Destroyers escrita por Livia Dias


Capítulo 97
Capítulo 86 — Parte 02


Notas iniciais do capítulo

Hello Guys! Tudo bem? *-*

Parte 02 do Capítulo 86! Vamos ver se o plano do James dá certo?

Boa Leitura!



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Clarissa

Parte 02

Meus saltos pisoteiam a camada espessa de poeira que preenche o piso de madeira. Consigo sentir a intensidade das lembranças ao visualizar o lustre com detalhes em prata que pende do teto, rangendo e coberto de teias de aranha. A escadaria de mármore continua tão assustadora quanto antes, estendendo-se em forma de caracol.

— Por que me trouxe aqui? — Lexi indaga arqueando uma das sobrancelhas.

Sigo passos sinuosos pelo espaço, ignorando todas as lembranças que este ambiente me traz.

— Você vai entender — digo seriamente, passando por ela e subindo a escada em forma de caracol, lembrando-me de quando tive que fazê-lo pela primeira vez.

Fecho os olhos por um instante, enquanto tenho consciência da presença de Lexi atrás de mim, certamente em um misto de curiosidade e desconfiança.

— Você não pensa que pode me matar, não é? — a morena debocha com um sorrisinho.

— Oh, isso é um toque de medo, Lexi? — desafio ironicamente. Lexi bufa.

Chegamos ao primeiro andar. Os quartos estão todos com suas portas escancaradas, desarrumados e com uma nuvem vaga de lembranças quase inexistente em seu interior. As crianças que viveram aqui há muito partiram, restando apenas eu, para trazer à tona o passado.

— Certo. Poeira. E então? Vai acabar com todo o mistério ou não? — Lexi semicerra os olhos para mim e suspiro. — Eu sei que você passou a sua infância medíocre aqui, mas ainda não entendo o seu interesse em me mostrar tudo isso.

Paro diante de uma das portas, observando o interior do cômodo com um olhar minucioso. As memórias preenchem minha mente, e preciso controlar a carga de emoções que invade meu peito, completamente confusas.

— Temos doze minutos para a detonação da bomba — falo calmamente, retirando a máscara de Lady Assassina com detalhes em veludo. Seguro-a voltando meu olhar para Lexi. — E eu queria te mostrar o que o amor me fez perceber durante um breve momento da minha vida.

Ela pende a cabeça, avaliando meu comportamento. A desconfiança permeia seus olhos, tão nítida...

— Sabe que não tem nenhuma chance contra mim há essa altura do campeonato — Lexi umedece os lábios, cruzando os braços em seguida. — Então... Doze minutos para me mostrar sua patética vida.

(...)

Ao adentrar meu quarto identifico o antigo ursinho de pelúcia que eu prezava, antes branco e agora amarelado e desfiado. Lexi o pega do chão, dando risada.

— Um ursinho de pelúcia?

Forço um sorriso amarelo.

— Tinha encontrado na lata do lixo do orfanato — falo, cruzando os braços enquanto revivo a memória do objeto. — Depois descobri que pertenceu a uma criança que... Viveu aqui.

Lexi franze o cenho, encarando-me.

— E o que aconteceu?

Dou de ombros.

— Era uma garota chamada Hazel. Ela... Foi traficada aos seis anos. Os pais dela morreram em Gotham, com todo o caos que Bane causou — digo com um toque de frieza, contudo tomo o cuidado de manter-me calma.

Sinto Lexi engolir em seco, jogando o ursinho no chão.

— Que nojo. Guardar coisas de mortos — Ela fala com desprezo, dirigindo-se à janela do quarto.

— Eu não tinha muitas escolhas. Não havia presentes para mim, Lexi. Apenas dor. Diariamente, assim como outros... Cento e oitenta e quatro órfãos — observo a cama rangente que antes pertencera a mim. — Que foram... Mortos, abusados, vendidos...

