Dramione escrita por The Dark Passenger


Capítulo 2
Capítulo I - Planos




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Acordei em um quarto com teto baixo e paredes cor de laranja. Pôsteres de algum time de Quadribol estavam colados na parede por um feitiço adesivo permanente. Observei os jogadores rodopiarem com suas vassouras rápidas, o que os transformava somente em borrões com uniforme berrante .Tudo naquele cômodo era laranja, até as cobertas da cama onde estava deitada .Senti um cheiro familiar, um cheiro bom emanando de todos os lugares. Era o cheiro de Ron. Percebi que estava em seu quarto, na Toca. Lembrei-me do ataque que havíamos sofrido na casa dos trouxas, e do modo como Bellatriz Lestrange gargalhou ao arrastá-lo pela porta. Revi em minha mente seu rosto apavorado, sua boca se contorcendo em uma careta de pânico, ouvi-o chamando meu nome antes de desaparecer com os Comensais.E eu havia somente estragado tudo, acertando aquele feitiço em Harry e sendo atingida pelo Sectumsempra. Procurei os cortes por meu corpo, mas só encontrei pequenas cicatrizes rosadas. Parecia que Harry conseguira salvar-nos. Precisava encontrar Harry. Ele podia estar machucado, precisava de mim, e eu também precisava dele. Éramos tudo o que restava um ao outro, não podíamos nos separar. Temi que ele tivesse me deixado com os Weasley e partido em busca de Ron.Não, ele não era tão burro assim. E a senhora Weasley nunca o teria deixado ir... Os pais de Ron deviam estar sofrendo tanto. Desejava confortá-los, explicar que fora tudo culpa minha. Levantei-me da cama e quase bati a cabeça no teto de madeira. Uma leve tontura fez o mundo girar, mas passou rapidamente. Fui até a porta entreaberta cambaleando, com as pernas adormecidas. Quanto tempo fiquei desacordada? A claridade me cegou quando saí do cômodo, de modo que tropecei em alguma coisa que estava no chão e caí. Praguejei um pouco e peguei uma trouxa de roupas femininas ensanguentadas que estavam emboladas em meus pés. Eram minhas roupas. Mas então o que eu estava vestindo? Segurei a camisola de seda azulada que se colava em meu corpo devido ao suor que escorria por minha pele. Era uma das camisolas que Gina usava em Hogwarts. Ok, trocaram minhas roupas, mas quem? Esperava que tivesse sido Gina ou Molly. Segurei as roupas sujas de sangue em minhas mãos e me levantei. Desci as escadas até o andar de baixo, onde vozes vinham do quarto de Gina. Bati na porta e imediatamente as vozes se calaram. Tornei a bater, e após alguns segundos um Fred Weasley cansado mas sorridente veio me receber.

— Mione! Sabíamos que acordaria logo! — disse Fred puxando-me para dentro do aposento lotado com um braço envolvendo meus ombros — Harry queria te acordar faz uns dois dias, mas nós não deixamos. Você precisava descansar, minha mãe nos disse que os cortes fizeram-na perder muito sangue.

— Dois dias? Quanto tempo dormi? — perguntei com a voz baixa e frágil.

— Só três. Você não perdeu muita coisa. — respondeu Harry, que saiu do fundo do quarto para me abraçar. Ficamos assim por um tempo, até que percebi que todos nos olhavam. Soltei-o e olhei para ele. Parecia não ter dormido em nenhum desses três dias. Seus cabelo estava mais bagunçado que o normal, e olheiras profundas contornavam seus olhos. — Está se sentindo bem?Pensei que você...eu achei... Desculpe, Mione.

–Tudo bem,eu estou bem. — respondi observando as pessoas que estavam conosco. Gina, Molly, Arthur, Fred e Jorge me olhavam com o que parecia ser preocupação. Harry parecia aliviado. Encontrei dois rostos que não esperava. Em cantos opostos do quarto, olhando para mim, estavam Neville Longbottom e Draco Malfoy. Neville parecia sentir não pena, mas compaixão, como se entendesse o que eu sentia.E Malfoy, com aqueles gélidos e arrogantes olhos cinzentos, não parecia sentir nada além de tédio.

