Hurricane escrita por Iasmin Guimarães


Capítulo 1
Os loucos são os melhores.


Notas iniciais do capítulo

Olá anjos, tudo bom? Primeiro capítulo, espero que gostem.



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Num momento, eu estava sonhando. Não me recordo com detalhes do sonho, mas lembro que caminhava pelas nuvens e sentia um forte cheiro de algodão. Lembro-me também de ter associado o cheiro do algodão ao formato da nuvem e então fiz exatamente o que toda criança deseja. É, eu tentei comer a nuvem. E eu iria conseguir, se não fosse impedida por algo pesado que se jogou em meu rosto. Abrindo os olhos, percebo que aquela “coisa” era Harry, meu cachorro. E nesse momento você deve estar pensando: “Harry? Como Harry Potter?” E sim, foi exatamente do Potter que tirei esse nome. Não que os dois sejam parecidos, mas achei legal homenagear um personagem tão bacana.
–Harry, por favor! –Grito tentando impedir meu cachorro de se jogar pela décima vez em mim. –Você é gordo, vai me esmagar.
Me ignorando, ele continua tentando me acordar a todo custo. Já desistindo, eu me levanto e vejo no relógio ao meu lado que horas são. 12:12. Por um segundo penso que me atrasei completamente para a escola, mas então lembro que ainda estou de férias e a alegria volta a reinar na casa. Já não me importo mais com as perturbações de Harry nem com os gritos da minha nova viz... Opa, espera aqui. Uma nova vizinha? Escandalosa, ainda por cima? Ah, não.
Começo a pensar em todos os últimos pecados que cometi e percebo que nenhum deles foi tão ruim para que eu mereça esse castigo tão doloroso dos céus. Me acalmo e tento pensar que tudo foi um mal-entendido e a escandalosa é apenas mais uma visitante. E pensando nisso faço minha higiene matinal para me direcionar para a cozinha logo em seguida. Mal chego lá e já sinto cheiro de comida boa. Ah, como eu amo minha mãe!
–Oi mãezinha querida!
–Nem adianta, Marina. Ainda não terminei de fazer o almoço.
–É isso que acontece quando as filhas decidem ser amorosas com as mães, levam patadas! –Respondo com uma falsa indignação enquanto ouço-a dar uma risada. –Primeiro sou acordada por uma bola de pelos e agora isso.
–Ah, então o AuAu fez um bom trabalho? Acho que você pode deixar seu despertador de lado quando as aulas começarem, querida.
–Quer dizer que foi você que mandou ele me acordar? Nossa mãe, muito obrigada! E, aliás, o nome dele é Harry! Harry!
–E Harry é nome de cachorro?
–É muito mais interessante que AuAu, com certeza.
–Tudo bem, Marina.
Percebendo que não há mais o que discutir, me retiro da cozinha e vou colocar a ração do Au... Ops, Harry. Mas antes volto e faço a pergunta mais temida da manhã.
–Nós temos uma nova vizinha?
–Ah, sim. Chegou uma família nova na casa de frente, eles vieram nos Estados Unidos.
–Sério? Nunca iria imaginar que os americanos fossem tão escandalosos quanto nós brasileiros.
–Não seja mal educada, Marina. Mudanças são estressantes, aposto que os novos vizinhos são bem gentis.
–Se você diz... –Respondo tentando colocar na minha cabeça que as mães estão sempre certas e que meus novos vizinhos realmente são gentis.

