New Year's Day! escrita por Jones, Samantha Silva, isa


Capítulo 1
E agora? - Ronald & Hermione


Notas iniciais do capítulo

Olá! Samantha aqui... Vocês leitoras da Lu e da Abbie não me conhecem, mas se vale de nota, nós nos conhecemos há uns bons anos, quando eu postava minhas coisinhas no orkut. Sou nova aqui no nyah e fiquei feliz quando as duas me convidaram para participar disso daqui.
Não é das melhores coisas que já escrevi, mas foi feito com muito carinho - e transpiração haha.
Que 2014 seja um ano de conquistas e realizações para todas. ;*



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É noite de ano novo e eu realmente gostaria que outras coisas além do ano fossem novas. Coisas como minha vida e eu.

Não havendo como começar do zero... Bom, faz pouco mais de uma semana que tentei colocar um fim nessas coisas – sim, minha vida e eu.

Falhei. O que não devia ter sido surpresa, considerando a sucessão de fracassos na vida, até tempo atrás, perfeita de Hermione Granger: a melhor filha e aluna, com um futuro promissor.

Graças a minha tentativa de encerrar o ciclo, o clima esta noite não é dos melhores aqui em casa. Meus pais estão tentando parecer bobamente felizes como em todos os outros anos, mas dessa vez a bebida não surtiu o efeito esperado, eles parecem anestesiados, é cansativo ver.

Os convidados – uma bando de vizinhos e parentes chatos -, estão deixando tudo meio teatral, querem falar sobre mim, mas não podem, então, ficam fazendo a melhor expressão de pena que conseguem, quando querem é me dar umas boas palmadas, e minha vontade é vomitar em todos.

Na verdade, estou sendo injusta, pois um dos convidados se salva na questão da falsidade e de todo o aspecto geral das coisas, só não na chatice, vale ressaltar. Ronald Weasley para todos, apenas Ron para mim. Meu melhor amigo.

Tudo bem que “melhor” não se aplica quando se tem apenas um. Ele sempre fora o único e agora já não sei mais nem se o tenho, aparentemente ele parece ter entrado para o clube “Desprezamos Hermione”, o que é bem compreensível tratando-se de um clube tão popular e com alto índice de crescimento depois da semana passada.

A verdade é que Ron foi o mais atingido pelo o que fiz, depois dos meus pais. E olha que se os cito é por considerar a lógica natural do universo, porque não tenho tanta certeza se eles sofreram tanto assim e, acredite, a probabilidade de estar sendo injusta dói tanto quanto a de estar certa. Uma filha não deveria ter por que ter esse tipo de dúvida, mas caso eu seja apenas uma maluca querendo atenção como dizem por aí, minhas dúvidas são infundadas mesmo e devo superá-las.

Estou sentada a mesa da cozinha e de onde estou, quando não tem ninguém passando na minha frente, consigo ver Ron no sofá da sala com os olhos vidrados na televisão e percebo mais uma vez, como acontece desde que ele entrou na minha vida, que ele é a única coisa que ainda vale a pena. E, embora entenda seu desprezo, não posso evitar sofrer por isso.

Não preciso ir muito fundo na minha consciência para perceber que esperei que ele viesse correndo para me socorrer quando tomei aqueles comprimidos, que fizesse questão de ser o primeiro a quem eu visse quando abrisse os olhos naquela cama de hospital, que estivesse me esperando em meu quarto quando voltasse para casa, mas nada disso aconteceu. Meus pais disseram que contaram para ele por telefone e que depois ele nunca ligou para saber notícias, nem foi me ver.

Não sei dizer exatamente como me sinto em relação a isso, porque não é só dor e não há mágoa. Sei apenas que prefiro sua raiva contida a evidente e falsa compaixão de outros.

De qualquer forma, o sofrimento é inevitável. Sem ele as coisas ficam bem mais difíceis. Sinto falta de como as coisas funcionavam entre nós: ele sendo bobo e me irritando e eu sendo a sabichona sempre esfregando sua estupidez na cara dele. Nunca foi por mal, era nosso jeito de dizer “Hei, você é chato, mas te amo mesmo assim.”. Porque essa é a verdade, nós somos insuportáveis.

