a triste história da minha vida. – tinha uma pitada de amargura em suas palavras.

O silêncio imperou. Eu sempre soube que os irmãos Cullen escondiam algo, e agora nós iríamos descobrir o que era.

— No colégio onde Edward e eu estudávamos, nós éramos meio que populares. – Edward arqueou as sobrancelhas para ela. – Ok, nós éramos populares. Eu fazia parte da equipe das líderes de torcida e Edward era um nerd sexy demais para passar despercebido. – cutucou o irmão com o cotovelo, fazendo-o revirar os olhos. – Eu comecei meu segundo ano apaixonado pelo cara mais popular do colégio, Andrew Carson, ou apenas Drew, um dos melhores nadadores do colégio. – sua voz saiu vazia.

‘’É bem clichê isso e sim, lá o mais popular era o cara da natação, apesar de que o capitão do time de futebol americano também ter sua popularidade. E ele era o melhor amigo do Andrew. – suspirou, olhando para a árvore ao seu lado — Ele só veio me notar realmente quando estávamos perto de concluir o segundo ano, e então começamos um relacionamento que perdurou pelo verão. Eu era uma garota tão feliz! Tinha um garoto que era loucamente apaixonada ao meu lado, fazia parte das líderes, tinha amigos, uma família amorosa, roupas, calçados. Tudo que uma garota poderia querer’’.

Seus lábios se ergueram em um fraco sorriso.

‘’Eu sempre fui uma pessoa reservada, divertida na medida certa, mas adorava quando eu passava pelos corredores com Andrew e todos nos olhavam. Eu me sentia como se ele fosse o rei e eu sua rainha. – riu, mas o som pareceu meio débil. – Que idiota!’’

Olhei para Nessie, confusa, e a ruiva retribuiu o olhar. Captei ainda Jasper com o cenho franzido, olhando para o chão.

— Bom, voltamos das férias e o terceiro ano tinha começado. Agitação, namoro, estudos, uma completa loucura! Até que meu namorado teve a ideia de fazer uma festa à fantasia, como boas vindas para o ano letivo. Era setembro, e Edward não estava muito a fim de sair de casa...

Alice (Flashback – ON)

— Deixe de ser abusado, Edward! É só uma festa. A prova de biologia ainda demorará um pouco para acontecer. — joguei-me sobre os livros do meu irmão, amplamente espalhados pela cama.

Edward às vezes estudava demais!

— Você sabe que eu gosto de ser bem preparado, Alice. E nessas festas só tem bebedeira, música alta, gente vomitando no gramado... – resmungou.

Revirei os olhos.

— Todas as festas são assim e você não resmungava!

— Às vezes abusa ver a mesma cena. – deu de ombros, tentando tirar um livro que estava debaixo das minhas pernas.

Sentei-me em cima do monte de papéis, sorrindo de forma travessa para ele. Edward soltou um suspiro, prevendo que tinha perdido a guerra.

— Não faça essa cara. A Avery estará lá. – conspirei maliciosamente.

Avery Carson. Minha cunhada e melhor amiga. Ela não fazia parte da equipe das líderes de torcida, mas tinha sua popularidade pelo mesmo motivo do meu irmão: sexy nerd. E ainda tinha Andrew como irmão.

Ela e Edward eram amigos, mas eu sempre quis que rolasse algo mais entre eles dois. Eu sempre adorei Avery!

— A Avery é estranha, Lice. – sorriu ao se referir a nossa amiga.

Apertei o seu nariz.

Você que é estranho. Ela sabe bem balancear a vida.

— O que você sugere para uma boa fantasia? – questionou, tentando controlar o sorriso em seu rosto.

[...]

Animada, eu praticamente pulei do banco do carona do meu irmão, ajeitando o vestido branco que usava. Estava fantasiada de anjo.

Edward acompanhou até a entrada, em seus trajes de marinheiro. Eu tinha escolhido a fantasia. Meu irmão ficava muito bem em tais peças.

A festa já estava lotada! No gramado frontal da enorme casa – os Carson eram podres de ricos — já tinha um número bom de pessoas conversando, dentro da casa o negócio era ainda maior. Muitas pessoas balançavam os corpos na batida frenética da música eletrônica, e muitas delas tinham copos de bebidas em mãos.

