" Tudo o que disser poderá e será usado contra você,

então só diga meu nome.

Decepcionar as pessoas é o meu negócio, querida

Ache um lugar pra você, essa cidade não é grande pra nós dois." - Fall out boy

A manhã de sexta era chuvosa e isso realmente não ajudava muito. Ele queria ficar o dia inteiro ali, debaixo dos corredores e não se importar com mais nada... O problema é que tinha aula e já usara toda a cota do “mais cinco minutinhos”. A semana passara arrastada. Muitos deveres de casa, muitos afazeres... Cansado de sorrir para pessoas estranhas e mais ainda de tentar se adaptar a sua nova rotina na cidade. E essa nova rotina estava completamente o oposto da calmaria a qual estava acostumado. Mas, com toda certeza, isso estava relacionado à sua nova turma de amigos que, pelo que pôde perceber, eram bem festeiros e populares. Sentou-se na cama esfregando um olho com o dorso da mão e bocejou em seguida.

O banho lhe encorajou um pouco. Logo toda aquela preguiça e indisposição foram substituídas por animação afinal, era sexta! Finalmente era sexta! O dia da tão esperada festa de Annabeth. Talvez fosse por isso que a semana passara assim tão devagar... Estava ansioso, mas não sabia o motivo. Mentira sabia sim. Era por causa dela... Mas ninguém mais precisava saber disso.

Era engraçado pensar sobre ela, chegava a ser irritante. Tudo bem, durante a semana ela havia deixado claro que eles não eram amigos e ela aturava a presença dele apenas pelas aulas que estavam sendo forçados ter juntos. Aulas essas que sempre eram repletas de trocas de farpas e afins. Com o fim da razoável caminhada, chegara à porta da escola ainda com esses pensamentos lhe rondando, balançou a cabeça para se livrar e caminhou até o seu armário e o abriu, checando quais aulas teria e separando o material necessário em seguida.

Entrou na sala correndo os olhos pela mesma. Percy estava em uma das mesas, ao lado de Annabeth como o usual, e Frank conversava animadamente com eles do lugar à direita enquanto Hazel estava sentada sobre a mesa dele ao invés da cadeira dela. Leo não odiava química, até achava tudo bem interessante e útil... Mas, qual é?! Era sexta-feira e ele não via a hora de sair daquela prisão então faria de tudo para que o tempo passasse mais rápido fazendo o que mais gostava de fazer, desenhar. Limitou-se a cumprimentar os novos amigos com um simples aceno de cabeça e um sorriso sincero, caminhando sem dizer qualquer palavra até o seu lugar preferido: o último assento da fila da parede. Com as janelas de vidro e distância do campo de visão do professor o lugar era propício as suas intenções artísticas, afinal, era assim a maneira mais divertida de passar por aquela aula.

A professora Spencer adentrou a sala e começou a explicação sem ao menos prestar comprimentos. O garoto estava tão entretido com os rabiscos que agora começavam a tomar forma, que nem ao menos prestava atenção. Aquela típica revisão de primeiras aulas não eram, de fato, importantes considerando que ele se lembrava bem do conteúdo

***

Aquela aula acabara tão rapidamente que ele duvidou que realmente tivesse acabado. Foi necessário que todos estivessem se encaminhando para a saída para que ele se movesse de seu lugar. E nem mesmo terminara o desenho! Guardou o material, já pensando na próxima aula. Trocaria a distração do desenho por algo menos delicado e mais benéfico ao corpo. Sorte que adorava atividades físicas e se dava muito bem com grande parte dos esportes.

Jogou a mochila sobre as costas sorrindo e murmurando para a professora um comprimento apressado ao passar pela porta, andando apressadamente. Não se surpreendeu ao notar o corredor abarrotado de adolescentes rindo com suas turmas e conversando sobre os assuntos mais banais possíveis, outros com cara de paisagem ou expressões emburradas... Leo era um observador. Adorava olhar para as pessoas e pensar sobre o motivo de seus sorrisos e, até mesmo, o de aquela garota loira de botas estar chorando. Um término de namoro? Notas baixas? Não perguntaria, a graça era especular.

− Olá... Leo Valdez, certo? – Leo desviou o olhar da garota loira para encarar uma castanha. Muito bonita, pensou. Ela estendeu a mão e ele a apertou.

