O Resgate do Oráculo escrita por GabiTozati


Capítulo 1
Sou Expulsa pela Sétima Vez


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera! :) Sejam bem-vindos a minha estória!Bem, meu nome é Gabriela, para quem não me conhece, e sou uma super semideusa ;) apaixonada pelas obras de Rick Riordan a muito tempo atrás! Decidi criar uma fanfic baseada na série "Percy Jackson e os Olimpianos", mas contando a estória de uma personagem original, que no caso, é Sadie Scarlett.Eu espero que vocês gostem da fanfic! Boa leitura! E, por favor, comentem assim que possível, certo? :) Beijões!PS: Eu pretendo trocar a capa da estória por um desenho que estou criando ainda, mas por enquanto essa será a capa da estória.



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Eu não tive uma boa manhã.

Primeiramente, ter sido expulsa da escola pela sétima vez consecutiva não foi uma grande ajuda à minha auto-estima. E depois de ter sido trancada para fora de casa ficou comprovado que aquele não era meu dia de sorte.

Ultimamente sorte era o que mais fazia falta em meu dia-a-dia. Tudo que eu mais queria era ter a vida de uma garota de dezesseis anos normal. Mas acho que isso está fora de cogitação em minha lista de desejos improváveis. Afinal, eu sou Sadie Scarlett. E tenho maiores tendências em ser azarada.

Pra início de conversa, ser expulsa novamente poderia ter sido um alívio para mim. Eu odiava aquele lugar. Aquilo mais era uma prisão autoritária pouco bem-regida para crianças e adolescentes metidos filhinhos de papai. Isso tornava minhas manhãs um martírio e o transtorno do déficit de atenção me rotulou a estranha qualificada e encrenqueira.

Porém, daquela vez, não fui eu quem causou todos os problemas resultantes de minha expulsão.

Era Novembro, e eu realmente imaginei que conseguiria finalmente passar de ano sem destruir a sala dos professores acidentalmente, ou fazer a sala de música virar um motim instrumental sem intenção alguma, ou até mesmo explodir os espelhos dos banheiros só de conversar comigo mesma sobre como aquelas faxineiras faziam um trabalho mal feito... Sim, todos os motivos pelos quais fui expulsa são os mais esquisitos. E eu mal sei como explicá-los para minha mãe ou para qualquer outra pessoa. Se bem que minha mãe parece levar tudo isso na boa, o que é mais esquisito ainda. Mas em relação à diretora... Imagine só eu e ela, cara-a-cara, dizendo: “Oh, perdão por espalhar cacos de vidro no banheiro feminino. É que eu estava pensando comigo mesma como você tem capacidade de contratar algumas funcionárias mais especializadas em limpar banheiros. Isso com certeza diminuiria as chances de eu destruí-los.”

Mas, como sempre, eu estava enganada. Aquele final de ano teria uma expulsão especial para minha lista de “coisas que me tornam a garota mais estranha de toda Nova York.”

Tudo começou depois da aula de geometria. Como sempre, estava dormindo tranquilamente durante a explicação do professor mais chato do mundo, o Sr. Bittens. Era tão fácil descansar na aula dele pelo simples fato de eu me sentar logo atrás do garoto mais gordo da classe, o Dave. Então eu simplesmente abaixava a cabeça e sumia da classe. Mas o ponto nem é esse, já que eu evito o máximo que posso dormir durante as aulas. Mas aquelas formas, números... faziam minha cabeça girar.

Mal notei o sinal soar no final das contas, e o Sr. Bittens acabou me pegando em pleno sono no fim de sua aula.

Cocei meus olhos pesados e endireitei a postura, mesmo sabendo que não iria adiantar muito.

– Hã... já acabou a aula?

As sobrancelhas do professor franziram-se mais do que já estavam.

– Já.

Além do Sr. Bittens ser muito chato, ele também era muito estranho. Eu nunca achei aquele par de olhos dourados normal, ainda mais atrás daqueles óculos que os tornavam ainda maiores. Seu corpo era curvado e suas mãos eram longas demais para manusear sua bengala de uma forma corriqueira. Além de ter pés enormes. Os cabelos dele estavam penteados do mesmo modo de quando o conheci: os poucos fios lotados de gel e saltando para fora de sua careca.

Ele suspirou e virou de costas, mancando lentamente em direção à sua mesa.

– Sadie Scarlett... estou muito preocupado com seu desempenho em minhas aulas.

– Você sabe do meu problema.

Ele voltou-se a mim, parado em uma distância razoável.

– De fato. Mas todos os outros alunos se esforçam para entender a matéria. Já você... – ele me fitou com uma expressão desdenhosa – você possui algo conhecido como: preguiça.

Mordi o lábio para evitar que minha sanidade seja extrapolada. É claro. Dislexia e preguiça são duas coisas completamente iguais, pensei comigo mesma.