Com a mão de Edward segurando meu braço, passei por entre as pessoas, procurando meu namorado. Entretanto, a primeira pessoa que apareceu foi Avery, lindamente vestida de mulher maravilha. Seus cabelos negros estavam perfeitamente soltos, e os olhos verdes devidamente delineados.

— Vocês chegaram! E estão lindos! Drew estava perguntando sobre vocês agora mesmo. – comentou, abraçando primeiro a Edward para depois abraçar-me.

— Você está maravilhosa, Avery. – elogiei, ganhando a concordância do meu irmão. – Onde está o Drew?

— Com alguns nadadores próximos da piscina. Ele vai adorar sua fantasia! – exclamou contente.

Eu ri. Andrew adorava me chamar de anjo, então quando vi a fantasia eu não pensei duas vezes antes de alugá-la.

Avery saiu nos arrastando por entre as pessoas, mas uma nos fez parar no caminho. Era Natalie Banks, capitã das líderes e uma das minhas amigas. Avery bufou baixinho. Ela não era muito fã da Nat.

Alice, querida! – cumprimentou-me com um rápido abraço. – Está linda sua fantasia.

— Obrigada, Nat. Adorei a sua também. – falei, olhando melhor para a fantasia de coelhinha da playboy que ela usava. Era a cara da Nat!

Ela apenas riu.

— Você também não está nada mal, Edward. Sempre gostei de um homem de farda. – piscou conspiratoriamente para ele. Meu irmão sorriu sem jeito. — Oi Avery. – sorriu falsamente para minha amiga.

— Oi Natalie.

Os olhos da loira voltaram-se para o meu irmão. Ela sorriu maliciosamente.

— Vamos dançar Edward? Estou louca para cair na pista!

Ela não deu oportunidade para que meu irmão respondesse e o arrastou. Edward não resistiu e nos deixou com um olhar de desculpas.

Avery revirava os olhos enquanto eu ria. Ele daria um jeito de escapar dela.

— Seu irmão? – lembrei-a do nosso destino principal.

— Ah, sim. Vamos.

Ela segurou-me firmemente, guiando-nos até a área externa. Meu lindo namorado estava lá, glorioso em sua fantasia de gladiador. Os cabelos negros – como os de Avery – escondidos por um capacete que parecia ter uma espécie de vassoura grudada.

— Anjo! – exclamou, contente, assim que pôs os seus olhos amendoados em mim. – Você está absolutamente perfeita! Um verdadeiro anjo. – fez um trocadilho, ganhando um sorriso idiota meu.

— Você está ótimo, amor. – elogiei bobamente, passando os braços por sua cintura e ganhando um leve beijo na testa.

— Onde está meu cunhado?

— Foi arrastado pela cachorra, ops, pela Natalie. – resmungou Avery.

Drew riu.

— Não fique com ciúmes, maninha. Sabe que ele sempre volta para você.

— Vá à merda, seu paspalho! – exclamou irritada, distanciando-se de nós.

Drew e eu rimos da raiva dela.

— E você? Que tal bebermos um pouco e cair na pista de dança?

Assenti entusiasmada. Minhas expectativas era ter uma noite maravilhosa ao lado do homem que eu amava. E que eu achava conhecer.

[...]

A festa ainda fervia, mesmo que o relógio marcasse quase três horas da manhã. Já tinha muita gente bêbada, caída pelas escadas, pegando-se em lugares escuros e até me arrisco em dizer que tinha aqueles em quartos fazendo sexo. Ah, não posso esquecer-me daquelas que estavam na pista de dança improvisada, cantando e dançando adoidado.

Eu era uma dessas pessoas. Sempre fui naturalmente quieta, apesar de ser líder e popular, porém dois copos de bebida era o suficiente para que eu me soltasse. E, felizmente, foi a quantidade exata que eu bebi. Não era nenhum tipo de alcoólatra.

— Remexe esse quadril, Lice! – berrou Avery, tomando o que deveria ser seu oitavo copo da noite.

Diferentemente de mim, minha cunhada não tinha muito filtro para bebida.

