Abrindo os Olhos de Mário Calderón escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, estou postando um novo capítulo da fanfic. Espero que gostem e se possível comentem.



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No domingo Mario acordou cedo e bem disposto.

Ainda deitado, na cama começa a programar mentalmente o que teria que fazer durante aquele dia.

Havia tanto a fazer!

Mas o mais urgente seria ir até a concessionária de veículos de um amigo seu, que sempre abria aos domingos.

Queria deixar lá o seu porsche vermelho conversível e trocar por outro veículo maior onde caberiam de seis a sete pessoas.

Esta ideia, rondava a sua mente, já há vários dias.

Pensava em um carro maior onde pudesse levar com conforto, as pessoas que passaram a ser muito importantes em sua vida.

“Hum! Onde está o cartão da concessionária? Onde será que coloquei? Tenho certeza que o coloquei aqui. - se pergunta Mario sentando-se na cama e pegando sua carteira que estava sobre o criado mudo e revirando-a de ponta cabeça, procurando o cartão que o amigo havia lhe dado há quase um ano atrás, quando havia comprado o porsche vermelho. - Ah! Finalmente aqui está!” – vibra ele agora com o cartão nas mãos.

Levanta-se rapidamente da cama e vai a suíte tomar uma boa ducha.

Passados vários minutos, já pronto, Mario pega o cartão, a carteira e as chaves de seu carro e assobiando sai do seu apartamento.

Está confiante e muito animado.

Quando chega à portaria cumprimenta o porteiro.

–Bom dia seu Wagner! – fala educadamente.

–Bom dia seu Mario! – responde o porteiro- Acordou com as galinhas hoje? – acrescenta o atrevido.

Mario balança a cabeça ao escutar o que ele havia lhe dito, ia responder à altura mas estava tão feliz que nenhum comentário desaforado como esse, iria tirar o seu bom humor.

–Acordei sim seu Wagner. - responde apenas, saindo em direção a garagem deixando o porteiro com cara de paisagem.

“Hum, esse seu Wagner não tem jeito mesmo! Mas fazer o quê? Eu já desisti! Se ele é assim que continue assim.” – pensa sorrindo entrando em seu porsche vermelho.

Quatro horas depois Mario volta, todo satisfeito.

Havia feito um bom negócio.

Seu amigo ficara muito contente ao revê-lo e mais satisfeito por saber que ambos fariam um bom negócio.

Tudo ocorreu como Mario previra, trocara o seu porsche conversível onde cabiam apenas duas pessoas, por um carro bem maior, um Citroen Grand Picasso, onde caberiam confortavelmente sete pessoas.

Era um carro grande, confortável e ao mesmo tempo luxuoso.

Tinha ar condicionado, direção hidráulica e até mesinha retrátil para as crianças colocarem seus brinquedos ou livros.

Mario escolheu o carro a dedo e também da sua cor preferida, o azul. Precisamente, azul cobalto.

Estava tão feliz que continuava assim assobiando por todo o caminho de volta ao seu apartamento.

Já havia almoçado também.

Não havia comido nada de manhã.

A negociação abrira o seu apetite e de seu amigo.

Satisfeito com a transação ele o havia convidado para almoçarem num bom restaurante, o Maison de San Diego.

Mario pedira apenas uma saladinha e um frango grelhado. Algo bem leve pois havia abusado muito na noite anterior comendo os deliciosos quitutes que dona Edite prepara.

Após o almoço, se despede do amigo e entra no novo carro.

Pensa em chegar logo em casa e descansar um pouco.

Depois tomaria um banho e se aprontaria num instante.

Queria pegar seus amigos na zona norte bem cedo, pois o caminho até a zona sul era longo.

Mal podia esperar para ver a cara dos gêmeos ao verem seu novo carro!

“O que será que Felipe e Fabio falarão? Mal posso esperar pelos seus comentários! Eles são tão espertos e inteligentes! Sempre saem pérolas de suas boquinhas! Adoro ver os comentários que fazem! Muitas vezes tenho que me segurar para não explodir em risadas!” - com um sorriso nos lábios, segue pensando nos meninos de quem aprendera a gostar tanto.

Depois de estacionar o novo carro na garagem vai até a portaria falar com o porteiro.

–Olá seu Wagner! – cumprimenta-o – Quero lhe avisar que agora tenho outro veículo. É um carro maior, um Citroen, azul cobalto. Estou lhe falando pois se o senhor se deparar com este carro saiba que é meu e ficará estacionado na mesma vaga onde ficava o porsche.

–Nossa seu Mario! O senhor trocou o porsche? - pergunta-lhe o porteiro surpreso.

–Ah! Eu troquei sim, seu Wagner. Eu preciso agora de um carro maior. - explica-lhe.

Mario já vai se virando em direção ao elevador, quando seu Wagner lhe pergunta:

–Por que um carro maior? Agora que o senhor não vai mais a empresa pretende começar a fazer excursões?

