Me desvencilho dos braços de Travis o mais rápido possível, saio correndo para o banheiro. Oh, de novo não! Penso comigo mesma. É a terceira vez nessa semana que um enjoo me acorda.

– Flor? – escuto Trav chamar do quarto, mas não posso responder pois estou colocando tudo que tinha no meu estomago, para fora. Alguns instantes depois sinto ele atrás de mim, segurando meus cabelos. Outra onda de náusea. Meu Deus, vou morrer. Quando finalmente esvazio meu estomago, Travis me ajuda a levantar.

– Oi – digo após lavar minha boca.

– Está tudo bem? – pergunta ele preocupado.

– Agora está – digo, o abraçando.

– Flor, você não acha melhor a gente ir em algum médico? Já é a terceira vez essa semana que isso acontece, e semana passada você quase desmaiou... – ele diz, se afastando para me olhar.

– Eu estou bem, Trav – digo olhando em seus olhos. Eu estava preocupada, mas não queria deixa-lo mais preocupado.

– Promete pra mim que se isso voltar a acontecer, nós iremos ver um médico?

– Prometo – digo, tentando sorrir. Ele me beija em agradecimento.

[...]

Na faculdade, encontro Mare e Shep sentados no refeitório e sento-me com eles. Trav logo chega e me dá um beijo, como de costume. Desde que havíamos nos casado isso era cada vez normal, mas mesmo assim, ainda atraíamos olhares.

– Você parece cansada – comenta Mare. Trav e Shep estão comentando sobre um lutador de UFC.

– Eu estou – murmuro. E realmente estava, ultimamente, estava precisando dormir, no mínimo, umas 15 horas por dia.

– Quer ir para casa? – pergunta Travis, me olhando com atenção.

– Tenho aulas importantes agora, e a semana de provas já está para começar...

– Você consegue suprir depois, agora vamos. – não tinha como discutir.

Me despeço de America e Shep e sigo meu marido em direção a moto.

[...]

Sinto beijos na minha bochecha, que logo vão descendo pelo meu pescoço, me despertando. Quando abro os olhos, a primeira coisa que eu vejo, é o rosto de Trav com um sorriso. Desvio o olhar rapidamente e olho para o relógio que fica na mesinha ao lado de nossa cama. Sento-me de repente, assustando Travis.

– São 20:45? – pergunto.

– Sim, você tem dormido desde quando chegamos faculdade. Resolvi te acordar, deve estar faminta. Cozinhei algo para nós – ele diz sorrindo. Ao ouvir a palavra “cozinhei” meu estomago roncou em antecipação. Sim, eu definitivamente estava faminta. – Mas primeiro, vá tomar um banho, Senhora Maddox.

[...]

Após, assustadoramente, comer 3 porções da salada que meu marido fez, estava deitada no sofá enquanto ele tomava banho. Travis aparece na sala e me pega no colo, levando-me para nosso quarto.

– Você andou ganhando alguns quilos, Flor? – questiona ele, com a testa franzida.

– Não sei... faz um tempo que não me peso – respondo simplesmente. Então, ele muda nossa trajetória para o banheiro, onde retira de dentro do armário, uma balança. De onde veio isso?

– Era para monitorar meu peso, quando eu lutava – diz ele, como se tivesse ouvido meu pensamento. Ele me tira do seu colo, me colocando em cima da balança. 58 quilos! Engordei três quilos. Olho para ele assustada.

– Como isso aconteceu? – balbucio.

– Não se preocupe, Beijo-Flor, são apenas três quilos – diz ele acariciando meu braço. Resolvi deixar isso pra lá. Voltaria ao meu peso normal facilmente. Fomos para a cama.

– Eu te amo, Flor – diz Travis, me puxando para seu peito.

– Eu também te amo, Trav – e me entrego ao sono.

[...]

Sábado finalmente. Sem faculdade, apenas eu, Travis, Mare e Shep. Estávamos na sala assistindo á um filme. Me levanto e sigo em direção á cozinha para pegar um copo d’água. Mare me acompanha.

