New Year's Day! escrita por Jones, Samantha Silva, isa


Capítulo 3
Drunk - Gin & Harry


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Abbie aqui - é Harry e Gina, então era meio que óbvio sz - dizendo que a história tá cheia dos clichês e das coisas de sempre, mas foi feita com amor e carinho. Peço desculpas para quem não gosta muito de palavrões, sou só um pouquinho desbocada.
Eu quero desejar um feliz ano novo atrasada e agradecer as pessoas que me mandam mensagens, perguntas e acompanham minhas historinhas, vocês são legais e demais sz
Um beijo!

ps: como sempre, há uma música base, nesse caso foi Drunk - Ed Sheeran sz



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Odeio festas de fim de ano.

Por quê? Você pergunta. Eu posso te fazer uma lista detalhada com vários pontos e observações, porém, deixe-me resumir em um só motivo: filas de supermercado.

– A festa vai ser boa hein! - Algum metido a engraçadinho gritou após ver meu carrinho.

– Minha mão na sua cara também. - Sorri, mostrando meu dedo do meio.

Não há paciência para engraçadinhos. Nem para casais. Nem para pessoas sóbrias ou pessoas normais ou purês de batata. Se é que isso faz sentido.

A verdade é que eu quero ainda estar bêbada quando eu acordar, de preferência na cama de um cara alto e desconhecido, nem me importa se do lado direito ou esquerdo. Apesar de eu preferir o direito. Sabe do que estou cansada também (porque eu não gosto de continuidade)? De gente hipócrita. Eu seria uma daquelas mulherzinhas que descrevem o sorriso do cara se eu tivesse um, mas como eu não tenho um cara eu quero descrever o quarto de um estranho. E você sabe mais o que? Talvez eu não pague por essa cerveja que abri aqui no supermercado. Isso, sociedade, Gina Weasley, irmã do grande Ronald Weasley salvador da pátria e ex-namorada do cara que é responsável por haver paz no mundo bruxo não quer pagar a bebida trouxa dela. Sabe por quê? Porque ela é perigosa. Bêbada. Pronta para matar no dia 31 de dezembro, putas.

E aí quem me ouve dizendo isso me chama de vadia. Se eu fosse um cara, ninguém ia me chamar de vadia. Eu não tenho um motivo para querer estar bêbada e dormir com caras, eu tenho muitos. Um deles é o fato de eu estar saindo do time de quadribol, e é porque eu quero? Não. É porque é o que você faz quando te afastam. E me afastaram por eu ser ruim? Não. Afastaram-me porque minha imagem nos tabloides bruxos é prejudicial para o time. Como se eu fosse algum tipo de maníaca que rouba lojas e bate no carro sob efeitos de poções alucinógenas. E ok, talvez eu seja.

Tudo bem que eu queria ser do tipo que não paga a bebida. Mas eu vou pagar. Até porque estou nessa fila há dois séculos.

Outro motivo é que eu terminei com o meu namorado. Há dois meses. Por quê? Porque ele é um filho da mãe de um traidor, quer dizer, ele é órfão, mas eu não estou com pena dele. A gente passa dois anos com o cara – três na verdade, se você contar o ano que ele terminou comigo para perseguir supervilões – e ele faz esse tipo de coisa com a gente.

O que eu farei? Ficarei alcoolizada novamente.

Quando eu cheguei ao apartamento onde me instalei provisoriamente na cidade de Londres, eu tinha algumas cartas e um berrador. Os trouxas tem um artefato interessante que por algum tipo de magia fascinante faz a voz viajar por uns fios instantaneamente, vou comprar um desses para quem ainda me manda cartas em pleno século 21.

Voltando as cartas, uma era da minha mãe dizendo:

“Gina, quando você vai parar com essa infantilidade?

Estamos preocupados com você, volte pra casa."

Sempre doce a Sra. Weasley. Nunca falha como mãe, principalmente ao ficar ao lado do incrível Harry Potter quando terminamos.

As outras cinco cartas – ou bilhetes – e o berrador eram de Harry.

