Loving You escrita por Joker


Capítulo 1
Loving You




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“Kiss me like you wanna be loved
[…]
This feels like falling in love
We're falling in love”
–Kiss me (Ed Sheeran)

“Beije-me como se você quisesse ser amado
[...]
É como se estivesse se apaixonando
Nós estamos nos apaixonando”

O tempo estava extremamente frio, sendo necessárias três camadas de roupas e um cachecol. Se bem que o cachecol é o mais importante aqui. Meu pescoço é bem sensível. As bochechas coraram com o pensamento e um meio sorriso apareceu em seus lábios.

Faltavam dois dias para o Ano Novo e Kise estava bem animado com aquela ideia. Sua mãe estava de viagem para a Europa, para passar a data especial com o marido e a família e ele ficaria na casa de um amigo. Ela até me pediu para ir, várias e várias vezes, mas eu recusei. Além de eu ter que trabalhar no dia 30, nossas reuniões em família nem sempre são boas.

Sua mãe era originalmente da França e seu pai era um verdadeiro japonês. No entanto, a família não queria aceitar que ela se cassasse com o rapaz, considerando que eles eram jovens e não tinham onde cair mortos.

Quando a mãe de Kise engravidou, a família da moça ficou chocada e desde então a raiva sobre seu pai crescia cada vez mais. Eles sempre discutem quando vão para lá. Ainda me pergunto por que eles fazem essas viagens.

“Prometa que irá se cuidar.” A jovem mulher sorriu e se virou para o filho. Os belos e longos cabelos loiros estavam soltos e escondiam parcialmente o cachecol rosa.

“Eu prometo mãe. E vocês tomem cuidado por lá também.” Um sorriso sincero deixou seus lábios quando ele sentiu o topo de sua cabeça ser acariciado pela mão de seu pai.

“Eu vou cuidar bem da sua mãe, não se preocupe.” O homem sorriu e se virou para o outro lado. “Obrigado por cuidar dele.”

A frase foi dirigida para outro rapaz, cujo rosto estava aquecidamente escondido dentro do cachecol azul. Os olhos azuis se elevaram e suas bochechas coraram levemente com o comentário.

“N-não tem de que.” Kasamatsu desviou os olhos e assentiu levemente com a cabeça.

“Não tem problema mesmo ele passar uma semana na sua casa, Yuki-chan?” A mãe de Kise se aproximou do capitão do time, que encolheu e corou ainda mais ao ouvir a abreviação de seu primeiro nome.

“N-não tem problema. Minha mãe adora visitas e ficará feliz em recebê-lo.” O moreno olhou de Kise para a mulher a sua frente e piscou algumas vezes.

“Última chamada para o voo de Paris. Repetindo: última chamada...” O alto-falante chamou a atenção de todos e Kise suspirou.

“Até mais meu bebê!” A mulher abraçou o filho e tentou controlar as lágrimas. “Ligue-nos para qualquer coisa! Eu ligarei no Ano Novo e não se esforce muito no trabalho. Sua saúde é importante.”

Seu pai sorriu e bagunçou o cabelo dos dois rapazes – mais baixos que ele – e pediu para que se cuidassem novamente. Com um aceno, os pais do Ala se retiraram para o portão de embarque, deixando os amigos a sós.

“Você quer esperar o avião sair?” Kasamatsu começou a conversa, afundando o rosto no cachecol novamente e se virando para a grande janela de vidro, onde dois aviões estavam pousados.

“Acho que sim. Minha mãe ficará triste se eu não esperar.” Kise soltou uma risada baixa e passou a mão pelos cabelos, visivelmente envergonhado.

“Eu vou chamar um táxi então. Espero lá fora.” O armador começou a andar em direção a saída, sem dar tempo para que o loiro pudesse respondê-lo.

O loiro suspirou e sorriu enquanto se aproximava da janela e colocava as mãos dentro dos bolsos do casaco. Ele viu quando sua mãe acenou em sua direção, antes de embarcar no avião, mas tudo o que o Ala fez foi sorrir e assentir com a cabeça. Eu estou cansado.

O céu estava escuro, por conta das pesadas nuvens de neve e do horário. Era quase dez da noite. Kise permaneceu plantado em frente à janela, vendo o avião decolar, mas sem prestar a atenção de verdade.

Eu não sei como vou ficar uma semana na casa do Senpai. Os olhos cor de mel se fecharam brevemente, enquanto o Ala respirava fundo, tentando colocar os pensamentos no lugar. Aquela havia sido uma semana muito agitada e nem ele tinha ideia de como as coisas haviam acontecido. Foi depois do Natal. Três dias depois do meu treino coletivo com o Kurokocchi.

Kise sempre admirou seu superior. Kasamatsu sempre foi um exemplo a ser seguido e isso era um fato inegável, por isso o loiro fazia tudo o que podia para ser reconhecido pelo capitão do time. Sua habilidade de copiar outros estilos não era mais apenas para si, mas, sim, para o moreno. Eu não fazia ideia de onde estava me metendo.

Sua amizade com o armador se tornou algo forte. Eles eram a melhor dupla do time. Kaijo se tornou um colégio mais reconhecido depois da entrada de Kise e isso era algo que animava Kasamatsu de uma forma inimaginável. Tudo ficou bem claro para mim no dia em que jogamos contra o Aominecchi.

