A volta de Bianca di Angelo escrita por Mariana


Capítulo 8
Missões e corações partidos


Notas iniciais do capítulo

postando mais dois capítulos pra vcs...



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A Volta de Bianca di Angelo

capítulo VIII

O clima entre os campistas não estava muito melhor no dia seguinte. Dânae e Melina se sentaram ao lado de Nico, na mesa de Hades. Era estranho que se sentassem ali porque não emanavam o tipo de energia do irmão.O garoto as cumprimentou, mas dava para perceber claramente tristeza em seu olhar. Dânae se perguntou o que ele estaria pensando. Seja lá o que fosse, não deveria ser bom.

Os semideuses não paravam de olhar para as garotas e para Nico, e os burburinhos eram tantos que até mesmo os filhos de Hades escutavam. E obviamente não ajudava em nada a melhorar o clima na mesa do chalé 13.

Quíron, Annabeth e Percy estavam tendo uma discussão com o sr. D.

—Sr. D! Você ouviu a profecia! Tem que conceder uma missão a eles. Não se pode ignorar um prenúncio do Oráculo de Delfos!

—Quieta, Annie Bell. Não vê que as meninas não podem descer no labirinto? Elas não tem nenhum treinamento, e uma delas é uma criancinha de sete anos!

—É Annabeth. Sei disso, mas não temos muita opção. Não sei o que fazer. Não sabemos nem se a Profecia quis dizer literalmente elas. Não queria que fosse! Sei o quanto é assustador para uma criança e...não queria que fosse assim, acredite. Mas a reclamação não pode ter sido coincidência. Talvez exista algo importante que estamos deixando passar. E eu enfiei uma faca no pé de um ciclope quando tinha sete anos também.

Percy tentou endossar os argumentos da namorada:

—Estou dando algumas aulas de manejo da espada para elas desde que Annabeth desconfiou que tinha algo errado nisso tudo. Elas já tem até suas espadas, não é mesmo, Quíron? Nós podemos dar a elas algumas semanas de treinamento, meses, não sei. Estou realmente confuso com tudo isso, não me parece nada justo também, mas...o destino nunca é justo conosco. 

—É verdade, Dioniso. Eu lhes concedi espadas de Bronze Celestial. O irmão disse que Ferro Estígio cairia melhor, mas não temos o metal no Acampamento. Elas receberiam mais aulas e todo o suporte. Para o caso de serem elas. Para o caso de recebermos...algum sinal.

—Que seja! Não ligo! Que bela porcaria... lavo minhas mãos. Se alguns de vocês morrerem, não esqueçam de me avisar.

Disse isso e sumiu numa nuvem de pó. Quíron sorriu.

—Só mais uns quarenta e poucos anos e ele volta para o Olimpo.

E ele desviou o olhar para a mesa de Hades. Melina estava fazendo movimentos com sua espada e sorrindo, como se aquilo fosse alguma brincadeira. Nico mostrava para ela como se segurava a arma, enquanto Dânae olhava com semblante preocupado o quão afiada a lâmina era.

Ele suspirou.

—Não é fácil treinar semideuses... especialmente os que são como você, Percy. Meio-sangues poderosos, filhos dos Três Grandes. Sempre causam reviravoltas. Geralmente são muito jovens, chegam aqui com tantas perguntas e nenhuma certeza. Nico, Thalia, Bianca, você...e agora mais essas duas. Mal chegam e já tem uma profecia destinada a elas. Isso me entristece, já vi tantos heróis sofrerem nas mãos das Parcas. Elas tecem o destino com uma frieza que eu não entenderia nem se vivesse mais um milhão de anos. 

Annabeth olhou para o Filho de Hades sentado na mesa.

—Você acha que Nico poderá proteger essas meninas, sozinho? Ele é forte mas...

—Nico é valente, bom lutador, e sabe conjurar esqueletos, o que é realmente muito legal, mas não. Quero que vocês se unam a eles.

—Mas Quíron...o número três. Você diz que é um número forte e místico, que não se deve mexer e...

—Eu sei, Annabeth. Mas eles vão precisar de ajuda. Quero que protejam a criança. Além disso, o labirinto de Pasifae é traiçoeiro. Ele abrigará monstros, maldições e magia negra.

Percy fitou Quíron com aflição. Não gostava desse tipo de M&Ms.

—Errr, cinco semideuses. Sendo que quatro deles são filhos dos Três Grandes. Huum...me parece muito propício a atrair monstros. Não é nem um pouco inteligente. E olha que eu já tive muitas ideias não inteligentes ao longo da vida.

O centauro fitou para Percy, mas com o olhar distante.

—O labirinto já está coalhado de todo o tipo de monstros. Não tem muito mais o que atrair.

(…)

Passaram-se algumas semanas desde o ocorrido. As coisas ali tinham voltado ao normal e chegava a parecer que nada tinha acontecido. Exceto pelo fato de Annabeth às vezes entrar em pânico. Ela tinha tido alguns sonhos, que só contava a Percy e Rachel. Annabeth sentia que estava lutando contra uma bomba relógio que iria matar Nico e suas irmãs se não fosse desarmada. 

