Sweet Illusion escrita por Akira H


Capítulo 1
Sweet Illusion


Notas iniciais do capítulo

É uma fic antiga que eu achei que tinha perdido, mas finalmente consegui recuperar! Escrevi ela já faz acho que anos, porque sempre tive um grande amor pela Chrome-chan... Uma das poucas garotas de anime que eu amo e acho realmente estupravel (what?)Bem, aqui está uma das minhas primeiras e poucas fics com um estilo mais... Bem, hétero, ne? Acho que nunca publiquei algo tão hétero quanto essa kkk



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Seus pais sempre discutiam entre si, brigavam frequentemente, por culpa dela... Não sabia como lidar com as pessoas... As pessoas sorriem sempre. Sorriem quando estão felizes, quando estão tristes, quando são cruéis... Não conseguia fazer isso; Não conseguia lidar com isso; Não sabia como lidar com isso...

Mesmo que todos a criticassem, Chrome na verdade tinha um amigo. Ninguém nunca o tocou, ninguém nunca o viu, ninguém nunca descobriu sua existência, mas não importava. A pequena garota de cabelos roxos não se interessava se os outros acreditariam ou não que ele realmente existia, porque ela sabia... Ele foi seu único e melhor amigo.

Todos a achavam estranha e comentavam coisas como ”Porque essa garota não tem amigos?” ou “Essa garota é inútil,não consegue nem conversar com os outros”... Muitas noites de sua infância, submersa na escuridão, no desespero e na tristeza, a pequena garota de apenas sete anos se escondia em um canto de seu quarto e chorava sem que ninguém visse... Não, não era como se ninguém visse... Ninguém queria ver.

Foi em uma dessas noites em que chorava em seu quarto, que o viu pela primeira vez. Ela estava com a cabeça abaixada, enquanto deixava as lágrima rolarem pelo seu rosto... Não era culpa dela se todos a evitavam, simplesmente... Não sabia ao certo o que falar ou sobre o que falar com as outras pessoas... Queria ter alguém para conversar... Até ela queria poder conversar normalmente ou ter amigos. Queria ter amigos... Ter alguém para rir e comentar sobre vários assuntos... Alguém do seu lado se preocupando com ela. As lágrimas começaram a escorrer mais intensamente... Será que era realmente tão inútil assim?

– Porque está chorando?

A pequena Chrome levantou a cabeça assustada e começou a procurar o dono daquela voz. Mesmo sendo apenas uma criança, sabia que não precisava se preocupar que algum empregado ou que seus pais entrassem no quarto, eles nunca iriam lá mesmo. Então, quem...?

– Responda logo. Porque está chorando?

A garotinha de olhos roxos começou a procurar pelo quarto, desesperada, até que viu um discreto vulto perto de sua cama, mas pela densa escuridão não conseguia ver ao certo.

– Que-Quem é você...? – Perguntou, com um sussurro que apenas era audível pelo profundo silencio do lugar.

– Responda minha pergunta primeiro. Porque esta chorando? – Perguntou novamente... Uma voz masculina, porem suave e mesmo sendo levemente fria e irritada, transmitia uma tranquilidade inexplicável.

– ... Minha mãe... – Respondeu a garota, entre soluços.

– O que aconteceu? – Insistiu curioso.

– E-ela encontrou o passarinho. – Respondeu, ainda chorando um pouco.

– Passarinho?

– Aquele que eu estava cuidando... – Falou, tentando controlar sua respiração.

– E qual o problema? – O vulto, que antes estava imóvel perto da cama, cruzou o braço bruscamente, provavelmente irritado com aquela conversa sem sentido, mas tentando se controlar.

– Ela se irritou, e falou que eu não deveria perder tempo com coisas inúteis... – Respondeu, enquanto secava as lágrimas que voltavam a escorrer ao lembrar de seu passarinho que morreu após sua mãe jogar no chão a caixa em que ele estava.

Era culpa dela, ela sabia isso... Se simplesmente não tivesse pegado o passarinho e cuidado dele... Se tivesse levado-o diretamente para o veterinário... Se simplesmente não tivesse se apegado tanto a aquele frágil animal que a encarava suavemente enquanto o levava para algum lugar seguro...

– Não foi sua culpa. – Disse a voz, de maneira audível e direta.

– Mas... – Tentou argumentar a garotinha.

– Não foi sua culpa... Pare de ficar se culpando. – Falou tranquilizante.

– Hum... – Respondeu balançando a cabeça em positivo -.... Obrigada...