O loiro já suspeitava que seus sentimentos eram mais do que uma simples amizade, mas ele decidiu deixar aquilo de lado por um tempo. Os jogos mais importantes de sua vida estavam acontecendo e ele não poderia se dar ao luxo de perder o foco. Caso contrário, o time estaria em sérios problemas e o capitão do time ficaria triste com uma derrota. E ele não queria ver o moreno triste.

Quando suas pernas falharam, ao final do jogo contra Aomine, Kise simplesmente desejou ficar lá pelo resto de sua vida. Como eu encararia meu senpai? Eu tinha certeza de que ele estava triste. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele simplesmente não conseguia reunir forças para se levantar e sair de quadra.

A vontade de chorar só aumentou quando Kasamatsu se aproximou, ajudando-o a levantar, puxando-o pela cintura em um quase abraço. Eu senti como se meu coração tivesse parado e então voltado a bater novamente. Foi então que eu deixei minhas lágrimas escorrerem livremente pelo meu rosto. Eu percebi que o senpai era muito importante para mim e que tudo o que eu sentia por ele era amor. E isso me deixou arrasado. Eu havia deixado a pessoa que eu amava sofrer pela perda de um jogo. Eu era o pior.

O moreno respirou fundo e apoiou Kise em seu ombro, ajudando-o a andar até o meio de quadra. “Não chore.” Foi o que o Ala conseguiu ouvir quando Kasamatsu sussurrou, ainda olhando para frente.

Kise respirou fundo e controlou o choro, cumprimentando seus adversários e saindo de quadra, ainda com ajuda. Eu queria correr. Eu não me sentia no direto de receber a ajuda do senpai. Eu o decepcionei.

Quando o time todo estava do lado de fora, o loiro percebeu que o armador não estava por perto, recebendo a notícia de que ele ainda estava no vestiário. No entanto, embora sua vontade fosse de correr e se desculpar, chorar e confessar seus sentimentos, Kise simplesmente se virou e continuou a andar. Ele provavelmente estava chorando. E eu tomei uma decisão importante também. Eu só me confessaria quando ficasse forte o suficiente.

Durante um ano, o Ala conseguiu se segurar e não contar ao seu superior tudo o que sentia e desejava. Durante um ano ele treinou todos os dias, sem se importar com feriados ou finais de semana. Sua mãe e pai já estavam preocupados e a agência de modelos reclamou várias vezes quando algumas reuniões e projetos precisaram ser remarcados porque Kise havia se esquecido de comparecer.

Ele ficou mais forte, no entanto, aquilo não parecia ser suficiente. À medida que ele superava uma barreira, Kasamatsu parecia superar duas, deixando o Ala para trás com o coração cheio de dúvidas e tristeza. Eu estava feliz pelo avanço dele, mas me sentia um atraso para o time. Mesmo fazendo parte da Geração dos Milagres, eu ainda não me considerava bom o suficiente.

Três dias depois do treino coletivo com o Seirin, Kasamatsu apareceu na porta de sua casa, durante a noite, com a expressão séria e as sobrancelhas unidas. Seus lábios estavam escondidos dentro do, já conhecido, cachecol azul e ele parecia irritado.

“Kise, podemos conversar?”

“C-Claro... Entre.”

“Seu pai e sua mãe estão?”

“Sim, mas podemos conversar no meu quarto e-”

“Não. Eu prefiro conversar aqui fora então. Seria muito incomodo para você?” O capitão do time não desviou os olhos em momento algum e Kise percebeu que o assunto era realmente sério.

“Não, eu vou pegar um casaco e então podemos sair. Tem um parquinho aqui perto, podemos conversar lá.” Ele sorriu e voltou para dentro de casa, pegando um grosso casaco preto e um cachecol vermelho.

O Ala avisou que estava de saída com o amigo, mas que voltaria em breve. Quando questionado para onde eles iriam, Kise simplesmente sorriu e disse que iriam se divertir no parquinho da esquina, conversar um pouco sobre basquete provavelmente.

Os tênis brancos foram colocados e ele fechou a porta da casa atrás de si, terminando de ajeitar o cachecol e começando a andar. O portão de ferro foi encostado e o loiro não se preocupou em trancá-lo. Ele voltaria em breve e o bairro era seguro.

O caminho até o parquinho foi feito em silêncio e Kise estremeceu ao sentir uma forte rajada de vento frio. Como imaginado, o local estava vazio e os dois rapazes andaram até os balanços. O Ala se sentou em um deles, se inclinando para frente e se encolhendo mais um pouco.

“Não vai se sentar?” A pergunta foi retórica, já que Kasamatsu sequer havia olhado para o brinquedo, se mantendo em pé e olhando intensamente para a rua.

“Por que você não me contou?” A voz rouca do capitão do time saiu um pouco mais alta do que o esperado e Kise se assustou, erguendo o rosto abruptamente e encarando seu superior.

“Não contei o que?”

“Você tem treinado sozinho. Todos os dias!” Os olhos azuis se viraram para ele dessa vez e um brilho diferente iluminava aquele rosto. Raiva talvez. “Por que não me avisou? Por que fez isso sozinho? Nós poderíamos ter melhorado juntos. Ou você acha que é bom demais para trabalhar em equipe?”