De tão distraída em meus pensamentos, me assusto quando percebo que Ron me encara e faz tanto tempo que ele não olha para mim, que por um instante perdi o fôlego.

Sei que devo afastar o olhar, mas não consigo. Sei também que ele não esperava ser flagrado, mas agora que foi também não vai se virar. E ficamos assim por segundos que parecem eternidades, até que sua mãe o chama e não pode evitar olhar para ela.

Com medo de que ele terminasse o assunto com a mãe e voltasse a olhar para mim, saio o mais rápido que o mínimo de sutileza permiti.

A rua está vazia, mas nada silenciosa, pois o barulho que vem de dentro de casa deve alastrar-se por todo o bairro.

Sento-me na guia da calçada do outro lado da rua, ficando de frente para minha casa. É um imóvel bonito e grande, o tipo que recebe todos nas datas festivas, coisa que meus pais sempre apreciaram e fizeram questão.

Ron não é do bairro, o conheci na escola, ele é bolsista. Nunca fora de muitos amigos, porque ninguém daquela escola ridícula dava bola para alguém que vai para a escola de transporte público, e como eu também nunca fui de ser rodeada de amigos, quando ele entrou na sala de aula, com o uniforme amarelado (que depois descobri ter sido doação de ex-aluno), uma mochila surrada e um sorriso exagerado de quem queria mesmo era chorar, soube que seríamos amigos, eu porque não gostava de ninguém ali e ele porque não teria outra opção.

Já éramos grandinhos o suficiente para saber que geralmente menino não é amigo de menina e sofremos por caçoarem da gente por causa disso. Isso depois que ele mesmo desistiu de se fazer de machinho e se rendeu a minha persuasão.

Nunca sentimos nada de romântico um pelo outro, mesmo tendo a mesma idade, ele sempre me pareceu um irmão mais novo e o curioso é que sei que ele se sentia da mesma forma em relação a mim. Uma mistura de querer sempre proteger com um prazer inexplicável em bagunçar o cabelo do outro.

Só que isso mudou, não me lembro de exatamente quando. É como se um dia tivesse acordado e decidido que Ron era lindo e o provável homem da minha vida.

E algo mudou para ele também, porque nos tocarmos e olharmos diretamente nos olhos, de repente, tornou-se extremamente constrangedor, até o momento em que deixamos de fazer isso.

Não foi o fim da nossa amizade e, sim, o começo de algo ainda não definido por mim. É como se dividíssemos um segredo, mas ao mesmo tempo não pudéssemos contar um ao outro.

Quando comecei a planejar a minha morte, na lista de prós e contras, o único contra era ele e, bem, talvez isso seja definição suficiente.

E mais uma vez distraída, quando o primeiro estouro de fogos de artificio ganha o ar, meu coração dispara. Logo outros estouros se seguem e quando olho um pouco para cima, vejo todos na cobertura de casa, admirando os fogos que meu pai pediu para os empregados alinhar na extremidade descoberta e que agora estouram me deixando surda e irritada.

Algumas pessoas se abraçam, provavelmente já estamos em 2014. Fico olhando para eles, desejando ser mais social e menos Hermione e, então, por cima dos estouros, uma voz se destaca.

– Acho que algumas pessoas lá dentro querem te desejar um bom ano.

É Ron, parado a poucos metros de mim, no meio da rua. O vento bagunça seu cabelo e após a segunda tentativa ele desiste de ajeitá-lo. Está vestindo calça social presta e camisa branca e começo achar minha escolha rebelde de jeans e camiseta um tanto deslocada. Meus pais faziam questão do traje formal, eu não. De braços cruzados e balançando-se sobre os pés, ele me encara. Só percebo que espera que eu diga algo, alguns segundos constrangedores depois.

– Bom ano? – Não tenho muito que dizer, só sei que deve ser uma pergunta, pois terá que responder e ouvir sua voz direcionada a mim é tudo que posso desejar para começar o novo ano.

