Avatar: A Lenda de Zara - Livro 2: Terra escrita por Evangeline


Capítulo 5
Cap 4: Inquietação




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– Ainda estou pensando, Zara. – Relembrou o amigo, com a mão no ombro dela. – Agora vamos descansar. – Disse levantando-se e indo para a cama, que Airon não se incomodou em ceder. Os dois colchões estava entre a cama e a janela.

Zara continuou olhando para fora da janela.

Seus pensamentos estavam direcionados ao futuro desde que saiu do Polo Norte. Mas ao reencontrar seu pai de sangue, o passado começou a bater à porta, incomodando a menina.

Sentia falta de Tera e de Gaibo, e de seu pequeno irmão Leuh. Sabia que não tinha aprendido tudo o que podia sobre a água, e sentia que faltava algo muito importante. Ainda tinha curiosidade sobre a dobra de sangue, assim como tinha medo do estado Avatar. Imaginava onde Kayun poderia estar e se estava morta ou não.

Tentava dormir, mas não conseguia. Virando de um lado para o outro, se cobrindo e descobrindo, com ou sem travesseiro. Nada.

Longe dali Yue lidava com um problema. Tera e Gaibo haviam ido pela manhã ao palácio, em busca de sua filha. Qual fora o desespero deles ao descobrir que sequer a princesa sabia onde exatamente estava Zara.

– Para quê você mandou ela para outro continente?! – Gritou Gaibo. – Ela só tem onze anos! O que você tem na cabeça?! – Os seguranças já estavam a postos para conter a violência do homem, mas Yue sinalizou para que deixassem-no em paz.

– Gaibo, ela tem uma missão muito importante lá. Nem mesmo eu sei qual é, mas tem. – Disse Yue controlando a voz. Mesmo ela estava muito preocupada, Zara deveria ter voltado no dia anterior, assim como Gumo.

Além de quê o desaparecimento do prisioneiro líder da tentativa de sequestro havia sumido. Yue temia o pior, mas no meio do oceano, dois dobradores talentosos poderiam se defender.

– Que missão tão importante uma menino de onze anos pode ter?! – Retrucou o homem. Num suspiro cansado, Yue os levou até o Oásis Espiritual. Estando num lugar de tamanha importância, Gaibo não podia se atrever a se exaltar. Além do mais, era o lugar para onde Zara iria.

Yue os levou até diante do lago, onde os dois conhecidos peixes nadavam em seu ciclo de equilíbrio.

– Estes são Tuí e La. – Sussurrou Yue.

– Zara veio falar com os peixes? – Perguntou Tera horrorizada, tinha certeza de que sua filha não era louca.

– Zara veio receber uma noticio de importância crucial, que Tuí e La deram. – Tentou esclarecer, mas de nada adiantou. A princesa soltou um suspiro cansado. – Quero que me ouçam com muita atenção. Zara foi para o Templo do Ar do Norte em busca de conhecimento do mundo, e de autoconhecimento. Os planos são para que ela volte para cá, então eu contatarei os melhores professores do mundo inteiro para virem dar-lhe aulas aqui mesmo.

“Ela precisará de quatro professores, e já tem um bem aqui. Yokusen é o responsável por ensiná-la tudo o que sabe sobre a dobra d’água. Eu estou pesquisando sobre os outros três professores para as dobras de terra, fogo e ar.”

Disse por fim, sabendo que fora clara o suficiente. Tera e Gaibo arregalaram os olhos, estupefatos, entreolhando-se.

– Zara é o Avatar? – Perguntou Tera segurando a mão do seu marido. Yue assentiu com um sorriso parcial no rosto.

Foi realmente difícil convencê-los de que ficaria tudo bem, quando sequer a própria Yue estava convencida disso. Naquela noite, Yue não conseguira dormir. Algo dentro de si a tranquilizava sobre a jovem Avatar. Mas sentia que não podia ser tão positiva, precisava fazer algo pela menina. Mas não havia ninguém em quem pudesse confiar.

Zara mal percebera o tempo que passou, já era madrugada. Gumo dormia descoberto, morrendo de calor, as gotas de suor podiam ser vistas de longe. Airon parecia normal, dormindo de costas para a menina.

Nunca havia tido tanta dificuldade para dormir. Um desespero lhe tomou, pois estava com sono. Uma dor de cabeça lhe bateu, e pensamentos ruins vieram lhe atormentar.

E se não conseguisse?

E se falhasse?

Hoje dobradores de fogo sumiam. Amanhã o mundo poderia estar um completo caos. Poderia lidar sozinha com tudo isso? E Gumo? E se Gumo fosse embora? Poderia estar com Airon para todo o resto?

Airon só está aqui ainda porque eu o fiz jurar. Porque eu negociei a liberdade dele.

Lembrou. Seus olhos lacrimejavam, o que era raro. Zara não chorava há muito tempo. Na verdade, não conseguia lembrar da ultima vez que chorara por qualquer coisa que não fosse dor física. As lagrimas escorreram silenciosas, até que a menina já tinha uma real vontade de chorar.

Encolheu-se abraçando os lençóis, controlando-se para não soluçar, para não acordar ninguém. Tinha vergonha de ter tanto medo.

Menina besta! Quantos queriam estar no meu lugar? Muitos talvez. Talvez até todos, menos eu! Avatar? Para quê ser Avatar?! Eu só quero voltar para casa todos os dias, abraçar mamãe e brincar com papai. Eu quero ver Leuh crescer!

Pensava a menina, deixando que o lençol absorvesse suas lágrimas aos poucos mais intensas.

Eu não quero estar cercada de desconfiança. Todos querem algo do Avatar, sei disso! Ou então fogem dele. Até Gumo está indo embora. Quem vai poder ficar comigo se os amigos do Avatar estarão em perigo enquanto eu não for forte? A qualquer momento podem me matar! Eu não quero ser O Avatar que Fracassou. Eu não quero ser o Avatar!

Os soluços vinham silenciosamente, a respiração chegava a faltar-lhe. Nunca tinha chorado tanto. Virou de costas para os dois amigos, o mais próxima da parede que pôde, sempre abraçada com toda força ao lençol.

As coisas que passara nos últimos dias haviam chocado, tranquilizado, animado e desanimado a menina. Talvez fosse muito peso para uma só garota. Aquela sensação de impotência parecia estar a assombrando cada vez mais, quando um sentimento pior a invadiu.

Solidão.

O peso vai estar nas minhas costas, mas não haverá ninguém para me ajudar.

Foi quando uma mão tocou seu ombro, lentamente. A menina hesitou para se virar, e então encontrou um par de olhos castanhos muito claros, quase amarelos.


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