Eu ri de sua dança meio desajeitada por conta do álcool. Ela tomou minha mão, girando-me como um peão e fazendo-me cair em uma das poltronas que restou na sala.

Antes que eu pudesse me levantar e voltar para dança, um dos amigos do meu namorado apareceu. Namorado esse que tinha sumido.

— Drew está te chamando no quarto dele. – informou em meu ouvido.

Eu o fitei sem entender, mas ele saiu, sem dizer mais nada. Um tanto confusa, segui para o segundo andar. O ambiente estava mais tranquilo do que o caos instalado no térreo.

Ao abrir a porta que dava acesso ao quarto de Andrew, encontrei-o deitado em sua cama, tomando alguma bebida.

— Anjo. – sussurrou docemente, sentando-se na cama. – Vem cá. – bateu no lugar ao seu lado.

Fechei a porta atrás de mim e fiz o que foi pedido. Drew me fitava com os olhos um pouco vermelhos, mas ainda gentis.

— Eu percebi que não trocamos um beijo decente hoje e eu estou com saudades dos seus doces lábios. – sorriu maliciosamente para mim.

Eu ri, torcendo as mãos em meu colo. Eu era tão boba por ele!

— Porque não tenta um agora?

Satisfeito, ele largou o copo em sua mão. Passou os braços possessivamente por minha cintura, reivindicado meus lábios. Sem hesitação, abri minha boca, esperando ser preenchida pela sua. Quando o ato foi feito, mil borboletas assaltaram-me o estômago e vibrações boas percorreram pelo meu corpo, deixando meu coração mais pulsante que o normal. Eu não me importei com o gosto de cerveja em sua boca. Eu só me importei com o momento.

Aquilo tinha tudo para ter sido um beijo doce, afetuoso, casual, entretanto, não era apenas aquilo que meu namorado tinha em mente.

Lentamente, ele foi me empurrando para cama, de forma que eu ficasse deitada. De início eu não me importei, pois Drew e eu às vezes dávamos uns bons amassos. Quando suas mãos começaram a chegar perigosamente próximas aos meus seios, eu tive que pará-lo.

— Drew, acho melhor pararmos por aqui. – quebrei nosso contato, tentando empurrá-lo um pouco.

— Ah, porque baby? Está tão bom... – e com isso, voltou a beijar e mordiscar meu pescoço.

— Drew, é sério, eu...

Ele parou abruptamente, fazendo com que eu cortasse minha fala. Seus olhos amendoados queimaram em brasa para mim. Ele parecia zangado.

— Deixe de besteira, Alice. Apenas fique quieta. – sua voz saiu baixa, beirando a agressividade.

Antes que eu pudesse protestar, sua boca estava na minha e sua mão subindo por minha perna desnuda. Quando a senti tocando minha calcinha, arrumei forças de não sei onde e empurrei meu namorado de cima de mim. Ele já tinha bebido demais pelo visto.

— Você está me assustando dessa forma. – reclamei, levantando-me da cama. – Acho melhor ir embora.

— Que? – questionou perplexo, levantando-se também. – Você não vai embora.

— Porque eu não iria? – empinei o queixo.

E então, ele riu. Uma risada baixa, afiada. Confesso que ela me mandou uma onda de vibrações, só que não foram nada boas.

— Você não vai porque eu não quero que vá. Não esperei cinco meses para nada! Eu vou foder você, querendo ou não.

Meus olhos se arregalaram em horror com aquelas palavras.

— O que você está falando, Drew? Porque está falando essas coisas ruins? – questionei, não querendo acreditar nas suas palavras. Aquele não poderia ser o meu Drew.

Ele balançou a cabeça. Um sorriso cruel preso em seus lábios.

— Você pensou o que, hein, anjo? Que eu ficaria na merda de um romance água com açúcar sem ganhar nada em troca? Você acha que eu sou idiota?

Arfei, sentindo aquelas palavras cravarem em meu peito como facas. Dei dos passos para trás. Ele me acompanhou.

— Eu pensei que você me amasse. – minhas palavras saíram baixas, inconformadas.

Ele se aproximou de mim. As pontas dos seus dedos rasparam em minha bochecha.

