Hurricane escrita por Iasmin Guimarães


Capítulo 2
Dispensada pelo namorado?


Notas iniciais do capítulo

Hey, espero que gostem.



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–Existe algo melhor que sorvete? Não, falando sério. É o melhor sabor do mundo! –Digo após pegar meu sorvete e sentar em uma mesa.
–Como você pode dizer isso conhecendo o sabor do meu beijo? –Diz Matt.
–Pelo amor de Deus, Mateus. Eu nem conheço o sabor do seu beijo e duvido que seja melhor que sorvete.
–Como não? E o que você diz daquele beijo que você me deu quando tínhamos onze anos?
–Ah, não... Não me venha com essa novamente, por favor. Não jogo “Verdade ou Desafio” até hoje por causa disso.
–Até parece que você não gostou. –Diz ele caçoando de meu constrangimento.
–Experimenta perder seu BV com seu melhor amigo por causa de um jogo e depois a gente conversa.
–Realmente, perder meu BV com meu melhor amigo seria algo bem esquisito. Confesso que prefiro do jeito que foi mesmo, com minha melhor amiga.
Reviro os olhos com a tentativa fracassada dele de fazer piada da situação. Não que aquele dia tenha sido tão ruim, mas só o fato de eu ter feito o que fiz por causa de um jogo já me causa decepção.
–Que carinha triste é essa? Isso é vontade de viver aquilo de novo? Olha, eu posso resol...
–Não pense que eu vou cair nessa de novo! Vai ficar com suas namoradinhas e me deixe.
–Ah, sério? Então tudo bem. –Diz ele se levantando com um sorriso sapeca.
–Não! Você me trouxe aqui, você vai me levar daqui. Regra da vida, meu caro.
–Regras foram feitas para serem quebradas.
Ignoro-o e levanto para o acompanhar.
–Aliás, Mari, você está suja de sorvete. –Ele fala rindo.
–Suja? Onde? –Pergunto tentando limpar meu rosto com a mão.
–Bem aqui. –Ele fala dando um selinho no canto da minha boca.
–Ah, seu idiota! Só porque é meu amigo acha que tem essas liberdades? Olha, se eu te pegar...
–Então quer dizer que você pretende me pegar? –Ele pergunta rindo enquanto corre de mim, pela segunda vez no dia.
Corri atrás dele até sua casa, onde ele entrou primeiro do que eu, me deixando do lado de fora.
–Trate de abrir logo essa porcaria antes que eu soque sua cara. –Grito pra ele.
–Como se você não alcança?
Desistindo de tentar fazê-lo abrir e já com raiva das zoações relacionadas a minha altura, pego meu celular e disco o número do Victor.
–Alô? –Atende ele.
–Victor? Oi, é a Marina.
–Oi Marina, tudo bem?
–Tudo sim. Você está em casa?
–Não, estou na casa de um amigo... Por que?
–Ah, por nada, mas obrigada mesmo assim. Tchau.
–Hum, de nada. Tchau.
Desligando o telefone, desisto de socar o Mateus por hoje e me direciono para minha casa, até que uma voz carregada de sotaque me interrompe.
–Dispensada pelo namorado? –Pergunta o menino que me encarou hoje cedo. Tenho vontade de responder “não te interessa”, mas as regras da boa educação me impedem. –Oh, não. Ele não é meu namorado. –Respondo já querendo sair dali.
Eu estava acostumada com aquele tipo de pergunta, acho que isso sempre acontece quando você resolve escolher um garoto que não é gay para ser seu melhor amigo. Ainda mais quando esse garoto é o Mateus, que é um safado que vive fingindo que estamos em uma amizade colorida. Não que já tenha acontecido algo entre nós, ele apenas gosta de zoar com a cara dos outros, principalmente com a minha. E para as pessoas parece ridículo que nós não tenhamos nada além de uma amizade de anos.
–Ah, então vocês vivem em uma amizade colorida? –Pergunta ele em um tom meio provocante.
Me surpreendo com o português dele. Apesar do sotaque forte, ele pronuncia corretamente quase todas as palavras, melhor do que muito brasileiro por aí.
–Não. Nós não somos namorados, nós não mantemos uma amizade colorida e definitivamente: Não, nós não estamos juntos. Somos apenas amigos. Amigos. – Digo um pouco revoltada.
–Bem, não é o que parece.
–E o que parece?
–Acho que qualquer um que já viu vocês dois juntos pode responder isso. –Diz ele indo em direção a sua casa. Penso em fazê-lo voltar e admitir que ninguém que nos conhece diria tal coisa, apenas ele que é um lunático que não sabe de nada, mas desisto da ideia e resolvo ignorá-lo. Já tive outros vizinhos intrometidos, posso aturar mais um.