Então talvez eu tenha que explicar o que aconteceu: tudo começou quando Harry tinha um emprego impressionante onde ele era exaltado, amado e promovido e eu não queria me gabar (mas é sempre o que acontece após a vírgula), mas eu era a melhor jogadora do time e talvez da liga inteira. Profissionalmente, não poderíamos estar melhor. Acontece que começamos a não nos ver nunca e a gente tinha esse tanto de fotógrafos nos seguindo e todos aqueles rumores de traição cada vez que alguém do sexo oposto - ou do mesmo sexo, como o caso Linda Gynesfield, minha colega de time lésbica com a qual me ligaram romanticamente - saia perto em uma fotografia. Acontece que quando deixou de ser rumor, a situação ficou mais grave... Até hoje eu não sei explicar o que houve, mas saiu na capa d'O Profeta Diário uma foto do Harry beijando uma pessoa que eu nunca vi na vida. Eu não via o cara há mais de um mês, nós mal nos falávamos e então eu vi aquela foto e surtei. Saí transtornada e bêbada com um carro trouxa na Holanda e bati em um poste, por pouco não acertei uma moça grávida. Me fizeram assoprar em algo e eu fui para uma daquelas celas que pessoas que claramente nunca passaram por Azkaban chamam de prisão. Isso me fez perder a final do campeonato e eu meio que culpei Harry Potter, o rapaz que nunca conseguiu explicar a capa do jornal e desde então me manda mil coisas que eu não leio por dia.

Nesse caso, o que não me matou, nunca me fez nem um pouco mais forte.

Na verdade, quando eu fecho os olhos, eu penso naquela moça abraçando a barriga enquanto eu fazia o volante girar em direção oposta. Eu me lembro do desespero de seus olhos castanhos, dos lábios em formato de ‘O’, do meu próprio grito e do gosto salgado e desesperado das minhas lágrimas.

Para piorar, eu passei de melhor jogadora para a rainha do escândalo. As pessoas começaram a me perseguir com mais frequência, eu era a mulher que quase destruiu uma família e fez papel de maluca, porque provavelmente eu sou e é o que torna as coisas piores. Eles mal sabiam que eu era a pessoa que mais me culpava no mundo, a pessoa que mais me odiava no mundo e a pessoa que achava menos justo ter apenas pagado uma quantia em dinheiro trouxa e passado algumas horas atrás de uma cela. Eu não precisava de mais gente me dizendo que eu era uma pessoa terrível. Eu sei que eu sou.

Então talvez eu fique bêbada de novo. Mas dessa vez eu escondi as chaves do carro. Nenhuma piada tem graça, por mais que eu tente tirar o melhor disso. Não tem melhor.

Eu achei que era depressivo demais até pra mim, beber sozinha no ano novo (depois de beber algumas latas de cerveja amarga trouxa)... Não que seja uma data importante de qualquer maneira, é apenas a virada do ano, não queria dizer que do dia 31 para o dia 1 todos os meus problemas se resolveriam magicamente. Mas voltando ao depressivo, resolvi que iria a alguma festa de solteiros trouxas desesperados de ano novo. Lá eu encontraria o cara dos meus sonhos, meus sonhos de acordar do lado certo da cama errada.

Me olhei no espelho e tive vontade de chorar.

Eu costumava ser bonita. “O amor vai estragar sua maquiagem” repeti para mim mesma, enquanto tentava cobrir as olheiras do rosto... Hermione sabe um feitiço para isso. Sabe o que Hermione sabe também? Como conseguir um vira-tempo. Ela deveria ter arranjado um para mim quando eu pedi.

Lembrei-me de Harry dizendo que odiava quando eu passava batom, porque quando ele me beijava o rosto dele ficava grudento e todo sujo. Eu sempre dizia que era frescura até o dia que resolvi usar um batom vermelho e ele parecia um palhaço quando o soltei... Ele sempre me dizia que eu era linda com ou sem batom, com os cabelos bagunçados ou não, vestida ou despida. É apenas incrível como ele ainda me faz sorrir.

Ou talvez eu esteja bêbada.

Por isso passei batom, bem vermelho, e vesti aquele vestido branco que usei na nossa festa de noivado. Alguns chamariam de superação – eu também caso me perguntassem – mas nesse episódio é recalque mesmo.

