Sayo

Olá, meu nome é Sayo e tenho 19 anos. Sou uma garota de olhos verdes e cabelo avermelhado. Bom, não sei muito bem descrever a minha vida, só que sou apenas uma garota tímida que usa óculos... Também moro sozinha, isto desde que entrei na faculdade no curso de literatura.

Bom, contarei a vocês algo que aconteceu a uns dias... Era uma noite chuvosa, eu estava correndo com o meu guarda-chuva azul pelas ruas. A chuva e o vento estavam muito intensos e não tinha como andar devagar, eu ODEIO chuva!

Não sei como pude ouvir, mas de repente ouvi um som em um beco. Me aproximei para saber o que era e ouvi mais alto:

– Miaaaaaauuu!

Um gato? Cadê? Cadê o neko? Olhei em volta para achar onde o bichano poderia estar escondido. Deve estar com medo da chuva,tadinho.

Olhando em baixo de uma caçamba de lixo o achei. Aquele gatinho tinha olhos profundamente azuis e dava para percebei o seu olhar de medo.

– Vem gatinho, vem.

Ele continuou quietinho.

– Vem, não vou te machucar. Você quer ficar longe dessa chuva, não é?

Estranho, parecia que o gato entendeu o que eu disse. Se arrastando por baixo da caçamba ele saiu de lá e pulou direto no meu colo para ficar em baixo do guarda-chuva.

Que gatinho bonitinho, o pelo dele era um alaranjado bem clarinho, quase branco. O segurei junto de mim e andei tentando ao máximo nos proteger da água com o guarda-chuva. Ouvi um ronronado vindo dele, parecia que ele tava feliz.

Entrei em meu apertamento e coloquei o gatinho no chão e começou a se esfregar no carpete e se lamber no desespero de se secar, isso era engraçado. Espere... Agora reparei... A cauda dele não era uma só, eram DUAS? O gatinho tem duas caudas?

Me aproximei dele e dei um carinho nele passando a mão nas suas costas e deslisando para uma das caudas. Era estranho, já vi gatos na rua sem rabo (e digo tendo nascido assim), mas com duas caudas nunca. Mesmo assim isso não mudava o fato de que ele era bonitinho, que o pobrezinho precisava de alguém para tirá-lo daquele dilúvio. O que esse detalhezinho pode ter de mais, não é?

Me levantei e fui à cozinha e ele foi atrás. Peguei uma caixa de leite na geladeira, botei numa vasilha e esquentei um pouco. Eu já tive um gato, então eu sei que eles gostam de leite morno.

Coloquei a tigela no chão, me sentei e fiquei olhando o gato tomando o leite. Tão fofo...

– Você é tão bonitinho, gatinho. Hum... acho que eu bem que poderia dar um nome pra você, o que acha?

Mais uma vez parecia ele ter entendido o que eu disse. Ele parou de beber o leite e olhou pra mim como se estivesse prestando atenção.

– Hum... O Que pode ser? Deixa eu pensar... Você, a primeira coisa que eu vi foram esses olhos azuis e o mais marcante em você é essa calda dupla. Azul... dois... Ah! Já sei! Que tal "Aoni"? "Ao" de azul e "ni" de dois?

O gatinho se sentou fechou os olhinhos e deu um miado fofo. Puxa! Ele gostou!

– Hu hu, então esse vai ser o seu nome, Aoni.

Ele se aproximou e se roçou em mim. Eu sorri e passei a mão na cabecinha dele. Aoni parecia muito feliz.

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Não sei quando eu dormir, só que antes tava brincando com o Aoni fazendo ele caçar o cadarço do meu tênis. Assim que acordei me toquei que tava deitada no carpete da sala. Mesmo tendo acordado continuei com os olhos fechados, até que senti algo mexendo em meu cabelo, deve ser o Aoni...

Abri os olhos e levei um enorme susto. Estava bem na minha frente e me encarando um HOMEM!

Devido o sustou, por reflexo, fiz um movimento tão rápido que imediatamente bati meu cotovelo na cabeça dele. Eu me levantei e me afastei.

– Ah! Quem é você! Como entrou na minha casa!

E por que ele está... NU! AH! UM PERVERTIDO!!

– Ai, ai... Isso dói! É isso que você faz depois de ter me tirado da chuva? Você é má, humana-chan!

– An?...

Olhando melhor para ele, ele tinha um cabelo castanho claro e olhos bem azuis e não era só isso. Nele também havia umas orelhas de gato sobre a cabeça e uma cauda dividida em duas. Não pode ser!

– Aoni...

– Hay! - diz ele ainda com a mão na cabeça.