— Pensou errado, querida. Agora vamos ao meu prêmio.

Eu tentei correr, mas Andrew foi mais rápido. Ele jogou-me sobre a cama e caiu por cima de logo depois, colocando todo o seu peso, impedindo minha fuga.

Preparei-me para gritar, mas sua mão tapou minha boca. Ele começou uma rodada de beijos indesejados por meu pescoço, as mãos passeando pelo meu corpo sem permissão.

Eu me debati sob seu corpo, mas ele era forte demais para se abalar. Sua mão voltou para debaixo do meu vestido, arrancando minha calcinha impiedosamente.

Um grito escapuliu pela minha garganta e foi sufocada por sua mão. Meus olhos arderam em lágrimas. Eu estava com medo.

Andrew se distanciou de mim apenas para ver minha parte íntima desprotegida. Ele mordeu os lábios de forma selvagem.

— Está do jeito que eu gosto, sem nenhum tipo de pelo. Parece que estava mesmo me esperando, sim, querida? – sorriu de forma sádica.

Eu gemi amedrontada.

Eu só quero sair daqui.

Alguém me tire daqui.

Socorro!

— Você vai gostar anjo. Vai gostar muito e vai pedir por mais. Você vai me agradecer. – sussurrou em meu ouvido, rastejando os lábios para o meu modesto decote.

Naquele momento, tudo que consegui sentir foi nojo. Nunca pensei que sentiria nojo pelo Andrew. Também nunca imaginei aquilo acontecendo, e onde nós estamos?

— Vou foder você como uma puta – cantarolou em meu ouvido, continuando seu jogo sujo e repulsivo – Apenas um foda, querida.

Ele se distanciou de mim, tirando a mão da boca e a levando para sua calça, a fim de retirá-la. Aproveitei o momento e gritei, mas logo a mão estava sobre minha boca de forma mais bruta, machucando minha carne. Os olhos queimavam em ira.

— Cale a boca, vagabunda! Quanto mais rápido for aqui, melhor para você!

Não contive mais. As lágrimas escorreram pelo meu rosto e, como a forma de algum tipo de castigo, ele enfiou a mão em meu decote e conseguiu rasgar um pouco do meu vestido.

Antes que algo mais pudesse acontecer, a porta do quarto foi aberta abruptamente. Eu quase pude sentir o alívio percorrer o meu corpo.

— QUE MERDA É ESTA? – escutei o grito de Edward e debati-me na cama, indicando o quanto eu estava desesperada em sair dali.

— Não se envolva, Cullen. – rosnou meu suposto namorado.

Meu irmão não perdeu tempo: arrancou Andrew de cima de mim e lhe desferiu um soco.

— Seu idiota! O que pensa que está fazendo? – vociferou Drew, com a mão no rosto.

— Quebrando sua cara por está querendo abusar da minha irmã, seu filho da puta! – cuspiu.

Uma pequena platéia se formou na porta, interessados na discussão. Eu apenas encolhi-me na cama, os olhos fixos no nada.

Vendo a platéia que tinha se formado, Andrew riu de forma convincente.

— Abusar? Nós íamos apenas transar, cara. É isso que namorados fazem! – inventou a mentira estúpida que me atormentou por quase quatro meses.

Irado, Edward bateu nele novamente, e dessa vez Andrew não puxou conversa. Os dois se engalfinharam na minha frente, entre socos e chutes. Eu não fiz nada. Estava em estado catatônico, atordoada demais para fazer algo.

Dois amigos do Andrew conseguiram separá-los. Ambos tinham lugares sangrando pelo rosto e provavelmente teriam alguns hematomas pela manhã.

— Fique longe da minha irmã, seu imundo! – Edward falou ensandecido.

— Foda-se Cullen!

E com isso, Edward se soltou do cara que o segurava e me levou para fora da festa. Ele colocou-me sentada no banco do passageiro. Eu não falava nada. Não tinha nenhum tipo de reação. Só sentia as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. Eu estava entorpecida.

— Alice? Fala comigo, por favor. Ele te machucou? Ele conseguiu tirar algum proveito de você? – meu irmão questionou desesperadamente – Se ele tiver, eu juro que volto lá e o mato!

