Ao fechar os olhos para a noite, sua mente foi dominada por lindas e doces imagens. Imagens de um mundo feliz, e de um ótimo lugar para morar – de preferencia na pradaria. Enquanto dormia, a jovem menina sorria a se ver correr pela grama verde do verão e a sentir o sol em seu rosto, dando uma sensação de conforto e abrigo.

Viu alguns pássaros voarem ali ao longe, pousando levemente no galho seco de uma árvore antiga – a única em um raio de dois quilômetros dali. Havia cavalos cavalgando e exalando toda a sua beleza e formosura ali por perto. Ao vê-los a garotinha rio alto e correu até eles. Ela queria toca-los, para sentir que aquilo tudo era real, pois ela temia que fosse apenas mais um sonho.

Levantando alguns centímetros de seu longo vestido azul, ela correu alguns metros, até chegar ao cavalo mais lindo que poderia existir. Porém quando parou de correr, percebeu que não era mais uma criança. Tinha o corpo e a mente mudada, os cabelos que antes eram curtos, hoje estavam compridos e sedosos. O vestido que antes era um tanto longo demais, hoje está curto demais. Seu olhar percorreu a pradaria e a moça percebeu que nada havia mudado. A grama era a mesma, o sol o mesmo, havia os mesmos pássaros voando ao longe e o mesmo cavalo negro parado ao seu lado. Somente a menina havia mudado.

Ela não entendia como tudo mudou tão de repente, e quando se deu por si, acordou de forma espantosamente rápida e intensa. Seu olhar passou de feliz, para triste e a moça se perguntou:o que houve aqui?

Houve que, mesmo depois de vários anos o sonho é o mesmo. A moça se viu em um mundo de tristezas e decepções que a machucaram e machucam constantemente. Praticamente todos os dias ela não vê chegar a hora de deitar-se e invadir o mundo dos sonhos, para ter aquele belo e mesmo sonho de sempre.

O sonho da liberdade.

De viver em um lugar calmo, somente com um cavalo e o sol, podendo observar os pássaros que a acompanhavam desde pequena. Seria perfeito para a moça. Ela não quer muito, na verdade, quer é muito pouco. Apenas pedindo um pouco mais de calmaria e sinceridade, ao invés de tanto tumulto. O singelo olhar da moça varreu o quarto escuro. Ela procurava alguma coisa, só não sabia o quê. Deveria ser a felicidade, mas mal sabia a moça que não a encontraria ali.

Mesmo querendo coisas simples, ela não via a felicidade durante seu duro dia-a-dia. Para falar a verdade, a moça mal via a luz do sol, quem dirá perceber a felicidade nas poucas coisas que fazia para se divertir. E para piorar tudo, ela nem se importava muito em tentar se adaptar a realidade. Vivia é no mundo dos sonhos, onde tudo é bonito. Não queria enfrentar o mundo real, aquele que machuca mesmo, pois tinha medo... Mas medo de quê, garota?

Uma lágrima escorreu de seus olhos e ela se virou na cama, queria encontrar a noite mais uma vez antes de acordar e se ver perdida.