Primavera – Abril de 1994

Hermione olhava o teto branco do seu quarto. Se ela pudesse ela pintaria aquilo com desenhos leves para que pudesse olhar sempre para lá, mas ela não pode. Respirou fundo e sentiu o cheiro do chocolate dos ovos de páscoa invadir seu quarto e permanecer lá. Uma batida na janela. Hermione se virou e viu que era Saiph. Animada correu até a janela e viu a coruja deixar a carta na mesinha que tinha de frente a janela.

“Querida Hermione,

Perdoe-me pela demora da chegada desta carta, mas é que houve uma série de problemas desde o Torneio Tribruxo, onde o Potter acabou ganhando, mas isso você já sabe...

Sinto sua falta. É complicado ver você, conversar com você e não poder lhe tocar...

Eu vou viajar neste feriado de páscoa, não queria voltar para casa, vou ter que ficar as férias de verão com meus pais...

Me desculpe se esta carta é um tanto promíscua e prematura, mas...

A gente se vê minha querida.

Beijos, Draco Malfoy.”

Hermione olhava para aquela carta com o cenho franzido. Draco estaria bem? Talvez ele estivesse com pressa...

“Caro Draco...

Devo admitir que fiquei confusa com essa sua carta rápida demais para os seus padrões. Fico me perguntando se estaria com pressa ou lago do tipo.

Também sinto a sua falta.

Com amor,

Hermione.”

Ela dobrou a carta e amarrou na pata de Saiph que piou. Hermione sorriu carinhosa para a coruja e ergueu-a. A coruja logo bateu as asas, mas ficou planando no quarto. Hermione estranhou. Verificou se a janela estava aberta e viu que Saiph havia sumido do quarto, claro que Hermione não verificou se a coruja estava atrás de si.

– O Draco vai me matar. – murmurou ela nervosa olhando para os lados e olhando para a janela novamente.

– Não vou não. – murmurou uma voz. Hermione parou estática e olhou para o espelho que refletia o reflexo do teto branco. A morena suspirou, devia estar ouvindo coisas. – É assim que recebe um amigo? – perguntou ele novamente. Hermione, finalmente!, se virou e viu que Draco estava calmamente encostado no batente da sua porta.

– DRACO! – gritou Hermione animada correndo até o loiro e jogando-se em cima dele, apertando-o fortemente no abraço, fazendo com que ele se desequilibrasse e andasse para trás, parando no meio do corredor.

– Agarrações no quarto, Granger. – avisou a vizinha de dormitório de Hermione, Lúcia Gengille.

– Cala boca Gengille. – mandou Hermione puxando Draco pela mão para dentro do quarto e batendo a porta. – Como...? Mas...? AAA! – gritou Hermione abraçando Draco fortemente.

– Mione, você está bem? – perguntou Draco estranhando o fato de Hermione estar tão animada.

– Mas é claro! – disse ela sentando-se na cama e puxando ele para se sentar do seu lado. – Eu não entendi a sua carta.

– Era só uma enrolação. – disse ele vendo ela deitar a cabeça no seu ombro.

– Senti sua falta. – murmurou ela vendo ele brincar com seus dedos.

– Eu também. Eu vou passar o feriado aqui, ok? – perguntou ele nervoso. Hermione o olhou receosa.

– E seus pais...

– Eles não vão saber. – disse Draco negando com a cabeça.

– Eu não quero dar confusão para você. – disse ela nervosa.

– Não se preocupe. – disse ele olhando para ela.

Por um momento, nada era visto no campo de visão de Draco, apenas os olhos chocolate de Hermione. Olhares confortáveis e seguros para ela. Ele queria mais do que aquela aproximação. Queria diminuir a distância entre eles. Queria sentir como era o beijo dela, a boca dela. Ele se aproximou. Um tremor percorreu o corpo deles e tudo ao redor foi desligado. Mas Hermione piscou o olho e afastou-o antes que pudesse sentir a textura da boca dele.

– Não... – murmurou ela. Draco se recompôs e negou com a cabeça.

– Desculpa. Eu... – murmurou ele nervoso.

– Está tudo bem. – disse ela sorrindo nervosa para ele.

– Eu trouxe para você. – disse ele esticando um chocolate para ela. Hermione abriu um sorriso.

– Obrigada! – exclamou ela apertando-o. – Eu nem comprei chocolate para você...

– Não tem problema. – acalmou ele ao ver que ela apertava as mãos nervosa. – Ei... Eu estava passando numa loja e achei um presente que é a sua cara. – disse ele tirando uma caixinha para ela.

– Draco! – exclamou Hermione vermelha e estupefata. – Não posso...

– Por favor. – pediu ele nervoso. Nunca havia presenteado uma garota antes na sua vida. – É um presente... – murmurou ele esticando o braço.

– Ah Draco... – murmurou Hermione abrindo a caixinha e erguendo um colar singelo. Uma pequena margarida estava no colar. – Obrigada.

– Viu? Não precisava de tanto fiasco. – disse ele abraçando ela. Hermione sorriu.

– Venha. Vamos sair para jantar. – disse ela animada puxando-o pela mão.

– Mione. – chamou Draco hesitante. Hermione se virou. - Você vai vestida assim? – perguntou ele apontando para a calça moletom que ela usava. Hermione avermelhou, empurrou ele para fora do quarto e foi se arrumar.