Os raios solares invadiam o quarto e acertavam em cheio a face de Tigresa. Soltando um grunhido e se virou, ouviu barulhos vindo do corredor e uma batida na porta de seu quarto

“Francamente, será que ninguém pode dormir em paz?” Pensou.

Sem se levantar, ela somente disse um “entre” e a porta se abriu mostrando uma pequena cabrita vestida com um uniforme de empregada.

– Senhorita Tigresa? – Ela chamou timidamente. Ti respondeu com outro “sim” sonolento – A imperadora me mandou aqui para lhe servir. Espero poder lhe ser útil – falava com um sorriso orgulhoso, provavelmente feliz ao saber que foi denominada para esta missão.

A cabra andou até as janelas e puxou as cortinas para dar luminosidade ao quarto. Tigresa deu um pulo e fechou seus olhos, estava demasiado claro.

Enquanto a felina praguejava alto a empregada já tinha lhe tirado suas vestes e a metido no banho, ela estava realmente pensando se deveria lavar a boca da felina, nunca ouvira tantos palavrões na vida.

Depois de devidamente vestida – Tigresa disse que poderia se vestir sozinha, mas a empregada a ignorou por completo- Ela saiu do quarto deixando a cabra dentro dele para arrumar. “Trabalho de empregadas, senhorita” explicou.

Foi caminhando pelos corredores vendo os artigos exclusivos e moveis. Encontrou Po saindo de seu quarto, que era ao lado do seu, o que deixou a felina feliz e com umas “ideias” para mais tarde.

Ele a viu – Oi Ti – Sorriu

– Oi meu amor – Respondeu enquanto se enroscava no pescoço do mesmo e o puxava para um beijo.

Ele soltou um risinho

– Meu amor? – perguntou Po descrente

– Hum? Não gostou? Então okay, Xiao Po– Perguntou incomodada

– Não não, eu gostei...só que não esperava que você me chamasse assim...bem, não tão cedo. Mas eu adorei - Tentou (desesperadamente) arrumar o mal entendido

– Hum...assim espero, Xiao Po – Falou brincando. Mas pareceu sério. Po engoliu a seco ao pensar que era verdade até que um sorriso travesso apareceu em seus lábios

– Que bom que você já está se acostumando ao meu sobrenome, Futura Xiao Tigresa – Ela corou fortemente e o panda sorriu. Tentou formular palavras, mas elas se negavam a sair de sua boca. Então permaneceu o resto do trajeto calada, mas em um silencio agradável. Também estava sentindo o calor da mão dele, estavam de mãos dadas.

Antes de entrar desentrelaçaram as mãos e forçaram a porta abrir. Todos já estavam na mesa tomando seu café. Os dois se sentaram enquanto davam bom dia a todos. Shao foi o primeiro a terminar, já se levantando falou:

– Bem, sei que havia prometido mostrar-lhes o cofre, e sei que vocês queriam o ver hoje, mas temo que isso não será possível, tenho assuntos importantes agora para tratar. Se me permitem – O leão saiu do local. Os mestres fizeram cara de desapontamento, mas aceitaram

– Então... o que faremos agora?

– Esperar até o imperador poder nos mostrar o cofre, mas não pensem que ficaram parados! Quero todos investigando o máximo que puderem! E me mantenham informados- Mandou Shifu

Se passara um mês desde as ordens de Shifu, os 5 furiosos procuravam o quanto podiam, mas ainda assim não encontraram nada do colar, ou quem poderia tê-lo roubado, algumas vezes Po acabara seguindo alguns senhores pensando que teria achado o colar. Se enganara.

– Então, acharam algo gente? – Perguntava Víbora na mesa de jantar. O ato já virara hábito

– Não

– Ahh! Estou cansado disso! – Indagou Mantis – Se ao menos nós soubéssemos como é esse tal colar! Ai pelo menos não correríamos atrás de qualquer pessoa que estivesse com algo no pescoço

Os olhos de muitos se abriram e miravam a Mantis com surpresa

– O que foi? Tem algo na minha cara por acaso? – Perguntava o inseto confuso

Tigresa mirou os outros furiosos que entenderam o recado imediatamente, saindo em dispara pela porta, deixando a mesa somente as leoas.

“Droga! Como pude me esquecer de algo como isso?!” – Tigresa se xingava mentalmente, enquanto os outros tinham pensamentos parecidos.

