Tourette escrita por B Mar


Capítulo 6
Capítulo 6 - Good years, bad morning




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Cap 6 - Good years, bad morning

Katniss PDV:

Quando voltamos para casa, muitas horas depois, Peter estava mais que empolgado com sua nova e maravilhosa avó e todos os seus tios. Enquanto estávamos no carro, ele falou sobre brincar com Posy e sobre como Rory e Vick haviam lhe ensinado coisas novas, e então caiu no sono.

Gale estava radiante com o tempo que passamos com sua família. O dia havia sido ótimo para todos nós, mesmo que agitado para nossos padrões.

Assim que chegamos à nossa casa, Gale logo pôs nosso filho na cama e aproveitei para tomar banho, fechando os olhos enquanto sentia a água escorrer por meu pescoço. Pulei surpresa quando Gale me abraçou por trás e ele riu, puxando meu rabo de cavalo até que meu cabelo estivesse caído por minhas costas.

– Ei. – Resmunguei, mas ele ignorou completamente.

– Prefiro assim. – Suas mãos correram por minhas costas e ele abraçou minha cintura. – Você é tão pequena, sabia?

– Talvez você seja muito grande. – Rebati, encostando a cabeça em seu peito, já que não alcançava seu ombro e nem ao menos sua clavícula.

– Está tudo perfeito. – Ele afirmou e me virei, olhando seu rosto.

– Não diz isso. – Pedi.

Gale franziu as sobrancelhas.

– Porque?

Neguei com a cabeça, sem explicar, e lhe abracei.

– Nada é perfeito. Você sabe o que acontece conosco quando tudo está perfeito. – Lembrei. – Não quero nada perfeito.

Gale levantou minha cintura até que eu estivesse da sua altura. Ele sempre agia como se eu não pesasse mais que uma pena, e sempre fazia com que eu me sentisse minúscula.

– Bom... Então elas estão... – Ele pensou um pouco. – Katniss.

Revirei os olhos com a referência e ele fechou o chuveiro, pressionando meu corpo contra a parede, como eu já imaginava que ele faria.

(...)

Contrariando todos os meus medos, vivemos sem problemas por quase três anos. Peter estava crescendo, e seus amiguinhos da escola – ele odiava quando eu dizia coisas no diminutivo sobre ele. Dizia que era coisa de criança – haviam aprendido a lidar com a Tourette, assim como os professores. Peeta voltara a ser próximo de mim e de Gale, e voltei a notar um fato sobre ele: Peeta não tinha namorada. Ele nunca tinha uma namorada, desde que nos conhecemos. Não que seja completamente inativo, mas ele nunca assume um relacionamento sério com alguém.

O dia do aniversário de 14 anos de Peter chegou e a casa estava numa correria. Peeta havia dado, de última hora, a ideia de uma festa Rock&Roll, o mais recente estilo de música de Peter. Ele já havia passado por Country, música Clássica, Pop, Indie... Depois de conversar com os melhores amigos dele, decidi adotar a ideia e Hazelle e os meninos se ofereceram para me ajudar.

Vick estava arrumando a trilha sonora. Até onde eu sabia, ele havia incluído Nirvana, Metálica, Guns and Roses, Queen e todas aquelas bandas que estavam na playlist de “mais tocadas”. Pensei em colocar Beatles, mas soava um pouco velho para alguém da idade dele, então preferi que meu cunhado o fizesse.

– Droga. – Murmurei, lembrando-me de que deixara a roupa de Peter na lavanderia, e ainda teria de ir buscá-lo.

– Hazelle. – Chamei.

– Pode deixar que eu assumo.

– Eu volto rapidinho. – Prometi.

Peguei a bolsa e corri para fora. Gale estava encarando um papel de carta, pálido, como se aquilo estivesse carregando sua sentença de morte.

– Gale. – Chamei.

Ele levantou os olhos pra mim e sorriu apenas com a boca.

– Está tudo bem?

– Claro que sim. – Afirmou. – Porque não estaria?

Abri a boca para dizer que ele parecia estranho, mas estava atrasada, então corri para o carro.

– Eu volto logo.

– Sim senhora, sargento. – Fez continência.

