Tu Eres Mi Vida escrita por Bia Rodrigues


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Hey! Demorei muito, podem brigar comigo hehehe O capítulo ficou meio grandinho, eu não sei se é um capítulo que vocês vão gostar, eu particularmente espero que gostem :D

Só quero agradecer aos comentários, eles tem me deixado muito contente, e eu peço que continuem assim :D Somente desejo um bom capítulo.



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Pov’s Violetta

A polícia já havia tomado conta do local, sirenes e mais sirenes, eu estava vendo meu irmão e meu namorado serem levados por ambulâncias, tudo que eu mais queria era gritar, chorar, fingir que nada disso estava acontecendo, mas eu não podia simplesmente ignorar.

–Me soltem! –Eu gritei pela terceira vez.

–Senhorita acalme-se. –Pediu um policial cautelosamente.

–Eu estou pedindo para você me soltar! –Berrei já quase sem fôlego. –Preciso ver meu irmão e meu namorado.

–Não será possível, mas pode ir na ambulância com um dos dois. –Disse o policial. Foi aí que ele percebeu que meu braço estava ensanguentado, aquele ferimento só havia passado despercebido por causa da blusa grossa que eu vestia, e no momento, aquilo nem me incomodava.

–Levou um tiro? –Indagou o policial preocupado.

–Foi de raspão. –Respondi ainda me remexendo, eu queria me soltar. A força o tal policial me arrastou até a ambulância mais próxima, e me colocou sentada em uma espécie de banquinho.

–Cuidem dela. –Ordenou com a voz ríspida. Uma mulher, gentilmente pegou meu braço e limpou o ferimento exposto, admito que ardeu bastante, eu apenas tentei não me concentrar no machucado, e sim no que estava em minha volta. Péssima escolha.

Vi o corpo de Diego ser levado em outra ambulância, meu irmão? Eu não havia o visto, só torcia para que tudo permanecesse bem. Também havia dois corpos no chão cobertos, não me permitindo ver de quem era, e isso só aumentou meu desespero. Havia muita movimentação naquela ambulância, eu ouvi as portas serem cerradas, a sirenes serem ligadas, e logo começamos a andar.

–Pronto. –Disse a enfermeira sorrindo, eu apenas agradeci cordialmente, minha visão estava meio falha, talvez pelo tiro, talvez pela preocupação e desespero, talvez pelo cansaço.

–Estamos perdendo ele! Estamos perdendo ele! –Gritou um homem. Só aí reparei que eu não era a única a ser atendida naquela ambulância, havia mais um corpo sobre a maca. Eu levantei somente um pouco, somente para tentar identificar, fiquei muda, meus lábios secaram rapidamente, minha respiração até se cortou.

–Le..Leon. –Eu disse baixinho, ele estava completamente apagado na maca. Um enfermeiro apareceu com um desfibrilador, abriu sua fina camisa, e logo estavam tentando reanima-lo.

–Vamos! Vamos! –Gritou o homem que tentava reanima-lo. O peito de Leon subia e descia com força, mas nada dele acordar, eu acompanhava tudo em silêncio, eu estava praticamente em choque, era muita coisa para só uma noite.

Uma respiração baixa e ofegante interrompeu meus pensamentos, olhei para a maca, onde o enfermeiro já não usava mais o desfibrilador ele apenas sorria satisfeito, a enfermeira fechou os botões de sua camisa e o cobriu com uma espécie de manta, provavelmente tentando aquecê-lo.

–Está tudo bem garoto. –O enfermeiro tranquilizou Leon, o mesmo nada disse.

Eu estava olhando todos aqueles procedimentos, ansiando por apenas poder abraçar o rapaz sobre a maca com a respiração entre cortada, os olhos esmeraldas ocultos pelas pálpebras cerradas, o peito subindo e descendo lentamente, tremendo um pouco, provavelmente com frio.

Apenas fazendo um sinal com as mãos eu pedi permissão para me aproximar e a enfermeira apenas sorriu. Entendi aquilo como um sim e me aproximei da maca. Dedilhei meus dedos sobre aquele objeto até alcançar a mão de Leon, assim que cheguei ao meu objetivo fiz uma pequena carícia em sua mão.

–Esse toque. –Ele sussurrou baixinho, em meio a um sorriso. –Vilu.