Mario fica como sempre surpreso com os comentários atrevidos do porteiro e resolve agora lhe responder a altura:

–Pretendo sim. E a próxima será para a Ilha da Fantasia. O senhor quer ir? –pergunta-lhe Mario, só para ver até onde vai o seu atrevimento.

Seu Wagner fica surpreso e lhe responde:

–Nossa eu não sabia que existia realmente essa ilha, pensei que só fosse na série da TV.

–Não, existe sim. Por quê? – fala-lhe Mario tentando ficar sério - Eu parto hoje a tardezinha para essa excursão.

–Se eu não estivesse de plantão aqui no prédio, bem que eu iria. – responde o porteiro.

Mario balança a cabeça, não acreditando em como seu Wagner era tão ingênuo.

“Ah! Esse seu Wagner! Não posso crer! Atrevido e agora ingênuo! Mais uma qualidade se juntando ao seu vasto currículo!”– reflete sorrindo e balançando a cabeça enquanto sobe no elevador.

Na casa de dona Edite está uma agitação total!

A boa senhora resolveu trançar os seus pauzinhos!

Logo cedo chamou Nanda e os gêmeos para tomarem o café da manhã em sua casa.

Com a desculpa de combinarem os detalhes da festinha que todos iriam logo mais a tarde na companhia de seu Mario, a boa senhora comentou que era necessário levarem uma lembrancinha ao aniversariante, pois achava feio irem de mãos abanando.

Pediu com jeitinho ao seu Alfredo que comprasse uma lembrancinha, numa lojinha do bairro, próxima a sua residência e que levasse os garotos, para que o ajudassem a escolher.

Falou enfaticamente que poderiam se demorar escolhendo com calma algo que fosse do gosto dos três.

Assim que eles saíram Nanda percebeu de cara que a dona Edite queria ficar a sós com ela.

–Nanda – diz a boa senhora - tenho certeza que os garotos saberão escolher um presente bem legal. Eu e o Alfredo não temos muitas ideias. Hoje em dia os brinquedos estão tão modernos e diferentes. –continua ela com um certo constrangimento na voz.

Nanda, perspicaz como era, percebe logo.

– Tudo bem dona Edite. – começa a jovem - Mas não foi só por isso que a senhora nos chamou aqui. Tenho certeza que é algo mais.

Dona Edite por um momento fica meio sem jeito, coça a cabeça, mas corajosa com sempre despeja em palavras tudo o que sentia em seu velho coração:

–Nanda minha filha o que te deu ontem?

A moça fica surpresa.

–O que me deu? O que a senhora quer dizer com isso? – devolve-lhe Nanda com outra pergunta.

–Nanda eu e o Alfredo ficamos muito preocupados quando a vimos dar toda aquela atenção ao Tito. - fala-lhe francamente dona Edite.

–Mas dona Edite eu só estava conversando com ele! Nada mais! – diz a jovem surpresa com a evidente preocupação da amiga.

–Minha filha, depois de tudo o que Tito te fez passar! Você ainda conversa com ele? E fica rindo das coisas que ele diz? Não entendo...- reclama a boa senhora com indignação.

–Não se preocupe, dona Edite – fala Nanda tentando acalmar a amiga - Estava rindo do que ele me dizia, da viagem que fez a Europa. Dos micos que passou num país diferente. Das coisas estranhas que viu por lá. Só isso...

–Espero que seja só isso mesmo! – continua dona Edite, ainda descrente - E não fomos só nós que ficamos atentos a suas conversas com o Tito. O seu Mario não parava de olhá-los pela janela. O coitado até perdeu no joguinho com as crianças! Tamanha a distração, olhando você e o Tito conversando no portão e admirado pois você ria muito.

–O seu Mario? – pergunta Nanda surpresa - O que ele sabe de mim e do Tito? Alguém lhe contou algo?

Dona Edite fica sem graça. Não queria que ela soubesse que foi o seu marido, naquele dia em que levou seu Mario de táxi para casa, quem contou a ele , toda a vida da jovem, o acidente com seus pais, a sua cegueira e o término do noivado com o Tito. Não queria que Nanda pensasse que eram fofoqueiros.

–Devem ter sido os meninos que lhe contaram que foi noiva do Tito. - diz a boa senhora, tentando sair o melhor que podia daquela situação.

Fernanda pensa um pouco e considerando o que tinha ouvido dos garotos na noite anterior, acredita na amiga.

– E por falar nos meninos – começa Nanda- A senhora não acreditará o que ouvi ontem.

– O que foi que você ouviu? – já pergunta a boa senhora mostrando muito interesse.

– Ontem depois que li a história do livro que seu Mario presenteou os meninos, lembra-se ! “O soldadinho de Chumbo”?-pergunta-lhe Nanda.

Dona Edite concorda imediatamente.

– Lembro-me sim querida. O que foi que aconteceu então. –questiona curiosa.

– Bem dona Edite – continua Nanda – Assim que acabei de contar a história, sai do quarto, pois pensei que eles estivessem dormindo.

– E não estavam? – quer saber dona Edite.

