Bem Vindo à Time Watch! escrita por alerea


Capítulo 7
Loading... Arch 1 FINAL, Chapter 7: Bem vindo à Dennings


Notas iniciais do capítulo

Fim do Arco 1 (~*o*)~



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“Quente...

Está tão quente aqui... Estou sentindo cheiro de batatas. Isso me lembra o ensopado de batatas da Keila.

Como ela fazia mesmo? Ela colocava as batatas com casca, em uma panela cheia d’ água... Falando nisso, acho que deixei alguma coisa ligada antes de sair de casa. Droga. A conta de luz vai custar a minha alma esse mês.

Mas, quando eu terminar a missão eu vou estar rica... A não ser que a moeda quebre de novo, como sempre.

O quê? Não consigo mexer meus dedos”.

A brisa suave fazia cócegas no meu nariz. Tinha cheiro de vida, grama fresca. O zumbido de uma cigarra ao longe invadiu meus ouvidos. Eu queria me levantar, mas cada músculo meu parecia feito de pedra.

Aos poucos, fui lutando para me mover. Abri os olhos e me vi sentada em um gramado verde cheio de brinquedos. Parecia ser um parque. Depois de algum tempo, consegui, finalmente ficar em pé. O ar era puro e bom de respirar. A luz do sol fazia carinho em minha pele pálida e seca; foi quando olhei pra cima e vi o sol, o velho sol amarelo e brilhante, costurado em um céu claro cheio de nuvens. Caminhei em direção a um velho carvalho onde podia me apoiar com as mãos.

De repente, meu corpo todo começou a tremer em uma náusea violenta. Minhas pernas sacudiam feito galhos, meus olhos pareciam querer saltar das órbitas; eu agarrei o tronco da árvore com força enquanto meu intestino protestava, minhas vísceras latejando e empurrando para fora um líquido quente dentro de minha garganta.

“Ah, não! Eu odeio isso!” reclamei em silêncio, colocando as mãos na boca. Odeio botar os bofes pra fora. Me esforcei até fazer o líquido voltar para o estômago de novo. Depois isso virou uma péssima ideia, já que meu esôfago começou a arder.

Quando você viaja para um país ou cidade que queria muito ir, você não se sente tão impressionado quanto imaginava, por que você está ali, e isso se torna parte da sua realidade. Mas eu tinha certeza que não pertencia àquele lugar. Eu sentia isso no meu corpo, com cada célula minha gritando para que eu voltasse para o futuro.

Percebi que ainda estava com a minha roupa de astronauta. O uniforme não era um grande problema, já que parecia uma roupa de academia, mas tive que tirar o capacete e esconder em um cercadinho perto dali, já que não cabia na minha mala.

Perto de onde eu estava deitada, havia um bilhete em papel amarelado, que dizia:

Rua Northern, 324, apartamento 902.

Uma placa perto de mim dizia que eu estava na rua Downpour. Atrás do bilhete, havia um estranho rabisco feito de caneta de CD.

PEGUE A RUA A ESQUERDA, cabeça-oca!!!

Ass: Dr. Hassad ♥

Peguei a mala e segui as instruções. Pela aparência das casas e o estilo do lugar, eu estava em algum ponto da Pensilvânia. Eu já havia morado na Pensilvânia quando era um bebê: mas agora era só um monte de lixo. As únicas cidades boas de verdade na América eram: Miami, NY, Los Angeles, Chicago e Houston. O resto era formado por camponeses falidos e empresas revirando sucata para achar algum mineral ou pedra preciosa, coisa que, logicamente, não acontecia.

Avistei um pequeno hotel chamado Lily Dennings, número 324. Não havia ninguém na recepção, exceto uma mulher de meia idade com o cabelo loiro enrolado na pontas.

−Bom dia, mocinha! Você tem reserva?

−Sim senhora... No nono andar. Eu deixo a mala aqui ou-

−Nós não temos nono andar− o semblante da mulher parecia confuso. Franzi a sobrancelha.

−Sério? Mas aqui está escrito que é o quarto 902...

Ao ouvir o número, o cérebro dela pareceu estalar. Seu olhar ficou distante, e sua postura parecia a de um robô enquanto ela falava como uma máquina.

−Siga me, por favor.

Ela caminhou até um quadro na parede, que afastou com certa violência. Atrás dele havia uma bateria de luz solar. Ela passou a mão sobre a bateria, e números holográficos apareceram. Século 22, agora sim!!

