Oh simple thing where have you gone

I'm getting old

And I need something to rely on

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O problema de se morar num internato era que você, uma hora ou outra, tinha a sensação de estar preso. Por mais mágico que parecesse, mesmo que você se sentisse, na maioria das vezes, em um filme de romance adolescente, uma hora tudo se fechava em torno de você e sua única vontade era ir para o lugar mais aberto que encontrasse.

Fran estava desenvolvendo uma estranha claustrofobia à escola. Essa era a realidade.

Era como se os muros que a cercavam no jardim tirassem toda magia do tamanho do campo. Ou como se o céu não ficasse tão azul quando ela podia enxergar as cercas elétricas sobre o paredão ou as antenas no topo dos prédios.

Era assustador como todas as árvores que havia ali, vários e vários hectares, pareciam apenas guardas prontos para prendê-la caso ela quisesse respirar mais que o permitido. Sentia-se como se cada movimento seu fosse vigiado e que se desse um passo em falso estaria presa na sala da direção. Era impossível ser um semideus assim.

Foi por isso que, logo depois que despertou de um pesadelo do qual não conseguia se lembrar, saiu pelo pátio externo. A filha de Athena correu por entre as árvores, ainda vestida, já que dormira de roupas. No ombro, a pequena mochila de couro com seus itens de emergência semideusa: Uma adaga, uma garrafa de néctar, pedaços de ambrosia embalados em papel alumínio e pastilhas para garganta. Nada é mais mortal contra um monstro que uma potente pastilha de menta ou de limão com mel.

Embainhada no seu cinto estava a espada comprida, o cabo de couro moldado do formato de sua mão e a lâmina levemente fosca, para que fosse mais fácil se esconder sem que ela brilhasse e delatasse onde estava sua espadachim.

Enquanto caminhava para dentro da mata observava cada traço da folhagem e do solo, analisando em que tipo de lugar fora se meter. Quando encontrou algo parecido com uma clareira, sentou para descansar. Era um espaço pouco mais aberto que a mata antes fechada, mas mesmo assim possuía três árvores no meio, onde ela tinha certeza de que conseguiria amarrar uma lona perfeitamente e montar um bom acampamento. Era o que precisava.

Mediu rapidamente o tamanho do tecido que necessitaria e da corda para prender tudo, marcou as árvores com um pedaço pequeno de tecido verde escuro e fez uma trilha de volta ao colégio com aquele mesmo pano. Era muito discreto e ninguém que não estivesse procurando uma marcação o encontraria por ser semelhante à cor da folhagem.

Quando pousou a cabeça no travesseiro, sentiu finos raios de sol entrarem por sua janela e soube que naquela tarde não iria à aula.

***

Ser filha de Athena definitivamente não era fácil.

Maggie logo que entrou na sala soube que seu dia seria um inferno. Era uma aula sobre Geografia, da qual ela não precisava de nada se não seu nome na lista de presença. Que ódio que tinha de Quíron nesse momento.

Olhou para as mesas, desfalcadas pela falta de alunos em excursão e sentou-se em uma carteira dupla vazia. Talvez, com sorte, Fran viesse sentar-se com ela. Talvez Annabeth, se Percy sentasse com Jason. Esperava realmente que até mesmo Sophie chegasse para aquela aula, mas ao que tudo indicava suas amigas estavam tendo outras aulas naquele horário.

Quando Bernard entrou pela porta e sorriu pra ela como se tivesse acabado de ganhar o melhor presente de aniversário de todos um gemido de exaustão escapou por seus lábios. O rapaz largou uma pilha de livros de capas coloridas e de diversos tamanhos sobre a mesa e sentou-se ao seu lado.

– Eu descobri um monte de coisas! – Ah, por que não chamou Annabeth para apagar sua memória quando tinha tempo?

– Hum. – Respondeu simplesmente voltando a sua atenção para o romance que estava lendo. Viu Danica lendo um volume e achou muito interessante, no momento estava presenciando dois tigres caçando, torcendo para que o de olhos azuis ficasse bem e voltasse para o acampamento.

– Margareth! – Maggie olhou para o rapaz com os olhos semicerrados.

– Não me chame assim! O que você quer? - O garoto voltou a sorrir por ter a atenção requerida.

– Então, fui na biblioteca e encontrei algumas coisas muito legais sobre mitologia grega, sabia que sua mãe foi a maior tecelã de toda história? – Ela olhou-o como se ele tivesse acabado de dizer que o mar era salgado.

– É lógico que eu sei! Ela é minha mãe! – Só faltou um tapa na testa para a cena ficar perfeita.

– Oh. Claro. – As bochechas do garoto coraram, mas ela respirou fundo e pegou o primeiro livro da pilha. Ilíada e Odisséia.

– Bom livro, meio fantasioso, mas educativo. – Folheou as páginas e parou em alguns trechos grifados, todos com o nome de Athena. Que fofo, ele procurou sobre a sua mãe.

– Estamos falando de mitologia grega, o que não é fantasioso? – Ele sacudiu sua cabeça, tentando fazer a sua melhor cara de “É óbvio!”

– Não senhor, estamos falando da minha vida, nem tudo é fantasioso na mitologia! – Bernard balançou a cabeça e começou a indicar alguns trechos grifados, dessa vez perguntando o que era ou não verdade, ao invés de tentar saber mais que ela e Sophie descobriu que era divertido poder satisfazer a curiosidade do garoto e ver seus olhos brilharem ao ouvir histórias mitológicas serem contadas no tempo presente e contos sobre os deuses envolvendo tecnologias recentes. Era tudo novo e fascinante para ele.

A filha de Athena teve uma ideia repentina, mas que se prendeu tão firme nela que ela se perguntou se aquele pensamento não estava ali desde sempre e ela não tinha notado.

Descobriu ter um sonho.

Iria ser professora. A melhor de todas.

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So tell me when you're gonna let me in

I'm getting tired

And I need somewhere to begin