Just Friends escrita por Laia


Capítulo 35
Capitulo 35


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas to aqui.
Eu acho que tava meio sentimental, porque ta tendo muito momento "Fofices do Edu".
E continuamos com os momentos "Manu foge de tudo que pode sentir".
Alguém contra isso?



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Nunca tinha me sentido tão viva. Pela primeira vez, eu ia usar o MEU jaleco! Tinha meu nome, meu tamanho! Não era nada parecido com aqueles encardidos e três vezes maior do que eu que usava da faculdade no laboratório. Deuses, que sensação maravilhosa.

O dia tinha amanhecido meio nublado, vesti a calça jeans branca, tênis recém lavado – o que não era muito comum comigo – e uma blusa também branca, lisa com a manga mais curtinha. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto, mas meio bagunçadinho. Batom, é claro. O publico alvo seria a comunidade mesmo, e eu ficaria nas oficinas. Coisinhas simples como aferir a pressão, fazer aqueles cálculos de IMC e bla bla bla.

Coisas que a gente aprendeu tipo, no primeiro dia de aula.

Mas mesmo assim, eu já tava me sentindo tipo, A medica. Estilo Grey's Anatomy sabe?

O sorriso não saia do rosto.

***

Já falei da minha queda por jalecos? Já falei sobre minha queda pela Manu de jaleco? A roupa toda branca destacava a boca – o que só piorava pra mim – e os cabelos. Fazia tempo que ela não prendia o cabelo de verdade. Quer dizer, acho que nunca tinha visto ela com o cabelo preso de verdade, só aquelas voltas doida entre as mechas que ela fazia. Mas eu adorava aquelas voltas, era tão bom de mexer, soltar, bagunçar e depois ver ela jogando o cabelo pro lado pra arrumar desarrumando...

Chegamos lá bem cedo e ela foi me apresentar a faculdade. Andamos pelos corredores que tinham salas dos dois lados, com uma enorme janela de vidro, que dava visão para o interior das salas e laboratórios. As escadas era na frente do prédio, protegidas pelo vidro que dava visão para a rua. Era um lugar bem interessante.

Enquanto andávamos, ela tinha um brilho nos olhos. Falava das aulas, e de como se sentia em relação a faculdade. Eu nunca tinha visto alguem tão encantado ao falar de algo. Era incrível como mesmo com tudo aquilo de corpo, todo aquele tom malicioso que ela tinha e toda a maturidade, ela ainda parecia ter a pureza de uma criança ao ver o mundo.

–Manu? – interrompi ela no meio de uma frase – Temos um problema...

***

–Acho que to começando a... – ele respirou fundo. Estávamos descendo as escadas, ele me interrompeu e me parou, um degrau abaixo de mim. Eu podia ver o movimento da rua pelo vidro, as pessoas estavam começando a chegar e eu só prensava “por favor, que ele não diga o que eu acho que vai dizer” – To começando a... Gostar muito de você! Tipo, gostar pra valer entende?

Puta que pariu!

Meu impulso gritava “cooooooorre” em plenos pulmões, que se realmente pudesse falar para alguém ouvir, teria sido escutado por todo o prédio. Mas ao mesmo tempo, minha vontade de corresponder isso era enorme.

–Eu não quero te pressionar, só quero que você saiba ok? E por favor não começa a agir de forma estranha comigo pode ser?

Eu tava congelada. Eu enfim tava começando a levar em consideração a possibilidade de começar a achar que talvez estivesse ficando encantada pelo Edu. Mas agora eu tava apavorada. Eu tenho dedo podre pra essa coisas, sempre tive o dom de ferrar com tudo! O cara pode ser perfeito, mas eu não vou conseguir ficar com ele. O “perfeito demais”, o tratamento de princesa e muita fofice me incomoda, não sei, não consigo retribuir.

Eu devia ta com uma cara de pânico...

–Ei – ele segurou meu rosto entre as mãos, me dando um beijo rápido – Não era essa a reação que eu esperava. Fica tranquila, ainda sou eu, e eu ainda vou te atormentar muito! Não to te pedindo em namoro – ele não soltou meu rosto – Não surta ta?

Eu só fiz que sim com a cabeça.

***

Ela pirou! Mas quando eu vi, já tinha começado a falar e era tarde pra calar a boca.