–Ainda bem que sou eu, não seria nada agradável você dizer “esse toque” de uma maneira tão intima se fosse outra pessoa. –Eu disse rindo e ele riu também. Não era tão confortável, pois era eu, o Leon e mais quatro enfermeiros.

–Fico feliz que esteja bem. –Ele sussurrou. Antes que eu respondesse fomos interrompidos por um enfermeiro.

–Com licença, preciso só aplicar o soro. –O homem disse, ele de uma maneira nada sútil pegou o braço de Leon, logo pegou também uma agulha enorme, e a posicionou para aplicar em Leon.

–Espera moço! –Leon falou o mais alto que conseguiu. –É mesmo necessário? –Ele perguntou, eu segurei a risada, Leon não era o tipo de homem com muitos medos, mas como todo mundo ele tinha alguns, e um dos seus medos (Meio bizarro) eram agulhas, bisturis e qualquer coisa relacionada à injeção. E eu também suspeitava que ele sentiu medo quando pulamos de paraquedas, mas isso não vêm ao caso.

–Sim, você está desidratado. –O enfermeiro disse estranhando um pouco a relação de Leon. E realmente Leon estava meio pálido, sua própria fala indicava sua fraqueza.

–Mas... -Eu o interrompi.

–Mas nada. –Eu disse segurando uma de suas mãos. –Você precisa disso para ficar melhor. E a agulha nem é tão grande assim...-Eu disse blefando um pouco na ultima parte.

–Nem é tão grande? Fala sério, essa agulha é do tamanho da minha cabeç...-Eu o encarei brava e ele se calou. Nada como um bom olhar “fuzilante” da namorada.

O enfermeiro esticou o braço de Leon, e o mesmo fechou os olhos, logo o soro foi aplicado na veia, não foi tão ruim, foi bem rápido para falar a verdade, a única coisa é que o Leon teria que ficar com aquele tubo, o qual eu não sei o nome, enfiado na veia.

–Não foi tão ruim, você nem chorou. –Eu disse e ele soltou um pequeno riso. –Como se sente?

–Meio fraco, mas estou melhor. –Ele disse. Eu abaixei ficando com a minha cabeça próxima da dele, acariciei um pouco seu cabelo, e ele sorria como se estivesse agradecido. Digamos que eu corei bastante quando percebi que todos os olhares da ambulância estavam voltados para nós.

–Ei, o quê houve no seu braço? –Leon perguntou preocupado, ele levantou um pouco o tronco, mas eu coloquei minhas mãos sobre seu peito, fazendo com que ele deitasse novamente.

–Machucaram você? –Ele indagou, seu rosto começou a assumir uma expressão de raiva, porém o “Machucaram você” soou mais como uma constatação do que uma pergunta.

–Não, foi...foi só um tiro..-Eu disse e só depois percebi a burrada. –Mas pegou de raspão. –Me autocorrigi desesperadamente, pois ao falar do tiro Leon ficou com mais raiva ainda.

–Quem foi? –Ele só perguntou isso.

–Eu não sei. –Respondi sinceramente, mas Leon me olhou como se não acreditasse, ele estava evidentemente com raiva.

–Não se preocupe, vamos tentar colocar todos esses “caras maus” na prisão. –Ele disse tentando se acalmar.

–O cara que atirou em mim....O cara que atirou em mim morreu. –Eu disse por fim, tentando reprimir aquela cena.

–Alguns policiais apareceram para salvar eu e a Ludmila, bom, um deles atirou no ombro de um dos capangas, no susto o mesmo derrubou a arma perto de mim, e eu peguei aquele revolver, meio que perdida. – Eu disse calmamente, Leon apenas me fitava. –O capanga de Diego viu aqueles policiais se aproximando e apontou à arma em minha direção, eu também levantei a arma, mesmo não sabendo usar. Aí veio o primeiro tiro, o que pegou de raspão em meu braço, os policiais praticamente correram até o capanga, então ele ameaçou atirar novamente, mas....Mas eu atirei primeiro....Ele caiu bem na minha frente. Era para ser um tiro no ombro, mas ele meio que se virou na hora H, e eu desesperada atirei tentando me proteger.

Foi uma das piores experiências da minha vida, eu havia matado um ser humano, apesar de ele ter tentado me matar ele não merecia isso, ninguém merece isso. Talvez eu estivesse com uma expressão assustada demais, pois Leon me olhava preocupado.

