Hurricane escrita por Iasmin Guimarães


Capítulo 3
Você não é o vizinho intrometido?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, vocês bem que podiam tirar a capa de invisibilidade do Potter e se mostrarem pra mim, não é? Haha.



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Sou despertada de meu sonho por uma das mais lindas músicas do mundo. Quando ela começa a tocar, permaneço de olhos fechados apenas ouvindo a melodia e a voz maravilhosa do cantor. A música é tão boa que poderia ser usada como novo toque do meu celu… Espera aí, eu já não fiz isso?
De repente, percebo que a música é o toque de meu celular e rapidamente o atendo, com a voz ainda sonolenta.
–Mari? –Diz a voz familiar de Stephany.
–Oi, o que aconteceu pra você me acordar tão cedo?
–Tão cedo? Mary, já são… Fernanda, que horas são?! –Ouço uma voz ao fundo. –Então, Mary… Já são cinco e setenta e seis da tarde! Opa, espera aí… Esse horário não existe. Fernanda, sua idiota. –Ouço alguns gritos e pedidos de socorro até que uma voz ofegante volta a chamada. –Não importa que horas são, mas queremos você aqui na praia agora.
–O quê? Que praia? –Pergunto confusa depois de tanta gritaria.
–A praia que a gente sempre vai.
–Você não sabe o nome, não é?
–Não, mas você sabe. Vem logo que a gente está te esperando e não adianta chamar o Mateus porque ele já está aqui.
–O quê? Por que ele não me chamou? Coloca ele na linha agora!
–Ok, calma… –Ela diz e após alguns segundos uma voz masculina começa a falar. –Oi Mari, minha tão querida amiga…
–Não me venha com essa! Abandonando as amigas, isso mesmo. Vai pra praia sem chama-las e acha que vai ficar por isso mesmo, mas saiba você que…
–Mari! –Ele me interrompe. –Eu tentei te chamar, mas seu sono da beleza não me deixou, então não me culpe. Venha logo e para de drama antes que eu vá aí te buscar.
–Ta bom, mas…
–Tchau! –Ele me interrompe de novo desligando a chamada logo em seguida.
Penso em retornar a chamada para dizer ao Mateus que ele precisa de educação mas acabado desistindo e vou me arrumar, porém parece que o destino não acha essa uma boa ideia quando de repente surge meu cachorro para puxar todas as roupas que eu pego.
–Harry! –Grito tentando tirar a roupa de sua boca. –Por favor, amorzinho da minha vida, colabora…
Tento usar todas as palavras meigas que conheço –não muitas– para convencer meu cachorro que minhas roupas não são algo comestível, mas quando nada funciona simplesmente desisto e colo-o para fora de meu quarto.
Quando finalmente termino de me arrumar e pegar todas as coisas que possivelmente irei usar em uma praia, me despeço de minha mãe e de meu cachorro destruidor. Consigo sair de casa sem que nada de ruim me aconteça, mas de repente surge em minha frente o loiro mais intrometido que tive o desprazer de conhecer. Tento passar por ele despercebida, mas pelo visto minha tentativa falha quando ele começa a me encarar.
–Você gosta de encarar todo mundo assim mesmo ou isso é exclusividade minha? –Pergunto já sem paciência.
–Creio que seja exclusividade sua. Aliás, boa tarde para você também. –Diz ele naquele tom sarcástico de sempre.
–Boa tarde. –Respondo sem entusiasmo.
–Você é sempre mal-humorada assim ou isso é exclusividade minha? –Pergunta ele.
–É exclusividade de idiotas, o que te inclui. –Respondo saindo de perto dele.
–Já te disseram que é muito engraçado ver uma pessoa tão miúda irritada? –Pergunta ele me seguindo.
–Já te disseram que também é muito engraçado quando essas pessoas miúdas socam aquela sua parte masculina que é bem sensível?
Ele demonstra certo receio mas continua me seguindo.
–Qual é a sua, cara? –Pergunto estressada. –Por que você está me seguindo?
–Você não está indo à praia? Estou apenas lhe acompanhando.
–Vai acompanhar a sua vozinha até a padaria!
–Bem que eu gostaria, adoro pães, mas minha vozinha está em outro país.
Bufo revoltada e continuo andando, mais rápido dessa vez.
–Como você sabe que eu estou indo à praia? –Pergunto alguns minutos depois, quando estamos quase chegando ao ponto onde pegaremos a condução.