Agimos normalmente, ela foi pra sei lá o que devia fazer e eu fui andar entre as pessoas.

–Ei – me virei, encontrando o Rodrigo com a cara fechada pra mim – Podemos conversar?

–Temos o que conversar?

–Na verdade temos sim!

Eu sabia que ele queria falar da Manu, mas eu não queria falar com ele. Nem sobre isso, nem sobre nada!

–Olha cara, eu realmente...

–É serio Eduardo!

A voz estava tão firme quanto a expressão.

Não tava nem um pouco afim de conversar com ele, mas por sorte, alguém o chamou de voltar pra onde ele deveria estar.

Continuei andando, lendo os enormes cartazes espalhados, até encontrar a Manu de novo. Estava brincando com uma garotinha que devia ter uns dois anos, o cabelo escuro como o da Manu, com cachinhos na ponta e bem presos num mini rabo de cavalo.

Ela me viu observando e sorriu, de forma graciosa.

Cheguei quando ela estava entregando a garota para a mãe, dando um beijo na sua bochecha.

–Então...?

–Ela era linda né? To apaixonada.

Incrível como ela se encantava rápido com uma criança, mas não conseguia gostar de mim.

–Já te disse como ta linda toda de branco.

Suas bochechas ficaram vermelhas, ela baixou o rosto, como sempre fazia quando sentia vergonha.

–Aqui não Edu...

–O que? Não posso mais elogiar?

–Não – ela disse em um quase sussurro, perto até demais.

Devia ser pecado tratar alguém desse jeito. Ela empurrou meu peito de leve e disse tentando prender o sorriso envergonhado:

–Agora vai porque eu tenho mais do que fazer.

Cerrei os olhos, fazendo cara de indignado. Prendi sua cintura com meu braço e dei um beijo na bochecha, enquanto ela me dava vários tapinhas.

–Interrompo?

Sim!

–Não Rodrigo – ele me deu um empurrão forte dessa vez, ajeitando a roupa em seguida – Aconteceu alguma coisa?

–To precisando de ajuda.

–Sua parceira não era a Julia?

–É mas... – era obvio que ele só queria era interromper meu momento – Ela não sabia também sobre... A minha duvida. Pode por favor ajudar ela?

–Claro – ela sorriu simpática sem perceber a real situação – Pode ficar aqui pra mim?

–Eu fico sim, pode deixar.

Então ela saiu, nos deixando sozinhos se não levasse em conta os desconhecidos ao redor.

–Não sabia que ia vir. Na verdade, pensei que vocês tinham brigado...

Serio que ela contou pra ele? Não acredito...

–Estamos bem agora, sabe, pra gente é normal brigar as vezes. Mas sempre fazemos as pazes: eu peço desculpa, ela aceita, e por ai vai...

Eu usava o tom certo para irrita-lo.

–Então não consegue ficar longe né?

–Não, e eu realmente queria ver como seria a tal semana acadêmica.

–E hoje veio por que queria ver como seria ou por que não consegue ficar longe dela?

–Quer mesmo saber por que vim?

–Quero.

O tom dos dois era de desafio. E na boa, eu ia ganhar.

–Vim porque ela é mais do que uma coleguinha de apartamento pra mim, ambos sabemos disso! Vim porque não ia deixar ela sozinha com certas pessoas... Vim porque não importa quantos como você apareçam querendo ela, é comigo que ela vai brigar no meio da semana. Porque não importa quantos “não” eu receba, eu não vou sair de perto dela.

Ele me olhava furioso.

–Então vamos ver como isso termina...

–Como o que termina? – a voz dela era meio preocupada, mas a expressão mostrava outra coisa. Estava completamente animada.

–Nada – respondi o mais natural possível.

Mas o Rodrigo não fez o mesmo. Ele ignorou a presença da Manu ali.

–É Eduardo, vamos ver como isso termina – algumas pessoas já olhavam curiosas – Não acho que mereça ela.

Realmente, eu não merecia! Quer dizer, eu não mereço. Mas nem por isso eu ia desistir. Ainda mais por causa dele.

–Por favor meninos – ela disse entre dentes. A animação havia sumido – Não me façam passar por isso.


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Notas finais do capítulo

Tão sentindo esse cheiro? Cheiro de treta? Será?
Neeeem, não sou tão encrenqueira assim não. Mas a tensão ta visível né?
Vou indo, beijos da Laia :*