“Senpai!” O loiro ficou em pé, surpreso por ouvir tantas acusações de uma só vez. Era exatamente o oposto. “Quem você pensa que eu sou? Bom demais para trabalhar em equipe? Eu tenho trabalhado em equipe desde que entrei para o time!”

“Não é o que tem parecido.” O moreno murmurou.

“Você não me conhece. Não sabe como eu ajo quando quero melhorar sozinho. Isso não é nada se comparado ao eu fazia quando jogava com o Teiko!”

“Então você admite querer melhorar sozinho?!”

“Não!” Suas vozes estavam extremamente altas e pela primeira vez eles brigavam aos berros. Mesmo depois de tanto tempo juntos, aquela era a primeira briga séria dos dois.

“Então o que é essa idiotice toda?!” Mesmo sendo mais baixo, Kasamatsu não se intimidava, mantendo o rosto erguido e o olhar fixo em sua companhia.

“É por você!” O grito que deixou sua garganta saiu sem querer e ele se arrependeu no segundo seguinte. Os olhos cor de mel estavam arregalados e aquelas palavras deixaram um gosto amargo para trás. Não era assim que ele imaginava sua confissão.

“O-o que?” O capitão do time diminuiu o tom de voz e deu um passo para trás, os olhos azuis estavam arregalados e ele parecia ter ouvido algo absurdo.

“Não é nada.” Kise respondeu depois de uma breve pausa. “Apenas... Esqueça essa bobagem toda. Eu não estou tentando melhorar sem o time. Tudo o que eu quero é que estejamos todos juntos em nossas vitórias.”

Kasamatsu abaixou o olhar e permaneceu um tempo em silêncio. A expressão confusa e os lábios firmemente fechados. Ele parecia estar repassando minhas palavras várias e várias vezes pela mente.

“Sinto muito se foi o que pareceu.” O Ala sussurrou depois de um tempo e voltou a se sentar no balanço, recolocando as mãos dentro dos bolsos e encarando a areia do parquinho.

“Não... Não se desculpe.” O moreno falava baixinho e sem erguer o olhar. “Eu... Eu estou errado. Cheguei todo irritado para falar com você e não ouvi sua versão da história.”

“Senpai eu não-”

“Eu vou voltar para casa agora Kise.” Kasamatsu o interrompeu, virando-se em direção ao pequeno portão do parquinho e voltando a colocar as mãos dentro dos bolsos também. As mesmas mãos que estiveram fechadas até aquele momento, prontas para bater em algo. “Sinto muito ter gritado com você no meio da rua. Nós podemos conversar depois, quando... Quando isso tudo tiver passado.”

Kise o chamou algumas vezes, mas o armador simplesmente continuou andando com a cabeça baixa. Voltar para casa, e fingir que estava tudo bem, foi a pior parte. Eu tinha certeza de que tinha estragado tudo. Como sempre.

Dois dias depois, sua mãe o avisara da viagem e disse que Kise até poderia ficar no Japão. Contanto que encontrasse um lugar para ficar, pois sozinho ele não ficaria. O loiro suspirou e ligou para todas as pessoas que conseguiu imaginar.

Kuroko se desculpou várias vezes, dizendo que passaria a data com os parentes e que a casa estaria cheia. Midorima simplesmente desligou em sua cara, dizendo que aquele não era o dia de sorte de gêmeos. Aomine disse que voltaria para sua cidade natal, mas que ele poderia ir junto se quisesse. A oferta foi declinada, já que Kise sabia muito bem que eles jogariam basquete todos os dias e que as irmãs mais novas do rapaz não o deixariam em paz.

Murasakibara não atendia ao telefone e o loiro nem tentou ligar para Akashi. Ele ainda me dá medo, mesmo depois de tantos anos. Um alto suspiro deixou seus lábios no exato momento em que sua mãe entrou no quarto.

“Eu liguei para o Yuki-chan. Ele disse que você pode ficar na casa dele.” Ela estava com um largo e satisfeito sorriso no rosto.

“Você o que?!”

“Liguei para o Yuki-chan. Vocês são tão amigos, achei que não teria problemas. Além disso, eu não te vi ligar para ninguém, então achei que você já tinha se esquecido do que eu falei.”

“Mãe! Eu estava ligando para um monte de gente. Por que você ligou para o Kasamatsu-senpai?” A pergunta saiu chorosa e o loiro estava completamente desesperado.

“Por que eu não deveria?”

Um novo suspiro deixou seus lábios e Kise voltou a se deitar, com braços e pernas abertos. Era inútil brigar agora. O que estava feito não poderia ser desfeito.

“Kise?” A voz de seu superior o acordou de seus devaneios e o loiro deu um passo para o lado. “Faz um tempão que o táxi chegou. Você não vem?”

“A-ah... Eu vou. Eu só estava pensando em uma coisa. Acabei me esquecendo de onde estava. Desculpe por fazê-lo esperar.” O Ala sorriu e passou a mão nos cabelos, começando a andar em direção à saída do aeroporto.

Ele precisaria ficar uma semana na casa do moreno e aquele não era o melhor clima entre eles. O silêncio que se fazia era um pouco incomodo e os dois pareciam querer dizer algo, mas permaneciam quietos, sem manter contato visual. Ele precisaria resolver aquilo logo, ou as coisas ficariam piores do que já estavam.

X

O táxi parou em frente ao pequeno sobrado branco depois de cinco minutos. Kasamatsu pagou o motorista e quase discutiu com Kise, que insistia em dividir a conta.

