Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 34
A morte amo


Notas iniciais do capítulo

Eu me pergunto o que vocês desejam... Um final próximo ou que demore mais um pouco ?
Preciso da opinião de vocês u.u



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Dizem que quando nos transformamos, tudo se torna mais intenso... o sabor, os sentimentos... o prazer e a dor. Quisera eu agora poder ser mortal e não mais sentir essa dor que parece não ter fim, que veio para me dilacerar de dentro para fora.

Eu não queria ser encontrada... eu não precisava ser encontrada...

Caius

Eu sabia que Athenodora dizia algo, porém eu já não mais conseguia a escutar. Levantei rapidamente, eu pude a ver desaparecendo pelos corredores... eu desejei ir ao seu encontro... mas, talvez tudo termine melhor dessa maneira...

Anael

Eu a observei sair correndo, a barra do longo vestido em suas mãos, o desespero que podia ser sentido mesmo que não pudesse ver o seu rosto... eu sabia que algo havia acontecido, eu iria ao seu encontro... mas primeiro permitiria que ela tivesse alguma vantagem a frente para sentir o que quer que estivesse sentindo...

Daniel

Não havia um só amanhecer onde eu não pudesse a imaginar, um só enterdacer onde eu não pudesse a sentir... a noite havia se tornado ainda mais fria e o brilho das estrelas haviam perdido o sentido... Eu sabia que um destino ao seu lado ainda era possível, mesmo que aos poucos isso fosse se tornando uma realidade cada vez mais distante... mas eu não desistirei, não sabendo o quanto ela é infeliz naquele lugar...

Emma...

Meus pés afundavam na terra úmida, o vestido se arrastava sobre os galhos e folhas soltos sobre o chão. Meus olhos ardiam como fogo, as lágrimas quentes e grossas em um intenso tom rubro não paravam de escorrer, ferindo meu rosto, juntamente a uma dor profunda. Eu não sabia aonde ia, não sabia aonde me esconderia, eu apenas desejava que fosse frio e escuro... onde nada pudesse me lembrar de nada, até que tudo se fosse esquecido, até que meu coração que já não bate mais, ao menos apague os sentimentos que parecem queimar cada vez mais intensamente.

Meu corpo caíu sobre a folhagem, meus cabelos se espalhando em volta de mim... não havia lua no céu... apenas a mais profunda escuridão. Eu podia ser a floresta me acolhendo, me aparando, porém eu já não conseguia a escutar. Podia sentir a brisa me soprando palavras doces nas quais eu não mais acreditava, as árvores dançando, algo que costumava me alegrar, agora eu mal podia as notar. Eu sabia que naquela noite em que havia saído para o encontrar, eu me depararia com a morte, uma morte cruel e certa, porém eu jamais imaginaria que ele escolheria entregar-me minha sentença de maneira lenta e muito mais dolorosa. Eu pensei que ele havia me poupado naquele dia, porém ele apenas havia me condenado a um destino muito pior... pois não consigo imaginar, como a morte seria pior do que a dor que agora eu sentia... na verdade... nada me parecia pior.

Diversas coisas haviam me passado pela cabeça. Eu podia cometer um dos crimes com pena de morte e desejar que ele mesmo arrancasse a minha cabeça, fazendo com que ele terminasse o que começou a um tempo atrás... eu podia simplesmente levantar e fingir que nada aconteceu, mesmo sabendo que isso me tornaria alguém que não consigo ser... poderia simplesmente fugir, mesmo sabendo que me encontrariam nos confins da terra. Porém, tudo me parecia ser inútil, fazendo-me ver que eu não possuía escolha alguma. Eu não conseguia viver com aquela dor, não havia uma maneira de ser morta, bem, não uma que fosse rápida o suficiente para que eu mal sentisse.

