Segunda-feira. Um saco, como sempre...Acordei cedo, olheira, cansaço, desânimo. Colégio resume tudo isso. Ninguém merece! Vou te contar como foi o meu primeiro dia de aula,eu definitivamente detesto aquele lugar,ou talvez não, como já comentei, eu sou complicada, nem eu me entendo, você também não vai me entender!

Eram cerca de seis e meia da manhã e eu estava acordada,esperando que meu celular fizesse um bom trabalho e tocasse, sinalizando sete da manhã.Isso aconteceu depois de alguns minutos e eu não estava nem um pouco preparada pra enfrentar aquele internato. Eu estava completamente desajeitada e com preguiça, com certeza preferia ficar em casa,mas como sempre, eu não tive escolha.

Levantei-me e tomei um banho matinal,bem gelado,o meu predileto. Comi algumas torradas acompanhado de suco de laranja,que por sinal estava adocicado demais. Coloquei minha mochila nas costas e segui em direção ao carro de meu avô, que estava estacionado em baixo de um mangueira,do outro lado da rua. Meus avós se despediram de mim de um modo na qual eu nunca havia visto,foi estranho...parecia que nunca mais ia vê-los. Sensação de que eles morreriam a qualquer momento enquanto eu estivesse estudando,isso poderia acontecer.Eu perderia mais uma coisa importantíssima na minha vidas,as minhas jóias.

Não demorou muito para que meu avô apontasse com o dedo indicador para o tal colégio.Parecia algo de nerd,não sei,algo que eu achei ridículo e sem dúvidas, muito careta. Ao longe vi um rapaz. Prestei atenção nele até ser cutucada pelo tio,que estava no banco de trás torcendo pra que eu descesse logo para tomar o assento do carona,eu não achava coragem para fazer isso.

Os minutos começaram a correr rapidamente,sem me dar tempo de pensar em um plano de fuga, meus parentes levaram-me até a entrada que era composta por um portão de ferro, tingido de branco com detalhes em vermelho, da cor do uniforme principal. Não tinha como eu voltar no passado,triste isso. Eu estava preste a se tornar mais uma nerd no Brasil. No meu antigo colégio, era considerada descolada, da moda,atualizada,aqui perante a todos eu era ridicularizada,mas isso iria mudar em breve.Com todo orgulho,hoje já não sou difamada por usar minhas calças desfiada nas pernas, meu coturno preto de spikes e minhas blusas soltas,na qual me sinto tão confortável.

Sentei-me ao lado do tal rapaz (que a instantes antes eu estava notando-o),aliás, do grupo de amigos dele que aparentava gostar do lugar,havia estudado á anos e mesmo assim eu tinha nojo de tudo.

Uma senhora de cabelos ruivos apareceu na porta nos desejando boas voltas aulas, eu não compreendi o respeito de todos por ela, foi então que ouvi alunas mais velhas do que eu comentar baixo: "A diretora emagreceu muito,será cirurgia ou regime?Que reza brava ela fez?!Senhor!"

Pareciam admiradas,não notei diferença alguma,já que nunca havia visto ela. Comecei a segurar a risada,tentando disfarçar,mas não me contive.Observei ao centro de seu nariz uma "bela" verruga. Me diverti com aquilo. Apelidei a mim mesma de bobona e claro, a diretora Vera de ''ervilha vermelha'',pelo detalhe em sua face.

Todos entraram para seus quartos, como era novata não tinha lugar fixo,segui os outros e me deparei com uma porta de madeira velha,fiquei curiosa...dei uma volta e por uma janela vi algumas estantes e muitos livros,de imediato compreendi que ali fosse a biblioteca...veio em minha mente aquela cena de filme americano,na qual o mocinho beija a mocinha se escondendo de alguém,ou dos professores,quem sabe.

Segui e vi uma senhora,a zeladora, ou a Tia Ju, como todos a chama...Não pensei duas vezes e perguntei onde era meu quarto...ela me acompanhou até ele...quando cheguei era tudo rosa,pink,lilás...o ''ó''.

Agradeci a ''tia'' e joguei minhas coisas em cima da cama,sorri e disse:

_"Que beleza!"-Num tom irônico,óbvio.

Não demorou muito e adormeci,com meu fone,não queria saber de mais nada...

Lembro-me que enquanto eu dormia, mais duas meninas chegaram e se sentaram ao meu lado,me observava como se eu tivesse em um leito,morrendo.Na verdade elas estavam como todos,admirados,eram patricinhas de mão cheia,não conseguiam nem disfarçar o espanto enquanto me olhavam.Fingi que dormia para escutar os comentários que elas faziam,era do tipo que não me surpreendia,como:

"Olha a calça dela,que horror!"-"Nossa,falta muito creme nesse cabelo,que absurdo!"

Abri os olhos do nada,elas se assustaram e logo se distanciaram,subiram até o banheiro do quarto e ficaram lá por algum tempo, se maquiando...eu acho.Permaneci ali,descansando,pensando num modo legal de transformar tanta coisa feminina demais em algo do meu gênero,mais rock,do meu estilo.