– Quer dizer, considerando os últimos eventos, acho que apenas um ano já uma boa coisa, seja ele bom ou não.

Tento ler sua expressão ao dizer aquilo, mas ela permanece neutra. Fora uma piada? Porque não teve graça nenhuma. Sinto meus olhos arderem e desejo ter o poder de sumir dali em um piscar de olhos. Sei que não devo esperar palavras de carinho ou apenas triviais, mas dói, de qualquer forma.

– Desculpe, acho que suicidas não tem senso de humor, não é? Acho que engraçado para vocês só a cara dos babacas que se preocupam com vocês, certo?

E agora ele está me caçoando, é isso mesmo? Algo cobre seu olhar, mas ele aperta os olhos e logo a expressão suaviza-se.

– Na verdade, é você que nunca foi muito engraçado mesmo, você sabe. Todos sempre riem de você e não com você.

Espero que alguém um dia consiga explicar por que temos o hábito de sermos cruel com quem amamos quando nos sentimos vulneráveis. Superar a risada dos outros foi uma das coisas mais difíceis para Ron e agora eu trazia esse fantasma de volta, sem dó nem piedade. Foi injusto, mas atacar sempre fora minha melhor defesa.

Finalmente vejo sua expressão mudar e isso não me deixa nada feliz. Os olhos que olham na minha direção, mas não para mim, fitam o asfalto como se esperasse que algo o tirasse dali.

– E agora você vai me tratar como se eu tivesse empurrado aqueles comprimidos pela sua goela, é isso?

– Nada muito diferente da forma como você vem me tratando – algo dentro de mim explode e quero jogar as palavras e sentimentos entalados na cara dele. – Como se lamentasse o fracasso da minha tentativa.

Ele soluça, ou pelo menos é isso que parece, e me olha com raiva.

– Não diga asneiras, Hermione! Pelo amor de Deus! Você acha mesmo que desejei ou desejo a sua morte? – Ele se aproxima e ajoelha-se frente a mim, próximo demais. – A sua raiva do mundo não te dá o direito de ser injusta comigo, nem de tratar tudo que vivemos como se não fosse nada. Não seja ridícula a essa ponto. Nós dois...

Enquanto ele fala vou me dando conta de que não é raiva naquele olhar, é dor.

Sinto que estou prestes a chorar, mas olho para casa e vejo algumas pessoas olhando diretamente para nós dois, então, me dou conta de que os estouros cessaram e que talvez Ron esteja falando um pouco alto demais.

– Me tira daqui – peço o interrompendo.

– O que?

– Quero conversar com você, mas aqui não dá. – Explico apontando para casa com o olhar.

Ron olha para trás e entende o que quero dizer. Levantamos ao mesmo tempo e o sigo, enquanto ele caminha para algum outro lugar. Pensei que ele voltaria para minha casa e procuraria um cômodo vazio, mas passa direto por ela.

– Onde está indo? – pergunto.

– Só me segue.

Ele sempre andara rápido, mas isso é uma característica que temos em comum, então, nenhum dos dois costumava ficar para trás, mas naquele momento Ron fez questão de acelerar os passos, mais do que o habitual.

O sigo por duas ou três quadras quando, de repente, ele para no meio da rua.

– Diga o que tem para me dizer.

Ele cruza os braços e me encara. Os cabelos que os cobrem e a escuridão não me permitem ver seus olhos e é difícil compreender o que o motiva no momento. Será que a raiva amenizara e ele me ouviria disposto a entender minhas razões ou ainda gritaria comigo?

– Aqui no meio da rua? Alguém pode aparecer e... e está escuro.

Sou capaz de jurar que por um milésimo de segundo Ron curvou os lábios em um meio sorriso. O que tinha sido engraçado? Suas próximas palavras me respondem.

– Estão todos na sua casa e você já é grandinha demais para ter medo do escuro.