A verdade é que eu apenas segui os meus vizinhos trouxas que disseram que estavam indo a uma festa “super quente” que ia ter “todas as pessoas que são alguém em Londres” e que iria “bombar” e que eu ia “me amarrar”, que ia “desamarrar essa minha cara” e que eu ia “curtir pra caramba”.

Eu não entendi nada que disseram, mas eu não ia perguntar.

O que aconteceu no fim das contas é que eu nunca vi tanto bronzeamento artificial (uma magia trouxa que te faz adquirir um tom nada saudável de laranja) , bebida de gosto terrível, objetos quebrados, pessoas gritando e danças visualmente ofensivas juntos. Era tudo meio que preguiçoso. Mas tinham pessoas muito famosas, a festa era VIP – como me disseram – e eu realmente reconheci uma moça de um outdoor.

Mas eu não pertencia a aquele lugar, então eu apenas me sentei no canto, com os dedos nas têmporas desejando estar sóbria até começar a cantarolar de olhos fechados todas as músicas que me lembravam do idiota Harry Potter.

Agora, eu preciso dizer que os trouxas tem costumes estranhos, como o de deixar qualquer estranho entrar na festa “VIP” sem convite, caso do cara de branco e óculos de grau que se sentou ao meu lado.

– Eu não sabia que frequentava festas trouxas. – Disse a ele, sem olhá-lo.
– Quanto tempo. – Ele disse apenas, naquele tom de tristeza disfarçado com mágoa e sarcasmo que somente ele sabia reproduzir.
– Você colocou algum tipo de rastreador em mim? – Levei minhas unhas à boca.
– Você não sente minha falta? – Ele me perguntou, me impedindo de roer as unhas.
– Você andou bebendo? – Perguntei genuinamente surpresa.
– É ano novo. – Ele encolheu os ombros. – Acho que é o que as pessoas normais fazem, é o que você está fazendo.
– O que você está fazendo aqui?
– Não é óbvio? – Ele sorriu e eu juro que eu talvez tenha morrido por uma fração de segundo. – Eu vim atrás de você.
– Por quê? A gente meio que combinou que não iríamos nos ver.
– Você disse que a gente não se veria. – Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e se eu tivesse algum tipo de autocontrole eu teria tirado a mão dele no meio do caminho. Mas eu sou uma humana fraca. – E eu acho que já chega.
– Eu não acho que vale a pena te explicar toda a história de novo, de capas de jornais a carros em postes. – Apertei os lábios. – Por que você é tão babaca?
– É algo relativo, na verdade. Há meses você não pensava em mim como um babaca. – Ele encolheu os ombros. Isso me irritou.
– Há meses você não tinha saído na capa de um jornal beijando outra pessoa. – Eu o acusei.
– Você nunca nem quis me ouvir! – Ele reclamou, me aprisionando na parede com os braços. – Se você tivesse me escutado saberia que ela de fato me beijou e por mais que pareça que eu correspondi, não foi o caso, porque eu persegui a porra de um sádico por um ano pensando em você, na sua segurança, nos seus lábios e em todo o futuro que eu queria ter com você. Eu não ia e não vou aliás, deixar de ter esse futuro por causa de uma estranha qualquer. Mesmo você achando que eu sou um babaca por algo que eu não fiz.
– Eu te acho um babaca por algo que eu fiz. Será que você entende? – Eu tentei me desviar dos braços dele, segurando nas paredes e móveis a minha volta. – Eu te acho um babaca porque você vai com a minha cara mesmo eu sendo uma idiota que viu uma foto, ficou louca de ciúmes e encheu a cara. Eu te acho um babaca por não ter conseguido explicar direito a capa daquele jornal até agora, e aí eu me culpo e te culpo e culpo os fabricantes das bebidas e me culpo de novo. Eu te acho um babaca por me mandar milhares de cartas por dia e me perseguir em festas de trouxas estranhos mesmo sabendo que eu sou um monstro.
– Você não é um monstro... E não foi culpa de ninguém...
– Foi! Foi sim! – Eu me exasperei. – Foi minha culpa porque eu sabia que estava errada, todo mundo sabe que é errado. Eu sabia, eu sabia.