– Abby, está tudo bem? – pergunta enquanto abro a geladeira.

– Sim – respondo simplesmente.

– Travis me disse que você andou tendo enjoos ultimamente... – ela começa.

– Sim, apenas alguns...

– Você não acha que está na hora de ver um médico? – ela pergunta me olhando.

– São apenas enjoos, Mare – digo, suspirando.

– E o sono excessivo, os três quilos a mais, você comendo por 3 pessoas?

– Travis te disse tudo isso? – pergunto irritada.

– Ele estava apenas preocupado – diz ela, o defendendo.

– Eu já disse para ele que está tudo bem – falo, um pouco mais alto que o normal.

– O que custa ir á um médico e nos deixar mais tranquilos? – pergunta ela no mesmo tom.

– Mare, eu estou bem!

– Se estivesse, não estaria com todos esses sintomas! O Travis veio falar comigo, justamente por você ser tão cabeça dura assim. Ele está realmente preocupado. Por favor, Abby. É apenas uma ida ao médico – diz ela, suplicante.

– Tudo bem, eu vou – falo, cedendo. Ela sorri.

– Okay, tem uma consulta marcada para você, segunda ás 15:00 horas.

– Como assim já tem uma consulta marcada para mim? – pergunto assustada.

– Eu sabia que ia conseguir te fazer ir no médico amiga, eu tenho certos poderes sabe... – diz ela convencida.

– Mesmo sendo irritante assim, eu te amo America – falo rindo, a abraçando e voltando para a sala.

[...]

Estamos em uma sala de espera. America e eu. Não consigo me sentir tranquila. Apesar de acreditar estar tudo certo comigo, sinto um frio na barriga. Olho para Mare, que parece tranquila foleando uma revista.

– Senhora Maddox? – a recepcionista chama meu nome. Levanto, seguida por Mare. – Doutora Harris te espera. Sala 19.

– Obrigada – digo passando por ela.

Caminho pelo corredor, junto com America, até achar a sala 19. Quando abro a porta, há uma mulher que tem por volta de 45 anos. Ela olha para mim e sorri.

– Olá Senhora Maddox, sou Ellen Herris – diz ela esticando a mão para eu poder cumprimenta-la.

– Olá doutora – digo sorrindo – Essa é America, minha amiga. Ela veio me acompanhar – aponto para Mare. Nos sentamos nas cadeiras em frente a mesa da doutora Harris.

– O que te trás aqui Senhora Maddox? – pergunta ela.

– Me chame de Abby, por favor – sorrio – Bom, ultimamente eu venho sentindo tonturas, enjoos. Ando comendo muito e dormindo muito também. Engordei três quilos e isso acabou preocupando meu marido, que me fez vir aqui.

– Quando foi seu último ciclo menstrual? – diz ela anotando algumas informações. Então percebo. Eu não tive um.

– Eu... não lembro – devo ter empalidecido. Como eu não pude perceber isso?! America ofega surpresa, ao meu lado.

– Certo... você se importa se eu coletar um pouco de sangue? – pergunta Dra. Harris, gentilmente.

– Não – foi apenas o que eu consegui murmurar.

Após fazer a coleta, a doutora sumiu por uns minutos. Não consegui perceber a presença de Mare ao meu lado, só consegui pensar no resultado do exame. Eu tentava, inutilmente, não pensar no resultado mais obvio.

– Vai demorar uma hora para o resultado sair, vocês gostariam de voltar a sala de espera? - diz a doutora, me tirando de meu devaneio.

– Tudo bem... obrigada Dra. Herris, voltaremos daqui uma hora – digo, saindo do consultório e levando America comigo.

[...]

Esses, com certeza, foram os 60 minutos mais demorados da minha vida. Pareceram durar uma eternidade. Mas finalmente estávamos de volta a sala 19, Mare está tentando me acalmar. Neste momento a doutora Harris estava tirando um lacre que continha no meu exame. Ela abre e olha tudo o que está escrito no papel. Parece que seus movimentos estão em câmera lenta.

– Tudo está certo – diz ela – mas eu acho que você vai ter que ir ao medico com mais frequência.

