Hurricane escrita por Iasmin Guimarães


Capítulo 6
Vamos dançar ou não?


Notas iniciais do capítulo

E finalmente a festa chegou, tutz tutz, haha.



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A música explode por todo o ambiente enquanto eu me pergunto o que eu faço aqui. Tento não me importar com as centenas de pessoas que me cercam –a maioria parecendo desconhecida– nem pelo fato de estar tão abafado que sinto que vou morrer. Cadê o pessoal da escola, afinal? Isso não era pra ser uma despedida?
Já estressada com todo aquele tumulto, tento me afastar da multidão e com muito sacrifício chego a saída daquele lugar. Infelizmente, a saída também está lotada de gente, e só com muita força de vontade consigo me desvencilhar de todos e quase grito de alivio quando tiro os saltos e sinto a areia da praia sobre meus pés. Agradeço mentalmente a escolha desse lugar para dar a festa e me sento sobre a areia do jeito que estou. Após alguns minutos, já me sinto completamente relaxada e penso em não sair dali nunca mais. Até que percebo meu celular vibrar sobre minha bolsa. Olhando no visor, percebo que quem me liga é Fernanda e rapidamente atendo.
–Onde vocês estão? –Pergunto com a esperança de que ela me ouça.
–Estamos aqui na festa! Cadê você? –Pergunta ela gritando e quase não a ouço com tamanho barulho.
–Estou do lado de fora, sentada na areia. –Respondo gritando também.
–Vem aqui dentro, estamos perto de um barzinho. –Diz ela, para a chamada cair logo em seguida.
Já sabendo que não vou conseguir falar com ela novamente, me levanto e encaro a multidão que me espera. Ah, Deus, o que fiz de errado pra merecer isso? Inspiro e expiro o máximo que posso e começo a caminhar para dentro da festa.