–Está tudo bem? –Ele perguntou e eu assenti, apesar de tentar me acalmar, Leon também mantinha uma expressão preocupada. Sutilmente ele puxou meu braço, fazendo assim que eu inclinasse um pouco meu corpo sobre ele, ele levantou um pouco o tronco, apesar de eu reprovar aquele ato.

–Preciso te contar uma coisa também. –Ele sussurrou com os lábios próximos ao meu ouvido. –O Diego...ele...O caso é parecido com o seu. O Diego ele atirou no Fede. –Leon começou, péssimo começo Leon, minha expressão de preocupação deve ter piorado de uma maneira absurda. –E bom, a essas alturas eu já estava no chão, sentindo as batidas do meu coração começarem a parar, mas eu ainda estava vivo, e Diego viu isso, ele apontou a arma em direção ao meu corpo, estávamos próximos, um tiro e já era, mas eu estava com uma arma próximo assim como você, eu a peguei e mirei em direção ao Diego, com incerteza eu disparei. Foi certeiro, mas eu não queria aquilo, não queria, eu vi seus olhos cinzentos e vingativos se fechando, e me dói, ele já foi um dos meus melhores amigos, e eu jamais quis isso, por mais que...por mais que ele tivesse tentando acabar comigo. –Ele concluiu.

Eram histórias quase idênticas, mas a de Leon era pior, bem pior...Era sorte e azar em ambas histórias, a arma caiu bem ao nosso lado, talvez dando uma chance de nos protegermos, mas foi horrível o que fizemos com elas. Nenhum de nós queria atirar, mas atiramos. Talvez o que mais me deixasse abismada eram as coincidências, foi dada a mesma chance de sobrevivência para os dois, e ambos fizemos a mesma coisa.

–Talvez fosse melhor eu ter morrido naquele quartinho...-Concluiu Leon, sussurrávamos para que nos ouvissem, mas os enfermeiros pareciam focados em suas próprias conversas.

Eu o encarei abismada, era egoísta, sim egoísta da parte dele. Fomos para salvá-lo não queríamos sua morte, passamos por tudo para somente protege-lo, e agora ele me vem com essa de seria melhor ter morrido.

–Você...Você disse o quê? –Eu perguntei indignada. Leon, esperto, nada respondeu, foi sua melhor escolha naquele momento. –Eu não acredito.

Eu falava praticamente comigo mesma, pois Leon estava com os olhos arregalados, assustado com a minha reação. Eu já estava mal com tudo que estava passando, era muito para minha cabeça, e agora meu namorado me diz uma negócio deles.

–Isso é injusto. –Eu disse e despojei um fraco soco sobre a maca, e por sorte não foi o suficiente para chamar a atenção dos enfermeiros.

–Me..Me desculpe, eu não devia te dito isso agora. –Ele se justificou.

–Você nunca deveria ter dito isso, e peço que essa sua fala jamais se repita. –Eu disse um pouco mais alto do que o normal, o suficiente para chamar atenção.

–É que, tanta gente teria sido poupada...Vilu seu irmão.

–Para! –Eu disse o interrompendo novamente.

–Me escuta. –Ele pediu calmamente. –Eu sei que isso não é justo, mas você sabe que seria melhor. Seria apenas uma vida...

–A sua vida. –Eu o interrompi, e ele suspirou pesadamente como se fosse difícil fazer com que eu compreendesse, e realmente era.

–Seria a minha vida, mas somente a minha. Agora para eu viver, Fede está correndo risco, dois homens que eu não conheço que apesar de estarem no mundo do crime tinham uma vida, uma vida de erros. E bom, o Diego, sem contar que eu quase te perdi.

–Seu raciocínio é completamente certo, e terrivelmente errado. –Eu disse e ele soltou um riso fraco. –Se algo tivesse acontecido com você, se algo tivesse acontecido Leon, Diego teria alcançado seu objetivo, e depois fugiria com seus quatro capangas fazendo sei lá o que, e talvez continuassem fazendo suas vinganças. –Eu disse acariciando seu rosto, mas Leon era difícil.

–Mas...

–Chega de “mas”! –Eu gritei, talvez eu estivesse ficando fora de mim, pois apenas senti braços me segurando e me puxando para trás.

–Ela viu muita coisa, o estado emocional dela não é o dos melhores. –Explicou um enfermeiro para Leon, mas ele pareceu ignorar as instruções do homem. Os olhos esmeraldas me fitavam com clemência, pedindo clemência, ele estava preocupado como sempre, eu já estava com os olhos marejados com as primeiras lágrimas já escorrendo por minha face.

