– Eu também já sei coisas importantes sobre você. - Ele disse ainda segurando a mão dela.

– E eu posso saber o que seria?

– Você é forte, independente de sua doença. Corajosa ao ponto de sorrir, enquanto muitos estão chorando, você tem uma garra para vencer, tanto poder você tem e nem se da conta disto. Você não deixa a doença te dominar. Você é admirável.

Eles se olharam nos olhos, Bella pode constatar que ele estava sendo muito sincero, o que fez um bolo se criar em sua garganta, para logo em seguida seus olhos ficarem marejados.

Edward vendo isso repassou toda a conversar que haviam tido, relembrando frase por frase tudo o que haviam falado tentando encontrar algo que pudesse tê-la magoado, pensou para poder se desculpar, mas não conseguiu pensar em nada.

– Bella... Desculpe, não chore, por Deus não chore. - Ele implorou, ver mulheres chorando sempre foi um ponto fraco nele. Ver essa mulher fraca e ao mesmo tempo forte chorando, fazia ele querer chorar também.

– Quando encontro pessoas como você... Eu me pergunto por que Deus fez isso comigo. Então eu me sinto egoísta, por que é como pensar: Você poderia ter dado essa doença para outra pessoa. Isso é difícil Edward, é difícil tentar ser forte o tempo inteiro, é difícil ver a pessoas realizando sonhos e eu ficando aqui atrás, esquecida. - Disse com a voz fanha por conta do choro preso na garganta.

Edward abaixou o rosto, tentando arrumar algum modo de consola-la, mas o que ele poderia dizer afinal de contas? Deus teve um propósito para isto, ele tem algo guardado para você.

É o certo a ser dito? Não. Por que muitas pessoas pensam desse jeito, e com toda a certeza ela já ouviu isso antes.

– Não chore. - Ele pediu.

– Quando a tristeza não cabe no peito ela escorre pelos olhos. - Disse tentando dar um sorriso.

Edward levantou a mão livre a limpou cuidadosamente as lagrimas derramadas.

– Não gosto de te ver chorar. Seu sorriso é lindo, por que não o mostra para mim? - Ele perguntou, fazendo-a soltar um pequeno risinho.

– Gosto de você. - Ela soltou fazendo-o sorrir.

– Eu também gosto de você.

Olharam um nos olhos do outro, não sabiam ao certo o que eram, mas sabiam que era algo especial, muito especial.

– Então cursa medicina... Qual a área? - Ela perguntou interessada.

– Cardiologia. Você...

– Não... Não tive tempo para isso, até comecei, mas eu não estava aguentando, larguei a faculdade de Psicologia por causa da doença.

– Eu sinto muito.

– Não sinta, eu ao menos pude começar. No inicio eu fiquei revoltada, admito. Gritava com todos, e sempre que eu escutava um: vai ficar tudo bem, eu tinha uma vontade enorme da bater nas pessoas que falavam isso, por que eu sabia que nada ficaria bem. Então eu conheci Emily, uma garotinha que fazia quimioterapia aqui, e ela só tinha nove anos, ela sorria, brincava e sabia da doença que tinha, mas ela não desanimava não, chegava com um sorriso lindo, ficava conversando comigo, quando saia da sala de quimioterapia, ela ficava comigo até a tontura passar, e brincava sobre o vomito, aquela era uma realidade para ela, então eu pensei, se uma garotinha de nove anos enfrenta isso com um sorriso, por que eu não posso fazer o mesmo? Então mudei de atitude, quando ia contar a ela... Ela demorou tanto, e perguntei a uma enfermeira e ela respondeu: Sinto muito querida, mas a Emily morreu faz uma semana. Eu nem fui ao enterro me despedir.

– Sinto muito. - Ele queria algo melhor para dizer, mas não tinha a menor ideia do que falar. - Desculpe só falar isso, é que nunca passei por nada desse tipo, então não sei o que falar para você, queria ter algo para te consolar, mas não tenho. - Foi sincero nas palavras.

– O fato de você estar conversando comigo como estaria com qualquer pessoa, já é o suficiente. Gostei de ter te conhecido.

– Pode apostar que sinto o mesmo.

Ele pensou em colar seus lábios na bochecha dela, mas antes que se inclinasse a porta foi aberta e por ela passou uma mulher de estatura mediana, cabelos cor de mel e olhos claros.

– Querida, me descul... - Antes que ela terminasse o pedido de desculpas por ter demorado, percebeu o jovem bonito que estava ao lado da filha.

– Oi, mãe, esse é Edward, ele é filho do doutor Carlisle, vai começar a fazer residência aqui. - Ela apresentou-o. - Edward, esse é minha mãe, Renée.

Renée se aproximou com a mão estendida e um discreto sorriso no rosto.

– Como vai querido? Espero não estar atrapalhando nada.- Edward quase corou com o comentário, deu um risinho nervoso.

– É um prazer conhecê-la também, e não de forma alguma a senhora atrapalhou algo. E eu tenho que ir, fiquei de encontrar um amigo. - Ele levantou-se, e depois inclinou o tronco para beijar a testa de Bella, os dois fecharam os olhos ao menos tempo, o que fez o coração da mãe da jovem bater feliz ao presenciar tal cena de carinho.

– Tchau Edward, foi bom te conhecer. - Bella disse.

– Eu volto. - Ele disse olhando nos olhos dela. - Eu prometo que volto. - Disse isso para provar que falava sério e para que ela não ficasse com duvidas, quanto a isto.

– Vou esperar, viu? – Riu, mas falou a verdade. Ele piscou o olho para ela.

– Foi um prazer senhora.

– Renée, querido.

– Tchau. - Ele murmurou saindo do quarto. Fechou a porta, porém encostou a testa contra a porta.

–Filha, como ele é bonito.– Escutou Renée falar, pensou em sair dali antes que alguém o visse e fosse contar a Carlisle, mas queria ouvir... Precisava ouvir.

–Mãe!

– O que? Vai dizer que não reparou? Você tem que ver como vocês fazer um casal bonito, querida.

– Mãe, não viaja.

–Não viaja por que? Você é linda querida, e não digo isso por que sou sua mãe, tenho certeza que ele também ficou encantado por você, consigo enxergar o brilho diferente em seus olhos.

– Sei. – Ele não estava vendo, mas podia jurar que nesse momento ela estava revirando os olhos.

– É sério, não ficaria surpresa caso vocês começassem a namorar.

Edward não sabia, Bella não acreditava, mas a afirmação de Renée tinha lá seus fundamentos.