– Eu não sou preguiçosa – retruquei – Só não consigo me concentrar em tantas... tantas informações.

– Então por que seu empenho em artes, redação e musica é tão avançado?

Permaneci quieta. Como poderia explicar isso? Era algo que eu não podia controlar. Essas eram as matérias nas quais eu realmente me saía bem. As partituras não pareciam me confundir, pelo contrário, eu ficava feliz quando as notas musicais saltavam para fora da folha e me faziam produzir sons tão extraordinários em qualquer instrumento que eu tocasse. E eu gostava do contato da tinta em minha pele. Gostava do modo como minhas mãos moviam-se involuntariamente pelas telas e retratavam algo que sempre impressionava minha professora. Sem contar nos poemas inacreditáveis que eu era capaz de produzir. Eu impressionava-me comigo mesma da maneira que as letras saltavam de minhas mãos, formando grandes e filosóficos textos e rimas.

Mas como dizer isso tudo para o Sr. Bittens sem ser “sua matéria é chata e música, redação e artes não”?

– Eu gosto de música. E artes e redação. – respondi rispidamente.

Ele coçou sua barba mal-feita.

– E por que geometria te incomoda tanto?

Porque você me incomoda!, pensei. Mas não disse nada.

– Fica desconfortável com minha presença, Srta. Scarlett?

Pisquei, sentindo-me confusa. Como ele pôde ler meus pensamentos?

– E-eu...

– Não tente se explicar. Eu sei que sim.

Eu não estava gostando nada do rumo que aquela conversa estava tomando. Comecei a recolher meu material e a colocá-lo dentro de minha bolsa.

– Adoraria conversar mais, professor... mas eu marquei uma consulta hoje a tarde e... hã, minha mãe pediu para eu não demorar.

– Consulta com quem?

Engoli o seco.

– Doutor Jaime – falei rapidamente um nome aleatório, logo complementando: – Ele é... tomógrafo.

– Oh – murmurou o Sr. Bittens – Estou certo de que precisará mesmo de uma tomografia.

– E-eu não sei do que está falando...

O homem me encarou e por um instante, imaginei que estivesse vendo coisas. Mas não... seus olhos estavam realmente brilhando como faíscas atrás de seus óculos.

Dei um passo para trás ao vê-lo abrir um sorriso tão arreganhado, que me deu calafrios. O que estava acontecendo? Eu mal fazia ideia. Estava tão confusa quanto ficara ao assistir suas entediantes aulas.

Ele subitamente esticou-se ao ficar ereto, aumentando uns dois metros, tanto que teve que envergar mais ainda suas costas para não bater a cabeça no teto baixo da sala de aula. Suas roupas começaram a rasgar conforme ele crescia, exibindo uma pele escamosa e nem um pouco humana.

Minhas palmas suaram e meu coração estava preso na garganta.

– O que está acontecendo? – consegui murmurar apesar de todo o pavor que envolvia-me os sentidos – Q-quem é você?

Ele sorriu novamente, exibindo seus dentes estragados e pontiagudos, o que odiei contemplar.

– Quem eu sou...? Não importa tanto, Sadie Scarlett. Mas quem você é... Ah, isso importa! E muito!

Ele arrancou os óculos e pareci perder todo o ar comprimido em meus pulmões.

No lugar daqueles dois olhos gigantescos e dourados, agora só havia um. Um grande e medonho olho, que não tornava sua aparência nem um pouco melhor, de fato. Fiz o máximo que pude para não gritar. Aprendi em muitos lugares que quando estamos diante de algum animal selvagem e perigoso, não podemos fazer movimentos bruscos.

Bem, mas aquilo era muito pior que um animal selvagem e perigoso. Então eu simplesmente enlouqueci.

Coloquei minha mochila nas costas e joguei minha cadeira contra ele, que não reagiu. Para um homem de quase quatro metros de altura, aquilo deve ter sido similar a picada de uma formiga. Saí correndo da sala o mais rápido que pude, mas ainda podia ouvir os passos do monstro me seguindo pelos corredores enquanto gritava:

– Volte aqui, semideusa!

Semi-o-quê?, eu pensava. Na realidade, evitava pensar muito em uma situação como essa. Não é todo dia que meu professor de geometria se transforma em um gigante com um olho só tenta me devorar no fim de sua aula... Eu meio que me desesperei.

Eu estava prestes a me render. Estava correndo sem parar a mais de cinco minutos, até que vejo a sala de música logo em minha esquerda. Antes que o Sr. Bittens pudesse me agarrar com suas mãos gigantes, escorreguei para dentro da classe, trancando a porta logo atrás de mim. Eu sabia que aquilo não iria adiantar, não era tão burra assim. Mas ganharia um pouco de tempo para pensar.

