Zack

Washington

Posso sentir o pânico das pessoas conforme sigo com o Quarteto Fantástico até os arredores da Casa Branca.

Com certa dor deixei que Wolverine levasse Ashley para o Instituto Grey onde poderiam mantê-la em segurança. Ficar longe dela é terrível.

— Eles estão evacuando o máximo possível de pessoas para abrigos — Reed Richards comenta um tanto apreensivo.

Nosso objetivo aqui é impedir que o governo americano perecesse com o ataque dos vilões, o que de certa forma parece inútil. Uma explosão. Um dos ônibus que transporta inocentes para abrigos é lançado para longe. Do meio das chamas surge uma criatura maior que o Hulk, coberta de chamas como um vulcão. Parece um demônio que nasceu com crateras no lugar de um corpo.

— Dormammu — o Coisa diz com uma expressão de evidente medo.

Se ele está com medo eu posso começar a me mijar! As pessoas começam a gritar, enquanto o ser planta o caos em um piscar de olhos.

— Alguém o libertou — afirma Sue, aterrorizada.

Franzo o cenho.

— O que ele é? Um deus?

— Ele é apenas um ser místico imortal que vive nas profundezas de um mundo de pesadelos em outra dimensão. Só isso — ironiza o Johnny com a mão em meu ombro.

Okay. Estamos muito ferrados.

Dormammy avança como um tornado, queimando prédios e destruindo vidas como se não fossem nada. Vejo o Quarteto Fantástico elaborar uma estratégia de ataque entre si, prontos para a batalha.

Cerro os punhos. Não posso permitir que lutem. Sophia não suportaria perdê-los sendo que nem ao menos teve coragem de contar à eles que é sua filha.

Então me lembro de Thor e consequentemente de Odin. Ajoelho-me e concentro meus pensamentos em algum tipo de oração.

Odin... Ou Senhor Odin... Ou vovô mesmo. Não estou querendo uma herança ou direitos de filho do Thor, mas eu realmente preciso de uma ajudinha. Estou tentando fazer algo de bom para variar e talvez uma carga a mais de poder seja útil. Por favor, Senhor de Asgard. Não me ignore.

Abro os olhos e me coloco de pé, sem muita certeza de que irá funcionar. Volto-me para o Quarteto Fantástico.

— Não posso deixar que lutem — digo um pouco rápido demais. — Sue e Reed, a Sophia é filha de vocês.

Eles se entreolham confusos. Sue franze o cenho para mim.

— Você tem certeza? Mas...

Suspiro, as explosões e mortes sendo um plano de fundo para minhas explicações.

— A Sophia descobriu pela S.H.I.E.L.D faz pouco tempo, mas ficou com medo de falar com vocês. Não posso deixar que lutem contra isso. Precisam cuidar dela.

Repentinamente Sue me abraça completamente emocionada.

— No fundo eu senti. Sabia que ela era especial de alguma maneira, mas não soube definir como. Obrigada!

Reed sorri para mim. Johnny Storm meneia a cabeça e o Coisa repete o gesto.

— Protejam a Casa Branca e ajudem as pessoas. Eu cuido dele — aviso observando o Quarteto se afastar rapidamente.

Certo. Ser herói não é nem um pouco fácil. Nem sempre fazer o bem significa que você está seguro disso. Eu por exemplo estou quase cagando nas calças.

Vamos lá, Odin. Nunca te pedi nada!

Minha mente parece um carrossel a cada minuto que passa. Lanço a primeira rajada de raios contra Dormammu, atraindo sua atenção.

— Oi demoniozinho! Tudo bom?

Ele faz um caminhão voar contra mim sem esforço. Ah legal! Telecinese agora?

Desvio e rapidamente o ataco com mais um conjunto de raios.

— Humano idiota! — Ele gargalha liberando chamas pela rua.

Eita poxa!

Faço um dos meus raios atingir extintores com água nas calçadas e jatos fortes do líquido impregnam o ar apagando as chamas. Desvio das poças enquanto estou usando meus poderes contra o inimigo. Ninguém quer um curto nos meus circuitos né?

— Sua mãe já te disse que você parece um aborto com gases por todo o corpo? — grito, me aproximando com mais ataques.

Dormammu emite uma espécie de grito, se tornando um furacão que faz carros estacionados voarem em minha direção de uma só vez e janelas quebrarem.

Merda!

Sinto uma carga de poder invadir meu corpo, vinda de um raio no céu. Meus membros absorvem os raios de uma voz, e rapidamente faço todos os carros voltarem contra meu inimigo.

Dormammu se retrai e cria um forte escudo.

Um trovão ronca pelo céu, a ventania bagunçando tudo em seu caminho. Ergo as mãos contra o demônio e meus raios o aprisionam sem dificuldade.

— EU NÃO POSSO MORRER! — esbraveja o monstro, tentando se livrar da jaula criada por mim.

Mantê-lo preso se mostra um verdadeiro desafio, mesmo com a quantidade de poder adquirido. O chão aos meus pés estremece e os prédios tremem. A risada de Dormammu ecoa aos meus ouvidos.

Droga. Não tem como matá-lo.

É então que um brilho surge ao lado do demônio, e imagino ser algum ataque seu quando no fim é a figura inusitada de um homem com capa vermelha parecendo um vampiro dos anos 80.

Uma batalha se inicia entre ele e Dormammu diante de meus olhos, a força de seus ataques obrigando-me a distanciar. Quem é aquele cara? Um tipo novo de Superman de bigode e sobrancelhas arrepiadas?

— STRANGE!

Repentinamente Dormammu se encontra derrotado, e o homem o lança por um portal fazendo com que tudo aquilo desapareça. Sinto certo medo ao vê-lo me encarar e se direcionar a mim. Quem é esse cara? C-Como ele derrotou esse demônio? Está certo que a luta deles foi tão longa quanto a minha, mas... ELE DERROTOU UM DEMÔNIO IMORTAL MÍSTICO E NÃO SEI O QUE!

— Zack Oliver — o homem estende sua mão à minha frente em um cumprimento. Hesito antes de apertá-la. — Sou Stephen Strange. Mas pode me chamar de Doutor Estranho.

U-a-u. Quando foi que passei de o galinha Zack para o herói que conhece bruxos fodásticos mesmo? Será que daqui a pouco vai aparecer o Harry Potter e dizer que na verdade vou para Hogwarts?