− Em carne e osso. – Ele piscou. Não se pode perder o espírito galanteador. A garota ainda o encarava com expectativa, e ele reparou que seus olhos eram caleidoscópicos assim que ela direcionou o olhar para outra direção e eles mudaram de tom por causa da luz. Não pôde deixar de achar incrível! – E você é...?

− McLean, Piper McLean. – O sorriso ainda estava lá. Claro! Ela era a tal Piper, a namorada de Jason a qual só ouvira falar. Não tivera a oportunidade de conhecê-la ainda, ela faltara à semana de aula por causa de alguma convenção fora da cidade ou algo assim. - Você é o garoto novo no grupo, certo? – Ele assentiu.

− É, pode se considerar. Finalmente, huh?

− Ouviu falar de mim? –Ela sorriu mais abertamente, mas não esperou respostas. – Li na sua ficha que gosta de artes...

− Isso é permitido? – Ele franziu o cenho, estranhando a atitude.

− Não para todos – Ela dá uma risada mínima. – Mas acontece que eu sou representante da comissão estudantil, então tenho alguns privilégios. Mas como obrigação, devo fazer com que os alunos, principalmente os novatos, se sintam incluídos. Então eu li sua ficha e queria saber se tem algum interesse em ingressar em algum clube. Temos vários! Espera... – Ela afastou um pouco o ombro e tirou uma alça da bolsa que carregava, tirando rapidamente um papel amarelo de dentro e estendeu-o a Leo. – Aqui tem a ficha de inscrição... Ainda não começaram a ser distribuídas, mas para os amigos a gente sempre dá um jeitinho! – Ela piscou. – E então?

Leo mal teve tempo para digerir todas aquelas informações... Nunca participara de um grupo escolar antes, mas pensaria seriamente em entrar em algum. Talvez a intenção de cogitar estivesse ligada a simpatia de Piper, ou mesmo a curiosidade... Bom, definitivamente pensaria.

− Se importa se eu te responder outra hora? – Ele perguntou hesitantemente – Quero analisar as opções e...

− Claro! – respondeu entusiasmadamente- Leve o tempo que precisar. Pode pegar meu telefone e me ligar quando decidir...

Leo deu de ombros, lhe entregando o aparelho celular para que ela salvasse seu número. Ela o fez rapidamente e deu um beijo na bochecha de Leo, o surpreendendo com o ato.

− Leo, foi um prazer. Não se esqueça de me ligar! – Ela se virou para ir embora e deu de cara com um Jason que encarava a cena nada feliz. Só então Leo reparou na presença do loiro e, deuses, o que ele pensaria?

− O que foi isso? – Ele perguntou em um tom controlado, mas ameaçador.

Piper revirou os olhos.

− Para com isso, Jay. Eu só estava fazendo meu trabalho. – Jason não pareceu aceitar muito bem, mas não disse mais nada. – E por que não me disse que ele era tão simpático?

O loiro deu de ombros e em seguida entrelaçou a mão de Piper possessivamente, mas ela se desvencilhou de leve para arrumar o cabelo quase que mesmo instante.

− Devo ter esquecido. – Disse simplesmente sem quebrar o contato visual com Leo. – Vamos?

− Sim. – Ela disse. –Te vejo no almoço?

− Absolutamente. – Respondeu retribuindo o sorriso. Ela conduziu Jason por entre a multidão, sumindo rapidamente.

No relógio de pulso, constatou que ainda tinha um tempo antes do almoço. Adiantou-se para os jardins da escola, já familiarizado com todo o caminho e os grupos que encontraria. Adorava a paisagem. Aquele lugar era realmente lindo! Uma área totalmente verde com arbustos repletos de flores de apenas uma cor, vermelho, o garoto não sabia ao certo o que pensar, o vermelho representava a paixão ou o poder de quem as observava? O mesmo deu de ombros, aquela informação não tinha relevância alguma naquele momento. Sentou-se no banco onde a paisagem era infinitamente mais bonita, tirou novamente seu estojo e pasta, que continha folhas em branco e alguns desenhos, e fechou sua mochila, deixando-a em um canto perto do banco, iniciou novamente outro desenho, só que dessa vez um mais rápido, já que vinte minutos não é um tempo muito longo quando se tratava de desenhos.

Começou a desenhar as flores vermelhas começando com pequenos detalhes no papel, suas mãos eram extremamente delicadas ao tocar o papel, os traços na maioria das vezes finos e fracos, eram substituídos pelos grossos e marcantes daquilo que valia a pena ressaltar.

