–Você vai esquecer tudo isso –Jace sussurrou em meu ouvido. Levantei o olhar para observa-lo melhor, mas não era mais ele que estava lá, a forma de um cão raivoso estava em minha frente.

Meu maior medo.

Senti meus músculos ficarem rígidos e uma sensação estranha permaneceu em meu corpo, deixando minha mente nebulosa e impossível de ter outros pensamentos além de obedece-lo.

–Sim – Pronunciei, mas por um mero segundo de volta a realidade a voz que saia não parecia ser minha.

–Ótimo – Ele respondeu e esbarrou em mim fazendo meu corpo voltar ao normal tal, exceto pela dor de cabeça. E eu estava no quarto de Kaya, por que estava ali mesmo?

–Kay? O que eu estou fazendo aqui?

–Ué... – Dizia ela enquanto vestia um roupão por cima da camisola – Você disse algo sobre o August querer me ver.

–Disse? – A conversa com August passava em flashbacks em minha cabeça

–Haha, que brincadeira é essa Abby? Você está bem?

Algo me dizia para não discutir mais.

–Estou, estou sim... Ern, Kay eu me esqueci de fazer a cama, se Nick ver meu quarto bagunçado ele pira.

–Haha, pira mesmo – Ela calçava a pantufa.

–Ern, até o café – Virei-me em direção ao corredor e sai dali apressada em direção ao meu quarto.

Adentrei lá e fechei a porta, apoiando minhas costas na superfície de madeira enquanto descia lentamente. Eu não me lembrava de nada daquela noite.

–Estou ficando louca – murmurei baixinho. Algo saiu debaixo das cobertas, meu gato: bola de neve que se aproximava de mim, acariciei-o – Você acha que eu estou louca?

Ele virou o rosto para o lado como se não entendesse o que dissesse.

– Claro que estou louca. Estou falando com um gato. – Levantei devagar e caminhei até minha cabeceira e comecei a fuçar meus remédios pegando um com capa azul.

–Ei, bola de neve, você já tinha visto esse aqui? – Balancei a capinha na frente dele que se virou e saiu correndo. – Pelos deuses, estou louca mesmo.

Pegue uma pílula.

Uma voz ecoou por minha cabeça e os mesmo sentimentos vieram à tona: músculos rígidos, a sensação estranha e a mente nebulosa me impedindo de realizar minhas ações.

Abri o pote e peguei uma das pílulas azuis, levando-a a boca e engolindo-a. Meus sentidos começaram a ficar mais embaçados e minha visão turva à medida que a pílula misteriosa descia minha garganta.

Minhas pernas tremeram e perdi a força fazendo-me cair no chão e soltando o pote das pílulas. Meus olhos começaram a pesar e em um alento consegui observar o pote rolar pelo chão até debaixo de minha cama.

E tudo escureceu.