“Chegamos.” O moreno comentou assim que abriu a porta, retirando os tênis e deixando-os ao lado dos sapatos de sua mãe.

O Ala repetiu o processo, deixando seus tênis ao lado dos de Kasamatsu. Seus pés tocaram o chão e ele agradeceu mentalmente pelo aquecedor estar ligado. Ele viu quando a mãe do capitão do time apareceu na entrada e sorriu, agradecendo por ela tê-lo deixado ficar.

“Ora essa Kise-kun. Você é praticamente da família, não se preocupe com coisas bobas.” A mulher sorriu e colocou uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha. Seus olhos azuis chamavam muita atenção e ela era extremamente bela. Jovem até.

“Obrigado novamente.” O loiro corou e se aproximou um pouco mais, recebendo um carinho nos cabelos. “Precisa de ajuda em algo?”

“Eu já estou terminando a janta, não preciso de nada por agora. Eu deixei sua mala no quarto do Yukio. Por que vocês não sobem, tomam um banho e descem para comer?” Ela sorriu e deu um passo para o lado, dando espaço para que os dois rapazes pudessem passar.

“Obrigado mãe.” O armador passou pela mulher e parou no meio do corredor, antes de começar a subir as escadas. “Onde a Yui está? Ela sempre desce correndo quando o Kise vem pra casa.”

“Ela deve estar jogando. Sabe como ela fica com aqueles fones de ouvido.” A mãe de Kasamatsu respondeu, voltando para a cozinha e mexendo em algumas panelas. “Vocês vão ficar resfriados se não tomarem banho. Andem logo.”

Kasamatsu assentiu e começou a subir as escadas, sendo seguido pelo Ala, que se manteve em silêncio na maior parte do tempo. O quarto do rapaz era o primeiro do corredor, sendo seguido pelo da irmã mais nova, dos pais e o banheiro que eles deveriam usar.

Ao entrar no quarto, Kise percebeu que sua mala estava realmente lá e se sentiu um pouco culpado por ter feito a mãe de Kasamatsu carregá-la. Seus pés o levaram até seus pertences e ele se sentou no chão, apoiando um dos braços sobre a mala preta.

O moreno se sentou em sua cama e soltou um breve suspiro. O clima entre eles continuava pesado e Kise se sentiu extremamente culpado. Ele tem razão. Eu deveria ter contado tudo desde o começo. Seria menos difícil. Os olhos cor de mel se ergueram do chão e avistaram sua companhia encarando-o. Kasamatsu corou e virou o rosto para o outro lado, apertando a beirada da cama. Eu vou contar a ele. Sobre os meus motivos de treinar todos os dias e sobre os meus sentimentos. Tudo. E eu vou fazer isso no Ano Novo.

“Você... Quer tomar banho? Eu posso ir ajustar a água da banheira.” O capitão do time quebrou o silêncio, passando a mão pela nuca e retirando o grosso cachecol azul. No entanto, seus olhos ainda estavam fixos no chão.

“Obrigado, mas não será necessário. Eu vou tomar banho de chuveiro.” O loiro se levantou, abrindo a mala e pegando sua toalha e uma roupa intima preta.

Seus pés o levaram até a porta, mas a ação de abri-la não foi completa. Kasamatsu se levantou da cama e chamou sua atenção enquanto caminhava até o guarda-roupa.

“Nós precisamos conversar Kise. Depois da janta.”

“Tudo bem.” Um gosto amargo desceu pela sua garganta e ele finalmente saiu do quarto, seguindo para o banheiro com o olhar baixo.

X

O banho demorou pouco mais de dez minutos e Kise soltou um alto suspiro ao perceber a burrada que havia feito. Não é possível. Como eu posso ser idiota assim? Sua mão percorreu os cabelos loiros e molhados e ele se olhou no espelho mais uma vez. Eu me esqueci de pegar minhas roupas!!!

Os olhos cor de mel estavam arregalados e ele estava desesperado. Sua roupa intima estava lá, mas ele havia se esquecido de pegar o conjunto esportivo. Seria ruim chamar o senpai aqui, então... Minha única opção é me cobrir com a toalha e correr para o quarto dele. A toalha branca foi devidamente enrolada em sua cintura, cobrindo a boxer preta e ele respirou fundo. Só espero que ele não esteja por lá.

A porta do banheiro foi aberta lentamente, enquanto Kise conferia se o corredor estava vazio. Sem ver nem ouvir ninguém, o rapaz desligou a luz, e correu para a primeira porta do corredor, concentrando-se em não escorregar no meio do caminho.

A porta foi aberta escandalosamente e ele a fechou logo em seguida, apoiando a testa na madeira e respirando fundo. Eu consegui. Ninguém me viu!

“K-Kise?” A voz de seu superior chamou sua atenção e ele se virou lentamente, pensando no que falar.

No entanto, sua surpresa foi ainda pior. Kasamatsu não estava sozinho no quarto. Aparentemente, Yui, sua irmã mais nova, resolveu aparecer para dar um ‘oi’. Droga. A garotinha estava extremamente corada, assim como seu irmão e Kise.

“E-eu posso explicar!” Sua voz saiu chorosa e ele não sabia onde se esconder. As duas pessoas a sua frente o encaravam, completamente envergonhadas e sem reação.