– Não agradeça pelos outros simplesmente dizerem a verdade. – Respondeu, enquanto aparentemente descruzava os braços e levava as mãos provavelmente ao bolso da calça.

– Sim... – Sussurrou gentilmente, agradecida e mais calma.

Ficaram em silencio por alguns segundos e apenas podia-se ouvir a respiração de Chrome, que já estava normal...Nesse momento, ela lembrou de algo importante, que não havia perguntado.Levantou a cabeça bruscamente para encarar o vulto.

– Mas...Quem é você? – Perguntou nervosa.

Sua expressão de nervosismo foi substituída por uma decepção misturada com uma leve tristeza, quando notou que não havia mais ninguém ali... Por alguns segundos, achou que iria chorar de novo, mas não chorou. Não havia porque chorar. Sentiu que, mesmo não sabendo quem era ou porque estava lá, iria voltar um dia... Pela primeira vez em sua vida, entendeu o que era conversar com alguém que se interessava em suas resposta.

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A segunda vez que o viu, foi três meses depois, quando discutiu com seu pai... Não, seu pai que tentou discutir, ela apenas mantinha-se quieta, esperando que tudo passasse logo.

Sabia o que tinha feito errado, mas... Não conseguia consertar aquilo. Quando os colegas e sócios de seu pai vieram jantar com eles, ela apenas não sabia o que falar... O que deveria fazer? Permaneceu calada a noite inteira... Tentou falar algumas palavras, mas sua voz simplesmente não saia, quando finalmente saiu, gaguejou. Uma completa humilhação para seu pai.

Sentada no chão, sussurrando palavras desconexas, além de esconder seu rosto... Estava chorando. Chorando desesperadamente... Pare de chorar, pare de chorar... Soluçava e xingava a si mesma, em um volume controlado, para não chamar a atenção de seus pais... Certas pessoas não tinham esse direito, pessoas inúteis... Pare de chorar, pare, pare logo... E ela sabia, ela era uma dessas pessoas; Mal conseguia falar, nem conseguia sorrir, nem conseguia olhar as pessoas nos olhos... Apenas ficava chorando... Para que sua existência era útil? Pare, pare... Pare de chorar.

Porque era tão inútil...? Era só sorrir e responder as perguntas... Porque nem isso sabia fazer? Nem sorrir ela conseguia... Devia ter sido mais simpática, mas não foi... Como alguém como ela poderia ser simpática...? Porque não parava de chorar...? Pare, pare logo... Alguém de um nível tão baixo não tinha esse direito... Pare, pare... Pare de ser tão desprezível... Não podia chorar, se não sua aparência seria mais detestável ainda, como as outras crianças tinham dito antes... Lixos não tem direito de chorar.

– O que aconteceu dessa vez?

Nesse instante, seus sussurros e soluços pararam, mesmo que suas lágrimas continuassem intensas... Conhecia aquela voz.

– ...Não consegui dizer nada... – Disse, tentando falar num tom de voz compreensível, encolhendo-se mais, com vergonha das própria fraqueza.

– Explique melhor. – Suspirou, a voz impaciente.

– ...Os sócios do meu pai... Eles vieram aqui hoje... – Respondeu, entre soluços.

– E...? O que aconteceu? – Insistiu, suspirando mais... Pelo menos ela respondia de forma compreensível, mas aparentemente iria precisar de paciência para conseguir entender.

– Não consegui dizer nada... – Repetiu com a cabeça abaixada, escondendo o rosto. – ... Não consegui responder quando falaram comigo...

– E está chorando por isso? – Irritou-se... Crianças são realmente difíceis de se lidar.

– ... Meu pai ficou irritado... – Havia parado de chorar, parecia se obrigar a não emitir nenhum barulho desnecessário enquanto tentava normalizar a respiração. – Foi minha culpa...

– Não precisa repetir essa parte sempre... Não foi sua culpa. – Tentou acalmar a garota com um tom de voz acolhedor e suave, sem descartar seu modo direto. – É normal crianças serem tímidas com estranhos.

– ... M-mas... – Gaguejou, corando levemente... Ninguém nunca havia se dirigido a ela com esse tom de voz, ou falado que ela era “normal”... Então pessoas gentis assim realmente existiam?

– Não fique com a cabeça abaixada. – Comentou serio, sem abandonar seu tom de voz calmo. – Se ficar dessa forma, parece como se você fosse realmente culpada

– Hum... – Respondeu, balançando a cabeça, levantando-a finalmente, dessa vez sorrindo... Um sorriso discreto e tímido, porem tão inocente... Um sorriso infantil, como a de qualquer criança de oito anos.