–A roupa que você está usando denunciou tudo, claro, acho que ninguém vai assim até a… Padaria, por exemplo.
–E por que você está me acompanhando?
–Me chamaram para ir à praia também.
–Quem foi o retardado?
Ele ignora minha pergunta e continua caminhando ao meu lado, até que chegamos ao ponto onde –por alegria do destino– já tem o ônibus que pegaremos. Entramos nele e meu querido vizinho resolve se sentar ao meu lado.
–Por que não veio com seu namorado? Quer dizer, seu amigo. –Ele se corrige no meio da frase com um sorriso irônico estampado no rosto. Sinto vontade de arrancar aquele sorriso aos tapas, mas desisto.
–Ele já está lá.
–Oh! Abandonou a pobre amiga sozinha? Que tristeza! Ainda bem que existem bons vizinhos para lhe ajudar, não é? –Ele diz com uma interpretação digna de ator de Hollywood.
–Vai para a…
–Olha os bons modos! Que coisa feia, tão pequena e já com a boca tão suja.
–David, faz um favor?
–Sim, claro.
–Cala a boca!
–Obrigado pelo convite, mas confesso que prefiro lhe provocar. Adoro os tons rosados que sua pele adquire quando você fica irritada. –Ele diz como se estivesse falando de algo muito sério, mas ignoro-o. Até que ele continua falando. –Aliás, como você sabe meu nome?
–Você é meu vizinho, não é muito difícil descobrir.
–Quer dizer que você procurou saber? Olha, seu namo… Digo, seu amigo ficará com ciúmes. Ou você já partiu para outro?
–Quem você acha que eu sou? Sinto lhe informar mas não sou essas vad… Quero dizer, essas garotas que você pega.
–Quer dizer que o Harry é apenas um amigo também? –Ele pergunta em um tom provocador e por um momento não entendo, até que tudo faz sentido e entro em uma crise de risos descontrolada. Tão descontrolada que todos do ônibus começam a me olhar.
–Ah, não. O Harry é meu namorado mesmo. –Digo rindo mais ainda.
Ele me olha confuso, como alguém que não entende uma piada muito engraçada.
–Não entendo a graça.
–O Harry é meu cachorro, seu idiota. –Digo ainda rindo descontroladamente.
E, ali, dentro daquele ônibus, vejo pela primeira vez na minha vida o David sem graça. O que é estranho, devo confessar.
Após alguns minutos consigo conter o riso de vez e então resolvo provoca-lo também.
–O que deu em você pra ouvir a conversa dos seus vizinhos, hein? –Pergunto como se o acusasse de um crime terrível.
–Não é como se eu tivesse escolha com uma vizinha tão escandalosa. Nunca poderia imaginar que anãs pudessem alcançar um tom tão alto.
Fecho a cara com aquele comentário e me controlo para não lhe socar a cara.
–Saiba você que eu sou mais alta que uma anã, tudo bem? Se fosse para comparar minha altura seria melhor compará-la com a dos pigmeus.
E, de repente, sem aviso prévio, ele começa a rir. Tão descontroladamente como eu alguns minutos atrás.
–Do que você tanto ri? –Pergunto.
–Nada. –Responde ele entre gargalhadas. Confesso que ele fica bem mais bonito assim, rindo. Seus olhos ficam mais brilhantes. E seu sorriso mais encanta… Ok, o que eu estou dizendo? Cala a boca, Marina, você só pensa asneira.
–Por que você está me encarando? –Pergunta ele depois que suas risadas cessam.
–Estou apenas pensando na idiotice humana. Sabe, você é o perfeito retrato disso.
–Quase como seu amigo é o retrato da babaquice. –Diz ele, atingindo exatamente o meu ponto fraco.
–Quem você pensa que é? Chegou agora e já quer sentar na janela com um microfone xingando todos. Se for pra chamar alguém de babaca faça o favor de fazer isso com um espelho. –Digo me controlando para não gritar.
Uma das coisas que mais me irritam no mundo é uma pessoa dar risada quando estou revoltada, e foi exatamente aquilo que David fez. Já completamente revoltada, achei melhor apenas ignorá-lo até meu ponto chegar. E foi aquilo que eu fiz. Fechei a cara por todo o restante do percurso enquanto ele tentava, em vão, falar comigo.
Agradeci mentalmente a todos os deuses quando cheguei ao meu ponto e sai do ônibus quase correndo, ainda sem querer olhar para o David.
Liguei para Fernanda e com suas instruções consegui chegar até onde eles estavam. O primeiro a me ver foi Matt, que correu para me abraçar.