“Yui, vá para a cozinha! Nós já vamos descer.” O armador cobriu os olhos da irmã mais nova e a empurrou para fora do quarto, fechando a porta logo em seguida e encarando seu amigo. “O que você pensa que está fazendo?!”

“S-senpai! Me desculpe! Eu esqueci de pegar as roupas e achei que você não estaria no quarto. Eu realmente sinto muito! Eu me desculparei com sua irmã mais tarde!” Kise fez uma reverência exagera, o rosto vermelho e o coração completamente descompassado pelo susto.

“Tsc, a Yui não se importa. Ela fingiu que ficou envergonhada, mas deve estar até agora pensando no que aconteceu.” Kasamatsu passou a mão nos cabelos e andou até a cama, pegando sua toalha e suas roupas. “Ela pode ter nove anos, mas ela gosta de você. Já perdi as contas de quantas vezes ela entrou no meu quarto com uma foto sua de terno, dizendo que aquela era a roupa perfeita para o casamento de vocês. Minha irmã é louca.”

O loiro sentiu que seu rosto esquentava cada vez mais. O capitão do time avisou que iria tomar um banho e que logo estaria de volta, deixando o rapaz sozinho no quarto. Kise soltou um suspiro alto e andou até sua mala, pegando um conjunto esportivo cinza e vestindo-o. Pelo menos nós estamos conversando um pouco mais.

X

Durante a janta, o Ala se manteve em silêncio, conversando quando o assunto era dirigido a si. As vezes seus olhos captavam as encaradas de Yui e ele se sentia extremamente constrangido. A mesa tinha exatamente quatro lugares, sendo que Kasamatsu estava ao lado da mãe e Kise ao lado da garotinha.

Em certo momento ele sentiu um forte chute em sua perna e deixou os hashis caírem sobre a mesa, soltando um resmungo de dor.

“Opa. Me desculpe.” O moreno olhou do amigo para a irmã e fez cara feia. “Era pra ela.”

“O que?” A mãe dos dois interveio sem entender o que tinha acontecido.

“O Yukio tentou me chutar mamãe!” A garotinha reclamou, ficando em pé e parando perto da porta da cozinha. Os cabelos escuros estavam presos em um singelo rabo de cavalo e ela parecia uma garotinha muito delicada.

“Yukio! Por que você fez isso?” A mulher se virou para o filho, completamente indignada com o que ouvira.

“É mentira! Yui volte aqui!” Kasamatsu se levantou e fez menção de correr atrás da garota, mas acabou recebendo uma advertência da mãe, enquanto sua irmã corria escada a cima, rindo e dizendo que jamais voltaria para lá. “Desculpe Kise. Eu vou conversar com ela depois.”

“N-não se preocupe com isso. Ela é uma criança.” O loiro sorriu e começou a recolher a louça que eles haviam usado. “Kasamatsu-san, eu vou limpar a louça, então não precisa se preocupar. Obrigado pela janta. Estava deliciosa.”

A mãe do capitão do time agradeceu e corou levemente, ficando em pé e ajudando a recolher a louça, mas se retirou da cozinha quando Kise começou a lavar o que estava sujo, enquanto seu amigo se encarregava de secar.

“Tsc. Minha irmã não tem jeito.” Kasamatsu guardou um copo e voltou para o lado do Ala, balançando a cabeça negativamente e pegando alguns talheres. “Sinto muito por isso.”

“Já disse que você não precisa se preocupar. Foi minha culpa também.” Um sorriso envergonhado tomou conta de seus lábios, ao mesmo tempo em que o loiro fechava a torneira, começando a lavar a pia.

Os dois ficaram em silêncio novamente até tudo estar limpo e eles voltarem para o quarto. As luzes da casa foram apagadas e Kasamatsu andou até o quarto da mãe, avisando que eles iriam se recolher.

Quando a porta de madeira foi fechada, Kise se sentou com as pernas cruzadas sobre o futon – que provavelmente fora arrumado pela mãe do amigo – e suspirou. O aquecedor do quarto trazia uma sensação agradável e o rapaz se sentiu um pouco triste ao lembrar que teria que trabalhar no dia seguinte.

“Eu disse que precisávamos conversar, então... Eu posso começar?” O capitão do time sentou em sua cama, puxando o travesseiro para o colo e unindo as mãos.

“Claro...”

“Eu preciso me desculpar pelo o que fiz dois dias atrás. Não era minha intenção, mas eu fiquei realmente irritado em saber que você estava treinando sozinho, sem contar nada a ninguém.” Os olhos azuis estavam fixos no chão enquanto o rapaz falava. “Eu sempre achei que o nosso trabalho em equipe... Não. Nosso trabalho em dupla era algo imbatível. Então realmente me assustou saber que você estava treinando sem mim. Eu sabia que os integrantes da Geração dos Milagres costumavam melhorar suas habilidades individualmente. Então achei que você não estava considerando nosso time forte o suficiente. É isso.”

“Não considerar nosso time forte? Senpai eu acho o nosso time muito forte!” Kise deixou que sua voz ficasse um pouco mais alta, mas logo voltou ao tom normal. “Eu comecei a treinar sozinho porque... Eu achei que eu não estava de acordo com o time. Por minha culpa nós não vencemos contra o Aominecchi.”

“Não foi sua culpa.” O tom de voz de Kasamatsu ficou extremamente sério, causando um arrepio pelo corpo de Kise. “Jamais pense que a culpa foi sua. Nós somos um time. É nossa responsabilidade.”