– Parece que você já esta melhor, então... Já vou. – Desencostou o corpo do armário no qual estava apoiado, e começou a caminhar em direção a janela lentamente, com passos calmos.

Chrome olhou para o chão em silencio... Não queria que ele fosse embora... Porque ele estava indo? Não poderia ficar um pouco mais...? Poderia ficar e conversar mais com ela... A pequena garota nunca teve ninguém com quem conversar, e finalmente quando encontrou companhia, ele estava indo... Iria voltar? Provavelmente não, porque voltaria...? Eles nem se conheciam, não havia motivos para se encontrarem novamente, então porque ele estava indo tão rápido? Se fosse a ultima vez que iriam se ver, ao menos poderia conversar mais com ela. Deveria ficar mais um pouco, não queria ficar sozinha. Não ia suportar ficar sozinha... Mesmo se fosse apenas mais alguns segundos...

– Quando quer algo, deve se falar. – A pessoa que antes estava indo embora, estava a apenas 2 metros de distancia, de braços cruzados, soltando um leve suspiro.

– ... Hum... – Respondeu balançando suavemente a cabeça... O que deveria falar...? Não sabia o que e como dizer...

– E você é só uma garotinha qualquer, não fique exigindo tanto de você mesma... – Comentou calmamente, pensativo.

– ... Eh? – A garota de cabelos roxos simplesmente ficou encarando-o, levemente corada... Parecia como se ele tivesse lido seus pensamentos e descoberto o que sempre quis escutar e entendesse o que ela queria dizer, mas não conseguia...

– O que foi? – Desencostou da parede e ficou parado perto da cama, de braços cruzados, apoiando seu peso em uma das pernas. – Que expressão é essa?

O vulto inclinou a cabeça levemente para o lado, rindo e acabou saindo das sombras, fazendo a parte superior de seu corpo ser iluminada levemente pela luz que entrava pela janela. Possuía os cabelos castanhos escuros e desarrumados, seus olhos eram de um intenso azul escuro... Como se estivesse encarando a parte mais densa e desconhecida do mar. Porém, o que realmente lhe chamou a atenção foi seu sorriso... Estava sorrindo, sorrindo para ela... Um sorriso gentil e divertido, mas de alguma forma, eram iguais aos seus olhos: profundo, misterioso e obscuro, mas que te prendia e arrastava até ele... Chrome voltou a olhar para baixo, corando... Como se reagia a esse tipo de coisa?

– Eu disse para não abaixar a cabeça. – Falou com tranquilidade, mesmo que obviamente irritado... Aparentemente não gostava de ser contrariado ou desobedecido.

– ... Hai. – Levantou a cabeça imediatamente, ainda corada e eufórica. Abriu a boca, como se fosse falar algo, mas parecia que sua voz simplesmente não saia.

– Fale logo. – Disse impaciente... Já que a garota já se sentia melhor, sua paciência estava indo embora para ser guardada para outro momento, que não seria mais aquele.

– ...Se-seu nome. – Sussurrou, falando rápido de mais.

– Nome...? – Parecia pensativo. Ficou em silencio durante alguns longos segundos, até finalmente responder. -... Como você acha que seria meu nome?

– Co-como eu acho...? – Falou mais para si mesma do que para ele. Analisou detalhadamente a pessoa a sua frente.

– ... Aoi...

– Aoi? Pelos olhos azuis? – Perguntou, parecendo indignado, provavelmente pela falta de criatividade.

– Hai... S-são bonitos... – Gaguejou novamente, nunca havia elogiado alguém sinceramente e sem motivo.

– Então... Será isso. – Sorriu tranquilamente, olhando pela janela.

Chrome apenas ficou observando-o... Enquanto ele olhava as estrelas, parecia que elas o olhavam de volta, através de seus ingênuos olhos, ele parecia brilhar...

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Depois daquele dia, o estranho garoto voltou a aparecer poucas vezes por ano, mas aos poucos, quando a pequena garota de olhos roxos fez 9 suas conversas ficaram mais frequentes... Ao invés de aparecer poucas vezes e sem um período determinado, Aoi passou a visitá-la uma vez por mês. Com o passar do tempo, quando Chrome fez 10, suas conversas viraram semanais.

Ela nunca teve muitos amigos e nem podia confiar em ninguém... Principalmente esse segredo, que ela nunca poderia contar... Suas conversas eram sobre coisas triviais, coisas inúteis o bastante para que ninguém da casa quisesse saber. Sempre conversavam em um tom de voz baixo, quase sussurrando... Não era somente por Chrome ser tímida, era porque era um segredo... Seu querido e adorado amigo, que ninguém poderia saber que existia, não poderia deixar seus pais descobrirem, se não iriam separa-los.

