Zack

Crio um conjunto de raios em minhas mãos e disparo contra um grupo de guardas que tentam escapar inutilmente. São eletrocutados e lançados para longe.

— Tem mais deles vindo para cá? — pergunto a Ash, que nega com mais um menear de cabeça.

— Por enquanto não. Clary acabou de sumir do radar, e James, Aurora,Dylan e Stella estão distribuídos pela nave coletando os heróis.

— Por que a Clary sumiu do seu radar? — questiono com desconfiança.

— Se eu soubesse Clary estaria no meu radar de povo — Ashley revira os olhos como se minha pergunta fosse ridícula. Talvez ela esteja na TPM ou seja meramente estresse.

Um barulho interrompe meus pensamentos. Ashley fica em posição de defesa, assim como eu.

Esperamos pelo ataque surpresa, mas nada acontece. Avnaço até a porta da sala na tentativa de surpreender o oponente e de fato surpreende. Um rato passou correndo por mim e entrou em um sistema de ventilação. Ashley estremeceu.

— Você deveria detectar ratos também — ironizo com um sorrisinho.

— James consegue fazer isso — deu de ombros e arqueei as sobrancelhas. — Mas meu nível ainda é baixo comparado a ele.

— Eu estava brincando — falo um tanto surpreso. — Mas bem que podia existir um radar para mulheres lindas.

Ashley franze o cenho levando a mão à cintura.

— Para aumentar ainda mais seu ego de galinha?

— Para colocar você no topo da lista, querida — dou uma piscadela. Ashley exibe um mínimo sorriso, claramente surpresa.

Um baque, em seguida outro desvia nossa atenção. Isso não parece nem um pouco com um rato.

A porta é lançada contra nós, e puxo Ashley contra mim antes que o peso a acerte em cheio. Caio no chão de costas e ofego com Ashley ainda sobre mim. Ela ergue o rosto, os longos cabelos castanhos esculpindo seu rosto.

Uau.

— Acho melhor levantar, Ash. Não vai querer sentir uma coisa.

Ash me dá um tapa no braço enquanto se levanta completamente ruborizada.

— Ah não! Você? — falo logo que reconheço a figura no portal da sala.

— Eu. Ou melhor dizendo... — o Zack da outra realidade cria uma nuvem de raios ao seu redor. — Você.

Ao invés de mirar em mim, os raios são bruscamente direcionados a Ashley. Ela dá um salto para o lado escapando do ataque.

Cerro os dentes com raiva e lanço uma enxurrada de eletricidade contra meu clone, que apenas as recolhe e disparo novamente de volta a mim.

Tento imitar o gesto do Zack², e recolho os raios, no entanto, o que deveria ser simples queima minhas veias e todos os membros do meu corpo. Recebo um soco, seguido de um chute no tórax. Puta merda. Que dor! Cambaleio para trás atordoado e carregado de hematomas provavelmente.

— Zack! Pare!

Meu corpo automaticamente estaca, ao mesmo tempo em que o do meu oponente. Não consigo movimentar nenhum membro, nada. Respirar ao menos eu consigo, o que de fato me deixa feliz mesmo com toda a dor.

— Você não pode me controlar. Se me matar, vai matar o Zack da sua realidade — debocha Zack, com um sorriso malicioso.

Ashley me encarou. Seus olhos detinham dúvidas e essencialmente o medo.

— Eu sou a pessoa mais importante para você Zack.

Repentinamente vejo Ashley de outra forma. Um carinho imensurável, uma certeza única. Ela é minha vida. Seus olhos faíscam na direção do meu clone. Por que ela está olhando para ele? Eu sou o Zack dela!

— Você me ama mais do que a si mesmo.

Sim, eu a amo. Cruzaria o Oceano Atlântico em nome de Ashley Turner.

— Você não suportaria a ideia de me ferir. Jamais.

— Jamais — meu clone e eu repetimos debilmente. Sim, somos escravos dela. Porque Ashley é nosso amor...

— Mas sacrifícios são cometidos pelo bem de uma nação. — Ashley se aproxima deslumbrante. O amor da minha vida. — E vocês precisam salvar o mundo. Salvar seus times. Não é?

— Sim, precisamos — repito com tal certeza inabalável. Eu preciso salvar o mundo. Salvar meu time.

— Seu amor é verdadeiro. Mas se fosse falso, você morreria caso algo acontecesse comigo. A culpa o faria se matar.

— Sim... — concordamos veementemente.

— Seguindo seus sentimentos — seus olhos fixam-se nos meus, em seguida no falso Zack. — Me mate.

Me mate. Me mate. Me mate. A ordem reverbera por meus ouvidos. Meu coração bate mais rapidamente, e meu estômago embrulha de nervoso.

Eu gosto de Ash. Sempre a considerei uma grande amiga, patricinha sim, mas honesta, sincera e gentil. Nos conhecemos há anos e apenas quando a S.H.I.E.L.D nos uniu que estabelecemos uma relação de verdade: amizade... Amor.

Meus braços não se movem, e minha mente capta o exato momento em que o clone lança uma torrente de raios contra Ashley.

O grito ensurdecedor dela me trás bruscamente de volta à realidade. Ashley é lançada contra a parede bruscamente e cai no chão.

— Ashley! — grito e percebo que meu clone se enterra em uma profunda agonia, chocando-se repetidas vezes contra a parede.

Corro até o corpo da Ash e a viro cuidadosamente. Queimaduras preenchem seu rosto e mãos, e parte do seu uniforme se encontra dilacerado na região do ombro, barriga, e pernas.

— Sua maluca! Não morra! — praticamente grito.

Meu clone emite um berro de dor, e ao virar-me, vejo que acabara de fincar uma estaca de metal no próprio crânio. Seu corpo cai contra o piso, os olhos perdendo qualquer resquício de vida.

Pego Ashley no colo, em um claro desespero de arrastá-la para longe desse ambiente mórbido e trazer vida a ela novamente. Saímos porta a fora, e percebo que estou chorando.