O loiro concordou com a cabeça, o rosto corado e o coração descompassado. Eu queria dizer toda a verdade. Mas agora não é o momento. Preciso fazer isso no Ano Novo. Quando tudo estiver realmente bem. Nós acabamos de nos recuperar de uma discussão, não posso fazê-lo ficar bravo novamente.

“Vamos dormir agora. Você tem que trabalhar amanhã.” O capitão do time se levantou e apagou as luzes, voltando para a cama e se deitando com barulho. “Boa noite.”

“Boa noite, senpai.”

X

Quando o celular de Kise despertou, o rapaz resmungou várias vezes antes de desligá-lo. Seu cabelo estava extremamente bagunçado e ele se sentia cansado. Mais cansado do que nos dias em que ele treinava.

As duas cobertas o deixavam aquecido e ele precisou de muita força de vontade para levantar do futon e se espreguiçar. Os olhos cor de mel observaram o quarto, percebendo que ele estava sozinho. Ele já acordou?

Uma troca de roupas de sair foi retirada de sua mala e o loiro andou até o banheiro, sabendo que só acordaria realmente quando tomasse um banho quente e agradável.

Quinze minutos depois, Kise já estava completamente vestido com uma calça jeans cinza, um grosso casaco preto e o já conhecido cachecol vermelho, que contrastava com seus cabelos loiros. O lance de escadas foi descido rapidamente e ele entrou na cozinha, vendo que apenas seu amigo estava por lá.

“Bom dia senpai.” Ele sorriu e puxou uma cadeira, agradecendo pelo café da manhã e se servindo de uma xícara de chá. “Onde está sua mãe?”

“Ela saiu para fazer compras. Minha irmã está dormindo, ainda bem.” O moreno se levantou da cadeira, colocando o prato sujo dentro da pia e lavando as mãos. “Eu vou colocar o cachecol e nós poderemos sair.”

“O que?” O Ala abaixou a xícara, olhando para seu superior e percebendo que ele também estava com roupas de sair. “E-eu tenho trabalho hoje, senpai.”

“Eu sei. Eu vou com você. Sua mãe pediu para você tomar cuidado lembra? Eu sou responsável por você, então eu vou junto.” O rapaz corou e coçou os cabelos negros. “Se não for atrapalhar.”

Kise se levantou da cadeira de madeira e sorriu, andando até seu superior e colocando as mãos em seus ombros.

“Não vai atrapalhar. Nenhum pouco!” Seu rosto estava corado, mas ele não se arrependia de dizer aquilo. Quer dizer... Vai ser um pouco constrangedor ficar tirando fotos na frente do senpai, mas eu fico feliz em saber que ele vai junto!

“Então vamos logo ou você vai se atrasar.”

X

O caminho até o estúdio foi feito a pé e Kise não ficou quieto em momento algum, conversando o tempo todo sobre o trabalho e os treinos e sobre como ele estava ansioso em relação ao Ano Novo, já que seria uma data importante.

Assim que eles chegaram, duas mulheres se aproximaram, dizendo que a sessão de fotos começaria em cinco minutos e que eles estavam com um enorme problema.

“Problema?” O loiro olhou para as duas moças que estavam bem arrumadas e vestidas.

“Hoje você faria aquele especial de fotos esportivas lembra?” Uma delas começou a falar e não parou, enquanto Kise assentia com a cabeça. “Então. O rapaz que faria dupla com você ficou doente e não vai poder comparecer. Esse era um trabalho para dois, não temos como fazer com você sozinho.”

O Ala suspirou e parou por um momento, pensando em como resolver aquele problema. Eles estavam em cima do horário e não daria tempo de chamar outra pessoa, a menos... A menos que a pessoa já esteja aqui!

“Senpai! Você não pode me ajudar?” A pergunta saiu um pouco mais alta que o esperado e Kise não se deu conta de ter segurado os ombros de seu superior.

“O que?! Ajudar?”

“Sim! Fazer essa sessão de fotos. Por favor, senpai, nós estamos em sérios problemas aqui!” Os dois rapazes mantinham contato visual e o Ala se sentiu um pouco culpado em estar fazendo aquele pedido de ultima hora.

O moreno respirou fundo e passou a mão pelos cabelos, corando levemente e voltando a encarar o rapaz a sua frente.

“Tudo bem, vamos logo com isso.”

As duas moças comemoraram brevemente e os levaram para o camarim, mostrando que roupas eles deveriam usar e passando um pouco de maquiagem – mesmo a contra gosto de ambos.

A sessão de fotos em si foi muito animada e agitada, sendo que alguns artigos de esportes e roupas estavam sendo promovidos – como bolas de basquete e futebol e uniformes para ambos os esportes.

Em certos momentos Kise não pode evitar corar, sabendo que seu superior estava extremamente perto e envergonhado, sendo que nenhum dos dois estava olhando para as câmeras. E o produtor gostou disso. Disse que dava um ar de ‘intimidade’. O que só fez eu e o senpai ficarmos mais envergonhados ainda.

O trabalho só acabou ao final da tarde e tanto Kise quanto Kasamatsu estavam cansados e prontos para voltar para casa e dormir o resto do dia. Ao sair do estúdio, o Ala respirou fundo, sentindo um pouco de frio por causa do clima e escondendo o rosto no cachecol vermelho.