— Me leva para casa. – consegui falar – Por favor, me leva para casa.

Com a preocupação atingindo altos níveis em seu rosto, ele dirigiu para casa. O silêncio durante o caminho foi torturante e quando chegamos a nossa casa, pedi que ele me desse alguns minutos a sós.

Acendi a luz do quarto e deparei-me com a minha imagem no espelho das portas do closet. Meus cabelos longos estavam caóticos, minha roupa tinha um rasgão na parte de cima e eu estava sem calcinha. Meus saltos estavam em minhas mãos e o pior estava em meu rosto: meus olhos não tinham mais luz, as bochechas estavam negras por conta da maquiagem e eu tinha um pequeno machucado nos lábios.

Eu estava horrível.

Meu eu estava horrível.

E então, finalmente, consegui ter uma reação.

Enraivecida, joguei os dois sapatos no espelho, quebrando-o em vários pedaços. Gritos escaparam pela minha boca, parecendo que tinham vindo direto da minha alma quebrada. As lágrimas escorreram com mais intensidade e tudo que eu encontrava pela frente, jogava no chão, sem pensar em seu valor.

Eu queria destruir tudo, porque eu estava destruída. Mesmo não consumido o ato repugnante, Andrew tinha conseguido me quebrar. Ele me quebrou porque eu o amava e ele traiu o meu amor. Ele traiu mostrando-me como poderia ser repugnante. Será que ele já tinha quebrado alguém desta forma?

E o pior de todas as perguntas que poderiam ser feitas: Eu conhecia mesmo o homem pelo qual tinha me apaixonado?

Meus pais e Edward, assustados com o barulho, invadiram meu quarto, encontrando meu próprio caos particular. Sem dizer muitas palavras eles me abraçaram, abraçaram até que eu dormisse, desgastada por aquele dia.

Eu só desejava que tudo aquilo fosse um terrível pesadelo.

Flashback – OFF

— Lógico que não era. – continuei meu discurso, mesmo com o silêncio mortal que todos faziam.

Meus olhos estavam fora de foco e logo os pisquei, tentando sair daquela teia perigosa de sentimentos. Eu não queria reviver tudo de novo. As feridas ainda estavam lá, afinal.

Edward apertou minha mão com força e eu agradeci por ele está ali. Ele sempre estava onde eu precisava. Ele sempre cuidou de mim. Eu devo muito ao meu irmão.

— As coisas só pioraram depois daquela noite. Ao saber da história, papai jurou que assim que os pais do Carson botassem os pés na cidade, ele estaria em sua porta. Já na escola, a fofoca que circulava era que meu namorado e eu apenas queríamos transar e o meu irmão ciumento não permitiu. – sorri sem humor. – E quando eu mandei uma garota parar de falar o que não sabia, a culpa estendeu-se para mim. Agora eles também falavam que eu estava me aproveitando da desculpa do meu irmão por ter sido pega. Isso ganhou mais intensidade quando Andrew saiu do colégio cerca de quatro dias depois. – pausei, tomando o resto do suco em minhas mãos.

‘’Papai cumpriu sua promessa e foi até a casa dos Carson, contou toda história e exigiu que o filho deles fosse mandado para longe, senão a policia seria acionada. Temerosos, eles mandaram o filho para um internato na Inglaterra. Eles não tiveram como negar que algo aconteceu assim que colocaram os olhos em mim. O sorriso sempre alegre não habitava mais os meus lábios. Para falar a verdade, papai só não chamou a polícia por dois motivos: ele não chegou a abusar de mim de fato e ele mantinha uma amizade com os pais dele. Foi triste o olhar desolador no rosto deles. Eu senti pena por eles terem um filho tão repugnante. E o engraçado era que Avery era um amor de pessoa. Aí a gente vê que sangue não diz muita coisa’’

Dei de ombros, sorrindo saudosamente por Avery.

— E, bom, Carson não podia ir embora sem terminar de humilhar-me. Aquele dia foi degradante.

