Lady Pirate - Um Legado Diferente escrita por Niners


Capítulo 18
Águas Perigosas


Notas iniciais do capítulo

Nem vou comentar da minha ausência porque né...
Enfim! eu voltei e cá estamos com um capítulo novinho! *solta fogos*
Creio que estou mais animada pra escrever, então tentarei dar o meu melhor!
Boa leitura :D



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Todos tentavam se segurar em algo sem muito sucesso, vários tripulantes estavam rolando pelo chão e pareciam bem desesperados. Leigh e Castiel não paravam de praguejar, mas haviam conseguido se equilibrar finalmente. Naam se prontificou a ajudar Calla a ficar de pé, embora ela ainda tivesse reclamado um pouco pelo toque do loiro.

― Será que não dá pra alguém ir logo ver se podemos fazer alguma coisa?! ― Denise gritou enquanto se segurava em Lysandre.

― Você não viu ali fora? ― Armin gritou de volta ― Aquele navio tá fazendo ondas gigantes! Não tem como algum de nós ficar inteiro se sair!

― Eu achei que vocês fossem durões!

― Durões sim! Mas ainda tenho juízo e amor pela minha vida!

― Céus! Calem-se! ― Calla se pronunciou ― Será que não sabem que gritar não vai adiantar em nada? Basta disso e pensem em algo útil a se fazer!

A sereia continuou a ralhar com eles até que alguns conseguiram ir até o convés, entre eles Leigh e Armin. Já lá fora, puderam perceber o quão séria a situação estava, o Excalibur estava sendo atraído para um redemoinho, o qual aparentemente era feito pelo navio que estava no centro dele.

Com certo esforço Leigh conseguiu amarrar uma corda em si, afim de que não caísse no mar.­­ Armin fez o mesmo. Devidamente seguro, o imediato tentava analisar a situação rapidamente para que conseguissem ao menos fugir dali. Ouviu passos atrás de si e desembainhou a espada, imaginando que alguém tivesse conseguido invadir o navio.

― Eia. Muita cautela com isso, humano! ― para seu quase alívio era Calla, que parecia bem à vontade no meio daquela zona.

― O que veio fazer aqui? Deveria ficar lá embaixo, segura!

― O senhor não me diz o que fazer! ― apontou o dedo em riste para o moreno ― Além disso, eu sinto magia.

Dizendo isso a sereia direcionou o olhar para o navio inimigo, conseguindo distinguir algumas poucas pessoas que estavam lá, dentre elas uma que usava um chapéu realmente exagerado. Seria o capitão? Enquanto julgava esses pensamentos, mais alguns da tripulação subiram para o deque.

A cena seria até engraçada em outras circunstâncias, Denise tentava chegar ao deque e Lysandre a puxava, querendo que ela permanecesse no interior do navio. Naam ajudou a separá-los, fazendo com que a azulada pudesse finalmente perceber o quão perigoso estava ali encima. Qualquer descuido poderia ser fatal, para dizer o mínimo. E mesmo assim, o navio atacante não fazia sequer um movimento ofensivo, parecia apenas esperar por alguma coisa.

― Por que não nos atacam? ― Calla deixou sua curiosidade vir à tona.

― É uma boa pergunta... ― Castiel preparou uma pistola ― Para a qual ainda não tem resposta...

― Parece que esperam alguma coisa... ― Armin comentou, olhando por sua luneta ― O chapeludo não tá com cara de que vai atacar. Se bem que eu não acho que precisem fazer alguma coisa...

― E por que isso? ― Lysandre tomou-lhe a luneta e observou.

― Cara, se você não percebeu... ― o moreno apontou para baixo ― Estão nos puxando pra dentro daquilo! E as ondas estão quase engolindo a gente!

O barulho de vidro quebrando encerrou aquele início de discussão. Enquanto a tripulação estava distraída alguém do navio inimigo havia lançado uma corda, provavelmente tentando prendê-la no barco, Leigh se prontificou a cortá-la. Foi ouvido o som de alguém caindo na água.

Denise soltou um palavrão ao perceber o quanto estavam próximos do outro barco, por isso as ondas estavam muito maiores do que antes. Água começou a entrar no Excalibur, assustando Calla.