— Senhora Weasley, senhor Weasley, eu sinto muito. Se não tivesse enfeitiçado Harry em vez dos Comensais, e se houvesse sido mais cuidadosa e pensado em colocar mais feitiços de proteção na casa, isso poderia não ter acontecido.

Encarava meus pés, sem coragem de ver o que a expressão de Molly tinha a me dizer, quando ouvi a voz mais improvável retrucar em seu habitual tom arrogante:

— Ora, Granger, não seja estúpida. É claro que não foi sua culpa. Se o Lord das Trevas ordenou que seu amiguinho Weasley fosse capturado,nem você e nem Potter poderiam impedir.

Malfoy não me olhava com o desprezo de sempre. Ele parecia me avaliar, correndo os olhos por meu corpo. Todos os homens presentes, com exceção do senhor Weasley, me fitavam de forma estranha, até Harry. Então notei que a camisola de Gina mostrava mais do que o necessário. Peguei o casaco que Harry me ofereceu e o vesti o mais depressa possível. Com os desagradáveis olhares desviados, consegui pensar melhor.

— Harry contou tudo à vocês? — perguntei, esperando não ter que repetir a fatídica história.

— Sim, Hermione, ele já nos contou. Tem certeza de que está se sentindo bem, querida? Parece pálida... Sente-se na cama de Gina, vou na cozinha preparar algo para comermos. Não se culpe, meu bem, sabemos que a culpa não foi sua. — falou Molly fingindo empolgação. Ela saiu do quarto e tive a impressão de ouvir um soluço baixo logo após a porta se fechar.

Não me sentia tão mal, mas tinha consciência de que minha aparência estava horrível. Harry me guiou pelo quarto até a cama e sentou-se ao meu lado com um dos braços em volta de meus ombros. Me senti um pouco melhor por estar com ele, mas não foi o suficiente para amenizar a dor que sentia por Ron. Comecei a sentir falta dele, e então notei que ele poderia estar morto naquele exato momento. Essa ideia encheu meus olhos de lágrimas indesejadas. Hermione, você tem que ser forte agora. Ron pode ainda estar vivo, ainda há tempo. Podemos salvá-lo. Consegui segurar o choro e perguntei a ninguém especificamente:

— Quando partimos?

Todos perceberam que minha voz embargara e me olhavam como que querendo me consolar. Todos menos Malfoy. Ele aparentava compreender verdadeiramente o que eu sentia, assim como Neville. E então lembrei-me que os pais dele morreram não há menos de um mês. Ele entendia que o vazio que se instalara em mim nunca seria preenchido por completo. E a pior parte daquilo tudo era a incerteza. Malfoy soube que seus pais estavam mortos e pôde ficar de luto, enquanto eu nem isso tinha. Como poderia chorar a morte de Ron se ele estivesse vivo? E seria ainda pior não chorá-la imediatamente se ele estivesse morto. Mas eu não teria como saber se não fosse procurá-lo. E pretendia fazer isso o mais rápido possível.

— Por mim já teríamos partido, Mione, mas precisamos estar preparados. Enquanto você dormia procurei alguém que pudesse nos ajudar, mas todos estão muito atarefados com suas próprias batalhas. Neville se ofereceu para ir conosco, mas ele foi ferido há alguns dias. Malfoy — Harry pronunciou o nome como se fosse uma acusação — está sendo caçado pelos Comensais, e como ele sabe quais são seus esconderijos, já que foi um deles, Lupin achou que seria útil levá-lo junto. É por isso que ele está aqui, para mostrar que é leal a nós nos ajudando a resgatar Ron, mesmo que de má vontade.

Observei Malfoy. Ele estava diferente. Antes sua arrogancia era o que predominava em suas feições, mas agora ele parecia de certa forma mais maduro. Talvez assistir a morte dos pais e ser implacávelmente caçado por Comensáis da Morte o tivesse finalmente tornado homem. E ele parecia ter deixado seus preconceitos de lado um pouco, porque contribuir com Harry Potter e comigo, que ele tanto abominava, para ajudar-nos a resgatar nosso amigo Weasley de seu antigo mestre não era algo que faria antes.

