POV Vee/ Renesmee

Esses dias tem sido mais do que engraçados. A cara de confusão que Jacob fazia toda a vez que eu mudava de personalidade era muito mais do que cômica! Ontem mesmo quando filetes de água escorriam até meu decote o olhar que ele dava e a baba que escorriam quase me fizeram engasgar -não que eu tivesse feito isso de propósito... tá bom só um pouquinho!

Mas hoje eu resolvi dar uma trégua para ele. Decidi que era dia de meditação, iria decidir quais seriam os próximos passos para encontrar meus pais biológicos então eu fui até a beirada do telhado, me sentei cruzando as pernas, estiquei os braços e fechei os olhos. A medida que o tempo passava minha mente se clareava bem mais e meu corpo relaxava, quase me sentia outra pessoa.

De repente sinto uma mão sendo colocada em meu ombro e quando penso em reagir meu corpo se desequilibra se precipitando ao chão, antes mesmo de concertar minha posição para não me machucar sinto alguém me segura junto ao peito e aterrissando suavemente no chão. Olho para cima e vejo o tal de Edward sorrindo torto com a cabeça ligeiramente inclinada -até que o sorriso era encantador, mas essa cena de herói me irritou profundamente.

Por um momento me encantei com seus olhos e seu sorriso, era conhecido, era superior, era acolhedor.

Olhei para o seu rosto novamente e me lembrei de quem se tratava; então com uma mão empurrei seu peito com força fazendo ele dar com as costas na árvore mais próxima.

–Qual é o seu problema Cullen? Não pode me deixar em paz?- gritei.

–Desculpa!- disse ele levantando. -Eu só queria conversar com você.

Andei até onde ele se encontrava e levantei minha mão na altura do seu rosto.

–O que é isso?- ele perguntou.

–E a minha mão e ela vai servir pra você conversar!

Ele bufou e eu comecei a andar para a floresta.

–Por que você é tão fechada? Por que não conversa com a gente?

–Isso é algum tipo de piada? Por que está aqui? Pior, por que está me seguindo?

–Porque eu quero conversar com você.

–Eu não converso com vampiros.- disse fria.

–Olha eu posso imaginar que tipos de vampiros que você conheceu antes, mas nós somos diferentes!

–Tem razão, vocês são os primeiros vampiros que eu vejo que usam lentes de contato.

Ele sorriu.

–Não são lentes.

–Vai tentar enganar outro!

–Quer que eu prove? é só me seguir... se puder.

Ele correu floresta a dentro e como eu adoro um desafio, pus-me a correr atrás dele. Não demorou muito para ficarmos laudo a lado, mas o que me impedia de vencer era o pequeno -grande- fato de que ele sabia para aonde estava indo e eu não. Mesmo correndo ao máximo que meus músculos permitiam sabia que eu nunca venceria esta corrida porque eu estava o seguindo como ele toinha proposto, me atraindo pelo fraco que eu tenho com competições.

Depois de alguns minutos correndo ele parou em o que parecia uma campina.

–Então C.E.? Pra que me trouxe aqui?

–C.E.?- perguntou franzindo o cenho. -Tipo Cullen Edward?

–Não. C.E. tipo cabelo ensebado! E um apelido que eu resolvi dar pra você.

–Essa eu não vou nem comentar.- esfregou as têmporas.

Eu ri de sua atitude.

– Eu te trouxe aqui pra mostrar de uma vez por todas que somos diferentes.

Feche os olhos e diga o que ouve.

Arqueei uma sobrancelha.

–Confie em mim, eu não vou fazer nada.

Semicerrei os olhos como uma ameaça antes de fazer o que ele pediu.

–Ouço animais.

–Que tipos de animais?

–Você quer mesmo que eu nomeie todos os animais que eu estou ouvindo?- disse colocando as mãos na cintura.

Ele bufou e resmungou alguma coisa sobre ser impaciente.

–O que mais se destaca?

–Cervos.

–Exato. Agora venha.

–Só pra você saber, não sou sua cachorrinha de estimação pra ficar te seguindo.