– Bonito desenho. – Ergueu o olhar alarmado e se deparou com a garota de trança. Reyna. Leo desconfiava que ela fosse um tipo de ninja já que não viu e muito menos ouviu sua aproximação. Disfarçou o susto com um sorriso aberto, nada como uma boa oportunidade para infortuná-la.

– Anda me perseguindo? - Perguntou em um tom brincalhão. – Sério, minha beleza não aguenta tanto amor reprimido.

Ele parou de olhá-la e passou a observá-la. Ela usava uma regata branca simples com rendinha em ambas as alças, uma calça jeans escura que modelava o corpo da garota muito bem, sua trança estava alinhada ao ombro direito, Leo apenas conseguiu pensar em uma palavra pra aquilo tudo. Gata.

– Caramba... Eu estava tão animada com a perspectiva de te amar e não ser correspondida! - Disse no tom habitual sarcástico. O mesmo que Leo sentia prazer em ouvir mesmo que sempre fosse usado comente contra ele. - Vim lhe trazer um aviso.

– A sua presença é iluminadora... Diga.- Disse se colocando de pé ao largar o material de desenho sobre o banco, assim podendo observar a garota de perto.

Reyna apenas se afastou um passo de Leo, como se aquilo a fizesse sentir mais segura, na sua zona de conforto.

– Lembra-se do trabalho de história que fizemos juntos? – Perguntou. – No mesmo dia que estragou uma de minhas leituras com seus spoilers idiotas. -Leo apenas assentiu, lembrando-se do desastre do primeiro dia de aula. - Então, eu me saí muito bem, e adivinha só? Seu nome está no trabalho mesmo você não tendo feito muita coisa... – Leo estreitou os olhos.

− Eu a ajudei! Você sabe que sim... – Protestou.

− Ok, você não foi tão inútil. – Ela se deu por vencida, não querendo se prolongar muito. – O fato é que selecionaram as melhores duplas daquele trabalho levando alguns critérios em consideração, para participar de uma competição regional... Podemos discutir os detalhes depois. – Ela respirou. – Teremos que escolher um fato histórico marcante deste século que tenha alguma relação ou que afete o modo em que vivemos hoje. Como é um programa e de escala regional, competiremos com outras escolas da cidade e, se conseguirmos, passamos para a próxima etapa. Ele decidiu que éramos os mais aptos, então eu aceitei. - Explicou Reyna, mais claro possível para assim não ter que repetir tudo aquilo.

Leo piscou lentamente para absorver. As meninas dessa escola falavam muito rápido, constatou.

− Ok, e você aceitou isso sem me consultar? – Perguntou se fingindo mais frustrado do que realmente estava. Ela o olhou inocentemente.

− E você devia me agradecer por isso. Esses créditos são ótimos para o histórico, e eu pretendo entrar em uma boa faculdade... Não que você se importe muito com isso já está na escola para flertar com garotas peitudas e sem cérebro. – Leo franziu o cenho. – E sim, estou falando de Piper McLean.

− Ciúmes? – Ele sorriu levantando uma sobrancelha. – Saiba que tem Leo para todas... E, além do mais, ela é a namorada do Jason então...

Reyna o encarou com um olhar que mesclava incredulidade e raiva. Então ele se lembrou que ela fora namorada de Jason antes de Piper. Com certeza já sabia.

− Sério? – Ela colocou uma das mãos sobre a boca para encenar uma surpresa, ironicamente. Ele ainda a encarava.

Imaginou passar dias juntos com a garota ao seu lado, claro que o humor da mesma não iria ajudar em nada na decisão que queria tomar, mas seria uma forma ótima de conhecê-la. Irritá-la era estranhamente divertido.

– Ok, estou dentro. - Disse por fim, observou um pequeno sorriso no canto dos lábios da garota surgir timidamente.

– Não é como você tivesse escolha... - Disse a garota se afastando, apenas fazendo um sinal com as mãos dizendo adeus.

Leo observava a garota se distanciar. Estava quase sorrindo. Teria que conseguir fazê-la detestá-lo menos e tinha uma vaga ideia de como o faria. Maneou a cabeça e se pôs a reorganizar suas coisas que estavam espalhadas sobre o banco sentindo uma incômoda sensação de estar sendo observado. Olhou ao redor e sentiu os olhos de um azul intenso de Jason o encarando furiosamente. Nada amigável. Provavelmente ainda por causa de Piper, e Leo se lamentou profundamente. Tudo o que menos queria era o clima de tensão e desconfiança, principalmente por causa de uma garota. Maneou a cabeça e se direcionou até o grupo, já que Percy acenava freneticamente para que ele se juntasse a eles. Ainda teria muitos olhares acusadores para receber do loiro, já que almoçariam juntos e depois teriam aulas de educação física no campo.