As vezes, quando estavam em publico, normalmente em algum evento social que as “famílias de elite” como a dela eram obrigadas a comparecer, ele a acompanhava, porém ninguém sabia. Normalmente aparecia e a observava de longe, ficando visível poucas vezes entre a multidão, mas sem conversarem. Era algo apenas para Chrome notar que não estava sozinha, que sempre teria alguém de seu lado...

Algumas vezes perguntou como ele conseguia entrar naqueles locais, mas ele apenas sorria e respondia com um simples “posso entrar onde eu quiser... ” e deixava a frase pairando no ar... A garota realmente nunca se preocupou com isso, não importava. Sentia-se feliz apenas pelo fato de seu querido amigo a acompanhar sempre. Para ela, Aoi era como uma estrela... Ele brilhava belamente ao seu redor, ela seria a lua... A lua que todos diziam que era solitária, mas que era mentira, a lua brilha com as estrelas em meio à densa escuridão do céu...

Mas teve uma época em que Chrome perguntava-se se Aoi não seria apenas sua imaginação. Um amigo imaginário? Pensava tanto nisso que beirava o desespero... Ele existe? Ele estaria mesmo sempre com ela...? Porque nunca falava dele mesmo? Surgia do nada e nunca falara seu nome. Se ele não existisse ela iria estar sozinha. Iria notar que era apenas uma tola se iludindo... Uma inútil... Uma inútil que nunca conseguiria fazer amigos...

Foi nessa época quando as duvidas começaram a surgir que ele apareceu em uma das festas... Apareceu e conversou com seu pai. Foi uma conversa simples, uma apresentação cordial e básica, seguido por um assunto banal, mas significativo. Falou tudo que ela sempre quis comentar com seus pais: os amigos de sua mãe, a estrutura do local, como queria viajar para outros países e conhecer mais as outras culturas do mundo... E foi assim que ela conseguiu ver um sorriso. Não o de Aoi, outro tão significativo quanto... O sorriso de seu pai. Um sorriso serio e discreto, mas calmo...

Além de confirmar que seu melhor e único amigo era real, confirmou que seus pais também poderia sorrir para ela... Mesmo sabendo que não foi exatamente para ela, sentiu como se fosse... A conversa que sempre queria ter com seus pais, as palavras que nunca conseguiu fazer com que saíssem de sua boca finalmente saíram... Não de sua boca, porém da boca de seu querido amigo, as exatas coisas que sempre sonhou. Foi como se aquele sorriso estivesse endereçado a ela...

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Naquela época, Chrome finalmente tinha 13 anos. Suas visitas se tornaram mais frequentes ainda. Antes, o que era uma vez por semana, havia se tornado um dia sim e um dia não, mesmo que preferiria encontra-lo todos os dias para poderem conversar já que não tinha nada para fazer após a escola, não tinha outros amigos além dele, e não poderia assistir televisão ou utilizar o computador, seus pais nunca iriam permitir...

Uma vez também, ela perguntou porque não poderiam se ver sempre, mas ele apenas deu uma de suas respostas vagas, que se demonstraram habituais em sua personalidade... ”Não iria aguentar ficar tanto tempo...”, sem entender, insistiu na pergunta, tentando descobrir porque... Sorriu com uma aura misteriosa, a encarou com um olhar distante e passou a mão em seu cabelo, respondeu um “Não eu...”. Mesmo sem entender, a garota desistiu do assunto, e nunca mais falou a respeito...Com os anos, aprendeu que não havia como conseguir respostas dele, se ele não respondia no primeiro momento.

Foi naquela tarde que aconteceu... Chrome havia acabado de sair da escola e estava voltando pra casa, iria encontrar com Aoi quando chegasse... Foi no caminho, que ela viu... Era um pequeno gatinho que andava, desamparado, pela rua. Ela tentou se aproximar lentamente dele, mas... Por uma distração sua, acabou fazendo um ruído muito alto, que acabou assustando-o e ele correu para o meio da rua.O gato era tão pequeno... Tão indefeso e frágil... Tão inocente, era exatamente como ela...

Olhou rapidamente para os lados, não havia nenhum carro, então correu rapidamente para salva-lo e deixa-lo em algum lugar seguro... Já havia o alcançado quando um carro apareceu em seu campo de visão... Ia rápido e descontrolado, avançando rapidamente em cima da garota e do pequeno gato... Enquanto ela olhava com desespero o carro se aproximando, ela pode ver uma figura conhecida na calçada... Aoi... Foi rápido, mas ela achou ter visto, mas... Se ela viu ou não, nunca descobriu... A única coisa que ela fez, antes de desmaiar, foi abraçar o animal, para que pelo menos ele, não se machucasse...