Meu coração se apertou. A última vez em que Gale me disse aquilo foi na sua ida para a guerra. Brincávamos de soldado e sargento, significava “Talvez isso seja um adeus. Eu amo você.”

Dessa vez, eu não bati continência de volta.

(...)

Peter ficou feliz com a surpresa, então me esforcei para não atrapalhá-lo durante a festa. Rory havia se oferecido para fazer coquetéis virgens – Sem álcool. – para os convidados, que adoraram a ideia “se fingir de adulto” com o canudo na boca e o copo decorado. Quando eles começaram a chegar, tranquei a porta que dava para a parte superior da casa.

Eu não estava nada a fim de ter um bebê de pais jovens sendo concebido na minha cama.

Melhor prevenir que remediar.

A lista de convidados foi razoável. Mais uma vez, Peeta foi o auxiliador. Ele descobriu quem era amigo de Peter, quem não era, e até quem eram as menininhas que gostavam dele.

Não. Não menininhas. Garotas.

Como boa mãe que sou, fiquei num canto sem interromper “a curtição” rindo da lembrança – e futuramente fotografia física – do rosto de Peter quando chegamos à festa. Eu havia passado na casa de Hazelle e feito com que ele tomasse banho e se arrumasse antes de chegar, além de passar em vários lugares inúteis e desnecessários, até Gale me ligar e dizer que já podíamos ir.

Ele estava estampando um sorriso enorme há horas.

Ainda que eu me esforçasse para “não existir”, os amigos de Peter passavam para me cumprimentar o tempo inteiro, fazendo meu filho levemente irritado.

– Boa noite, senhora H.

Ah, claro. Senhora H. H de Hawthorne.

Praticamente todos eles passavam por mim com esse mesmo cumprimento, e eu os retribuía um a um.

Segundo Gale, eu era “a mãe gostosa” da escola, já que – ainda segundo ele – todas as outras mães eram muito menos atraentes.

– Significa que você nota as outras mães? – Me lembro de ter dito.

– Claro que noto. Mas nenhuma delas me chamou atenção por tanto tempo quanto você, desde que nos conhecemos. – Lembro-me de ter ouvido meu marido retribuir.

Eu não pude brigar com ele depois disso.

Quando a festa chegou ao fim, a casa estava... Um verdadeiro chiqueiro. Eles começaram a sair às 2h da manhã, e foi por volta das 3h30min que vimos o estrago. Claro que a sala havia sido completamente esvaziada antes da festa, mas o lixo posterior estava lá para qualquer um ver.

– Da próxima vez. – Gale veio para meu lado. – Vamos alugar um salão.

Confirmei e finalmente pude subir para meu quarto. Quando passei pela porta de Peter, ele já estava de banho tomado e dormindo profundamente. Nós, provavelmente, só começaríamos o dia depois das 12h da manhã.

Tomei banho e voltei ao quarto, encontrando Gale já deitado. Ele parecia fingir dormir, mas eu sabia que ele estava acordado. Mesmo assim, me deitei ao seu lado e ele logo me puxou para seu peito, como se quisesse me trancar ali e nunca mais me deixar sair.

Deitei a cabeça em seu peito e aspirei seu cheiro com toda a necessidade que sentia. Eu nunca me cansava do cheiro que Gale emanava, mas sempre que estávamos próximos eu sentia que era a última vez. Talvez fosse a cicatriz de sua ida para a guerra há tantos anos, mas ainda assim...

Senti sua mão em meu rosto e ele suspirou.

– Eu te amo, Catnip. Eu sinto muito.

Eu sabia que havia algo de errado.

(...)

Na manhã – na verdade, tarde – seguinte, foi Gale quem acordou primeiro. Na verdade, seus olhos demonstravam que ele havia ficado acordado a noite inteira.

– Nós precisamos conversar.

– Eu sei.

Ele se sentou na beira da cama e fui para seu lado.

– Ontem à tarde eu recebi isso. – Me mostrou um envelope. – Acho que... É melhor você ler.

Eu conhecia aquele selo bem o bastante para entender o que estava havendo sem precisar abri-lo.

Pulei em meu marido no instante em que percebi o que significava.

Gale iria voltar ao campo de batalha.

Continua...


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Notas finais do capítulo

~Capítulo revisado em 27/01/2015~