Nico também não parecia muito bem. Pelo menos, não estava mais sozinho. Ele tinha irmãs agora. Dânae sempre conversava com ele, fazia companhia, era compreensiva e paciente. Nico jamais pensou que alguém pudesse se importar tanto com o que ele pensava, além de Bianca e Hazel, claro. Dânae era alguém que ele queria ter por perto para sempre. E tinha Melina. Ela se mostrara incrivelmente inteligente. Era meiga e fazia Nico se sentir bem apesar de todo o estresse que ele estava vivendo. A presença dela lhe deixava...feliz? Realmente aprendeu a amar a irmãzinha em pouquíssimo tempo. Nico até mesmo a presenteou com um baralho de mitomagia, joguinho que ele adorava quando criança. Eles jogavam juntos e era uma forma que Melina encontrou para distrair Nico de pesadelos e coisas ruins.

Os treinamentos das meninas fluíam. Em um mês e meio, já eram boas o suficiente para serem confundidas com campistas de alguns anos. Elas estavam se dedicando bastante e Percy era um ótimo professor. Leo ajudava. Quíron. Todos ajudavam. Não era o tempo que gostariam de ter, mas era o tempo que tinham. De alguma forma, sabiam que era pouco apesar de não saber o quanto lhes restava, como uma ampulheta que fosse coberta da metade para cima. Mas cuja parte de baixo armazenava uma quantidade considerável de areia.

De fato, numa tarde ensolarada de verão, o Oráculo iria tirar a paz de todos novamente. Dânae lutava com Percy quando tropeçou e caiu no chão.     

—Então eu ganhei? -o filho de Poseidon estendeu a mão para a filha de Hades, que olhava para o chão assustada. -O que houve, Dânae?

O solo começou a tremer. Os espantalhos de Percy tombaram e caíram no chão. Alguns campistas corriam assustados. Ao longe, a caverna de Rachel parecia estar emitindo as vibrações. Percy conteve um grito quando viu um raio de luz verde cruzar o céu. O Oráculo. Rachel. Pelos deuses, o que estava acontecendo? O céu escureceu e parecia travar uma batalha consigo mesmo. Seria muito bonito se não fosse absolutamente aterrorizante. Mas com a mesma rapidez que aquilo tudo aconteceu, tudo também cessou. Havia silêncio e medo no ar. 

Para espanto de todos, Rachel apareceu arfando pesadamente após parecer ter corrido uma maratona. Ela precisou de um bom tempo para recuperar o fôlego. Minutos que pareceram anos a fio. 

—Ela tentou ROUBAR o Oráculo de mim. Eu juro. Senti Ele me deixando, sendo puxado, e ao mesmo tempo tentando ficar. Eu lutei junto ao Oráculo. Ele ainda é mais forte e poderoso que ela. Ou isso, ou Ela desistiu. Não sei. Tenho medo de descobrir. 

Quíron perguntou sabendo a resposta:

—Ela...ela quem? 

—Pasifae. A feiticeira. Chegou a hora.

(...)

Na tarde seguinte, o diretor do Acampamento comunicou oficialmente a todos a missão. Após várias conversas exaltadas entre os campistas, todos eles foram prestar palavras encorajadoras aos que iam enfrentar o labirinto.

Leo Valdez e Calipso, sua namorada, desejaram boa sorte também.

—Sabe, Percy, eu iria com vocês, se tivesse sido designado para a profecia também...mas sabe como é.

—Deixa disso, cara. Estamos beleza. Acho melhor você curtir seu tempo livre com a namorada. Você já salvou o mundo alguns anos atrás.

—Falou o cara que salvou o acampamento três vezes, e o mundo umas trezentas.

Eles riram. Percy tornou a falar.

—Acho que não tenho opção. Você também é demais, cara! O único meio-sangue que pode manipular o fogo! Mas, depois de tudo o que passou, realmente acho que deve ficar um tempinho relax aqui, com a sua...namorada.

Percy evitava falar o nome de Calipso. Amava Annabeth e nunca sequer cogitara outra garota no lugar dela, mas a filha de Atlas e ele já tinham passado bons momentos em na ilha de Ogígia, quando Calipso sofria uma pena horrível. A deusa (sim, uma deusa) era obrigada a viver presa ali, isolada do mundo, apenas por ser filha de um titã. E condenada a se apaixonar por heróis semideuses, que tinham que ir embora e partir o coração dela. Odisseu fora um. Percy foi outro. Ao que ele sabia, Calipso tinha ficado tão desiludida após sua partida que amaldiçoou Annabeth.

Foi a garota que se dirigiu friamente a ele.

—Boa sorte, herói.

—Obrigado...

Calipso o abraçou; Percy ficou paralisado e sem graça. Leo sentiu ciúmes da namorada, mas sabia da história toda. Não tinha como não ficar esquisito diante daquilo.

A garota se afastou.

—Desculpe, Leo...desculpe, Percy Jackson.

O modo como ela dizia o nome de Percy, com o sobrenome, era assustador, como se a mágoa incorporasse sua voz. Teoricamente, quem deveria ter algum rancor era o próprio Percy, já que Calipso uma vez amaldiçoara Annabeth, mas nunca sequer tocaram nesse assunto.

—Eh...eu preciso ir...

Saiu de lá depressa. Mesmo com a maldição, ficou pensando na pessoa horrível que ele era por partir o coração de Calipso. Não a culpava por ter lançado feitiços raivosos sobre sua namorada num momento de desespero. Deu graças a Deus por Annabeth não estar ali e não ter visto nada. 


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