–Stephany, seja sincera. Você acha que eu e Matt parecemos namorados? –Pergunto a Stephany enquanto observo-a mexer em seu celular em cima de minha cama.
–Hum... Quê? –Responde ela como se estivesse acabado de sair do mundo da lua.
–Eu. Matt. Namorados. –Resumo minha pergunta.
–Vocês estão namorando?! –Pergunta ela completamente assustada, deixando até seu celular cair nesse período.
–Sim, claro. –Respondo ironicamente.
–Sério? Bem que eu desconfiei!
–Ah, Stephany. Óbvio que não.
–Então por que você disse isso? –Pergunta ela com a confusão estampada na cara.
–Eu perguntei se você acha que eu e ele parecemos namorados.
–E desde quando você se importa com isso?
–Não me importo, mas quero saber o que você acha.
–Com sinceridade? Sim, parecem.
–Por que?
–Ah, Mari, é óbvio. Vocês vivem juntos, o Matt vive fazendo brincadeirinhas nada inocentes com você. Fora que de toda a história da vida dele, você é a única amiga próxima que ele não tentou ficar. As pessoas desconfiam.
–Elas deviam é cuidar da vida delas.
–Calma! Você quem perguntou. Mas me diz, porque essa pergunta tão de repente?
–O novo vizinho concorda com você.
–Quem, o David? Nossa, ele é maravilhoso e aquele sota...
–Para. Ele é um intrometido metido a sabe-tudo.
–Não deixa de ser lindo. Você reparou nos olhos verdes dele? Minha nossa! E aquele cabelo loiro? Parecem ser tão macios...
–Pelo amor de Cristo, Stephany. Eu desisto de você!
–Desiste de quem? –Diz Fernanda ao entrar em meu quarto.
–Quem deixou você entrar, Fernanda querida? –Eu pergunto.
–Sua mãe. Ela me ama.
–Ah, claro. Ela te ama. –Repito o que ela disse revirando os olhos.
–Sim, eu sei. Mas me expliquem o motivo de tanto alvoroço. –Ela fala se jogando em cima de minha cama para e juntar a Stephany.
–Marina está revoltada com o gato do novo vizinho porque ele disse que ela e o Matt parecem namorados. –Diz Stephany simplesmente.
–E como ele sabe disso se só está a um dia aqui? –Pergunta Fernanda.
–Realmente... Não tinha parado para pensar nisso. –Diz Stephany como se a pergunta de Fernanda fizesse todo o sentido.
De repente as duas parecem chegar a uma conclusão e começam a me encarar. Tento ignorá-las, mas quando percebo que isso não irá funcionar resumo a história.
–Ele me viu na porta da casa do Matt hoje cedo.
–Só isso? –Pergunta Fernanda.
–O Matt não estava... Hum, bem vestido. –Digo.
–Como assim? –Perguntam as duas em uníssono.
–Ele só estava de cueca, tinha acabado de acordar.
–Ah, então faz sentido o que o novo vizinho disse. –Diz Stephany.
–Realmente. –Concorda Fernanda, com o rosto um pouco franzido. –Mas ainda acho que tem mais coisa.
–O Matt adora zoar com a minha cara, vocês sabem.
–E o que mais?
–Ele te agarrou na frente do vizinho? –Pergunta Stephany de repente.
–Mais ou menos.
–Mais ou menos? –Perguntam as duas em uníssono, de novo.
–Ele só fingiu que ia me beijar e me puxou pela cintura pra dentro da casa dele. Apenas isso.
–E você ainda diz “apenas isso”? Meu Deus! Depois você reclama quando eu digo que vocês vivem em uma amizade colorida. –Diz Fernanda.
Ela diz isso sempre quando Matt faz alguma brincadeira comigo e confesso que isso me irrita. –Você sabe que nunca rolou nada entre a gente, para.
–Se você se sente tão incomodada com o que dizem por que não pede para o Mateus parar com isso? É simples. –Sugere Stephany.
–Realmente, a Mari nunca cortou isso dele. Lembra do que aconteceu com o antigo namorado dela?
–Quem, o Gustavo? –Pergunta Stephany.
–Sim. Ele morria de ciúmes do Mateus e a Mari não fazia nada.
–Como assim eu não fazia nada? –Entro na conversa.
–Vai dizer que fazia alguma coisa? Por favor! Ele pediu pra você se afastar do Mateus e lembra do que você fez?
–Eu pedi para o Matt dar um tempo nas zoações! –Respondo irritada.
–O que não funcionou. E então ele disse pra você escolher entre o Matt e ele, e sabe quem você escolheu?
–O Matt, mas...
–“Mas” nada. Não tem explicação. –Fernanda me interrompe.
–“Mas” tudo! Depois que eu comecei a namorar o Gustavo, o Matt não fez nenhum tipo de brincadeira que fosse considerada desrespeitosa.
–Vale lembrar que você ficava mais com o Mateus do que com o próprio namorado.
–O Mateus é meu vizinho e meu melhor amigo! Como poderia ter sido diferente?
–Está vendo, Mari? É disso que eu falo: O Mateus é sua prioridade, vocês são quase como namorados não-oficializados.
–Isso é ridículo! Eu faço a mesma coisa por vocês.
–Não faz não! E mesmo se fizesse, seria diferente.
–Diferente por que?
–Não finja que não sabe a resposta quando na verdade você só tem medo de encará-la, Mari.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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