Estavam correndo a procura de Shao, mas para sua sorte, o encontraram a caminho da sala de jantar.

– Shao! – Exclamou Macaco

– Sim...? – Perguntava o leão que quase fora atropelado pelos vários mestres correndo até ele

– B-oa n-noite imp-perador – Arfava Tigresa. Após todos finalmente recuperarem o folego – Imperador, como sabes estamos a um mês buscando o teu precioso artefato roubado.

– Sim, eu sei, mas onde querem chegar com isso? – Indagou com cara de “falem logo”

– Bem...er...- Tigresa sentiu sua face corar ao pensar em contar que “esquecera” de perguntar como era o tal colar

– Imperador, até agora estivemos procurando a cegas, o senhor apenas nos contou sobre o colar, porém não nos mostrou como ele é. – Falava Po

Shao levou a mão a face, batendo-a contra a testa

– Pelos bigodes de meu pai! Como me esqueci de lhes contar isso?!- Todos sorriram meio sem jeito

– Bem, sim sim, sinto muito por isso, é minha culpa! Então, sei que estive fugindo de vocês pelo tempo corrido e problemas de última hora, mas, prontos para ir ao meu cofre? - Perguntava sorrindo

O imperador estivera os evitando, já que agora estava muito ocupado com algum assunto importante.

Poucos minutos depois os furiosos, Shifu (que fora chamado imediatamente) e o imperador estavam dentro de uma sala escura, coberta de móveis antigos marrons, aparentemente era um escritório.

Shao seguiu até a escrivaninha e de lá apertou um botão que fez sua lareira sumir e se transformar em uma entrada que dava para uma grande porta de metal.

– Então...Gostaria de lembra-los a todos que esse lugar não existe...tudo bem? – perguntou Shao tendo uma resposta imediata de todos com um sim. Ele abriu a porta – Bem, então, é aqui. Podem entrar

A porta levava para outra sala, bem iluminada e protegia a todos os cantos por metal revestido. Dentro havia alguns grandes armários de metal (daqueles em que se guarda arquivos) para guardar objetos e informações importantes.

Alguns tinham quadrados de vidro temperado protegendo um artefato dentro (que nem visto no museu) e outros simplesmente jogados pela sala de qualquer jeito. Mas com certeza, tudo aqui era muito precioso. Garça não deixou de pensar que, caso o ladrão fora pego, lhe dariam pena de morte, ou se aquilo ainda era bom demais para ele.

Shao seguiu ainda mais e parou em um dos cantos da sala

– Bem, era aqui que estava o colar verdadeiro – Disse apontando para um vidro quadrado com uma almoçada dentro. Provavelmente para segurar o objeto.

–Algo mais fora roubado majestade? - Perguntou Shifu

– Infelizmente não- Respondeu cortante, puderam ver seus olhos, antes castanhos, agora negros de raiva.

Todos ergueram os pescoços para espiar o local, sim, realmente fora um roubo, não somente por que um objeto dessa magnetite desapareceu do nada em um cofre desses e nada mais roubado, mas também na caixa de vidro que o protegia, agora tinha um enorme círculo nele cortado. Quem fez isso realmente era bom. Os mestres se dispersaram a procura de pistas, Tigresa ficou encarando incrédula para o vidro cortado. Estava começando a ter uma ideia do que poderia ter sido o ladrão.

Shao deixou-os investigar um pouco o local, essa era a primeira vez que ele entrou lá depois do roubo. E a primeira vez que alguém fora da família real entrava no cofre.

“Desculpe-me pai” Pensava lamentando

– Shao, Imagino que o colar deve ser assim, certo? – Perguntava Víbora tirando o leão de seus pensamentos

Os mestres estavam em frente a uma pintura grande, mostrava um leão formal, muito ajeitado, vestindo um quimono tradicional, ele estava elegante e sério, poderoso, a única coisa que estava bagunçada era sua juba, imponente, desafiando (na pintura) aquele que tenta-se domina-la.

– Sim...- murmurou o leão e os mestres continuaram fintando a imagem – Esse foi meu avô. É uma das poucas pinturas que temos com ele e este colar.

Na imagem o leão segurava com força, um colar simples. Simples até demais. Simplesmente era um pingente branco, com um círculo negro nele. O lado Yang do ying-yang, sua corrente era somente um barbante meio acabado e desbotado.

