Hurricane escrita por Iasmin Guimarães


Capítulo 4
Por que você não me disse isso antes?


Notas iniciais do capítulo

Títulos dos meus capítulos: Os melhores, apenas. Só que não, haha.



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–Mateus! Saia de cima de mim e pare com essa idiotice. –Digo enquanto empurro-o de cima de mim, sem muito sucesso. –Como você quer que as pessoas acreditem que somos apenas amigos assim?
–E quem disse que eu quero que elas acreditem nisso? –Ele pergunta se levantando.
–Mateus. –Repreendo-o.
–Calma, Mari. Era só atuação, agora o gringo ali vai parar de encher seu saco. –Ele diz, como se fosse o mestre de todos os planos incríveis.
–Ah, claro. Até porque a melhor maneira de fazê-lo acreditar que somos apenas amigos é me beijar sempre quando tiver vontade. Por favor, Matt!
–E desde quando você se importa com o que ele acredita?
–Desde quando todo mundo passou a encher meu saco dizendo que eu e você parecemos tudo, menos apenas amigos.
–Dane-se o que eles dizem!
–Você diria o mesmo no lugar deles.
–Não, não sou intrometido.
–Não se trata de ser intrometido ou não, você sabe disso.
–Então irei ficar com uma menina qualquer aí da praia pra mostrar pra ele que não estamos juntos, beleza?
–Não seja ridículo. Aí eu vou parecer uma corna idiota.
–Pois então arranje um gatinho aí também.
–Isso, jogue sua amiga para qualquer garoto. Dane-se se ele pode ser um pedófilo ou um...
–Ah, Mari, por que você não facilita minha vida? –Ele me interrompe.
–Se eu facilitasse não seria eu, Matt. –Digo rindo.
–Me desculpa, tudo bem? Tentarei parecer menos sexy então você não precisara me agarrar.
–Eu te agarrar? Que tipo de drogas você tem fumado, Mateus?
–Não se finja de inocente, Mari. Você sabe que não resiste ao meu charme.
–Pois é, sempre tive a mania de não resistir a coisas inexistentes. –Digo rindo.
–O quê? Olha, só não te faço engolir essas palavras porque o futebol me espera. –Diz ele apontando para alguns metros à frente, onde alguns garotos se juntaram.
–Pobre vida masculina, resumida a mulheres, bebidas, video-games e futebol.
–E ainda assim vocês mulheres nos amam, não é incrível? –Ele diz enquanto se afasta. –Ei, não comecem o jogo ainda! Está faltando o melhor jogador.
Rio enquanto volto ao lugar onde Stephany e Fernanda estão, já esperando um interrogatório completo.
–O que foi que rolou ali? –Pergunta Stephany.
–Nada, ué. –Respondo, sem muita animação.
–Qual a explicação que ele deu pra essa vez? –Pergunta Fernanda.
–Que explicação? Que vez? –Me finjo de desentendida.
–Ele te beijou, você deve ter perguntado o motivo e ele deve ter inventado uma desculpa. –Explica ela como se aquilo tivesse todo o sentido.
–Ah, eu chamei-o de gay e então ele disse que ia me mostrar o gay. –Simplifico a história.
–E aquela discussão ali, o que foi? –Pergunta ela novamente, não acreditando no que digo.
–Eu disse que daquele jeito ninguém ia acreditar que éramos apenas amigos.
–E ele? –Pergunta Stephany.
–Ele disse que não se importava.
–A cara do Mateus dizer isso. –Diz Fernanda.
–Sim. –Concordo, não querendo mais conversar.
–Ih, o gringo vai jogar também? –Ouço Matt gritar antes do jogo começar, atraindo algumas risadinhas de seus amigos.
Sem muita paciência para assistir ao jogo, pego meu celular e começo a mexer nele, até que sou interrompida pela voz de Fernanda.
–Estão animadas para o começo das aulas?
–Acho que ninguém em sã consciência fica animado com isso. –Respondo.
–Concordo com a Mari. –Diz Stephany.
–Vocês acham que o David vai ficar na mesma escola que a gente? –Pergunta Fernanda.
–Provavelmente sim, é a que fica mais perto da nossa casa. Oh, que droga. Vocês acham que ele tem a mesma idade que a gente? –Pergunto já imaginando como seria terrível ter que atura-lo em minha classe.
–Acho que ele parece um pouco mais velho. –Diz Stephany.
–Mesmo se ele for da mesma série que você, tem chance de vocês não caírem na mesma classe. Fica tranquila. –Diz Fernanda, não me convencendo muito.
–É, acho que você tem razão.