Seu corpo permanece em defensiva, mas as palavras me atacam com a velha sutileza de uma piada interna, daquelas que vão ter sempre graça mesmo depois de anos e que nos faz rir sem que outros ao redor entendam alguma coisa. Neste caso em questão, é simples: há alguns anos Ron descobriu que ainda durmo com a luz acesa, pois tenho medo das coisas que não posso ver no escuro e do que elas podem fazer comigo, então, ele nunca mais me deixou em paz.

– Como se você não tivesse medo de nada. – Tento lembrar algum medo dele para lhe jogar na cara, mas nenhum me vem à mente.

– É o que eu achava até outro dia.

Sua voz está baixa, como se não dissesse aquilo para mim. Ele descruza os braços e me dá as costas, caminhando em círculos com passos incertos, nitidamente sem saber o que fazer. O que o abalara tanto, de repente?

– Ron, eu sei que pisei na bola, que não devia ter feito o que fiz e que...

Não tenho tempo para concluir minhas explicações, pois Ron gira sob o calcanhar e vem em minha direção com passos firmes, as palavras ásperas cortando o silêncio.

– Pisou na bola? Você tenta se matar e me diz que pisou na bola? – logo ele está a centímetros de mim e seu hálito levemente alcoólico me atinge como veneno, algo em mim está doendo. – Eu pisei na bola quando quebrei seu abajur por causa do seu medo do escuro, você pisou na bola quando contou para Juliana que eu gostava dela no primeiro ano. Mas o que você fez comigo agora não foi pisar na bola, Hermione. Você me fodeu! Me fodeu, porque é uma garota mimada e egoísta como todas as piranhas daquele colégio!

Ele grita e eu não consigo desviar o olhar do dele, estou assustada demais até para respirar, meu coração bate forte no peito e minhas pernas parecem de papel. Sinto as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mas isso não parece comovê-lo, ele continua gritando e em algum momento paro de prestar atenção nas palavras, estou concentrada em seu rosto, tentando ler o que sempre fora tão legível, mas agora não. Então, reparo que uma lágrima está brotando no canto de um dos seus olhos e as palavras, agora menos gritantes, voltam a ter sentido.

– Você não tinha esse direito! Não podia ter feito isso comigo, com seus pais e com todos que se importam com você. Não pode ser tão egoísta.

– Pare de me chamar de egoísta, droga! – Foi inevitável explodir. – Por que devo pensar em todos e não em mim? Sou eu que estou com problemas, é a minha vida que é uma merda e sou eu que sei das minhas aflições.

Percebo que consegui fazê-lo considerar meus argumentos, mas antes que pudesse aproveitar a oportunidade e explicar tudo, ele coloca as mãos no meu rosto e seca minhas lágrimas.

– Você tinha que ter conversado comigo – seu tom de voz é carinhoso, como se quisesse arduamente compensar a gritaria de segundos atrás. – Eu teria te convencido a desistir dessa ideia maluca.

– E é por isso que não falei nada. Eu estava decidida e suas palavras só me fariam sofrer mais. – Levo minhas mãos ao seu cabelo e o tiro do rosto. – Te deixar era a pior parte.

– Então pode imaginar como me senti quando pensei que fosse perder você. – Suas mãos ainda seguram meu rosto e as sinto esquentar sob minha pele, é bom. – Tive tanto medo.

Inúmeras coisas que gostaria de dizer passam pela minha cabeça, mas no momento tudo que quero fazer é abraça-lo.

Sua provável reação ao meu abraço me assusta, mas estou errada. Assim que jogo meus braços ao redor do seu pescoço, ele enrosca os seus na minha cintura e me aperta de encontro ao seu corpo como se não pretendesse me largar.

– Me desculpa, Ron. Por favor, me desculpa.

Afasto-me do abraço e, assim como ele há pouco tempo, começo a zanzar pela rua, sem saber ao certo o que fazer, enquanto explico, tarde demais, ao meu amigo, porque era preciso deixa-lo para trás.

