Ruptura Mental escrita por Zuquinho


Capítulo 2
Expor-te




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Me levantei, retomando os poucos minutos de realismo que adquiri, os melhores minutos de realismo de minha vida por completo, e sorri, mas não um sorriso bonito, daqueles que encantam jovens puritanas, aquele sorriso, meio aberto, não um sorriso psicopata, mas o sorriso de um colegial na sua foto de formatura, um sorriso que partilhava gosto e aptidão.

Foram deliciosos momentos, mas aquilo acabara e infelizmente eu tive que realizar o que houvera sido feito ali. Corri, desesperado, igual uma criança de 8 anos quando sente medo da abertura escura de seu armário, e senti medo, muito medo. Mas o que é sentir medo? Medo é sentir que você está incapacitado de enfrentar ou defender-se de algo que possa lhe causar problemas, conectados a dor, sendo ela psicológica ou física, voltando-nos para o princípio e singelo significado da palavra medo, agora podemos saber que o que estava sentindo não era um simples medo, era terror, uma agonia insana que não se deixava desagarrar de mim, discrepante ao meu consciente, eu só temia "O que será de mim?", "O que vou ser, o que vai acontecer comigo, o que vão fazer comigo?". Mas eu não estava já mais tão cego a mim. Eu já estava ciente do que era, e minhas rupturas estavam expostas o suficiente para que eu soubesse que o que fiz era minha simples natureza, e que eu gostei dela, mas não tinha nenhuma restrição mental que me proibia de entender o que poderia acontecer a mim, eu continuava sendo um moleque fazendo arte, e tinha consciência dessa arte.

A única coisa que fiz, foi correr deliberadamente até a casa do meu pai, a única pessoa que eu confiava pra contar algo assim. Enquanto corria, imagens como vultos assombravam minha cabeça, a visão dela deitada naquele chão, e que aquilo foi obra minha.

Bati palmas, uma, duas, três vezes, até que o portão se abriu, caminhando até a porta dos fundos, já bati de frente com meu pai, me olhando com curiosidade e preocupação, de quem sabe que algo aconteceu, mas não interpreta o quê apenas pelo olhar. Entrando, não deparei nos mínimos detalhes da sua casa, como de costume, cada louça suja em cima da mesa acumulada, ou como o chão era sujo por figuras de patinhas da sua cadela, e até mesmo do seu relógio atrasado em 1 hora, que nunca fora ajustado. Simplesmente caminhei ao lado dele pelo corredor estreito e sentei-me no sofá, comecei a contar o fato, e imagine esta cena como um filme de horror, drama e suspense, sim, tudo junto. Não foi tão simples como este mero narrador lhes conta. Foi engolido garganta seca abaixo por olhares apavorados e de surpresa, como um mero humano, naquela idade ainda, pudera fazer algo tão horrendo, ainda, seu próprio filho, era o que tais olhares suplicavam por resposta.

Terminando o longo diálogo, obtive apenas 2 questões:

– Eu sou o teu pai, e eu te apoio em tudo, sempre foi assim, e sempre vai continuar sendo, até o fim, desde o meu orgulho por tudo de bom que você tem feito, até as maiores merdas que você pode fazer, então me responde, você quer ficar aqui, aceitar as consequência, duras consequências. Ou você quer sair da cidade? - Com leveza e paternidade na voz, como sempre fora seu jeito responsável e digno de falar, terminou, deixando-me pensar durante alguns minutos.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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