― O que foi, loirinha? ― Denise amparou a amiga (se é que ela permitia que a chamem disso), que pulava como se a água machucasse.

― Eu me molhei! Eu me molhei! ― ela parecia desesperada enquanto tentava secar os pés.

― Pensei que você gostasse de água...

A azulada estranhou, mesmo assim a fez sentar num barril e tirou a bandana para enxugar-lhe as pernas. Levou um susto quando bolhas começaram a surgir e a cauda de Calla apareceu. Foi um momento bem inoportuno, pois o navio começava a ser invadido.

Leigh e Armin tiveram que se desamarrar, pois não conseguiam se mover muito bem. Todos que estava ali encima desembainharam as espadas e preparam as armas que tinham, iniciando a briga com os invasores. Denise estava mais preocupada em defender Calla, mesmo que a loira conseguisse impedi-los de chegar perto por si só.

― Quanto tempo até conseguir fazer sua cauda sumir? ― perguntou enquanto jogava um homem pra fora do navio.

― Preciso me concentrar para fazer isso. No momento estou mais preocupada em afastá-los. ― lançou mais um voando com um jato d’água.

― Até que é bem útil ter esse redemoinho ali embaixo, nos poupa trabalho...

― Espero que a rainha não se zangue por eu os estar atirando ao mar... Espere! ― ela se agarrou a Denise ― Estou sentindo novamente!

― O quê? Sentindo o quê? Medo? Frio? Vontade de ir ao banheiro?

― Sem gracejos, faça o favor! Sinto magia! É só um pouco, mas posso perceber. Denise, eu quero... Eu preciso ir até lá! ― e apontou para o navio que os atacava.

― Por que com você as coisas não são nada fáceis? ― a azulada suspirou.

― Ei, o que estão planejando aí? ― Lysandre apareceu ao lado delas.

***

Longe dali, Maya e seus sequestradores ainda estavam a bordo do navio, só que aparentemente os dois já planejavam sair. Preferiram não descer na última parada, por ainda estar um pouco próximo de onde a tinham pegado. Levou dois dias para chegarem ali, e a dupla já se sentia mais à vontade para dar continuidade ao plano. Enquanto a tripulação estava descarregando o navio, os três se esgueiraram até a saída, e de algum modo ninguém os notou.

Já do lado de fora, a mordaça de Maya foi retirada, mas ela nem ousou gritar por ajuda, mal tinha forças. Foi só naquela hora que conseguiu ver o rosto dos dois que a acompanhavam. Um era alto, possuía olhos verdes e cabelos castanhos, além de sardas no rosto, parecia bem novo. A outra pessoa era uma mulher e tinha pele morena, cabelos negros e olhos também verdes, era um pouco mais alta que o rapaz.

― Kim, acha que o capitão já chegou? ― o das sardas perguntou, segurando Maya pela cintura.

― Não sei, vamos ter que dar uma volta por aí. Ei! Segure ela direito! ― a morena deu um tapa na nuca do parceiro ― Faça com que ao menos pareça que ela consegue andar sozinha!

― Não é culpa minha! Ela mal tem forças pra piscar os olhos! Você exagerou um pouco.

― Ah, cala essa boca, Ken. Ela só precisa comer um pouco, aí ela vai acordar. Vamos logo.

Fez sinal para que o menor a seguisse, ele suspirou e passou a carregar Maya nas costas. Chegaram numa lanchonete, e apesar dos olhares desconfiados que receberam, foram bem atendidos. Pediram um café da manhã reforçado, e quando a comida chegou Kim sacudiu Maya de leve para que abrisse os olhos.

― Vamos garota, você não pode apagar de novo... Aqui, come isso. ― a morena colocou umas torradas na frente da mais nova.

― Não dá muito pra ela! Não podemos deixar que recupere as forças todas. ― Ken sussurrou no ouvido dela, seu rosto foi empurrado.

― Eu sei disso, guri. São só torradas, relaxa. ― voltou-se para Maya ― Ei, se fosse você eu comeria, ainda temos muito caminho pra andar, sabia?

Ainda que relutante, a jovem capitã começou a comer em silêncio, tentando pegar algumas partes da conversa dos dois. Não sabia onde estava, não tinha forças sobrando e seu corpo todo doía, a essa altura Maya já havia descartado a ideia de fugir, mas pelo menos descobriria para onde a estavam levando.