– Eu não sabia mais o que fazer, meus pais estão me pressionando com o lance da universidade e você sabe que não tenho vocação para medicina, eles ficam falando das minhas excelentes notas para todo mundo, da minha aceitação nas melhores universidades, me expondo como seu eu fosse um troféu e isso me mata, porque eles nunca pararam para perguntar o que eu queria fazer com a minha vida. E o pior de tudo é que eu não sei se teria uma resposta, provavelmente não. Qual o sentido nisso? Como posso decidir o rumo da minha vida aos dezoito anos? De que serve todo esse dinheiro dos meus pais se vou ser refém dele para sempre?

– Não precisa ser assim.

– Como não? Você conhece meus pais, Ron. Sabe que eles não toleram coisas fora de ordem e é isso que eu serei na vida deles se os enfrentar, a bagunça que precisa ser organizada. Eles sempre vão arrumar um jeito de me controlar.

– Eu os conheço e conheço você ainda mais. Eles nunca se colocaram entre nossa amizade e sabem que sou pobre e de uma família sem relevância social nenhuma, mas aqui estamos nós, amigos há anos, minha família na sua casa esta noite, provavelmente jantando na mesma mesa que seus pais e os amigos metidos a besta deles, então, ou eles não são tão maus assim ou você é mais persuasiva do que imagina. Aliás, não lembra o quanto foi persistente até me fazer te dar uma chance de ser minha amiga?

Estou a alguns passos de distância dele e quando o olho, ele está sorrindo, a luz de um poste distante iluminando seu cabelo ruivo. Ainda o ser mais lindo, para mim. E enquanto meu coração acelera e sinto o peso em meus ombros diminuírem, uma certeza me atinge, eu o amo.

– Você foi presa fácil – disse me aproximando. Meu rosto estranhando meu sorriso escancarado, depois de tanto tempo sem motivos para isso.

– E é o que eu tenho sido desde então, não é?

– Se é o que diz.

Quando o alcanço, sei que não terei como fugir daquilo, que terei que trazer todos os sentimentos à tona, mas não estou com medo, pois aparentemente ele fará o mesmo.

– Promete não fazer mais essa besteira? – ele pergunta, segurando minhas mãos.

– Prometo.

– Você enfrenta seus pais e eu estarei do seu lado para o que vier. Além disso, pare de tratar o dinheiro dos seus pais como se fosse maldito, pois ele é resultado de muito trabalho, eles batalharam por ele, são mais que merecedores. Se não quer ser a garotinha rica, bancada pelos pais, não seja. Você pode rejeitar a fortuna ou pode usá-la em pró de algo que acredita ou almeja, são tantas opções.

– Hum... Ronald também é sábio de vez em quando, acho que posso viver com isso.

Quando ele sorri, percebo que não vou conseguir transformar tudo o que sinto em palavras, então, puxo suas mãos para minhas costas, fazendo com que abrace minha cintura e envolvo seu pescoço de forma que não há como fugir. Nossos olhos se prendem e seus lábios tremem quando aproximo meu rosto ainda mais.

Penso nos comprimidos amargos descendo minha garganta e no instante em que me dei conta de que o mundo estava acabando para mim, nos segundos de desespero antes de ficar inconsciente. Será que todos os suicidas os sentem ou só aqueles que pensam nos que ficam, como eu pensei? Porque meu ultimo pensamento foi Ron, e não o tal filme de toda a vida que tanto dizem, vi mais a vida que teria, o futuro que não conseguia planejar e que tanto me assustava a ponto de fazer aquilo. Não vi meu trabalho, minha casa e meu carro. Vi Ron me abraçando, bagunçando meu cabelo e rindo, era sentimentos e emoções enlaçando-se. Era tudo que eu precisava ver e era tarde demais.

Não mais.

Agora Ron está sorrindo timidamente, ele sabe o que está prestes a acontecer. Sabe que nossa amizade nunca mais será a mesma e está ansioso por isso. Sinto que posso flutuar a qualquer momento e me agarro ainda mais a ele. Seu rosto fica sério e ele inclina a cabeça aproximando-a da minha, fecho os olhos e me perco no tempo.

– Feliz ano novo – ele sussurra.

– Feliz ano novo, Ron.

E revelamos nosso segredo.


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