“Eu não sabia que a vida de modelo era difícil assim.” O moreno comentou baixinho quando eles estavam na metade do caminho para casa. Seu rosto estava corado e Kise se perguntou se era por conta do frio ou por vergonha.

“Você se acostuma.” Ele sorriu e ergueu o rosto para o céu, vendo que já estava escuro novamente. “Sinto muito por te pedir para ajudar. Você acabou gastando sua tarde preso no estúdio comigo. Deve ter sido bem chato.”

“... Não. Eu achei d-divertido.” O capitão do time virou o rosto para o outro lado, provavelmente escondendo a vergonha.

Kasamatsu era uma pessoa muito séria e sempre dizia o que pensava. No entanto, ele também era uma pessoa envergonhada e tímida, principalmente na frente de pessoas mais velhas. Nos últimos dias, ele se mostrava um pouco mais envergonhado em relação a algumas coisas que dizia para Kise, mas o loiro não parecia se importar, sabendo que isso era da natureza do amigo.

Depois do comentário, o loiro se manteve em silêncio, sorrindo discretamente. Amanhã é o dia decisivo. Preciso me preparar psicologicamente para qualquer resposta possível. Principalmente um ‘não’.

X

O final do dia foi passado entre risadas e comentários inocentes. A janta foi uma pizza, sendo que a mãe de Kasamatsu estava se preparando para a janta de Ano Novo.

Depois de comerem, os dois rapazes subiram para o quarto, se trocaram e conversaram mais um tempo antes de adormecerem ao mesmo tempo, completamente cansados com o dia de trabalho.

O dia seguinte não foi muito diferente do anterior, tirando o fato de que desta vez eles permaneceram em casa. Os dois amigos passaram a tarde toda na sala, jogando vídeo game na companhia da irmã mais nova de Kasamatsu.

A garota não saiu de perto de Kise, sendo que em certo momento ela estava sentada no colo do rapaz, jogando contra ele. O loiro se sentiu encarado por dois olhos azuis o tempo todo, mas ficou em silêncio, continuando a jogar com a garotinha.

Ao final do dia, Kise já estava devidamente arrumado para ir ao templo, pedir por bênçãos e um bom começo de ano. E sorte. Muita sorte.

Os dois rapazes foram a pé até o templo, deixando Yui para trás a pedido de Kasamatsu. “Ela vai me dar trabalho mãe. Além disso, ela vai ficar agarrada no Kise, ele vai ficar cansado.” Foi o que ele disse quando sua mãe perguntou o motivo de deixar a irmã em casa.

Já no templo, os dois rapazes compraram uma porção de takoyaki¹ e caminharam até um local afastado, para assistir aos fogos de artifício e poder conversar em um tom normal, sem precisar gritar, por conta do barulho do festival.

Depois de andarem um pouco, eles encontraram um banco de madeira, perto de algumas árvores e próximo do templo, onde eles poderiam rezar depois da virada do ano. A porção de takoyaki sumiu depois de alguns minutos e os dois rapazes se encostaram ao banco, respirando fundo e olhando para o céu.

“Eu não acredito que já é fim de ano.” Kasamatsu sorriu e afundou o rosto no cachecol. “Nós passamos por tantas coisas. É difícil acreditar que o ano passou rápido desse jeito.”

“É verdade. Foi um ano muito bom.” Kise soltou uma risada baixa e virou o rosto para seu superior. “Foi o ano que eu precisei de muita força de vontade sabia?”

“Força de vontade?”

Era a hora. Se eu não falar agora, eu não vou conseguir falar nunca. Tomando fôlego, o loiro voltou a virar o rosto para o céu, corando levemente.

“Eu percebi que estava apaixonado, mas foi tarde. Eu magoei a pessoa que amo. Essa pessoa... Ela ama basquete. E eu prometi que iríamos ganhar todos os jogos, mas não foi o que aconteceu. Nós perdemos o jogo contra o Aominecchi e eu não me senti no direito de confessar meus sentimentos, sendo que eu havia magoado quem eu amava.” As palavras saiam sem pausa alguma e Kise se perguntou qual seria a expressão da pessoa ao seu lado. Ele provavelmente estava corado. “Então eu treinei. Durante todos os dias em que pude, eu treinei. Para ficar melhor e me sentir capaz de falar a essa pessoa que eu a amava, mas eu nunca achava que estava bom o suficiente. Foi muito difícil ficar sem te contar isso, Kasamatsu.”

Kise finalmente olhou para o rapaz ao seu lado, vendo que ele estava extremamente corado. Os olhos azuis estavam arregalados e a boca avermelhada estava aberta. Ele está surpreso. O capitão do time gaguejou algumas vezes antes de se levantar do banco e se aproximar exageradamente do loiro. Eu vou tomar uma bronca. Nós vamos voltar para casa e ficaremos sem conversar direito até minha mãe voltar.

“Você é idiota?!” A pergunta saiu quase gritada e Kise agradeceu mentalmente pelos dois estarem sozinhos. “P-por que não me contou antes?!”

Não era exatamente isso que o Ala esperava ouvir. O rosto a sua frente estava absurdamente corado e Kise precisou segurar o riso. O senpai está adorável.