Mas tudo que eu consegui fazer foi me encolher no fundo da sala, logo atrás de um trombone gigantesco e choramingar comigo mesma. Sim, eu sentia medo. Queria ter faltado à aula naquela manhã ou mal queria ter sido acordada, melhor dizendo. E por culpa da rotina idiota que costumo chamar de minha vida, agora estava em uma cilada que talvez pudesse não ter saída.

– Abra essa porta, filha suculenta do sol!

Naquele momento, eu não fazia ideia do que ele estava falando. Sol? Qual o sentido disso tudo? Com certeza, estou sonhando. Um sonho tão estranho, que irei acordar rindo e deveras aliviada.

Minhas duvidas cessaram-se assim que o Sr. Bittens arrombou a porta com uma mão só. Pressionei minhas mãos o mais forte possível sobre minha boca e me forcei a prender a respiração. Permaneci imóvel, esperançosa de que ele simplesmente saísse.

– Eu sei que você está aí, sua bobinha – disse o monstro fungando o ar – Posso sentir seu cheiro delicioso.

Ele deu um passo para a direção em que eu estava. Soltei um ruído de pânico e me arrependi amargamente, porque depois disso o Sr. Bittens andou mais rapidamente para meu o canto.

O desespero fechou minha garganta, senti algo queimar em minha goela e meu grito soou estridente por toda a sala.

E foi a partir daí que as coisas começaram a ficar mais estranhas.

O Sr. Bittens tapou as orelhas com força, fraquejando as pernas e se debatendo no chão, com uma espécie de agonia percorrendo pelos seus olhos. Quando parei o grito, ele voltou ao normal, colocando-se de pé novamente e correndo até mim.

Tornei a gritar e, novamente, o monstro se estatelou no chão, tentando berrar mais alto que eu e bloquear o som de minha voz. Os vidros da janela começaram á trincar, os instrumentos produziram sons agonizantes como meu grito, e a sala de musica agora criara vida.

Quando fiquei sem ar, notei que o Sr. Bittens já não tinha mais capacidade para ficar de pé. Ele continuava atracado no chão, abraçando as próprias pernas e fazendo uma cara de desespero, como se acabasse de ver uma criatura tão feia quanto ele. Olhei em volta e os instrumentos calaram-se, assim como a vidraçaria das janelas pararam de rachar.

Poxa, eu tenho uma voz tão horrível assim?, pensei comigo mesma.

Hesitante, andei devagar até o gigante de um olho só. E, com uma confiança um tanto forçada na voz, perguntei:

– Gosta da minha voz, Sr. Bittens?

Ele tremeu mais algumas vezes, e eu comecei a gritar novamente. Desta vez, mais alto e mais agudo possível. As janelas explodiram em nossa volta, os instrumentos vibravam de uma maneira assustadora.

E o Sr. Bittens virou pó dourado bem diante de meus olhos.

Eu não saberia o que fazer a partir daquele momento, mas logo Dave entrou na sala arfando, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Seus cabelos encaracolados estavam pingando suor, e sua camiseta vermelha estava molhada por inteira.

– Finalmente te encontrei! – disse ele, parecendo feliz.

Acho que só depois daquilo que ele percebeu o estado da sala. Seus olhos correram por todas as paredes até parar no pó dourado acumulado em meus pés.

– Acho que cheguei tarde demais... – Dave murmurou assustado.

Antes que eu pudesse responder, um bando de alunos apareceu do nada na frente da sala e ficaram boquiabertos com o que viram. E como se isso já não fosse suficiente, a diretora abriu caminho por eles e quase desmaiou no chão quando chegou à frente.

– O que... aconteceu... aqui?

– Diretora... e-eu... eu posso explicar.

– Não tem o que ser explicado, Srta. Scarlett – ela disse enquanto ajeitava os óculos e me fuzilava com o olhar – Você tem que sair desta escola. E não voltar mais.

– Mas a culpa não foi minha! O Sr. Bittens... ele...

– Poupe-me de suas explicações! – gritou a diretora – Já estou farta! Esta é sua terceira advertência! E isso significa que você está expulsa de minha escola! E vai precisar pagar tudo que você destruiu desta sala de música, Srta. Scarlett.

Os outros alunos começaram a trocar murmúrios enquanto olhavam para mim, e quando a diretora bateu os pés com raiva no chão e saiu do meio da multidão, Dave correu até mim.

– Sadie, você precisa vir comigo. Acho que já passou da hora de...

– Dave, eu quero... eu quero ficar sozinha. – interrompi-o rispidamente enquanto caminhava para fora da classe, evitando me importar para todos os olhares alheios que insistiam em me perseguir.

O que eu não sabia, é que as aventuras daquele dia não haviam nem começado.


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Notas finais do capítulo

PRÓXIMO CAPÍTULO...

"O quê?"
"Oh, meu Deus, eu sabia que este dia iria chegar..."
"Mãe, do que você está falando?"
"Ainda não estou preparada..."
"Mãe!"
"Sabe, Sadie... Acho que é melhor lhe contar a verdade sobre seu pai."



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