Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 25
Ato I - O anjo




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Eu sabia que tudo estava lindo, mesmo que não me deixassem ficar por muito tempo fora do meu quarto. Aparentemente, apesar de idolatrarem Lilith, ela também era muito temida. Fiquei surpresa quando Aro me pedira para permanecer ali por minha segurança, não esperava que justo ele fosse tomar medidas para minha proteção, e ao contrário do que imaginava, ele me parecia o mais assustado. Eu não quis dizer nada e apenas concordei, mas sabia que se ela desejasse vir até mim, não seriam algumas paredes de madeira e pedras que a deteriam, eu mal a conhecia e meu corpo inteiro tremia apenas por ouvir seu nome. Eu me sentia diferente, porém não podia dizer o que havia mudado, não sabia o que ela tinha feito e nem poderia dizer se era uma coisa boa, apenas me mantinha calma com a possibilidade de que talvez ela não desejasse me matar, porque se não já teria feito, porém ainda não o fizera.

Quando a noite caiu, eu sabia que era a hora. Endireitei-me vagarosamente sobre a cama, me sentando. Vampiras entraram e com cuidado me levantaram. Me deram um banho de esponjas, perfuram-me com óleos, pentearam-me e me vestiram. Meu cabelo havia crescido, estava enorme, não me surpreendia, o cabelo de um vampiro crescia extremamente rápido. Suas ondas estavam lindas, porém eu não tinha tempo para focar em mim ou em como as joías em meu pescoço me pareciam únicas, eu tinha muito o que fazer, e talvez não tivesse tempo algum .

Desci as escadas e nem me surpreendi ao notar que tudo simplesmente havia parado para que eu passasse, eu sabia que estava justamente ali para isso, ser o centro das atenções. Tudo havia ficado simplesmente perfeito e os trajes de época dos convidados, davam a tudo um ar muito mais antigo e adequado ao tema . Me direcionei para o lado de fora, mesmo sabendo que muitos estranhariam, eu não podia permanecir ali, até que fosse a hora. Me sentei a fonte, observando a lua que ainda não havia ganhado o seu tom avermelhado, levei minha mão a água e observei o brilho que ela levava, tudo ali parecia diferente, como se tudo além de mim houvesse mudado.

– Eu sabia que viria até mim. - Disse, sem sequer virar a cabeça para o olhar. Eu tinha de ser breve, o outro também viria.

– O que está acontecendo ... ? - Perguntou Caius.

– Acompanhe-me - Abri um sorriso e então me levantei, pondo-me a caminhar em direção a floresta. Pensei que fosse hesitar, porém nem sequer contestou.

– Então ...- Continuou uma vez que me mantive em silêncio. A lua iluminava seu rosto o deixando ainda mais belo.

– Conte-me como a perdeu... - Mantive minha voz em um tom baixo, a última coisa que desejava, era o trazer dor.

– Makena, eu realmente...

– Apenas, conte-me. - O impedi antes que dissesse algo que me fizesse voltar atrás, eu tinha de o fazer, por mais que não gostasse.

– A tiraram de mim - Disse por fim . - A mataram. - Tentei conter minha surpresa, aquilo não ajudaria nenhum pouco.

– Você odeia a pessoa que o fizera ?

– Como eu poderia não odiar ? - Sorriu irônicamente, aquilo o machucava, machucava a mim, porém, eu tinha que continuar.

– Ela gostaria que você sentisse tanto ódio assim ? - Ele não esperava por aquilo, pude ver em seus olhos que não esperava, estava enfurecido comigo, porém sua confusão era maior ainda.

– Não, mas...

– Se recorda da maneira que ela fizera com que se sentisse ? - Perguntei sabendo que aquilo apenas o inflamaria ainda mais. Olhou-me furioso, como se eu fosse a mulher mais petulante do mundo todo, porém eu ainda tinha que continuar.

– Makena... - Repreendeu-me.

– SE RECORDA CAIUS ? - Aumentei o tom de voz, o forçando a se recordar. - RESPONDA-ME. - O apressei uma vez que o vi negando para si mesmo a verdade.

– QUEM PENSA QUE É PARA ME PERGUNTAR ALGO DO TIPO ? - Perguntou se inflamando por completo, segurando meu pulso violentamente. O olhei nos olhos, aquele seu disfarce, sua máscara, já não mais me fazia acreditar, já não mais me calava, já não mais me assustava.

– Realmente, não sabe quem sou ? - Perguntei em um sussurro, sem sequer me mostrar irritada por sua maneira violenta de me tratar. Ele já havia feito aquilo muitas vezes, eu apenas havia sido burro e não tinha percebido que aquilo era apenas uma tentativa de esconder aquilo que sentia. Parou surpreso e me olhou por alguns segundos, porém a negação estava novamente em seus olhos. - Responda-me...

– Eu me recordo...- Disse com seus olhos presos aos meus.

– Então... por que ignora ?

– Eu não ignoro - Olhei para meu braço que ele segurava violentamente o que fizera com que ele me soltasse, ele havia perdido a cabeça . - Eu não quero me lembrar... - Acrescentou se colocando de costas para mim .

– Mas tem que se lembrar - Disse com a voz firme. - É a única maneira de a manter viva. - Lancei a ele, sentindo que minhas palavras haviam o atingido.

– Ela não ...

– Você é tudo o que ela tem e ela ... é toda a humanidade que ainda lhe resta em seu coração, se a esquecer... tudo se perde... ela se vai e você voltará a ser o que era antes de a conhecer . - Disse tomando suas mãos as minhas.

– Como sabe disso ? - Perguntou olhando-me nos olhos, um olhar sincero, sem mentiras, sem nada mais a me esconder.

– Uma amiga minha me contou - Abrindo um sorriso. - Você não pode a esquecer . - Fiquei na ponta dos pés e com uma imensa dor no peito, o beijei, mesmo sabendo que ali teriam de ser encerrados meus sentimentos. - Ela o ama. - Uma lágrima escorreu de meus olhos, o olhei por uma última vez e então o deixei só na floresta.

Não era fácil para mim e havia sido difícil descobrir o que eu deveria fazer para a ajudar, mas então notei que eu era a única que poderia o fazer, a única que poderia o pedir algo do tipo, eu os conhecia e ela sabia disso. Suspirei e então retornei, eu sabia que estava na hora para a primeira dança e eu deveria estar ao meio do salão assim como haviam me dito. Caminhei vagarosamente enquanto ainda não havia música e esperei, sentindo as batidas começando. Posicionei meus braços e enquanto pensava que dançaria sozinha, senti minha cintura ser puxada. Permaneci dura. Os primeiros passos eram difíceis, mas aos poucos, meu corpo fora respondendo, mostrando-me que apesar de não me recordar de já ter feito aquilo antes, eu conhecia aquela dança. Levantei os olhos, Caius me olhava com os olhos ardendo, eu não sabia se ali encontrava luxúria, maldade ou algo mais... eu não o compreendia, não sabia o que fazia ali, não sabia porque dançava comigo ou muito menos porque me olhava daquela maneira.

– Caius... eu pensei... - Comecei, enquanto ainda dançava ritimadamente junto a ele.

– Eu não desistirei dela - Abriu um sorriso, seus olhos vermelhos cintilando divertidamente. Eu não compreendi o que ele havia dito, não sabia nem se ele havia compreendido o que eu tentara o dizer a pouco... mas, meu corpo claramente não se importava, pois apenas continuou a dançar divinamente, junto daquele que parecia possuir muitas faces de si mesmo.


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