— PARA! — grita Lexi, batendo as mãos aos lados do corpo. Vejo o ódio em seus olhos logo que ela me encara. — Se está tentando me fazer sentir culpa, não vai conseguir...

“Fale sobre Tyler Stone”, indica James em minha mente.

Mexo em meus cabelos, encarando Lexi novamente.

— Acho que Tyler Stone não gostaria de saber que você se tornou isso que é hoje — digo com desinteresse, dando-lhe as costas.

Posso sentir uma nuvem de vulnerabilidade pairar sobre a Riddle. Alguns segundos de silêncio até que eu alcance a porta, e ouça a voz de Lexi:

— Como... Como sabe sobre o Tyler? — questiona ela, seus olhos reluzindo e seu corpo trêmulo.

Dou um sorrisinho, encolhendo os ombros.

— Temos um calcanhar de Aquiles, não é mesmo? — comento, saindo do quarto.

Ouço as passadas de Lexi atrás de mim. Sorrio internamente, mantendo a postura calma. Toda mínima ação tem que ser realizada com cuidado.

“Você está indo bem. Contenha o deboche agora. Tem que mostrar solidariedade. Compare o Tyler ao Charlie”, novamente James me dá instruções.

— Mas... Como você sabe sobre o Tyler? Ninguém deveria saber! — Lexi praticamente gagueja, em algum tipo de transição entre a raiva para o estupor completo.

Abro a última porta do corredor, indicando para que Lexi entre.

— Ele guardava lembranças suas — explico, indicando para que a Riddle entre. Ela hesita antes de pisar no quarto, seus olhos varrendo o cômodo de um jeito tenso. Consigo deter o deboche na ponta da língua, e ao invés disso sigo as instruções de James. — Ele parecia o Charlie. Era difícil não lembrar.

— Você conviveu com ele? — indaga Lexi, abrindo as gavetas da cômoda, encontrando roupas já devoradas pelas traças, com o tamanho infantil de anos atrás. Nunca pensei ver Lexi tão fragilizada como agora. — Você... Você lembra como ele agia?

Me encosto no batente da porta, atribuindo ao meu semblante uma expressão carregada.

— Tyler era... O mais velho de nós. Ele passava mais segurança. Não cheguei a conviver diretamente com ele. Apenas via-o de longe na hora das refeições e as poucas horas de lazer que tínhamos. — explico fazendo uma pausa no momento certo. Prossigo massageando a ponte do nariz. — Então teve um dia que ele foi escolhido para sair. Foi tão marcante. Todos nós pensamos que finalmente alguma família havia resolvido adotá-lo... Então descobri o que de fato aconteceu graças aos arquivos na sala da diretora Fish Mooney...

Lexi tenta esconder as lágrimas, virando o rosto bruscamente.

— E-Eu não sei o que está tentando fazer. M-M-Mas não vai dar certo — Ela gagueja, chorando descontroladamente em seguida. Um grito escapa de sua garganta quando ela cai no chão, agarrando-se à roupa do garoto de onze anos que vivera ali anos atrás. — Ele... Ele... Ele era meu irmão. O mais próximo de um irmão que eu já tive.

Ela ergue os olhos, fitando-me com desespero. Agacho-me, ficando mais próxima de sua figura enfraquecida.

— Calma — falo, segurando seu ombro em algum tipo de afeto. — Está tudo bem.

Lexi meneia a cabeça positivamente, continuando a chorar. Mal nota o que está acontecendo, e só posso me aproveitar da situação em que ela se encontra.

— Por que não fala mais do Tyler? — sugiro, enquanto cuidadosamente dreno seu poder da Morte para fora de seu corpo.


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Notas finais do capítulo

Sentimentos contrários aos que Lexi deve sentir! Agora quem é esse Tyler Stone? E qual a influência na vida da Lexi a ponto de fazê-la desmoronar dessa maneira?

Essas questões serão respondidas na terceira parte do capítulo õ/

Obrigada pelo carinho de todos!

Beijokas :3