Abrindo os Olhos de Mário Calderón escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, finalmente estou postando mais um capítulo da fanfic. Agradeço pela força de todos que estão acompanhando-a. Espero que gostem e se possível comentem.



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Na manhã seguinte, logo cedo, Wilson fazia sua ronda habitual pela Ecomoda. Olhando para a porta principal de entrada, o vigia surpreende-se ao se deparar com um homem muito elegante ali parado.

Rapidamente o vigia engole o último pedaço de seu sanduíche de pão com mortadela e dirige-se para lá onde está o estranho, que parece examinar com muita curiosidade o que há por trás do vidro da porta de entrada.

Assim que chega perto do sujeito, Wilson logo fica intimidado com a olhada que ele lhe dá.

Parecia que o estranho não gostara da sua presença e começa a analisá-lo de alto a baixo.

Intrigado e com receio daqueles olhos verdes faiscantes que o examinam sem piscar Wilson limpa a garganta, denotando um certo nervosismo e lhe pergunta educadamente:

–Bom dia! O senhor deseja algo?

O manequim ambulante, que o examinava realmente de alto a baixo, como se ele fosse um inseto desprezível vira-se para seu rosto cravando-lhe novamente seus faiscantes olhos verde esmeralda sem dó e nem piedade.

“Que olhos meu Deus!” – pensa o pobre vigia assustando-se – Parece uma serpente tentando me hipnotizar!”

“Mas que sujeitinho mais relaxado este vigia da empresa! Onde já se viu se apresentar nestas condições para o trabalho! Todo sujo! – reflete Tito olhando minuciosamente a farda do vigia – Olha só ainda vejo farelos de pão! E o hálito dele nem se fala! Cheira a mortadela pura. Que asco! Se eu fosse o dono desta empresa, jamais admitiria um funcionário assim e o despediria no ato.

Tito vai lhe dar uma boa resposta, mas se contém imediatamente ao lembrar-se de algo importante.

“Não posso ser indelicado com ele e nem com ninguém nesta empresa, pois necessito receber informações bem contundentes em relação ao Mario Calderón. Preciso me policiar mais e me fazer de cortês e muito bem educado e conquistar a confiança de todos daqui.”

Engolindo o nojo que sentia ao olhar para a farda do pobre vigia toda suja e cheirando ao embutido de pobre, como achava ele e todos os esnobes que rodeiam o mundo, se esforça o máximo que pode e fazendo uma cara de bom amigo lhe responde:

–Bom dia, meu caro! Desejo algo sim. - fala forçando uma voz educada - Eu gostaria de conversar com o presidente desta empresa.

Ainda era muito cedo! Nem todos os funcionários tinham chegado! Wilson sem perceber estremece, apesar da voz dele ser agora mais amistosa, aquele sujeito lhe provocava arrepios.

Wilson automaticamente olha o seu relógio de pulso.

“O que será que ele quer, vindo assim tão cedo?” – pensa o vigia desconfiado, pois apesar da elegância e dos modos finos e educados este homem lhe parecia muito suspeito, aliás um suspeito que o deixava inquieto e duvidoso.

Percebendo a indecisão do porteiro, Tito acrescenta com um sorriso simpático nos lábios:

– Por favor, o senhor poderia me orientar onde fica a presidência da Ecomoda, pois preciso falar com urgência com o presidente desta empresa. Preciso tratar de negócios. – diz o “manequim ambulante” com a voz mais aveludada possível.

– Na verdade a Ecomoda tem uma presidente. - explica-lhe Wilson um pouco mais tranquilo - Ela é a doutora Beatriz Pinzón Solano, mas ainda não chegou. - e procurando ser gentil acrescenta – Ela e o noivo, o seu Armando Mendoza, costumam chegar lá pelas 8 e meia.

Tito coça o queixo, olha agora para o seu lindo relógio de pulso um legítimo Rolex e verifica que ainda eram 7:45 da manhã, teria que esperar por mais de meia hora a chegada desta tal doutora Beatriz e do seu noivo.

O vigia percebe a indecisão do estranho e lhe indica a porta de entrada, abrindo-a todo solícito para que ele passasse e adentrasse a empresa.

– Bem o senhor pode esperar um pouco na recepção que logo a Mariana, a recepcionista irá atendê-lo. - acrescenta o vigia.

Tito agradece com um movimento de cabeça e entra na empresa.

Percebe uma fileira de cadeiras próximas a uma parede que fica em frente a recepção. Senta-se e com um suspiro impaciente fica aguardando a chegada da tal funcionária.

Calmamente examina o ambiente ao seu redor e repara que ali é tudo muito limpo e muito bem decorado.

Algumas plantas em enormes vasos estão aqui e acolá dando um aspecto fresco e agradável ao ambiente e sobre o balcão, que supõe ser da recepcionista há um delicado vaso com lindas orquídeas lilás e brancas.