Ele bufou novamente e agarrou minha mão, me fazendo correr em seu próprio ritmo -que era muito mais rápido do que eu pensava. Momentos depois estávamos no lugar que se encontravam os cervos que saíram correndo por nossa aproximação; o ensebado soltou minha mão e foi atrás do líder do bando enquarto eu fiquei o observando.

Devo admitir que o cervo tinha espírito guerreiro, mas infelizmente não foi páreo para o sanguessuga. Com o cervo abatido o Cullen se debruçou sobre ele e começou a sugar seu sangue, o que me causou um misto de repulsa e curiosidade.

–O que você tá fazendo?- me aproximei.

Ele levantou a cabeça e sorriu com a boca cheia de sangue -bizarro!

–Não é óbvio? Me alimentando.

–Com sangue animal?- perguntei com repulsa.

–Sim, venha experimentar.

–Nem morta!

–Deixa de frescura! E eu sei que quer provar, até porque já faz duas semanas que chegou e ainda não vi você se alimentar de nenhuma forma então presumo que esteja com fome e sede.

Eu iria negar mas meu estomago traidor resolveu roncar tão alto que aposto que o outro lado da cidade ouviu e sem mais escolhas me aproximei do animal morto, mordendo o seu pescoço. Era indescritível o sabor que o sangue que ele possuía, nem de longe era delicioso como o sangue humano mas era tão saciador quanto.

Fiquei tão ocupada me saciando que esqueci o ensebado -que estava sorrindo para mim.

–Quer um pouco?- perguntei com vergonha.

–Não, obrigada. Esse é pra você.

Terminei de me alimentar e levantei.

–Então... por que disso?

–Te mostrei isso pra você entender como é diferente o sangue humano para o sangue do animal e consecutivamente explicar quais efeitos que causam nos vampiros. Que seria... sangue humano olhos vermelhos, sangue animal olhos dourados.

–Então se eu fizer essa dieta ficarei com os olhos assim?

–Não, você é metade humana seus olhos não mudam.

–Entendi.

Fiquei divagando até ele pigarrear para chamar minha atenção.

–Agora estou curioso. Como você se alimentava? Matava humanos?

–Não, simplesmente roubava bolsas de sangue do hospital e somente os mais comuns.

–Já esperava por isso, acho que te conheço bem melhor agora.

Ri com escárnio e disse:

–Nem de longe.

–Surpreenda-me então!

–Pronto.

O que será que ela está fazendo? ele pensou. Que estranho!Está fazendo eco. Será que alguma coisa errada comigo?

–Não há nada de errado com você Cullen, é só que você está lendo os seus próprios pensamentos na minha mente.

–Você lê mentes?

–Não é óbvio?

–Como? Quando?

–Faz uns dois anos. Eu estava no templo da meditação com o Luke para achar uma maneira de encontrar... algo. Eu estava realmente concentrada, mas de repente comecei a ouvir vozes que iam ficando cada vez mais altas a ponto de me fazer cair no chão gritando para que parassem de falar alto. Luke me carregou até o lado de fora, mas ainda continuava ouvindo as vozes cada vez mais alto e então ele me levou até meu quarto e tudo melhorou.

Passado alguns minutos Luke me fez uma série de perguntas e vendo que eu não tinha nada pensou:

Não tem nada, provavelmente estava fingindo para sair de lá!

Então me revoltei e disse:

–Se eu quisesse sair de lá teria saído e não feito uma cena!

Ele arregalou tanto os olhos que pensei que rolariam pelo chão e depois de muita negação acabei por aceitar esse "dom" mas me esforcei para aprender a bloquear, até porque eu não quero ninguém lendo minha mente e não quero ler a de ninguém.

–Você sabe bloquear?- perguntou surpreso.

–Você não? Ninguém merece, na sua idade eu já devo estar voando!

–Como se você soubesse fazer algo a mais.

–Quer ver?

–Duvido.

E com a força da mente empurrei o ensebado para a árvore mais próxima e ele levantou surpreso e coem raiva.

–Você quer parar de me jogar nas árvores? Já perdeu a graça.

–Desculpa não resisti, é forte demais.

–Me ensina? Com uma condição?

–Qual?

–Amigos?- disse ele estendendo a mão.

–Não faço amizades com vampiros- disse fria.

–Só dessa vez. Por favor?

Respirei fundo e respondi:

–

CONTINUA...