–Ela vai ficar bem, soltem ela. –Pediu Leon com calma, percebi certo hesito pela parte dos enfermeiros, mas logo tiraram suas mãos de meus ombros e meu corpo como um imã foi de encontro com o de Leon.

–Tudo bem...tu..tudo bem. –Ele disse envolvendo seus braços envoltos ao meu corpo, quer dizer, apenas um dos braços, já que o outro estava imobilizado com o soro, Leon sequer tinha força, se eu quisesse sair de seu “abraço” eu sairia, mas apesar de estar frustrada e brava eu queria continuar ali. A posição não era confortável, pois ele estava deitado, o mais machucado era ele, e eu era quem estava sendo consolada.

–Idiota. –Eu sussurrei para que somente ele pudesse ouvir. –Idiota. –Repeti.

–Eu sei. –Ele concordou, ele estava meio que desesperado, tentando me fazer parar de derramar lágrimas.

–Um belo de um idiota. –Eu constatei. Se algo tivesse acontecido com você...

–Nada aconteceu. –Leon me interrompeu, em seguida veio uma tosse, ele estava adoecendo. –Eu estou bem, estou aqui.

–Ainda continua sendo um idiota.

–Eu sei disso. –Ele respondeu rindo. –Mas esquece o que disse. –Ele pediu.

–Pode deixar. –Eu respondi sorrindo.

–Senti sua falta, Vilu. –Ele comentou enquanto fazia uma singela carícia em meu rosto, uma carícia que eu mal pude sentir, mas foi tão boa, tão boa...

–Eu amo você seu grandíssimo idiota. –Eu disse após um tempo de carícias singelas e puras.

–Também amo você esquentadinha. –Ele disse e eu arqueei a sobrancelha, mas ele não levou a sério, sabia que desta vez eu não estava brava.

–Logo iremos chegar ao hospital. –Anunciou uma enfermeira, a mesma tirou a bolsinha de soro e a agulha. –Recebemos a noticia de que um garoto que estava com vocês passa bem.

–Que garoto? –Indaguei com a esperança de ser o Fede.

–Não sabemos. –Ela respondeu, bom um pouco de esperança eu tinha, podia ser o Fede, mas também podia ser o Diego ou um de seus capangas. Ludmila? Ela estava bem, não sei como ela saiu daquele lugar, mas com certeza foi de uma forma segura, assim espero.

Eu estava começando a me tranquilizar, Leon fitava o teto branco, pensativo, apesar de ele aparentar estar bem, ele me preocupava, eu tentava demonstrar uma boa saúde, talvez para evitar que eu me preocupasse, mas eu o conhecia bem, bem até demais.

A sirene parou juntamente com a ambulância, eu saí do lado dele, e aquilo foi bem difícil se querem saber, a porta se abriu rapidamente, a maca foi retirada juntamente com Leon, uma segunda maca passou, era meu irmão, aquele foi o fim da linha para mim, duas das pessoas que eu mais amo estavam sendo levadas para salas de emergência, Fede estava apagado, nem se mexia, e a preocupação nos rostos dos homens e mulheres que cuidavam dele estavam bem piores do que a dos enfermeiros de Leon.

Eu também fui levada, para uma salinha branca e até que confortável, aonde limparam meu ferimento e enfaixaram meu braço decentemente. Recebi algumas noticias de Leon, que ele estava realizando alguns exames e tomando mais soro, pois estava fraco. De Federico nada soube, e não quis saber as noticias sobre o Dieg...

–Senhorita. –Um doutor me chamou. –O rapaz, de calças pretas e jaqueta de coro....Diego Hernandez Ferro segundo consta seus documentos...

–Me desculpe doutor, não quero receber noticias dele, não até eu saber que meu namorado e meu irmão estão bem, pois esse rapaz tentou mata-los. –Eu disse, não parece muito ético da minha parte, mas eu simplesmente não queria saber do Diego.

–Me desculpe senhorita, mas eu realmente preciso lhe informar, também precisamos da sua ajuda para localizar seus familiares. Infelizmente o Sr. Hernandez não resistiu ao tiro no peito...E foi declarado o óbito...


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Notas finais do capítulo

Então? Ficou bom, ruim? Peço que comentem, eu espero que tenham gostado, uma boa noite e até logo :D Beijos :D