As paredes são claras e há várias gravuras com modelos de roupas, que com certeza supõe ele sejam confeccionadas pela Ecomoda.

Há modelos trajando roupas coloridas, outras mais sóbrias, mas todas muito bonitas e elegantes e de muito bom gosto. Com curiosidade Tito nota que muitas modelos ali fotografadas, são algumas que ele teve relacionamentos no passado. Lindas e famosas. Justamente o tipo de mulher que lhe interessava.

Tito também observa algumas gravuras de homens elegantemente vestidos com ternos muito bem cortados e de tecidos muito finos.

Sua vaidade logo se manifesta e se interessando se levanta para examinar mais de perto aqueles trajes, pensando em adquiri-los num futuro bem próximo.

Neste momento Mariana, que agora trabalhava na recepção por ordem da Betty, entra e se depara com a figura daquele homem moreno, alto e elegante que está de costas para ela examinando com atenção uma das gravuras da parede.

Ele está tão atento que nem percebeu a entrada da funcionária.

–Bom dia! – fala Mariana educadamente tentando chamar a atenção do homem, mas com voz baixa, para que ele não se assustasse - Em que posso lhe ajudar?

Mesmo assim o “manequim ambulante” leva um susto e imediatamente se vira ao ouvir o som daquela voz meiga e delicada.

Quando seus olhares se cruzam, Mariana, uma sensitiva nata estremece quando ele deposita na sua pessoa aqueles incríveis olhos verdes esmeralda.

A moça sente algo estranho na hora e os anos de experiência analisando diversas pessoas lhe alertam que aquele homem era muito perigoso, e que deveria se manter afastada o quanto antes de sua presença.

Tito por sua vez a olha de alto a baixo e gosta do que vê e permanece admirando a beleza daquela moça negra. Repara no corpo bonito e nos cabelos negros caprichosamente trançados, dando-lhe um ar afro e ao mesmo tempo moderno. Gosta também de sua voz ao mesmo tempo firme e melodiosa. Como que encantado pela beleza da moça ele custa a responder.

Mariana sentindo-se sem jeito ao ser tão demoradamente analisada, repete então a pergunta:

–Em que posso lhe ajudar senhor?

Saindo da hipnose momentânea, que a figura dela lhe provocava, Tito fica sem jeito, mas logo se apruma e tomando de novo o comando da situação dirige-se à ela à passos largos e estende gentilmente sua mão.

–Ah! Desculpe-me! – fala enquanto segura as mãos da moça - Estava tão entretido vendo estas coisas tão lindas que...- interrompe o que dizia sem conseguir parar de devorá-la com seus olhos faiscantes - Eu me chamo Timóteo Rodriguez de Castilho, mas pode me chamar de Tito. - fala finalmente.

Mariana segura a mão que o jovem lhe estende e sente tudo girar ao seu redor e todo se corpo se arrepia.

“Cruzes! Que homem! É realmente muito bonito, mas senti uma áurea escura em torno dele. Tenho certeza que só com esse olhar ele teria o poder de me fazer cair aqui desmaiada, se eu não tivesse meus dons. Que devo fazer meu Deus?” – pensa a jovem assustada, tentando retirar sua mão da mão dele, pois ele ainda a segurava firmemente, parecendo não querer soltá-la.

Para a sua sorte neste exato momento entram as suas amigas do quartel Sandra, Sofia, Bertha, Inesita e Áurea Maria acompanhada como sempre de Freddy Contreras, o mensageiro da Ecomoda e assim com a distração do sujeito, ela rapidamente recolhe a sua mão.

Todos param de repente admirados com a presença daquele estranho.

As meninas quase perdem o fôlego e logo ficam eufóricas ao ver ali na recepção da empresa, aquele homem tão bonito e elegante. Só Freddy é que fica com raiva e enciumado ao ver como Áurea Maria o observa com interesse e entusiasmo.

As garotas do quartel mais que depressa correm para cumprimentá-lo, não querem perder tempo e anseiam segurar a mão daquele verdadeiro deus grego, como pensam olhando-o com interesse.

–Eu sou a Sandra. – fala a girafa solteirona, tentando avaliar se ele era mais alto que ela.

–Eu sou a Sofia. – diz a recém divorciada querendo esconder de si mesma o interesse que aquele belo homem lhe despertara.

–Eu sou a Bertha e infelizmente sou casada. – acrescenta suspirando e olhando-o com olhos gulosos.

–Eu sou a Áurea Maria. - fala a bonita loira toda eufórica esquecendo de seu pobre noivo, Freddy que seguia todo emburrado logo atrás dela.

–E eu sou o Freddy, o noivo da Áurea Maria. – adianta-se o mensageiro rapidamente, dando aquela importante informação aquele homem.

Tito cumprimenta a todos falando seu nome e pedindo que o chamem pelo apelido, mostrando seus lindos dentes de marfim, demonstrando simpatia e amizade por todos.