Flashback – ON

Era uma maldita terça feira e eu já estava cheia de toda aquela merda. Eu nunca fui de falar palavras feias, ou pensar nelas, mas eu estava no limite. Não aguentava mais os cochichos nos corredores, nem os olhares nojentos para mim.

Até as pessoas que consideravam meus amigos, se afastaram, falando que eu tinha virado uma vadia mentirosa. A única deles que acreditava em mim era Avery. Ela me abraçou, falou que tudo ia ficar bem e se distanciou. Ela estava com vergonha do que o irmão tinha feito. Eu estava atolada em uma miséria que não deveria me pertencer. E o meu pobre irmão acabou sendo arrastada para ela também. As poucas pessoas que ainda falam conosco eram aquelas que acreditavam na nossa história. Na verdade.

— Eu não aguento mais. – sussurrei assim que Edward estacionou o carro no estacionamento do colégio.

Minha voz saíra mórbida. Aquela não era eu.

— Nem eu, Alice, mas temos que ir. Eu me juntarei a você assim que for possível.

Eu assenti, incapaz de falar algo. Eu odiava minha voz no momento. Meu irmão beijou-me na testa e cada um seguiu seu rumo.

Estava trocando alguns livros quando senti o cheiro característico de Andrew se aproximar. Meu estômago se contraiu e eu quis expelir o pouco café da manhã que eu tinha tomado.

— Sabe, Alice, estou cansado dessa situação! – falou em alto e bom tom, para que todos que estivessem no corredor ouvissem – Você tentou me difamar na escola com uma história ridícula! Eu não posso mais ter um relacionamento com uma garota que se transformou em uma vadia! Uma vadia suja e mentirosa. – as palavras saíram como acido corrosivo de sua boca e eu contive as lágrimas do meu rosto. Eu não iria chorar em sua frente.

— Eu tenho nojo de você. – sussurrei com a voz trêmula e fechei o armário, saindo do corredor ao som de cochichos e risadas baixas.

Flashback – OFF

— Duas semanas se passaram e eu só piorava. Avery tinha ido morar com a avó e eu já não tinha mais minha amiga. Estava beirando a uma depressão. Meus pais e Edward estavam desesperados com minha situação e tiveram a ideia de mandar-me para um psicólogo. Não surtiu efeito, porque eu não conseguia falar sobre aquela noite. Por mais que eu tentasse encontrar uma saída do meu mundo caótico, eu não conseguia. Então, tentando mais uma vez, meu pai teve a ideia de nos mudarmos para o Arizona. – sorri levemente. – Eu me animei com a ideia de fugir daquele local, daquelas pessoas, das lembranças. Eu só queria ser feliz de novo. – franzi os lábios, quando duas lágrimas escapuliram. Ainda doía falar sobre aquilo. – Eu não entendo porque aconteceu isso comigo. Eu nunca fiz nada de mal para ninguém, mas é como li em um canto uma vez ‘’às vezes coisas ruins acontecem com pessoas boas’’.

Terminei minha história, enxugando as lágrimas dos meus olhos e sendo abraçada por meu irmão. Finalmente eu tinha conseguido expelir aquilo.

O silêncio perdurou por mais alguns minutos. Todos mantinham um olhar perdido enquanto digeriam a história.

— Mas que filho da puta! – grunhiu Emmett, enfezado. – Como alguém pode fazer algo com alguém tão doce como você, Alice?

— Só um doente do caralho. – resmungou Jacob.

— Oh, meu Deus, Al! Eu sinto tanto. – Renesmee pulou para abraçar-me. – Eu juro que se tivesse conhecido o desgraçado quebrava-lhe todos os dentes.

— Isso é revoltante. Que merda as pessoas da sua escola tinha na cabeça? Namorado não é selo de segurança! – indignou-se Bella.

Enquanto eles falavam e tentavam me reconfortar de alguma forma, Jasper parecia ter virado uma estátua ao meu lado. Olhei-o, com receio de que ele achasse que eu tinha culpa.

— Jazz? – chamou Bella, confusa.

Um murro foi dado na grama e um rosnado baixo saiu por entre os dentes do loiro. Seus olhos subiram para nós e eles queimavam no mais puro ódio.

— E eu juro que quando encontrá-lo, eu tratarei de deixá-lo sem um pau. – grunhiu.