***

O professor Hedge, ou “treinador” - como preferia ser chamado, poderia ser facilmente comparado a um anão se considerando as baixa estatura. Ele vestia uma blusa sem mangas que deixava a mostra seus braços exageradamente peludos, e uma bermuda preta, o mesmo aparentava ser severo e extremamente exigente quando o assunto era educação física. O velho explicava a todos o seu modelo rígido de coordenar os esportes e os times e anunciou os testes para a semana seguinte. Depois do que pareceu muito tempo de ladainha, ele falou que as meninas poderiam jogar vôlei na quadra e, os garotos, futebol no campo. Todos se moveram da trilha de atletismo –aonde estavam concentrados para as instruções- e se direcionaram para o lugar que lhes cabia.

Já no campo, Hedge pediu para e Jason tirasse um dos times e Percy, o outro. Leo adorava futebol! Na sua antiga cidade, escapava da oficina sempre que podia e passava a tarde inteira se divertindo com alguns colegas. Bons tempos.

O garoto acabou por ficar no time de Percy, assim como Nico. Frank, por outro lado, ficou com Jason. Os rapazes já se encontravam em diferentes lados do campo. Alguns observavam as garotas em suas roupas de ginástica jogando vôlei, outros conversavam entre si... Leo apenas assistia tudo a sua volta e pôde notar a aproximação de Hedge e um saco com algumas bolas. Ele jogou o saco no chão e selecionou uma para a partida.

– Vamos começar? - Incentivou.

– Claro treinador. - Disse Percy animadamente. Qualquer um poderia perceber seu amor por atividade física. Ainda mais se notasse seu corpo.

– Bom, o time do Percy fará gol naquele lado da quadra, o de Jason no oposto entenderam? - Apontava, quando falou. Os garotos faziam uma serie de alongamentos, para o início do jogo. - Todos prontos? – Ninguém se manifestou e ele apitou.

Era surfista e do time de natação, mas qualquer um que visse Percy jogando nunca diria que aquele garoto só gostasse de água, como a maioria pensava... Mas no futebol, era realmente bom. Sempre trabalhava em grupo e dava chances iguais para ambos os jogadores do seu time, sem nenhum favoritismo. O moreno dominara a bola e confundiu o adversário quando a passou para Nico, que passou para Leo. Ele dominou a bola e direcionou o olhar para o gol. Dois obstáculos. Jason, que vinha em sua direção e o goleiro, que observava atentamente. Decidido, o garoto se aproxima de Jason e desvia sua trajetória, deixando o loiro um pouco atrás de si, mas quando erguera o pé de chute, fora interrompido por uma dor aguda e, em seguida, sentiu o chão contra suas costas. Levara uma rasteira – ou carrinho- violento de Jason, que o deixou caído com ambas às mãos na canela, por culpa do golpe. E o apito soa novamente. Os garotos começam a se amontoar ao redor dele, mas quando Hedge chegou para dar-lhe assistência, ele se levantou e murmurou um "Tudo bem, treinador", mas antes de reiniciar a partida o mais velho não deixa de advertir o causador da falta grave.

E assim foi o resto do primeiro tempo. Sempre que Leo tinha a bola, Jason parecia brotar do chão para marca-lo de forma violenta. Perdera as contas de quantas vezes levara cotoveladas ou era derrubado. Estava ficando realmente irritado, começou a pensar que talvez fosse algo pessoal – o que era bem provável depois do breve diálogo com Piper naquela manhã. Com a partida já no segundo tempo todos percebem a agressividade de Jason em apenas uma pessoa, Leo, porém o mesmo tentava ao máximo não pensar nisso como uma forma de punição por falar com Piper naquela tarde.

Ao receber a bola de Percy mais uma vez, o garoto resolveu escolher a forma mais simples de chegar ao gol. Driblou Frank e o seu caminho estava livre... Todavia, sem o menor aviso, Jason apareceu ao lado de Leo. E ele foi jogado no chão com mais força do que nas outras vezes. Isso o fez explodir. Ele Se levantou, todos encaravam Jason incredulamente.