–E a senhora? Quem é? – pergunta curioso dirigindo-se a Inesita, que ficara atrás das meninas, meio encabulada. Tito se adianta estende-lhe a mão educadamente.

Inesita fica encantada com a atenção do moço e o cumprimenta.

–Eu sou Inesita, a auxiliar do estilista Hugo Lombardi. Muito prazer seu Tito.

–Não meninas, vamos deixar de cerimônia, eu serei apenas Tito para vocês. Concordam?

Todas as garotas do quartel batem palmas e sorriem encantadas e hipnotizadas por aquele par de olhos verde esmeralda e falam num uníssono:

–Sim, Tito, sim!

Só Freddy por motivos óbvios é que fica quieto segurando a Áurea Maria pelo braço, tentando impedi-la de se aproximar demais daquele tal de Tito.

Mariana observa todos os movimentos de Tito e mais uma vez, comprovando que seus sentidos estavam mais do que certos, pode notar o quanto a voz daquele rapaz soava forçada e falsa.

As garotas do quartel rodeavam o atraente visitante como se fossem abelhas rodeando o mel. Cada uma queria atrair a atenção dele mais do que a outra, ficavam falando de suas funções na empresa e perguntando o que poderiam fazer para ajudá-lo.

Mariana permanecia no seu canto, atrás do balcão da recepção quieta e atenta a tudo o que se passava ali. Seus sentidos lhe alertavam que aquele homem viria mudar muita coisa no destino dela e de suas amigas. Mas o pior que ela previa que talvez essa mudança fosse para o mal. Ela sentia isso com todas as forças do seu corpo e estremecia só de pensar.

Aquele homem tinha que ficar distante dela e de suas amigas. Sentira uma coisa estranha logo que aqueles faiscantes olhos verde esmeralda cruzaram com os seus.

Não sabia como explicar, mas sentira. Era raro ela se enganar. Intuitiva, sensitiva, leitora de cartas, adivinha, seja lá o que quer que fosse ela tinha um bom coração e gostava sempre de ajudar as pessoas, principalmente pessoas amigas.

E na Ecomoda, ela se sentia no meio de amigos. Depois da saída de Marcela Valência e de Patrícia Fernandes, as coisas haviam melhorado muito e considerava todos ali como se fizessem parte de sua família. Aliás a Ecomoda era mesmo sua família, pois Mariana era órfã e sozinha no mundo. Seu mundo era a empresa e os colegas de trabalho.

Ali era como se fosse a extensão de sua casa. E por isso não permitiria que quem quer que fosse estragasse a harmonia que ali sentia. Mesmo que esse alguém fosse lindo, elegante e com lindos olhos verdes esmeralda. Tudo isso era a casca que o envolvia e Mariana conseguia ir além desta bonita embalagem.

Ela conseguia ver, não sabe como, o íntimo, o que ia dentro das pessoas. Esse dom a acompanhava desde a infância pobre no pequeno orfanato da cidade.

“Tenho que alertar as minhas amigas! Puxa vida! Como é que vou conseguir falar de minhas suspeitas? Se esse cara não fosse assim tão bonito, tão elegante, tão educado e se seu sorriso não fosse assim tão cativante seria fácil, mas com todos esses atributos vai ser difícil convencê-las! E olhe que ele até conquistou a Inesita a mais sensata do grupo!”- reflete a moça preocupada, enquanto continua observando todos os gestos que Tito faz e tudo o que sai da sua boca. E que boca! Linda, com aqueles dentes tão branquinhos!”- continua silenciosa analisando-o.

De repente fica imóvel e novamente arrepiada ao ver que ele num movimento brusco se vira e a encara com aqueles olhos verdes esmeralda lindos, faiscantes e penetrantes, querendo analisar até o vai mais fundo de sua alma.

Mariana fica congelada!

“Que moça estranha? Foi a única, além do mensageiro da empresa que parece que não simpatizou comigo. – reflete Tito enquanto a encara com interesse. Ela é linda! Nunca tive uma namorada negra. Quem sabe consigo conquistá-la com o meu incrível charme?”

Com um sorriso “colgate” nos lábios Tito deixa as meninas do quartel, se aproxima do balcão da recepção e intempestivamente pega as mãos de Mariana e as beija como se fosse um cavalheiro beijando a mão da sua rainha.

Mariana se arrepia ainda mais e sem saber que atitude tomar fica paralisada, olhando para aqueles olhos verdes esmeralda, que parecem querer hipnotizá-la.

As garotas do quartel ficam surpresas e um pouco desapontadas. No fundo elas queriam esta atenção exclusiva que ele dava a Mariana.

Mil pensamentos povoam a mente de Tito e da recepcionista. Pensamentos bem contraditórios.

Eram dois polos. O bem e o mal se encontrando. Seria uma luta árdua onde só um venceria.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.



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