De tarde resolvo que não há nada para se fazer em minha casa e vou até a rua. Não encontro nenhum de meus amigos lá, então vou até a casa de Stephany chama-la. Grito seu nome repetidas vezes, mas não obtenho resposta. Desistindo dela, vou até a casa ao lado e grito o nome de Mateus. Esse é o bom de morar em um lugar desde sua infância: Você não precisa ir muito longe para se encontrar com a maioria de suas amizades.
Após algum tempo Mateus aparece em sua janela, com uma visível cara de sono.
–Alguém morreu? –Pergunta ele.
–Não, mas isso pode mudar se você não vier abrir esta porta agora mesmo. –Digo ironicamente tentando forçar um sorriso meigo.
–Sua gentileza me encanta, Mari.
–Sim, sim. Eu sei.
Ele dá uma risada e um minuto depois abre a porta para que eu possa entrar. Mas como de costume, não entro e apenas falo com ele encostada no batente da porta.
Vendo-o de perto, percebo que ele realmente acabou de acordar. Prova disso é a roupa que o mesmo usa, ou melhor: A roupa que ele não usa.
–Você não poderia ter colocado algo mais adequado para receber sua tão querida amiga? –Pergunto ironicamente, mesmo não me importando muito.
–Achei que eu tinha ouvido você me ameaçar de morte caso eu não abrisse a porta para você agora. –Responde ele rindo. –E não fale como se eu tivesse completamente sem roupa, eu estou de cueca.
–Grande roupa! –Digo revirando os olhos. –Mas isso não importa. Você já viu os novos vizinhos?
–Depende, aquele que está nos olhando faz parte?
Quando ele diz isso, viro e percebo que há realmente alguém que nunca vi antes nos encarando. Um garoto, sentando em um banquinho na calçada que fica em frente à casa de Stephany.
–Que descarado! Por que ele está nos encarando? –Pergunto com uma pitada de indignação transparecendo na voz.
–Talvez porque você é uma escandalosa e por causa disso ficou gritando em frente a nova casa dele? Ou será porque ele está vendo duas pessoas de sexos opostos fora de casa, próximos, um deles apenas de cueca?
De repente, imagino o que o novo vizinho esteja pensando. Oh, Deus. Ele deve me achar uma completa rapariga. Não que eu me importe com a opinião dele, mas isso é, no mínimo, constrangedor.
–Ele ainda está nos encarando? –Pergunto ao Mateus.
–Depois da virada estilo Menina Exorcista que você deu, acredito que não. –Ele responde rindo, como se nada daquilo tivesse importância. –Por que, quer fazê-lo voltar a nos encarar? Bem, eu posso resolver isso...
Não entendendo o que ele quer dizer com aquilo, apenas o olho com a confusão estampada no rosto. E é nesse momento que Mateus se abaixa, posicionando seu rosto perto do meu fazendo nossos lábios quase se tocarem enquanto me puxa pela cintura com um sorriso sapeca, e logo em seguida fecha a porta com nós dois dentro de sua casa.
–O que foi isso, retardado? –Pergunto gritando, mas sou interrompida quando Mateus me cala com sua mão.
–Assim ele não vai acreditar na nossa atuação, fica calada. –Ele diz com uma falsa seriedade para dar uma gargalhada logo depois.
–Que atuação, babaca?
–Vamos dizer que é apenas a vingança por você ter me acordado com gritos.
–Eu vou te matar! –Grito correndo atrás dele, enquanto o mesmo foge de mim na velocidade da luz.
Nós continuamos correndo assim por toda sua casa até eu esbarrar em alguma coisa e quase cair. Analisando bem, percebo que na verdade esbarrei em alguém. Não só em alguém, mas no Victor. Irmão mais velho do Mateus.
–Oi, Mari. Tudo bem? –Pergunta ele sorrindo como se eu não tivesse acabado de esbarrar nele.
–Ah, sim. Tudo ótimo tirando a idiotice extrema do seu irmão exalando pelo ar. –Respondo fuzilando Mateus logo atrás pelo olhar.
Victor ri já acostumado com aquela situação e pergunta ao Mateus o que ele fez dessa vez.
–Sei que já tenho má fama, mas dessa vez a culpada foi a Mari. Ela me acordou berrando e me ameaçou de morte.
–O quê?! Ele está distorcendo toda a história! –Digo revoltada.
–E qual foi a história real, Mari querida? –Pergunta Mateus com ironia.
–Você saiu de casa apenas de cueca e me agarrou na frente de toda vizinhança!
–O quê? Falem devagar. –Pergunta Victor confuso entre as duas versões. –Sério que você fez isso, Mateus?
–Lógico que não, ela só fala isso porque apareceu um gatinho novo na área e agora ele acha que nós dois somos namorados.
–Não fale besteira, seu asno. –Digo começando uma nova corrida atrás de Mateus.
–Mari, calma! –Diz Mateus. –Eu tenho uma pergunta a fazer.
–Pergunte logo. –Digo parando para ouvi-lo.
–Eu tenho pegada, não tenho? –Pergunta ele rindo e antes que ele fuja dou um soco em seu ombro que é o máximo que consigo considerando nossa diferença de altura.
–Ainda acho que vocês dois irão se casar um dia, anotem o que eu estou dizendo. –Interrompe Victor.
–Pena que não! –Respondemos eu e Mateus em uníssono.
–Depois não digam que não avisei... –Diz ele sorrindo como se soubesse de tudo para se retirar logo em seguida.
–É, acho que a loucura é de família. –Comento.
–Os loucos são os melhores, pequena Mari.
–Se você diz...
–Mas então, estamos de bem? –Pergunta Mateus com um sorriso.
–Só se você me pagar um sorvete. –Respondo rindo.
–Ok, apenas espere eu colocar uma roupa. –Diz ele indo em direção ao seu quarto.
–Ah, Matt! –Chamo-o.
–Oi?
–Sim, você tem pegada. –Digo rindo.


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Notas finais do capítulo

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