–Por que essa carinha irritada, Mari? –Pergunta Matt ao pé do meu ouvido enquanto me abraça.
Aponto para David ao meu lado com os olhos e então Matt faz uma carinha sapeca, provavelmente lembrando do dia em que ele ficou nos encarando.
–Por que você demorou? –Pergunta Matt agora para todos ouvirem, colocando o braço em minha cintura e me dando um beijo na bochecha que demorou mais do que deveria.
O empurro sem muita paciência para as brincadeiras dele.
–Para com isso, Mateus. –Digo quando vejo Stephany vindo em nossa direção.
–Só amigos, não é? –Pergunta David com uma voz carregada de sarcasmo.
–Amigos com privilégios, claro. –Responde Matt por mim com um sorriso e se afasta antes que eu possa soca-lo.
–Ei, você não é o vizinho intrometido? –Pergunta Stephany ao David quando chega perto de nós.
Repreendo-a com o olhar, mas parece que ela não me entende.
–E você deve ser alguma amiga da pequena ao meu lado, claro. –Responde David.
–Calma lá! Só eu posso chamar a Mari de pequena. –Interrompe Matt, me puxando novamente pela cintura e apoiando seu queixo em minha cabeça.
–Estou de saco cheio de vocês, adeus. –Digo saindo de perto daqueles lunáticos.
Vou para perto de Fernanda, mas antes que eu faça isso ela corre até mim.
–Veio com o novo vizinho, não é? Hum… E o Mateus? Sinto a força da amizade em vocês. –Diz ela ironicamente.
–Ah não, por favor. Não me encha de especulações agora, estou cansada e irritada com o mundo. –Digo deitando do jeito que estou em sua canga.
–Nossa, tudo bem. O que aconteceu? –Pergunta ela.
–O idiota do David veio enchendo meu saco. Não sei por que chamaram esse retardado pra cá. –Digo revirando os olhos.
–Mari, me desculpa! –Grita Mateus interrompendo nossa conversa enquanto corre em minha direção. Quase rio com a péssima atuação dele. –Não fique sem falar comigo, eu não sei viver sem você.
–Virei oxigênio agora? –Pergunto rindo.
–Assim você acaba com meu romantismo, Marina. Não pode isso.
–Sim, meu amor, eu lhe desculpo. –Começo entrando na atuação.
–É, você é melhor irritada. –Diz ele rindo.
–Ah, é? –Pergunto enquanto pego uma bola de areia e jogo em cima dele, fazendo-o ficar com a barriga completamente suja de areia.
–Sua vad…
–Olha os bons modos! –Repreendo-o enquanto corro, mesmo sabendo que ele corre mil vezes mais rápido que eu e logo me alcança.
–Agora você vai ver, sua anã de jardim. –Diz ele enquanto me prende contra ele.
–Mateus, não! Por favor, eu juro que não faço mais nada contra você… –Tento fazer uma voz meiga para tentar convencê-lo, mas tudo que consigo são risadas.
E antes que ele consiga responder Stephany o derruba por trás, rindo, fazendo com que eu caia também. Com o Mateus bem em cima de mim.
–Ai, que lixo! Mateus, pelo amor de Cristo, sai de cima de mim. Acho que quebrei todos meus ossos, gordo. –Digo entre gritos.
–O gordo com mais pegada no mundo, pode admitir.
–Eu admito qualquer coisa desde que você saia de cima de mim! –Grito novamente.
–Então admite que me ama e me deseja todos os dias de sua vida. –Ele diz com um sorriso sapeca.
–Isso já é demais! Mentira tem limite, cara.
–Diz ou eu não saio. E diz alto que eu quero que toda a praia ouça.
O xingo mentalmente e faço o que ele pede.
–Mateus, eu te amo e te desejo todos os dias da minha vida! –Grito sem vontade já empurrando-o de cima de mim.
Ele finalmente cumpre o prometido e sai de cima de mim.
–Gordo! –Grito quando já estou de pé.
–Isso não é gordura, é excesso de gostosura. –Diz ele mostrando seu corpo enquanto ri.
–Nossa, você parece um gay falando assim.
–Deixa eu te mostrar o gay. –Ele diz se aproximando de mim. Tento me afastar, mas quando percebo já estou na areia novamente, com o Matt em cima de mim. Novamente. Tento falar algum palavrão nesse processo ou chama-lo de gordo, mas sou impedida pela boca de Matt na minha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. o