Passar por tudo isso não o tornara menos elegante. Trajava um terno cinza escuro e sapatos sociais pretos, que contrastava com sua pele alva. E os cabelos não tinham um único fio fora do lugar. Parecia-me que Malfoy estava tentando causar uma boa impressão em nós, mas vestir-se daquele jeito só deixava Harry irritado. Para ele era como se Malfoy estivesse se exibindo, o que em parte não deixava de ser verdade. Eu o via como ele era. Um rapaz completamente apavorado e orgulhoso que escondia o que sentia por trás de uma máscara de arrogância e vaidade por achar que o desprezariam se se mostrasse como realmente é. Não muito diferente de mim com minha máscara de auto-confiança e inteligência. Na verdade, estava tão apavorada quanto ele.

— Como se feriu, Neville? — perguntei tentando parar de pensar em Malfoy.

— Foi quando atacaram minha avó. Os Comensais. Eu tentei, tentei mesmo salvá-la, mas ela não me deixava ajudar, e... e eles a levaram, assim como levaram Ron. — ele corava violentamente a cada palavra, e parecia estar sufocando em vergonha. Literalmente. Ele estava ficando sem ar .— E por isso eu... eu queria ajudar... mas eu...

— Calma, Neville, assim vai acabar morrendo.— o interrompi— Sente-se e relaxe, ninguém o culpa. Nós entendemos. Não havia nada que pudesse fazer.

Ouvi um risinho de escárnio vindo de Malfoy. Estava enganada. Ele não tinha mudado nada. Olhei-o de cara feia e virei-me para Harry, dizendo que ia mudar de roupa.

Quando voltei vestia um suéter azul que Gina me emprestara e uma calça também de Gina. Ela e Harry conversavam animadamente em um canto e Neville não estava mais no quarto. Um chocolate quente estava fumegando em cima de uma mesinha, e quando me aproximei fui informada de que era para mim. Da senhora Weasley. Na mesma hora a culpa me atingiu. Sabia que não era culpa minha, mas mesmo assim sempre que via a tristeza nos olhos de Molly sentia que poderia ter evitado tudo aquilo.

Enquanto bebia o chocolate quente senti olhos em minhas costas. Virei-me discretamente e percebi que Malfoy me analisava novamente com a mesma expressão compreensiva. Não entendia seu súbito interesse por mim e nem queria entender. Estava concentrada em encontrar Ron. Meu cérebro procurava em cada memória empoeirada uma pista sobre onde ele poderia estar, sem encontrar nada relevante. O clima descontraído com o qual Harry e Gina se tratavam me irritava. Eles agiam como se não houvesse nada de errado, o que definitivamente não era certo. Devia estar sérios, e não rindo e... Estavam mesmo flertando?

Tinha tomado banho e já não parecia tão horrível como antes, mas continuava com uma aparência cansada, exausta. Meus cabelos oleosos estavam presos em um coque descuidado no alto de minha cabeça, e alguma mechas insistiam em grudar-se em meu rosto. Já não me reconhecia, mas isso poderia resolver depois.

Ao cair da noite decidi que não conseguiria ficar nem mais um minuto sem fazer nada. Andei pela Toca até encontrar Harry, que ainda conversava com Gina, e o questionei sobre o que poderíamos fazer. Ele disse que devíamos esperar por notícias de Lupin, que trabalhava incansavelmente em seus mapas procurando qualquer coisa que pudesse nos ajudar. Imediatamente peguei uma pena e pergaminho e comecei a escrever uma carta para o lobisomem. A coruja voltou trazendo a resposta em menos de uma hora. E a informação que estava contida na carta nos colocaria em movimento em menos de meia hora. Os planos de busca já haviam sido feitos. Partiríamos no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Humm, bom, ruim? Alguns reviews seriam legais...



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