Eu... Não acredito... Como um gato pode virar uma pessoa da noite pro dia? E... Também... Ele está sem roupa... (*corando)

Aoni deve ter percebido o meu constrangimento, ele se sentou e pôs as mãos estre as pernas para cobrir "aquilo".

– Eu... Hum... Acho melhor eu pegar algo para você se vestir.

Eu me virei e fui direto ao quarto de hospedes, deve ter algo ali.

Fiquei tentando me recuperar do choque. Como isso pode acontecer? Ontem à noite ele era só um gato. Como ele de repente pode virar uma pessoa? Bom, "quase" uma pessoa. Mesmo assim, como?!

Após ficar um tempo pensando, finalmente consegui achar uma roupa que daria nele. Era uma camisa preta com a estampa de algum personagem de anime (acho que é Alucard o nome desse personagem) e uma calça jeans rasgada.

(http://static.comicvine.com/uploads/original/7/74629/1415059-alucard_hellsing_cross_wicked.jpg)

Voltei à sala e Aoni estava lá, paradinho, do jeito que tava. Suas orelhas levantaram quando me viu e ele sorriu. Deus... Olhar pra ele assim me deixa tão constrangida.

– Hum... Essas roupas são do meu nii-san, Acho que cabem em você. E não tem problema você usar, ele raramente vem aqui. E... Desculpa, não achei nada pra você calçar.

– Tá perfeito!

O dei as roupas e me virei pra ele se vestir. Puxa... Um gato, um gato! Como pode um gato virar gente? Ainda mais um homem tão... Tão...

De repente os meus pensamentos se romperam. Aoni ficou perto do meu pescoço e estava fungando.

– O...

– Seu cheiro é tão bom... - disse ele.

Eu me senti ficando vermelha na mesma hora. Ele continuou lá me cheirando e depois começou a roçar a cabeça em mim. Ele ronronava assim como um gato. Sim, ele é um gato, mesmo tendo virado pessoa, mas parece uma criança, uma criança ingênua.

Eu me virei e o afastei com as minhas mãos. Já! Chega! Ele tá me deixando constrangida!

Ele já estava vestido e fez um olhar inocente.

– O que foi, humana-chan?

– O... Meu nome é Sayo.

– O que foi, Sayo-chan?

Continua me chamando de "chan"?

– Eu... Você... Você era um gato, como...

– Fiz algo errado? - perguntou abaixando as orelhas.

– Não! É só que... Puxa! Como, como você mudou de forma, virou uma pessoa?

– Eu faço isso. E você não iria entender se eu só miasse.

– O quê?

– Arigatou gonsaimasu. - disse ele sorrindo.

– Por--

– Pela chuva. Fico realmente grato por você ter me acolhido! Eu estava só, com fome, frio e você foi gentil e me ajudou!

Ele... Realmente está grato pelo o que eu fiz?

– Hum... De nada. - disse eu tentando sorrir.

– Hu hu hu.

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Passando um tempo, fiquei sentada no carpete junto com ele, era difícil acreditar ser possível um gato virar uma pessoa. Pra mim ainda não tinha caído a ficha.

– Mas... Você sempre foi assim? Como isso é possível?

– Sou assim desde que me lembro. Prefiro passar a maior parte do tempo como gato por que é mais fácil. Não tenho que me preocupar com roupas, posso comer em qualquer lugar que ninguém irá se importar, não preciso de, hum, como é o nome, "dinheiro" para ter as coisas.

– É... "Everyone wants the life that a cat has*" (*Todo mundo quer a vida que um gato tem)

– Ha ha ha! Bem que... Devo admitir que é meio difícil. É como depender da "Lei da Selva", se é que você me entendo.

– Hum...

O Aoni realmente não era um gato comum, ele tem um pensamento profundo, não parece nem um pouco que ele é simplesmente um animal que vira uma sub-pessoa*. Também, deve ter passado por muita coisas vivendo como um gato de rua, ainda mais diferente, com duas caudas. Será que assim como os humanos existe "preconceito" entre os gatos?

– Eu realmente estou muito feliz pela ajuda de Sayo-chan. - ele abaixa sua cabeça e suas orelhas - Se você permitir, serei fiel a você, Sayo-chan.

– An?

– Por favoooooor...

– Hum, depois dessa não posso dizer não, não é?

– Não! ^ω^

– Tá certo, huhu! Também pode ficar aqui.

– Yep!

Posso ter no princípio me assustado com essa habilidade de Aoni, mas ele até que é bom como gato e como pessoa. Acho que será interessante tê-lo como amigo.

*Nota: "Sub-pessoa" está se referindo a pessoas meio animal e isso é usado no mangá "Remei No Arcana"