Levantei-me sentindo-me fraca, eu sabia que a falta da presença da lua enfraquecia a fera que havia dentro de mim, a parte que " vivia " , provavelmente o que eu sentia era algo relacionado a isso, o que me faz recordar que estou morrendo de dentro para fora. Me sentei abraçando os joelhos e apenas permaneci encolhida próxima a uma das árvores. Se eu voltasse, não conseguiria suportar e provavelmente faria algo que apenas me traria problemas ainda maiores, então permanecer ali, sozinha, me pareceu a melhor das opções... eu ainda não sabia o que havia me tornado, não compreendia as lágrimas de sangue, não fazia a menor do que eu seria capaz, por isso, aquilo me parecia melhor do que qualquer coisa..

Eu pude ver o sol apontar e o céu ganhar uma tonalidade alaranjada, eu mal havia notado as horas passarem. Pensar em tudo aquilo que já havia vivido e procurar em cada uma de minhas lembranças recém recuperadas, qualquer indício que me mostrava que tudo havia sido mentira, tinha tomado boa parte do meu tempo. Eu havia sido burra, sabia que não deveria ter me entregado, aberto-me para um homem, um vampiro, que eu mal conseguia, mas naqueles momentos... a conexão entre nós parecia tão vibrante. Ele havia aparecido no momento em que eu não possuía mais ninguém, fazendo-me dependente dele, fazendo com que eu o amasse incondicionalmente... aparentemente eu não havia sido a única, apenas mais uma para as suas milhares de mulheres. Talvez a verdade sempre estivesse em seus olhos... e eu não a enxerguei porque não desejei, ele não poderia me amar, estava escrito em nosso destino... destinados a jamais ficarem juntos, destinada a jamais ser amada. Uma filha indesejada, sacrifício eminente, carne ruim... quem diria que tudo isso um dia fosse fazer tanto sentido..

O sol tocou-me a pele, os pequenos pontos brilhantes aos poucos aparecendo. Passei a mão pelo rosto e depois de alguns momentos, caminhei até o rio para que pudesse lavar o tom avermelhado de minhas bochechas. Terminei e então pude escutar o barulho logo atrás de mim. Virei-me rapidamente me deparando com cinco homens diferentes. Pela maneira que se vestiam, pela tonalidade de suas peles, os cabelos prateados, os olhos amarelados... lobisomens. Eu sabia que não poderiam se transformar sem a lua, uma desvantagem para os filhos da lua, porém sua força sobrenatural, se tratando de cinco deles, ainda seria capaz de me derrotar. Eu sabia que tudo ao meu redor entregava aquilo que eu era e nenhum deles parecia disposto a escutar o que eu tinha a dizer.

Fechei os olhos quando senti que viriam em minha direção e apenas permiti que fosse feito o que quer que fosse. Foi como se eu entrasse em uma espécie de transe, eu não sentinha dor alguma, eu sabia que eu me mexia, mas eu não estava escolhendo me mexer, não estava escolhendo revidar, foi como se meu corpo se defendesse sozinho... eu mal pude captar o que acontecia, eu apenas sabia que havia sangue, muito sangue. Eu deveria me sentir fraca, mas não me sentia nem sequer ofegante. Olhei ao meu redor e fui notando que aos poucos o silêncio se estabeleceu, minhas mãos estavam cobertas de sangue e a minha frente havia o corpo daqueles que a pouco me ameaçavam. Voltei-me para o lago vendo meu reflexo. Meus cabelos haviam saído do lugar, dando-me uma aparencia selvagem, eu não havia recebido nenhum arranhão, não poderia, não sentia nada e meus olhos... um dourado e um vermelho.

Levei a mão ao meu rosto, tentando compreender o que estava acontecendo, mas vê-lo parado atrás de mim fez com que tudo parasse. Virei-me lentamente, eu não esperava o encontrar, não sabia como seria, mas não estava sendo fácil. Seus olhos observavam cuidadosamente a bagunça que eu havia feito e aos poucos foram se levantando até que encontraram os meus. Eu não sabia se havia sido meu poder ampliado ou o que quer que fosse, mas meu dom havia sido acionado mais rapidamente do que o normal e então pude ver o que ele havia feito nas últimas horas, alguns de seus pensamentos, inclusive o que pensava agora enquanto me observava surpreso, assim como havia se surpreendido a algumas horas.