Todos arregalaram os olhos para ele. Provavelmente, não esperavam isso vindo do Jasper. Ainda escutei Jacob sussurrar para Emmett que Jazz estava virando homem.

Eu apenas sorri, vendo o quanto eu importava para todos, para Jasper. Tínhamos-nos uma ligação especial e eu realmente o adorava. Como fui idiota em pensar algo de ruim sobre ele. Jasper era bom. Eu só esperava do fundo do meu coração que ele continuasse daquela forma.

— Mas essa tua amiga é bem vadia, hein. – comentou Nessie, torcendo o nariz. – Ela viu que você estava mal e foi embora? Que porra faz isso?

— Ela estava envergonhada pelo o que o irmão fez. Não estava conseguindo lidar com a situação. – defendi.

Nessie bufou.

— Isso não diz muito coisa. Amizade mesmo é como aquela frase do Salsicha: ‘’amigos não se vão’’.

— Ela meio que tem razão. – concordou Edward, surpreendendo-me. Nunca pensei que meu irmão fosse contra Avery. – Oh, vamos lá, não me olhe assim. Avery é uma pessoa boa, mas ela foi covarde neste ponto.

Suspirei, refletindo sobre o assunto. No fim das contas, constatei que eles tinham um pouco de razão. Eu precisei de Avery e ela não estava lá, mas ela também tinha suas próprias dores.

— Edward parece decepcionado. Acho que alguém tem um coração partido. – Bella cutucou meu irmão, provavelmente querendo quebrar o clima melancólico que pairava.

Deu certo. Meu maninho revirou os olhos.

— Era totalmente platônico, ok?

— Aham. – fingiu acreditar.

Edward sorriu.

— Sabe, ela lembra um pouco você. Cabeça dura e cheia de ironias.

Como resposta, meu irmão ganhou um olhar de desagrado e um dedo do meio. Risadas surgiram a nossa volta e até eu ri, querendo que o clima ruim também fosse embora.

— Que tal um abraço grupal agora hein? – sugeriu Nessie, abrindo os braços.

Todos nós nos jogamos em cima de Nessie. Ela berrou, falando que estava sendo esmagada. Mais risadas foram dadas e Jacob começou a gritar que amava todo mundo. Jasper, Emmett, Nessie e Bella zombaram dele, mas retribuíram as palavras carinhosas.

No fim, só restaram Nessie e Emmett, abraçados um ao outro, com lágrimas nos olhos, declarando o quanto se amavam e que não queriam mais brigar. Bella sussurrou para mim que daqui alguns minutos eles já estavam discutindo novamente. Eu rir, sabendo que era verdade. A amizade deles – de todos eles — era assim: pura e sincera.

O momento só foi quebrado quando o celular de Emmett vibrou no bolso. Ele olhou para nós seriamente.

— É o informante um. – anunciou.

Entreolhamos-nos com a expectativa crescente. Será que seria encontrado o culpado pela sabotagem do TN?


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Notas finais do capítulo

No final desse capítulo eu tenho que dizer algo: amo o Edward! Acho que ele é o melhor que já escrevi! Não que os outros não sejam, mas este é simplesmente maravilhoso.
Alguém esperava que fosse isso a história dos Cullen, ou melhor, da Alice? É bem triste e doeu o core ao escrevê-lo. Quero que me falem sobre isso.
E sobre a história de como o nosso quinteto se conheceu? Achei isso tão eles!
As histórias não acabaram por aqui, ainda temos mais uma a ser contada: os relacionamentos da Bella. Talvez ela saiu no próximo capítulo, ou no outro, ainda não sei como vou organizar.
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Quero agradecer aos 181 leitores que estão aí, mesmo que nem a metade comente. É legal ver que tem gente lendo a história, mas apareçam pessoal, venham me dar suas opiniões, suas críticas, o que seja. Todo autor precisa de seus leitores!
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Por hoje é só! Não sei o dia exato que o próximo capítulo sairá, mas creio que esse mês ainda tenha mais um. Estou fora próxima semana inteira e provavelmente só chegarei na semana seguinte a ela.
Beijos e até a próxima!
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