– Pera, então é esse o colar que estamos procurando que nem condenados!?- exclamou Mantis não acreditando. O leão soltou um leve suspiro

– Sim, é esse mesmo. – falou sem muito animo

Após não descobrirem nada, todos foram se encaminhando para seus quartos, bastante desanimados por não terem descoberto nada muito importante.

De alguma maneira muito estranha, certas pessoas ficavam lado a lado no mesmo corredor, enquanto outras ficavam em outras. Víbora ficava no 6º andar junto com Garça, Tigresa e Po no 7º, Mantis e Macaco ficavam no 2º

Tigresa ao perceber essa “diferença” já olhou torto para sua amiga serpente que conversava animadamente com Sakura que se juntara a pouco a eles.

– Então...- Começou Ti com a serpente já sabendo onde ela queria chegar.

– Sim...Eu admito que fiz isso! – Disse Víbora animada- Mas confesso que não fiz sozinha- Apontou para a leoa

– E por que ?! – Exclamou

– Hora Tigresa...Víbora me contou os maus bocados que Po teve que passar para poder finalmente ficar junto a ti...então ela me pediu um favorzinho que eu não pude negar! – Falava amigavelmente – Queríamos que vocês aproveitassem um pouco juntos...afinal, por que não?!

– Sim...mas não era para vocês fazerem isso! E por que não?! Deve ser por que estamos em missão?!- Tigresa já sussurrava num canto com as outras garotas. Os outros já tinham ido para seus quartos, deixando-as para trás pensando que se tratava de “assuntos de mulheres”

– Nem vem com essa! Tigresa, Aproveita! Você tem uma cama king, um cara que te ama, uma noite linda, um corpo lindo, comida grátis e uma hidromassagem! Vai aproveitar ou não?!- Exclamava Víbora, com Sakura só concordando

Tigresa bufou de raiva- Tá, então por que a SENHORA não aproveita?!- Indagou fazendo a Víbora corar e Sakura tapando a boca para nãos soltar uma gargalhada

– E quem disse que eu não estou? – Perguntou ironicamente a serpente, com um sorriso perverso no rosto que fez Tigresa pensar duas vezes antes de perguntar qualquer outra coisa.

Ao entrar em seu quarto, ficara pensando o tempo todo sobre o que falara com as garotas a pouco, nem se importou com a cabrita lhe quitando as roupas e fazendo-a tomar banho para se vestir logo em seguida. Dessa vez ela vestiu um pijama do mesmo modelinho que o outro, só que a cor era verde limão. Ou verde marca texto, como preferia chamar.

Ela se deitou assim que conseguiu fazer a cabra entender que já podia se retirar e que ela poderia cuidar de tudo sozinha. Ficou mirando o teto, e pensando “Será que estou fazendo bem em ir tão a sério com a missão?”

“Mas é claro que está! É seu dever!” Respondeu uma voz de dentro dela

“Mas você também não é escrava! Pode se divertir e se permitir! E sim, Po está doidinho para estar com você desde...Sempre! Então aproveita! Uma vezinha não fará mal a ninguém!” Fala outra voz

“Ora! Para de indica-la para este caminho! Ela deve acabar com isso logo! E ai poderá seguir adiante! Tigresa, não descanse até descobrir tudo desta missão!” - Falava a voz 1

“Mas sua...Escuta! Você é jovem Ti! Tem 20 anos! E ainda fica por ai agindo como adulta?! Sei que eres bem grandinha, mas vá se divertir ao menos um pouco! Convide Po para um passeio! Um restaurante! Convide suas amigas para compras! Divirta-se!” – Exclamava a Voz 2 “Enquanto a tempo...” Acrescentou baixo logo depois.

– Ah! Pare vocês duas e me deixem pensar! – Tigresa se movimentava na cama, incomodada. Fazia tempo que essas duas vozes não apareciam para atormenta-la com esses conselhos toscos. Sabe aquela coisa do diabinho e do Anjinho que aparecia no seu ombro? Então, eles eram as versões deles para Tigresa.

Ela finalmente adormeceu após jurar para si mesma que tentaria dar mais atenção a Po e as garotas a partir de agora, mas só se descobrisse algo importante para a investigação antes.