“V-você achou mesmo que não era digno de me contar isso? Você é a pessoa mais digna do nosso time! Você achou que precisava melhorar suas habilidades para falar essas coisas absurdas para mim?!” Kasamatsu não diminuiu o volume de sua voz, dando mais alguns passos na direção de sua companhia. “Eu passei um ano inteiro em silêncio, achando que eu deveria ficar em silêncio, porque eu precisava melhorar, achando que você não queria mais fazer parte do time, tudo isso porque você não se achou digno de vir falar comigo?!”

“Senpai...”

“Você achou mesmo que eu n-não... C-correspondia seus sentimentos?!” O moreno gaguejou algumas vezes antes de conseguir terminar aquela frase. “Você é idiota. Eu estava preocupado com você, esse tempo todo, achando que eu... Achando que eu te perderia, mas você estava aí, achando que não era digno?!”

Kise se levantou do banco, puxando o cachecol laranja de sua companhia e beijando-o desesperadamente. Ele não ligava que ambos estivessem em um espaço público e que qualquer outra pessoa que passasse por ali poderia vê-los. Eu acho que estou sonhando. Se for isso mesmo, preciso aproveitar a chance.

O beijo foi correspondido por um envergonhado Kasamatsu, que apertou o casaco do loiro com as duas mãos e uniu as sobrancelhas. Eles se separaram depois de um tempo, mas não se afastaram. O capitão do time apoiou a testa no ombro de Kise e ficou um tempo daquela forma, completamente envergonhado.

O Ala sorriu e o abraçou, segurando-o firmemente em seus braços. Logo, fogos de artifício começaram a explodir no céu e Kise aproximou seus lábios da orelha de seu superior, sorrindo e depositando um casto beijo.

“Feliz Ano Novo, senpai.” O moreno ficou em silêncio, apenas ouvindo o que era dito. “Eu espero que isso se repita mais vezes. Eu realmente te amo sabia?”

“E-eu também... Te amo.” O capitão do time apertou um pouco mais o abraço antes de voltar a falar. “Então não deixe minha irmã se aproximar de você. Eu não gosto quando ela faz menções sobre o casamento de vocês dois.”

Kise deu uma risada baixa, sem acreditar que aquilo era realmente verdade. Ele estava com ciúmes da Yui. Por isso ele não deixou ela vir!

“Sem problemas. Você é o único que vai poder se aproximar de mim, senpai. O único que vai poder me tocar e fazer coisas comigo.”

“N-não diga essas coisas absurdas!” O moreno o empurrou levemente, o rosto ainda estava corado e ele simplesmente não conseguia olhar para a pessoa a sua frente.

O Ala segurou o rosto da pessoa que ele amava e se aproximou mais um pouco, sentindo que Kasamatsu tremia levemente. Eu não sei se ele está com frio ou nervoso. Deve ser os dois.

“Olhe para mim, Yukio.” O capitão do time corou ainda mais – se é que aquilo era possível – ao ouvir seu primeiro nome ser sussurrado por uma voz rouca. “Sinto muito em decepcioná-lo, mas eu não vou fazer isso de novo. Eu prometo.”

“N-não precisa prometer. Eu acredito em você...”

“Vamos para o templo agora. Precisamos fazer nossos pedidos de Ano Novo.”

O loiro entrelaçou os dedos com os de Kasamatsu e começou a caminhar na direção do templo, tentando ignorar as batidas descompassadas de seu coração. Havia um sorriso insistente em seu rosto e ele não fazia questão alguma de tirá-lo de lá.

Assim que chegaram em frente ao templo, os dois tocaram o sino e jogaram moedas como oferenda, ficando em silêncio e fazendo seus pedidos. Kasamatsu foi o primeiro a terminar, mas permaneceu ao lado de Kise, esperando para irem embora juntos.

Eu não tenho muito o que pedir, porque o meu maior e melhor sonho acabou de se realizar. Então eu só posso desejar que isso não acabe. Nunca. Eu o amo demais para deixar que isso acabe em algum momento.

Os olhos cor de mel voltaram a se abrir e Kise sorriu para o rapaz que estava parado ao seu lado. Suas mãos se encontraram e os dois deixaram o templo caminhando de mãos dadas, sem se importarem com os olhares das pessoas que passavam por eles.

Kasamatsu escondeu o rosto no cachecol laranja e deixou o aperto das mãos mais forte. O caminho para casa foi feito em silêncio, mas não era incomodo. Era aconchegante. Os dois rapazes trocavam olhares cúmplices e sorrisos sinceros e Kise se sentia a pessoa mais feliz do mundo.

Eu realmente o amo.

Nota:

¹ - Takoyaki:é um popular bolinho redondo japonês que mais se parece com uma panqueca temperada feita com uma massa muito molee recheado com pedaços cortados ou um polvo pequeno inteiro.


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Notas finais do capítulo

Feliz Ano Novoooo!Esse ano passou tão rápido, credo. Enfim. Quero desejar um feliz ano novo a todos os meus leitores e leitoras. Vocês são demais e eu não seria nada sem vocês. Muita saúde, paz, amor, dinheiro e felicidade. Vocês merecem o melhor. Dedico essa fanfic para a minha amada Isanami. Ela é a razão de tudo o que eu faço e mais um pouco. Ela me incentiva sempre que preciso e tá sempre lá pra mim. Espero de verdade que ela saiba o quanto eu a admiro e amo ♥Beijos pessoal, se cuidem e boas festas!