– Não. Pois voltei alguns minutos depois para pegar a caixinha de música que havia esquecido no quarto deles.

– E então? – questiona a boa senhora, não se aguentando de ansiedade em saber o final do que ela estava lhe contando.

– E então – prossegue Nanda – Eu os peguei orando.

– Que gracinha! – fala dona Edite – E você escutou?

–Claro que sim! Eu fiquei sem jeito de entrar e interrompê-los e fiquei atrás da porta escutando tudo. – fala Nanda ainda se emocionando com o acontecido.

– Eu posso saber o que eles oravam? – pergunta a curiosa dona Edite.

– Claro que sim minha amiga, por isso é que estou te falando. – diz Nanda.

–Então conta logo minha filha! Pois já estou ficando impaciente- diz a boa senhora.

Fernanda acha engraçado o jeito da amiga. Desde que a conheceu sempre percebia que dona Edite gostava de se inteirar de tudo, não por maldade ou "xeretice" e sim com o intuito de ajudar as pessoas.

Por isso tinha toda a confiança do mundo nela e sentia que podia se abrir assim.

Dona Edite era e sempre seria uma verdadeira mãe para ela.

– Bem então como lhe dizia – continua a jovem - quando cheguei ao quarto escutei os meninos orando. E eles pediam ao Papai do Céu que cumprisse um desejo que ambos tinham em seus corações. – relata Nanda.

– Um desejo? Que desejo é esse minha filha?- pergunta a impaciente dona Edite.

– A senhora não vai acreditar! – continua Nanda- Eles pediram a Deus que fizesse o seu Mario se apaixonar por mim e que se casasse comigo! Vê se pode uma coisa dessas! - conclui Nanda.

Dona Edite fica muito emocionada e dá um imenso sorriso.

“Aqueles dois diabinhos! Enquanto eu estava indo com o fubá eles já vinham voltando com o angu. Que coisa! Eles pegaram tudo no ar. São muito espertinhos!” - reflete a boa senhora mantendo o imenso sorriso nos lábios.

–Dona Edite? O que foi? Por que a senhora ficou muda de repente?- pergunta Nanda.

Dona Edite, não querendo revelar o que estava pensando se faz de desentendida.

–Ah! Nanda eu apenas fiquei surpresa! Só isso! – explica-lhe a boa senhora – Nanda e o que você acha que provocou este desejo nos garotos? – pergunta-lhe como não quer nada e já querendo tudo.

– Ah! Dona Edite! Eu acho que foi a influência da história que li para eles. E também o fato deles gostarem muito do seu Mario. – fala Nanda.

– Eu não conheço essa história. Como ela é? – pergunta curiosa a boa senhora.

Nanda se remexe no sofá, ajeitando o corpo, tentando parecer o mais natural possível.

Aquilo tudo estava mexendo muito com ela!

Ainda mais que não queria que dona Edite ficasse com caraminholas na cabeça.

Queria que a boa senhora, assim como ela, não levasse a ideia dos meninos tão a sério, que levasse como uma brincadeira de duas crianças cheias de ilusões.

“Imagine! O seu Mario e eu? Nunca! Esses meninos com suas ideias mirabolantes! Só eles mesmos!” – reflete Nanda.

–Olha dona Edite eu vou resumir bem. - começa a jovem - A história se passa em uma loja de brinquedos, é sobre uma bailarina de uma caixinha de música que se apaixona por um soldadinho de chumbo, que tinha uma perna só. Eles são dois brinquedos. Imagine só! Dois brinquedos se apaixonando! – continua Nanda com um lindo sorriso nos lábios – E segundo os meninos eu, como sou cega, tenho também um defeito. E como sou bailarina eles associaram tudo. O seu Mario seria como o soldadinho de chumbo, o soldadinho que se apaixonaria por mim, a bailarina. Agora a senhora entende? Entende a cabecinha desses garotos?

Dona Edite fica emocionada.

Seus olhos se enchem de lágrimas.

“Como não amar esses dois pestinhas! Que sensibilidade meu Deus! Eles tentando unir as pessoas que mais amavam na vida: a Nanda e o querido amigo, o seu Mario! Que fofinhos! Muito espertos! Eles eram demais! Preciso parabenizá-los!” – pensa dona Edite enquanto enxuga as lágrimas que teimam em descer de seus olhos.

Mas não podia deixar que Nanda percebesse que tinha achado aquela ideia maravilhosa!

E que ela mesma já havia sonhado de olhos abertos com o casamento de Nanda e de seu Mario!

Nanda era muito arisca para os sentimentos do coração.

Havia ficado assim depois da decepção que tivera com o “manequim ambulante”.

Tinha que ter muito cuidado.

Não poderia dar uma só brechinha, pois poderia colocar o seu desejo e dos garotos por água abaixo. Teria que se fazer de desentendida. Até as coisas se acertarem

E a boa senhora tinha a plena convicção que Deus ouvira a prece de seus meninos e que logo, logo seus desejos seriam atendidos pelo Todo Poderoso.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.



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