Quando o jogo termina, todos já estão exaustos e então decidimos voltar para casa. A volta é bem mais tranquila que a ida, com certeza. Primeiramente porque não fico ao lado de David, o que já é um alivio. E, apesar de ainda ser obrigada a aturar Mateus no banco ao meu lado, não é como se já não estivesse acostumada com aquilo.
–Me falaram que a mãe do gringo é brasileira. –Ele diz de repente.
–E...?
–Sabe, isso explica o português dele e o fato dele saber jogar futebol.
–Quer dizer que ele sabe jogar futebol? –Eu rio, aproveitando para apoiar minha cabeça em seu ombro.
–Não tão bem quanto eu, claro, mas sabe. –Ele diz rindo. –Quer dizer que você não assistiu ao jogo?
–Claro que não. Um monte de garotos suados correndo atrás de uma bola não é o que eu chamo de visão agradável.
–Mas o Matt aqui fica lindo suado, como você pode ter perdido essa visão?
Reviro os olhos com aquele comentário enquanto ele começa a mexer em meu cabelo. Normalmente odeio quando fazem isso, mas o toque de Matt já é tão familiar que passa a ser agradável.
–Você faria a mesma coisa no lugar do Gustavo? –Pergunto de repente.
–Como assim?
–Você ficaria incomodado com o melhor amigo da sua namorada?
–É difícil dizer. Você ficaria?
–Não sei.
–Se o melhor amigo dela fosse mais lindo, mais engraçado e mais sexy do que eu, acho que eu ficaria sim. O que foi o caso do Gustavo. –Diz ele com um sorriso.
–Não podia perder uma chance de se gabar, não é?
–Apenas digo a realidade, Mari. Apenas isso.
–Ah, mas o Gustavo era um lindinho, não tinha porque ficar com ciúmes.
–Você sabe que está falando isso para um garoto, certo? –Ele pergunta rindo. –E se ele era tão lindinho assim, por que terminou com ele?
–Eu não terminei, ele que não me deu escolha.
–Como assim? –Ele pergunta confuso, pra ele eu apenas terminei com o Gustavo porque não gostava mais dele.
–Ele disse pra mim: “Termina comigo ou se mata?”. Sabe como é, não tive escolha... –Digo tentando disfarçar.
–Já te falaram que você é péssima mentindo?
–Não, na verdade todos me acham uma ótima atriz. Inclusive estou pensando em entrar para o teatro esse...
–Mari, fala logo o que você tem pra falar. –Ele me interrompe.
–Eu não tenho nada pra falar!
–Apenas me diga então porque você e o Gustavo terminaram.
–Porque eu não gostava mais dele, já disse! Por que tanta curiosidade agora?
–Por que será que eu não acredito em você?
–Tudo bem, eu falo o motivo, mas não é nada demais. –Digo, tentando inventar uma desculpa nesse processo. –Eu terminei com ele porque ele não escovava os dentes, sério, horrível.
–Quê?! –Matt diz começando a rir logo em seguida. –Ah, Mari, você é a pessoa com as desculpas mais ridículas de toda a história.
–Eu não estou inventando desculpa, é sério! –Digo tentando conter o riso.
–Ok, agora você pode falar o real motivo. –Diz ele cessando o riso.
–Tudo bem, tudo bem. É o seguinte: Ele morria de ciúmes de você, você deve saber disso. Eu passava mais tempo contigo do que com ele. Você vivia fazendo brincadeirinha comigo também, e ele odiava isso. Tentei me afastar um pouco de você, mas não adiantou. Então ele disse que se sentia incomodado com você, aí eu pedi pra você parar pelo menos com as brincadeiras. Não adiantou também. Ele pediu pra eu escolher entre ele ou você. Bem, eu não consegui escolher ele. –Simplifico a história para o Matt.
–Por que você não me disse isso antes?
–Não achei necessário dizer.
–Não achou necessário dizer que eu acabei com seu namoro?
–Você não acabou com nada! Eu acabei.
–Por minha causa!
–Matt, para de gritar. Estamos dentro de um transporte público. E deixa de ser dramático, isso já faz tempo. E não foi por sua causa, foi porque eu quis.
–Você ainda gostava dele quando fez isso?
–Não.
–Mari...
–Ok, talvez um pouco, mas só um pouco.
–Você sabe que é uma idiota, não sabe? –Diz ele rindo.
–Aprendi com o melhor, Matt. Aprendi com o melhor.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?



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