– Eu posso a sentir dentro de minha cabeça - Disse desviando os olhos, bloqueando-me antes que eu pudesse ir um pouco mais afundo... antes que eu chegasse até as cenas em que ele estava com sua mulher.

– Eu não controlo - Disse suspirando. Olhei para minha mão e então soltei o coração que já havia parado de bater e que eu ainda segurava.

– Emma... o que fez a si mesma ? - Perguntou. Não consegui decifrar completamente o sentimento que havia em sua voz, mas era algo semelhante a preocupação e dor.

– Eu acho que... a morte enfim me encontrou - Disse em um sussurro olhando para os cadáveres. Passei por ele silenciosamente e a medida que ia me distanciando, escutei muitos barulhos... seus gritos, sua raiva.

Caius

– Parece que cheguei tarde - Azazel surpreendeu-me.

– Sabia disso ? - Perguntei, sentindo a raiva explodindo aos poucos dentro de mim, despertando-me e enfurecendo-me.

– Não antes que pudesse evitar - Suspirou, mostrando preocupação.

– O que sabe sobre isso ? - Perguntei tentando me controlar.

– Apenas o bastante para saber que o fim dela será na próxima lua cheia...- disse. Passei as mãos pelo cabelo, não!

– Não se eu puder evitar . - E eu definitivamente evitaria.

Emma

Eu havia imaginado o fim de diferentes maneiras, já havia forçado-me a imaginar o que eu encontraria depois de tudo... parecia me dar esperança quando meu coração ainda batia... mas agora que eu não vivo mais, que me tornei gelada, não consigo ver nada além de um profundo vazio. Eu estava assustada e perdida, temendo o que me encontraria depois que a bomba que reside dentro de mim resolver explodir, mas a verdade, é que eu já não tenho mais nada... o úniverso perdeu o sentido agora que eu vivo a flutuar, agora que nada mais me prende ao mundo, a existência.

Estar naqueles campos era estranho. Eu me lembrava de fugir dos muros e corres livremente por eles enquanto criança, lembrava dos outros brincando não longe de mim. Eu nunca fui uma menina de muitos amigos, nem sequer minha irmã gostava da minha companhia, porém eu não havia sido alguém dependente. Sempre encontrei uma maneira de viver sozinha, buscar a minha própria felicidade... Lembro-me da vez em que havia encontrado uma borboleta, ela não se mexia, eu jurava que estaria morta... mas a levei as minhas mãos e em seguida ela já cortava os ares com suas asas coloridas, para mim, aquilo era a liberdade, aquilo era vida... porém, eu já não sou mais quente, eu já não tenho mais fé... adoraria saber, exatamente quando foi que tudo mudou.

Eu sabia que estava sendo observada, mas o medo de me deparar novamente com os olhos dele não me permitiu virar. Continuei a andar, deixando que meus pensamentos apenas me distanciassem daquele lugar. Eu sabia o que tinha acabado de fazer, sabia que naquele caso seria eles ou eu, mas mesmo assim eu deveria sentir algo, porém não sinto nem sequer arrependimento... a cada dia, perco um pedaço da pessoa que eu costumava ser. O vulto passou por mim, eu sabia que era um vampiro, por isso não exatamente me preocupei, poderia ser qualquer um. Fui cercada por sombras, eu já havia visto aquilo, as sombras tomaram minha frente e em seguida tomaram a forma de uma mulher. Cabelos negros, pele branca, olhos vermelhos como fogo. Suas roupas indicavam que ela havia vindo de uma outra época e seu sorriso mostrava o quão malicioso seu coração tendia a ser... eu a conhecia.

– Nunca fomos apresentadas - Disse abrindo um sorriso grande - Sou Samantha... Samantha Giacometti.


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