A batida inacabável ecoa pelos meus ouvidos enquanto continuo procurando algum barzinho onde estejam meus amigos. Fico meia-hora os procurando sem sucesso, e sem perceber acabo bebendo alguns drinks e outros nesse processo. Uma parte da minha mente ignora o fato que sou completamente fraca com relação a bebidas e quando sou empurrada para o centro acabo me rendendo a música e sigo o ritmo de todos. Quando percebo, já estou pulando ao ritmo de todos ali. Tento não me importar com o fato de que sou péssima dançando e simplesmente relaxo. Me sinto girada duas vezes pela multidão quando acabo trombando com o corpo de alguém.
–Desculpa! –Grito na esperança que quem quer seja me ouça.
–Sem problemas. –Diz uma voz ao meu ouvido. Uma voz familiar, carregada de sotaque.
Olho para cima e vejo David sorrindo para mim, o cabelo loiro já todo suado, a camisa colada ao corpo revelando seus músculos. Já imaginando que estou no mesmo estado, olho rapidamente pra mim. A blusa preta está colada ao meu corpo, assim como meu cabelo e minha saia de paitê. Oh, Deus, estou completamente acabada!
Arrisco olhar para ele novamente e percebo que ele me encara.
–Então... –Ele grita no meu ouvido por cima da música. –Vamos dançar ou não?
Olho para ele já querendo dizer um sonoro “não” quando me empurram e eu acabo caindo em cima dele, novamente.
–Vou receber isso como um “sim”. –Ele diz perto do meu rosto quando pega minha mão. De repente, percebo um forte cheio de álcool vindo dele.
–David, você não acha que bebeu demais? –Tento perguntar, mas percebo que ele não me ouve por conta do barulho. Então, repito gritando. –Você. Bebeu. Demais.
–Você também, Mari. –Ele concorda me puxando pela cintura enquanto sorri. –E sabe de algo mais? Eu não me importo.
Tento rebater, mas antes que eu consiga fazer isso ele me puxa para mais perto, fazendo com que quase não aja mais espaço entre nós. Ele começa a mover nossos corpos no ritmo da música que toca e então me deixo ser comandada por ele. Ele me gira, faz meu corpo ir pra frente e para trás até que eu perca a noção e não saiba dizer mais em que direção estou. Me sinto tonta, mas quando uma música lenta começa e seus movimentos diminuem recobro um pouco da consciência. Ou pelo menos até algo quente encostar meu pescoço e eu perceber que são os lábios de David. Aquele toque me causa arrepios e inconscientemente eu me afasto.
–David, para. –Peço, em vão. Não sei se ele não ouve meu pedido pelo barulho ou decide simplesmente me ignorar. De qualquer forma, ele se aproxima de mim novamente.
E então ele recomeça a dança, se aproximando cada vez mais de mim a cada novo movimento. E quando eu acho que não há mais nenhum espaço entre nós, ele tira a mão de minha cintura apenas para direciona-la ao meu queixo me obrigando a lhe olhar. E quando o faço, percebo que o mesmo mantém um sorriso em seu rosto. Abro a boca para perguntar qual motivo da graça, mas sou impedida quando ele cola sua boca na minha. Assim, sem aviso prévio.
De início apenas resisto, tentando empurrá-lo e pergunta-lo que tipo de problemas ele tem, mas quando vejo que não funciona, simplesmente me entrego. Ele começa devagar, como se quisesse apenas saborear meus lábios, e nesse tempo aproveita para tocar meus cabelos e eu faço o mesmo, colocando meus braços ao redor de seu pescoço. Por um momento, agradeço mentalmente ao salto que estou usando que me permite fazer isso sem ficar na ponta dos pés, apesar dele ainda ter que ficar um pouco abaixado.
De repente, percebo que David está nos afastando da pista e interrompo nosso beijo para olhar ao redor.
–O que você está fazendo? –Pergunto.
Ele não me responde, e quando encontra uma parede um pouco longe da multidão me pressiona até ela, ficando em minha frente. Ele me olha mordendo os lábios e então recomeça o beijo que interrompi, não tão lentamente dessa vez. Não satisfeito, ele me puxa para cima e então envolvo minha perna em sua cintura, com meus braços ainda ao redor de seu pescoço, fazendo com que eu fique de sua altura. Até que sinto uma vibração e percebo que vem de minha bolsa.
–Meu celular... –Digo o interrompendo.
–Deixa tocar. –Ele diz, voltando a me beijar.
–Não, David. –Falo o interrompendo novamente e pegando meu celular dessa vez. Atendo sem olhar o visor.
–Alô?
–Mari, onde você tá? –Reconheço a voz de Fernanda.
–Na festa? –Respondo ironicamente.
–Ai, para! –Falo ao David quando ele começa a distribuir selinhos pelo meu pescoço.
–Mari, com quem você está? –Pergunta Fernanda na chamada.
–Eu? Hum... Com ninguém. –Respondo.
–É o Mateus? –Pergunta ela de novo.
–Não, Fernanda! Eu não estou com ninguém!
–Bom saber que sou “ninguém”. –Sussurra David no meu ouvido com uma risadinha. Dou um tapa nele em resposta.
–Ah, tá... Só queria avisar que eu e a Stephany já estamos indo embora, caso você queira ir com a gente. –Fala Fernanda desconfiada.
–Eu vou. Me diz onde vocês estão.
–Já estamos aqui fora, na areia.
–Tá bom, me esperem. –Digo desligando a chamada e me desvencilhando de David.
–Fica aqui. –Pede David me mantendo na parede com o braço.
–Eu tenho que ir embora! –Digo tentando me afastar.
–Eu te levo embora.
–Já está tarde, David. As meninas estão me esperando.
–Tudo bem então. –Ele diz me dando um selinho. –Te vejo amanhã.
–Tchau.
Não dou nem dois passos quando percebo que há alguém me encarando, e demoro apenas alguns segundos para perceber que esse alguém é Mateus.
–Que coisa feia, Mari. Se agarrando pelos cantos com qualquer um. –Diz ele com uma falsa indignação estampa no rosto.
–Olha quem fala! O alto pegador do bairro. –Digo apontando o dedo pra ele.
–Você está bêbada? –Ele pergunta começando a rir.
–Não estou.
–Ah, claro. A santinha do paoco que não fica com ninguém aparece, do nada, se agarrando loucamente com o novo vizinho e não tem nenhum efeito alcólico nisso aí?
–Eu não estava me agarrando loucamente com o novo vizinho! E eu não estou bêbada, tenho consciência de tudo que está acontecendo.
–Vamos ver se você vai dizer isso amanhã.
–As meninas estão me esperando lá fora, nós já vamos embora. –Digo mudando de assunto.
–Não precisa implorar, eu te acompanho. –Ele diz colocando os braços sobre meu ombro. –Vamos encarar essa multidão.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam, obrigada, de nada. Haha.



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