E então eu comecei a chorar e a empurrá-lo enquanto ele tentava me abraçar, até eu me acalmar e deixa-lo envolver minha cintura com os braços, talvez eu tenha soluçado por um bom tempo enquanto ele fazia carinho nos meus cabelos.

– Eu me culpo por muita coisa, sabia? – Ele me disse brandamente. – Desde as mortes de completos desconhecidos a mortes dos meus amigos.
– Não foram sua culpa. – Falei, prendendo meu olhar aos olhos verdes dele pela primeira vez na noite.
– Talvez. – Ele sorriu, o que não fazia sentido pelo tom da conversa, mas ele sorriu e acariciou meu rosto. – Mas o sentimento fica, já que a gente começa a pensar no que poderia ter sido feito de diferente. Eu não me vejo como um herói, na verdade, qualquer um teria feito o que eu fiz, e às vezes eu acho que melhor. Eu tive ajuda, porque foi sobre isso que se tratou toda minha vida: ajuda dos meus amigos. Eu fiz o que eu fiz pensando nos sacrifícios dos meus pais, depois nas pessoas que eu gostava, depois nos meus amigos e enfim em você. O destino me taxou de “O Escolhido” porque eu realmente fui.
– Não tô entendo o porquê desse negócio de destino, escolhido e culpa nesse momento. – Confessei, mesmo me achando sensacional por ser alguém importante no mundo do meu ex-namorado(noivo) e deixando a bebida falar por mim.
– O que eu quero dizer, Gin, é que foi um acidente. Um negócio do destino. – Ele beijou a ponta do meu nariz. – Como toda a minha vida e como a vida de todo mundo, o que a gente faz com o destino? A gente o muda, o transforma e o adequa de acordo com as nossas atitudes. E então a gente aprende com os erros e algumas culpas a gente nunca abandona porque estamos condicionados a viver com elas para nos sentirmos melhor de alguma maneira, para sermos capaz de nos perdoarmos.

Harry sorriu e segurou meu rosto. E eu sorri genuinamente pela primeira vez, porque eu sabia que eu tinha algum tipo de problema mental, por isso estávamos separados e ele acabaria com aquilo tudo dizendo que me amava e me dando um beijo daqueles pelos quais se vale a pena esperar.

– Cara, eu realmente fico mais inteligente bêbado. – Ele riu e me apertou forte em um abraço cheio de saudades. E eu fiquei sem respirar, talvez pela proximidade, talvez porque os braços dele estavam realmente mais fortes do que o necessário.

Nós olhamos para o relógio, dois minutos para a meia noite.

– Alguma coisa para ser dita ainda nesse ano? – Ele me perguntou, com aquele sorriso bobo no rosto. – Algo como “Harry, você é um bonitão, vamos nunca nos separar?”.
– Vou tentar algo como: Harry, você é um cara legal, vamos nos casar? – Tirei o anel do cordão e coloquei no dedo. Demorou um pouco, porque não estou acostumada a fazer coisas sem varinha.
– Gina, você poderia sorrir mais, mas por que não? – Ele riu e completou: - Como você me pediu em casamento dessa vez, eu acho que eu deveria estar com o anel... E como da ultima vez eu fiz um estardalhaço e te levei pra jantar, você me deve uma refeição.
– Cala a boca. – Falei, girando os olhos. – Me desculpe.
– Me desculpe. – Ele repetiu.

Dez.

– Eu te amo, Gin.

Nove.

– Eu te amo, Harry.

Oito.

– Eu odeio capas de jornal.

Sete.

– Compartilhamos desse sentimento.

Seis.

– Casa na cidade ou subúrbio?

Cinco.

– Subúrbio. Espaço para a criança brincar.

Quatro.

– Crianças, você quis dizer.

Três.

– Mais que uma é exagero, Harry.

Dois.

– Você é um exagero de linda. Mesmo com esse batom grudento.

Um.

Nos beijamos.

E esse ano as coisas seriam diferentes, porque – e por mais clichê que essa frase seja, depois do que o Harry falou, é o que cabe – eu estou no controle do meu destino.

E eu acordei na cama de um cara. Mas foi do lado errado da cama certa.

Eu disse que eu prefiro o direito.

Esse ano será diferente. Será melhor!


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