Belos tempos. escrita por Laucamargo


Capítulo 11
Vilarejo


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões! So quero que saibam que não foi descaso.... simplesmente não consegui. Por alguma razão desconhecida, hoje o capitulo deslanchou. Eu o dedico a todas as amigas que o Twiter, Nyah e RN colocaram em meu caminho e em especial para Rayanny e Bia.
Agora vamos ao capitulo ...



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A manhã de segunda feira demorou muito para chegar! E minha angustia só aumentava ... Enquanto esperava no pátio, com minhas colegas, para o inicio das aulas, procurava disfarçadamente a figura do Edgar. Ele se sobressaía dos outros garotos, pois era bem mais alto que eles. Mas eu não o via em nenhum lugar.

– Laura, você perdeu alguma coisa? – Tais me perguntou .

– Não, Tais ... vamos D. Mari esta nos chamando.

Eu me concentrei na aula e nas atividades que precisava fazer, mas uma parte de mim queria muito esclarecer essa situação. Eu tinha medo de que o Edgar se afastasse de mim... com esse pensamento eu me assustei ao perceber o quanto isso iria me magoar.

Eu o vi de longe e rapidamente durante o intervalo. Como parecia que naquele dia não seria possível conversar com ele resolvi escrever um bilhete e lhe entreguei discretamente, quando ele passou por mim.

Agora era melhor esquecer isso. Seja lá o que for que tenha acontecido, o máximo que eu podia fazer era me desculpar e isso eu já fiz. Pronto.

Estava de saída, já acompanhada de Du, quando Edgar se aproximou de nós e nos cumprimentou:

– Olá! Como esta D. Lurdes?

– Eu vou muito bem rapazinho. Obrigada.

–Oi Laura. Vejo que você já esta bem ...

Du, que ainda não havia aceitado a visita do Edgar à fazenda e o fato de eu ter escondido isso dela, rapidamente interferiu:

– Muito bem, até mais. Estamos com um pouco de pressa. – Dizendo isso logo subiu na charrete esperando que eu fizesse o mesmo. Instantes antes de subir o Edgar colocou um pedaço de papel em minhas mãos e se despediu.

– Até logo!

Eu assim que me acomodei no banco da charrete, escondi o bilhete no bolso da saia do uniforme, para que Du não percebesse nada. Não era porque eu queria esconder algo dela, era muito mais pela vergonha que eu estava sentido...

Quando eu cheguei em casa fui direto para o meu quarto fazer a minha toalete para almoçar. Logo que me vi sozinha, retirei o bilhete do bolso ... Era apenas um pedaço de folha de caderno, com uma letra estranha, que parecia ter sido rabiscada as pressas.

Laura,

Não houve nada de mais. Esta tudo bem. O Dr Assunção foi muito cortes e me tratou bem, não se preocupe. Apenas conversamos sobre coisas sem importância, principalmente sobre minhas visitas à gruta. Amanhã conversaremos melhor, me encontre na biblioteca no intervalo.

Edgar

Li e reli aquele bilhete até decorá-lo. Mas ainda sentia meu pequeno coração angustiado. Só descansaria de verdade quando visse o próprio Edgar dizendo que estava tudo bem ... Mas como isso provavelmente só aconteceria no dia seguinte era melhor cuidar de minha rotina ou Du acabaria por desconfiar de algo ... “Que boba que sou, até parece que há algo para se desconfiar ... “ pensou.

E com um pequeno sorriso deixou o quarto e foi juntar-se ao pai que já a esperava para o almoço.

– Oi filha, como foi a aula hoje?

– Tudo bem meu pai. Respondeu Laura, dando um singelo beijo no rosto do pai.

O almoço, então transcorreu num clima alegre e leve, pai e filha sempre conseguiam harmonizar em qualquer assunto e até Du era incluída nas vezes que aparecia na sala, já que ela havia alegado que não iria almoçar em companhia deles naquele dia.

No dia seguinte, Laura era só a ansiedade esperando pelo horário do intervalo, mas ao contrário do que desejava o seu coraçãozinho, Edgar não foi a escola. Ela e Tais, procuraram por toda a parte, até tomarem coragem e perguntaram para a professora dele que as informou que ele não viera a aula.

Apesar do esforço, prestar atenção na lição e concentrar-se nas conversas dos colegas no intervalo foi algo impossível para Laura naquele dia.

Du percebeu que sua menina estava triste demais quando fora busca-la na escola, e mesmo com toda as brincadeiras foi-lhe impossível descobrir o real motivo de tanta tristeza.

Com o passar da tarde e vendo que sua menina ainda estava abatida, Du resolveu chamá-la para ir ao vilarejo comprar linhas e ver se encontravam algum tecido para as suas costuras. E também poderiam passear um pouco, já que D. Lurdes tinha várias amigas que moravam no vilarejo.

A princípio Laura ficou resistente, dizendo que não queria ir, mas com a insistência de Du e vendo que ficar em casa rumorando aquele assunto não ia adiantar nada, resolveu acompanha-la.

Assim que chegaram no vilarejo, encontraram uma das amigas de Du indo para a mercearia e qual não foi sua surpresa quando Laura viu que sua Ba concordou em acompanha-la ...

“Eu deveria ter ficado na fazenda! Ai Senhor, que vergonha! E se o Edgar estiver lá? De certo vai pensar que eu estou atrás dele. E isso não é bom, principalmente depois do que a Tais me contou...”