− Sete... Oito... Nove... Três... – ela falava enquanto digitava, talvez para que eu aprendesse o código.

Um pedaço da parede saiu do lugar, revelando um típico elevador do futuro, incrustado de diamantes e ferro. A mulher me entregou um molho de chaves.

−Qualquer dúvida, fale com a recepção.

A porta se fechou. Apertei um dos dois botões que ali haviam: um de emergência e o do nono andar, e subi para meu novo quarto.

No corredor haviam três portas: a minha era a do meio e dava para um quarto com suíte, sala de estar e cozinha. Tudo estava muito limpo e arrumado, com vista para a cidade. Abri a janela e desfiz minha mala. Pendurei as roupas em um pequeno armário, guardei alguns livros na estante e botei um pequeno retrato dos meus pais na cabeceira da cama.

Ouvi o toque de um telefone. Quem seria?

Havia outro bilhete, perto do telefone, que dizia: “Aguarde o sexto toque! Ass: Seu cientista gato favorito, Clíos Hassad”. Parabéns, idiota.

Tive que ouvir o som estridente mais quatro, cinco vezes, até que puxei ele do gancho. Ouvi aquela voz excessivamente animada de novo.

−Oláááá, Cobaia!! E aí, aproveitando a vida no passado? É proibido seduzir garotos, ok?

−Por que tenho que esperar o sexto toque do telefone?− cortei seu discursinho com uma onda de tédio.

−Linhas Cruzadas. Pode ser um perigo na nossa situação. Bem, Jane Cobaia Adams, hoje você pode tirar um dia de folga. Que tal dar um passeio pelo parque?

O quê!?− falei, indignada – Vocês acabaram de me mandar pro passado pra fazer nada? Que droga de trabalho é esse!?

−Ei, relaxa aí, falou? Nós trabalhamos com extração de minérios. A não ser que você queira dar uma voltinha com o Benett nas minas de carvão ou instalar grampos nos telefones da vizinhança, seria uma boa ver o pôr do sol da Pensilvânia. Sabe, aquele que não queima seus olhos.

−Bem, se for pra fazer alguma coisa de útil, eu prefiro ir com o Benett.

−Você não vai e pronto. Essa conversa acabou.

Dito isso, o telefone parou de funcionar. Droga!! Eles achavam que eu era o quê, alguma estúpida? Tinha alguma coisa muito errada acontecendo...

Foi quando ouvi umas batidinhas na porta. Era Benett, sem seu uniforme de sargento. Ele sorriu.

−Tudo bem, Cabo Adams?

−Tirando o fato de que quase atingi o Nirvana e vomitei no parque no mesmo dia pra nada, tudo sim.

Ele deu uma risada.

−Sabe, a gente podia ajeitar logo sua matrícula na escola. As aulas começam semana que vem.

−Hassad falou que você ia em uma mina hoje...

−Eu posso fazer isso mais tarde. Quer lanchar? Você deve estar com fome.

−Na verdade... acho que seria melhor um remédio pro estômago.

−Como quiser... vamos lá.

O Instituto Dennings (curiosamente o mesmo nome do hotel) era um daqueles prédios tradicionais, de estilo Árcade, muito populares no século passado. Era também uma maravilha de espaço: um pátio largo com jardins cheios de bétulas, rosas, tulipas e lírios; uma fonte em forma de cupido jorrando água pela boca; corredores erguidos sobre colunas de pedra.

Eu tinha colocado um short jeans velho e uma blusa de flanela, o que segundo Benett era o mais usado na época. Aquilo fazia eu me sentir uma camponesa tradicional. Meu nome também seria mudado para “Jane Winter”, por motivos que eu não entendi muito bem. Fomos até a sala do diretor, onde conversamos com o mesmo e logo em seguida saí para o pátio enquanto Benett preenchia alguns papéis.

Foi quando olhei para o telhado da construção e vi uma sombra sentada na beirada. Apertei os olhos para enxergar melhor o que parecia ser uma figura humana. Ela notou minha presença.

−Então Cabo, vamos?− Benett surgiu atrás de mim.

−Quem é aquele garoto no telhado?− perguntei, mas quando voltei os olhos para o local, ele havia sumido.

−Não tem nenhum garoto no telhado. Deve ter sido um pombo.

−Ah.

Enquanto caminhávamos para o hotel, olhei para trás mais uma vez. Entre as colunas, um par de olhos prateados me observava de maneira voraz.


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Notas finais do capítulo

r-e-v-i-e-w-s-?



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