− Qual é o seu problema? – Indagou dando um empurrão forte, que fez Jason quase cair.

− O meu? – Jason riu em escárnio. – Você!

− Então resolva isso como um homem! – Leo cuspiu essas palavras com mais confiança do que realmente sentia. – Quando Jason fez menção de avançar em Leo, Percy o agarrou por trás e Frank o ajudou logo após. Frank cuidava de Leo sozinho.

− Calma cara, é apenas um jogo amistoso. - Argumentou Percy enquanto Jason se debatia.

– Estou calmo, Percy! – Respondeu Jason, exaltado.

− Não nos culpe por suas frustrações. - Interferiu Nico. - Leo não te fez nada!

– Ah claro! PORQUE O LEO É UM SANTO! - Explodiu.

− Ei cara, eu continuo aqui! – Rosnou cego de raiva. - Se tem algo a me dizer, diga, não precisa me agredir fisicamente. Ou pelo menos espere eu saber o motivo de ter que danificar esse lindo rostinho que você tem aí! – Rezava para que suas palavras fossem tão letais quanto suas intenções.

Todos agora encaravam a cena calados. Apenas assistindo, como se qualquer movimentação fosse acionar uma campo minado.

– Os dois para o vestiário, AGORA! – O treinador surgiu no meio do campo e impôs autoritário.

Eles trocaram olhares fuzilantes, mas não ousaram dizer nada. Assim que foram soltos caminharam na direção do vestiário, Jason estava apenas a dois passos de distância do outro. Ao entrar no vestiário, Leo passou a mão sobre os cabelos suados, Jason já estava sem camisa e parecia furioso.

− Pode me dizer que droga foi aquela? – Leo estava disposto a, no mínimo, entender. – Você quase arrancou minha perna fora!

− Não tenho culpa se você não sabe jogar de igual pra igual. – Devolveu Jason, como se fosse óbvio.

− Jason, era uma brincadeira... –Disse indignado. Não se conformava por ter sido mandado mais cedo para o vestiário. - Sequer estávamos competindo!

− Estávamos jogando em times adversários, Leo! Não sei o que isso significa no lugar de onde você veio, mas aqui, é sim uma competição.

Leo o encarava incredulamente. Não sabia como reagir... Não tinha muita experiência na arte de conviver com o Jason, mas conhecia o bastante de pessoas para saber que não tinha como aquilo ser somente por causa de um jogo. Resolveu colocar as cartas sobre a mesa.

− Isso é sobre Piper? – Semicerrou os olhos, acalmando o tom de voz.

Jason o encarou parecendo chocado.

− Piper? – Ele riu sem humor algum. – Você acha mesmo que eu... Por mim, você pode fazer o que bem enten- Se auto interrompeu. – Quer saber? Esquece! Eu sou sempre o errado mesmo, talvez eu deva pegar umas aulas com você, Sr. Super Legal...

− Não estava acontecendo nada demais! – Ele ignorou o sarcasmo e continuou. – Ela só estava sendo simpática. Jason, pelos deuses, ela é sua namorada, eu nunca faria nada p...

− Eu já disse que não tem nada a ver com Piper! – Ele suspirou profundamente e passou a mão sobre a cabeça, bagunçando os cabelos dourados. – Você não entenderia, de qualquer maneira...

− Eu posso tentar. – A guarda dos dois já estava completamente baixa. Mesmo com as atuais diferenças, eles já tinham formado uma aliança nessa semana.

− Não se preocupe. Desculpe ok? – Ele disse baixo, estendendo a mão. Leo a pegou, sem hesitar. – Eu exagerei.

− Tudo bem. – Leo disse, simplesmente. – Não posso virar seu inimigo assim... Tenho muito o que aprender com você.

Jason franziu o cenho.

− Tipo...?

− Tipo como conseguir domar a fera da Reyna... Sério, vamos passar muito tempo juntos, eu preciso que ela me suporte, pelo menos...

Os olhos de Jason faiscaram assim como minutos antes no campo, mas Leo sequer percebeu. Ele não podia ter dito coisa pior naquele momento. Todo o controle de Jason queria abandonar seu corpo e carimbar a cara de Leo. Mas tudo o que ele fez foi sorrir forçadamente.

− Claro! – Ele olhou dentro dos olhos de Leo, pretensioso. – Será um prazer.