Não pode ser. Isso não pode acontecer! Não acredito que isso vai mesmo acontecer. Essa visão da Alice só pode estar errada!

Todos ainda esperavam uma resposta enquanto Alice se acabava em lágrimas e Edward e eu permanecíamos em choque.

–O que, em nome de Deus, está acontecendo? Ou melhor, vai acontecer?- perguntou Bella desesperada e eu pude ver a mente de Edward voltar a funcionar, mas estava um caos.

Não consegui responder porque estava tentando controlar os meus pensamentos -e os do Edward também- tampouco Edward que ficava mais e mais tenso a medida que sua mente ficava coerente então Alice aos poucos contava sua visão enquanto ainda se esvaia em lágrimas.

Não consegui ouvir o relato da visão. Ela já era horrível de se ver, quanto mais de se ouvir e por isso decidi bloquear a voz de Alice e organizar de vez minha mente; ao final da história Bella estava se acabando de chorar enquanto abraçava seu marido ao mesmo tempo que este retribuía esse abraço como se ela fosse a salvação de tudo que estava para acontecer e fazia mentalmente a promessa de sobreviver a qualquer coisa por ela, Esme estava ajoelhada ao chão chorando copiosamente enquanto murmurava "meu filho" com pesar e sua mente passava imagens sobre os momentos que eles haviam passado juntos, Carlisle tentava ampará-la, mas sua mente estava procurando modos de protegê-lo. Todos os outros se calaram com lágrimas nos olhos, porém suas mentes estavam voltadas as notícias e aos momentos que passaram com Edward.

Por causa das emoções -deles e minhas- me desfoquei da cena sentindo alguns tremores e calafrios tomarem conta do meu corpo, porém só depois que Jacob passou os braços sobre meu ombro apertando seu corpo ao meu em um forte abraço, foi que descobri que os tremores eram soluços e que aumentavam cada vez mais enquanto a realidade se fazia presente em nossas almas.

Permanecemos assim por um bom tempo...

***

Dias se passaram desde a visão e com eles a tensão foi aumentando. Se a visão de Alice estivesse certa, dentro de algum tempo Edward Anthony Mason Cullen iria morrer, por isso ele se aproximou muito mais de sua família -inclusive de mim- e todos os Cullen -os lobos e eu também- se mantinham o mais que possível perto dele fazendo questão de tornar cada segundo inesquecível. Até mesmo Jacob com toda a sua pose de alfa marcava seus momentos com ele, discutindo com o mesmo até que ambos caíssem na gargalhada.

Por mais que eu negasse uma tristeza sem limites me abatia cada dia mais então decidi treiná-lo para usar os poderes psíquicos que eu sabia para ele se defender. A evolução do cabeçudo -vamos combinar que a cabeça é grande mesmo, e ele nem se importa porque agora ri- é de impressionar, por isso resolvi dar-lhe um dia de folga enquanto eu passava o dia com Bella.

–Me fale mais de sua filha?- pedi.

Desde que a Alice teve a visão que começamos a conversar. Ela vinha me falando sobre a sua filha desaparecida, o que a ajudava esquecer o que estava para acontecer, contava muitas histórias engraçadas e a medida que ela a descrevia as várias situações seus olhos brilhavam, um sorriso se formava em seu rosto e lágrimas rolavam vez ou outra.

–Ela é linda!- disse sorrindo. -E é totalmente parecida com o Edward, até o temperamento.

–Você nunca me falou de sua aparência.

Ela me olhou por alguns segundos como se me analisasse e perguntou:

–Posso ver seu cabelo?

Minha mão foi de encontro ao meu coque como uma forma de protegê-lo.

–Quer que eu solte meu cabelo?

Ela assentiu fazendo-me levantar indignada pronta para negar, mas ao olhá-la bem me senti segura e por isso ao invés de negar e sair rudemente somente virei de costas e me desfiz dos grampos que prendiam meu cabelo, deixando ele rolar até os calcanhares. (Obs: lembrando que de acordo com Amanhecer, o cabelo dela cresce 15 centímetros a cada dia).

Eu não sei ao certo como me sentia nesta situação já que não deixava ninguém ver o comprimento do meu cabelo. Ouvi ela se movimentando no quarto e senti meu corpo de arrepiar quando seus dedos tocaram minha cabeça fazendo um cafuné para depois deslizar seus dedos por meu cabelo até onde suas mãos alcançavam. Foi ótimo, nunca me senti tão bem com uma demonstração de afeto.

–Por que você deixou seu cabelo crescer tanto?- sua voz variava entre admiração e repreensão.

–Uns dois anos atrás eu lembrei de minha mãe dizendo para mim o quanto detestava que cortassem meu cabelo, que sentia pena. Então eu fiz uma promessa a mim mesma: somente minha mãe poderá cortará meu cabelo enquanto isso vou deixar ele crescer.

Mais lágrimas rolaram por sua face e sinceramente eu não entendi o porquê.

Deixei que ela se recuperasse enquanto eu voltava a fazer meu coque usual, o que demorou uns bons cinco minutos.

–Então... você ainda não me falou sobre a aparência de sua filha.- observei.

Seus olhos brilharam mais.

–Um dia te mostrarei.- falou e sorriu de um jeito que eu não via há tempos.

–Você acha que ela está viva?

–Tenho certeza absoluta.

–Como pode ter tanta certeza?

–Se você soubesse se surpreenderia!- falou me fazendo dar gargalhadas. Me senti mal depois de fazer isso -não é legal rir das esperanças do próximo-, mas logo vi que estava tudo bem quando ela gargalhou também.

–Pode chamar o Edward para mim?- pediu depois de algum tempo.

Ainda rindo de seu otimismo eu desci a procura do marido dela.

Não consegui deixar de lembrar de algumas situações vividas por sua filha e dos sentimentos de saudade que senti enquanto ela contava, o mesmo sentimento que senti quando toquei o piano... só que mais forte.

–Você tem que contar a ela!

A voz grossa e potente de Jacob me tirou dos meus desvaneios e a vontade de prestar atenção na conversa -mesmo sabendo que era errado- me venceu. Eles estavam tão concentrados um no outro que nem me percebeu ali.

–Eu sei que tenho que contar, mas você tem que analisar as consequências.- debateu o cabeçudo.

–Que se danem as consequências!- gritou. -Quero minha Nessie de volta!

–E você não acha que eu não quero minha filha de volta?- Ainda mais agora que em breve morrerei?

–Então por que você não faz nada?

–E você quer que eu faça o quê? Que eu eu chegue nela e diga: "Hey Vee, bom dia! E a propósito tenho que te contar que você é Renesmee, minha filha perdida."

–O quê?– gritei fazendo os dois me olharem assustados.