Só que a tentativa de espionagem não deu muito resultado, os dois apenas falavam de bobagens, agiam como se estivessem ali a passeio. Com um suspiro a capitã tentou alcançar mais um pouco de comida, mas o rapaz segurou seu braço.

― Já comeu o suficiente por hora. Vamos dar uma volta por aí. ― ele deu uma piscadela e se levantou ― Yo, Kim! A conta é sua!

― Hein? Como assim? Não foi esse o combinado! ― a morena esmurrou a mesa.

― Eu paguei da última vez, se vira aí! ― e saiu correndo, levando Maya consigo.

Kim ainda pensou em ir atrás deles, mas avaliou melhor e decidiu não chamar atenção para si naquele momento. Enquanto isso Kentin, chamado de Ken, andava de braços dados com Maya pela pequena cidade. No entanto ela não estava apreciando nada, já que tentava se soltar do rapaz a todo custo, só que ele era mais forte do que aparentava.

― Não vai rolar, senhorita! ― cantarolou ― Nosso papel é te manter por perto até uma certa pessoa chegar. De jeito nenhum vou te deixar fugir.

― Posso saber quem é essa pessoa pelo menos?

― E estragar a surpresa? Nem pensar! ― gargalhou, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam.

― Mãe, porque a roupa da moça tá toda suja? E o cabelo dela é roxo! Posso ficar com o cabelo assim? ― uma menina começou a gritar e apontar para os dois.

Com isso mais pessoas passaram a olhar para o estranho par, Ken deu passadas mais rápidas até encontrar esconderijo num beco. Ele se sentou em alguns caixotes que haviam por lá e afundou o rosto na mão, e ainda segurava Maya com o braço livre, impedindo-a de fugir.

― Cacete... Se a Kim souber disso vai acabar comigo na certa! ― ele parecia desolado.

― P-por quê? ― Maya se atreveu a perguntar, talvez aquele momento fosse útil para arrancar alguma informação.

― Não podíamos chamar atenção desnecessária, e...

― E o quê, guri? Vai me dizer que já estragou tudo? ― a voz de Kim fez Kentin erguer o rosto rapidamente.

― B-bem... Não! Claro que não! ― ele riu nervosamente ― Só uma pirralha que achou o cabelo dela estranho, mas poucas pessoas olharam pra gente...

― Foi isso, é? ― cruzando os braços, ela se pôs a pensar ― Olhando bem, ela vai chamar atenção aonde for... Então que tal isso?

Kim agarrou a jovem capitã e saiu daquele beco, Ken teve que apressar o passo para alcançá-las. Ele não havia entendido o que a companheira queria dizer, mas achou que devia ser alguma ideia mirabolante que a morena geralmente tinha.

Durante o curto caminho a morena repassou rapidamente sua ideia ao garoto, assim, Kim andou até um brechó, onde escolheu algumas roupas simples para que a menor usasse. Acabou escolhendo algumas coisinhas para si também, e Kentin teria que pagar por tudo. “É a vingança pelo café da manhã”, Kim havia dito.

― Já tá pronta? ― Kim abriu as cortinas e observou os novos trajes ― Ah, ficou melhor. Bem, qualquer coisa é melhor que aquelas coisas surradas que cê tava usando...

Maya olhava para ela no reflexo do espelho, mas não disse nada. Estava surpresa consigo mesma por não conseguir pensar em nada para fugir dali. Na verdade, ela ainda estava apavorada, então não conseguia tirar da cabeça que se tentasse escapar acabaria ferida, para dizer o mínimo.

A voz do garoto de olhos verdes ecoou por ali, avisando que tudo já estava pago. Maya foi agarrada e levada para fora, onde Kim ficou olhando de um lado para o outro, até que sua atenção foi parar numa pousada. Sorrindo consigo mesma foi até a recepção e reservou um quarto. Já lá dentro, fez a menor sentar numa cadeira em frente à penteadeira.

― Bem, bem... O que eu faço com você? ― Maya viu o sorriso que ela deu pelo reflexo do espelho.


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Notas finais do capítulo

Comentem se gostarem! Ou até se não gostarem! Aprecio suas opiniões!