Mas como não tinha como fugir, acompanhou-as. As duas amigas já estavam cheias de entusiasmo com alguma boa nova que D. Lucia havia contado para Du, só que Laura não fazia ideia do que poderia ser.

O que já estava ruim, conseguiu ficar pior, quando Laura avistou o Edgar atrás do balcão.

– Boa tarde Senhoras, como vão? Cumprimentou-as o Sr. Bonifácio.

– Tudo bem.

–Posso ajudá-las?

E logo já estavam todos envolvidos em procurar os materiais que D. Lucia estava precisando e alguns dos artigos que Du fora comprar.

Como não havia nada a fazer, Laura permaneceu quieta olhando as prateleiras na entrada da loja.

Edgar, que sabia de cor o que estava escrito nas linhas do bilhete que Laura lhe entregara no dia anterior, não precisou pegá-lo do bolso para lembrar-se de seu conteúdo.

Edgar,

Tudo bem? Soube que você foi a minha casa. Desculpe-me por qualquer coisa que meu pai tenha lhe dito. Eu sinto muito.

Laura.

Tomando coragem, saiu de detrás do balcão e foi ao encontro de Laura que ainda estava a olhar as prateleiras na entrada da loja.

– Oi.

Uma saudação tão simples. Não havia razão para todo o alvoroço que causou em seu interior. Pensou Laura.

– Olá.

– Você pode dar um passeio na praça aqui em frente?

– Acho melhor não. D. Lurdes não vai demorar, e eu tenho que acompanha-la, e você tem que trabalhar, ou não?!

Edgar afastou-se sem responder e voltou com o consentimento de Du para que nos sentássemos no banco da praça em frente a mercearia e esperasse por ela lá.

Eu fiquei sem resposta, não esperava que ela fosse permitir ... realmente me pegou de surpresa. Esse menino parecia dobrar todos a sua volta, primeiro foi o meu pai agora Du.

–Então vamos. - Respondi, envergonhada, apesar de não admitir nem sob tortura, que o que eu mais queria era realmente um tempinho para conversar com ele, porque eu não sei, mas era o que eu queria...

Assim que nos acomodamos no banco, Edgar olhou para mim e sorriu de um jeito bem malandro como quem estava aprontado algo... eu logo me vi na defensiva:

– O que foi? Porque você “ta” rindo?!! Me chamou aqui para fazer troça comigo?

– Já te falaram que você é muito esquentadinha?! Calma Laura, eu estou rindo dos nossos desencontros, marquei com você de nos falarmos hoje na biblioteca e eu acabei perdendo a hora e não fui para a escola. Pelo que li no seu bilhete, imagino que você ficou apreensiva quando descobriu que eu conversei com o seu pai, que aliás eu passei a admirar ainda mais, agora que o conheci pessoalmente...

– É tem, razão , me desculpe. De novo! Parece minha sina ficar te pedindo desculpas.

Agora já com um lindo sorriso no rosto. Eles conversaram sobre como foi a visita e sobre a aporrinhação dos garotos da escola sobre a amizade dos dois. Falavam e riam-se de quase tudo. Era sempre muito agradável estar com Edgar, pensou Laura, o que antes parecia um problema agora era só motivo de diversão. Ele também lhe contou que visitara o seu Avô João, no fim de semana, e que ele estava tentando convencer o Sr Bonifácio a deixá-lo ir estudar na cidade.

– O problema é que os dois nunca se deram muito bem e uma sugestão do meu avô sempre é mal recebida pelo meu pai.

– Você já me disse que tem vontade de estudar na capital, mas você quer ir agora, já esse ano? Você acha que será bom para você?

– Não sei Laurinha ... eu quero ir, mas não queria deixar minha mãe. Até meu pai me preocupa, ele não terá quem o ajude na mercearia. O problema é que a escola do vilarejo já não servirá mais para mim no ano que vem.

– Oras, porque? O ensino lá é muito bom e temos ótimas professoras! - Quando deu por si Laura se viu defendendo a escola como se fosse responsabilidade dela!

– Eu sei ... concordo com você. Mas eu fui alfabetizado pelo meu avô, que não se ateve as primeiras letras e me instruiu em vários outros assuntos. Então eu estou adiantando em relação ao que se ensina na escola do vilarejo, preciso ir para uma outra escola ou então terei que parar....

– Nossa, Edgar, que situação difícil! Eu não sabia, quer dizer ... eu não imaginei que pudesse ser tão complicado.

–Meu avô insiste que eu devo ir logo, mas mamãe resolveu que eu devo esperar pelo menos até o fim do ano. Se eu estiver resolvido a ir ela dará um jeito de convencer o meu pai. ( depois de uma pequena pausa, Edgar completa,) - Eu só não sei como ela fará isso!

Apesar do impasse que Edgar estava vivendo, a conversa foi muito agradável, e ele ainda fez chacota dos amigos por caçoarem da amizade dos dois, e Laura ficou mais tranquila por saber que ele também não estava se importando com essas brincadeiras. Os minutos passaram rápidos com a boa conversa e logo avistaram as senhoras saindo da mercearia.

Edgar levantou-se ajudou a Laura a fazer o mesmo e foram encontrar-se com D. Lurdes. Despediram-se com a certeza de que se encontrariam ainda na escola...


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Notas finais do capítulo

vou completar a estoria.... vocês tem minha palavra. Beijos e ate o proximo.