– Por que? – balbucio.

– Você está grávida. – ela sorri. E a hipótese obvia se confirmou. Mare da um grito ao meu lado e me abraça. Eu só consigo pensar em como vou dar essa pequena noticia ao Travis. – Eu posso te indicar alguns médicos para o seu pré-natal.

– Seria ótimo – Ainda bem que Mare respondeu, pois eu não sabia como falar nesse momento. – De quanto tempo ela está? – ela continuou.

– De 12 semanas, ou 3 meses. – Oh Deus, como assim? Tanto tempo... – De qualquer forma, o que eu pude fazer por você eu já fiz Abby, aqui está os cartões dos médicos para o seu pré-natal – diz ela sorrindo.

[...]

Estava andando de um lado para o outro na sala. Totó estava quieto, apenas me observando. Como eu vou dar essa notícia ao Travis? Nós nem tínhamos conversado sobre filhos. Somos recém-casados. Quanto mais eu penso, pior a situação fica.

– Abby, se acalma... Pode fazer mal ao seu bebê – diz America. Involuntariamente minha mão direita escorrega para meu ventre, onde percebo, agora, ter uma pequena protuberância. Sem conseguir me frear, sorrio. Algo meu e do meu marido, o homem que eu amo, está crescendo dentro de mim. Antes que eu possa curtir mais esse momento, a porta se abre. Travis passa por ela e trava seu olhar no meu. Ele percebe que algo está errado, pois sua expressão muda de adoração para preocupação. Ele anda até mim.

– Como foi no médico, Flor? – pergunta me dando um Celinho. Sem o responder eu sento no sofá e as lágrimas que nem sabia que estava segurando, caem. – Flor? Está tudo bem? – pergunta ele, se possível, mais preocupado. Eu não consigo responder. Tenho medo da sua reação.

– É melhor você não esconder, ou melhor... Não tem como você esconder – murmura Mare. Travis que tinha desviado seu olhar para ela, volta para mim.

– Flor, por favor, me diga o que aconteceu – ele implora. Sem pensar, o respondo.

– Eu estou grávida – sussurro. Olho para ele. Seus olhos estão arregalados. Seu olhar vai de meu ventre ao meu rosto. Não sei quanto tempo isso durou, mas a minha aflição só aumentava. – Como? – ele balbucia.

– Eu acho que você sabe como, Trav – responde Mare, em um tom de voz malicioso. A ignorando, tento responder ao meu marido.

– Eu não sei – continuo sussurrando – Só pode ter sido aquele final de semana que a gente foi viajar, não usamos camisinha nenhuma vez...

– Isso não importa agora – diz ele se sentando ao meu lado e puxando para seu colo. – Você está bem? – pergunta ele, beijando minha bochecha. Apenas assinto.

– Bom, já vou indo papais, até depois! Vou encontrar com Shep – Mare nos dá um abraço, e sai. Eu e Travis estamos sozinhos.

– Agora tudo está explicado, suas tonturas, enjoos... – ele continua.

– Você está bem com isso? – pergunto. Ele demora um pouco para responder.

– Não esperava isso agora, Flor... mas aconteceu, e é algo nosso, então não tem como não ficar feliz com isso – diz ele sorrindo. Acabo sorrindo com ele também. Ele ergue minha blusa, expondo minha barriga. – Então, esse é o motivo dos três quilos a mais? – ele sorri mais ainda.

– Sim, e segundo a doutora, dos próximos quilos também – digo. Ele me deita no sofá e fica por cima de mim. Seu rosto está próximo ao meu estomago.

– Olá bebê, aqui é o papai. Espero que esteja tudo certo com você ai. Papai está muito ansioso pela sua chegada. – e então, ele dá um beijo na pequena protuberância. Estou chorando pela emoção, levo minha mão até lá também.

– Oi bebê! Quero que esses 7 meses passem logo para eu poder te conhecer! – sorrio entre as lágrimas.

– Se possível, eu te amo ainda mais, Flor – diz Travis me beijando.

– Eu e nosso bebê te amamos Trav, muito!