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Onde estava? Não doía, mas também não conseguia sentir seu corpo... Finalmente havia morrido?Não sabia o que sentir... Qual o sentimento que temos ao morrer? Tristeza, desespero, medo ou alivio...? O que se deveria sentir...?

– O que aconteceu com essa garota?

... Havia uma voz... Não, ainda não tinha morrido... Conseguia escutar perfeitamente a voz de sua mãe.Reclamava pelo tempo perdido, por ser obrigada a ir ao hospital...

– Ela não vai conseguir sobreviver mesmo. – Sua mãe falava, demonstrando uma mistura de repulsa e indiferença.

– E de qualquer forma, não é como se ela pudesse escutar.

Ela escutava... Chrome escutava e entendia cada palavra que diziam. Não importava, ela não se interessava mais por eles, não naquele momento... Iria morrer. Nada mais importava... Só que... Antes de morrer, queria ver de novo seu amigo... A única pessoa que provavelmente iria sentir sua falta... Ou pelo menos, notar que ela não estaria mais lá.Começou a chamá-lo em seus pensamentos... Aoi conseguia saber o que ela pensava às vezes, não? Com a pouca energia que lhe restava e conseguiu juntar, começou a chamá-lo...

Não podia morrer ainda... Precisava vê-lo, precisava falar com ele... Precisava agradecer por todo esse tempo que tinha sido seu amigo...Não queria morrer sem antes fazer isso. Não podia. Ele foi o único amigo que ela teve... O único que, durante todos esses anos, esteve ao seu lado, sem reclamar ou pedir algo em troca... O único que ajudou ela a sorrir.

Juntou toda a força e determinação que tinha e continuou se concentrando, tentando chamá-lo, esperando que alguém respondesse...

“Realmente vai morrer, Chrome...?”

Foi apenas um sussurro, mas...Parecia a voz dele.Se ela iria morrer...? Sim, iria. Não havia nada que ela poderia fazer sobre isso...Não teria um motivo para viver, não é? E ninguém se importaria com essa simples morte...Nunca teve amigos, além dele... Ele se importaria?

“Realmente vai morrer...?”

Novamente, esse sussurro. E se morresse? Teria alguém que iria se importar? Tudo bem morrer dessa forma... Não iria deixar nada para trás...

“Vai morrer...?”

Uma angustia tomou conta de si... Iria morrer mesmo, não? Iria deixar para trás o único amigo que já teve, sem nem antes se despedir... Sem falar como era importante para si.Não podia morrer ainda... Queria viver mais um pouco... Só mais um pouco... Só o bastante para poder agradecer por todos esses anos... Para poder mostrar que também conseguia se virar sozinha, como todos os outros... Para mostrar para seus pais que também conseguia fazer amigos, e não precisava mais deles...

De repente,escutou outro sussurro... Não era aquela doce e preocupada voz que conhecia tão bem. Era diferente... Levemente mais masculino.

– Quem é...? – Respondeu em seus pensamentos.

– ...Consegue escutar minha voz? – A voz falou, mas para si mesmo do que para ela, seguido de uma excêntrica risada. – Talvez eu e você sejamos um pouco parecidos, então...

Perante isso, não falou mais nada, mas de repente, notou que estava em outro lugar... Um campo verde e florido e vestia um leve e simples vestido branco.Olhou para frente, e viu um belo garoto de costas, com um...Excêntrico penteado.

– Quem é...?

Em resposta, o jovem apenas riu suave e cinicamente... Virando-se e olhando-a com seus olhos vermelho e azul... Ela desviou o olhar rapidamente, corando. O que estava acontecendo...?

– Parece que talvez sejamos parecidos... – Comentou, rindo novamente. - Sabe usar suas chamas?

– ...Chamas...? – Sussurrou sem entender.

Riu novamente... Aparentemente, a pequena garota tinha uma habilidade nata, que usava inconscientemente.

– Você pode ser útil. – Anunciou, autoritário...

Sem compreender o que estava acontecendo, apenas balançou a cabeça. Parecia ser sua única chance de continuar viva... De talvez assim descobrir como reencontrar seu querido amigo...


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Notas finais do capítulo

E ficou assim... Interpretem o que quiserem sobre esse amigo da Chrome, mas acho que ficou um pouco óbvio ne... Bem, não esqueçam de comentar, se possível!