Lola escrita por Paula Schreiner


Capítulo 1
Lola


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem, haha.



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Lá estava ela, Lola, era seu apelido. Cabelos negros e cacheados, batom vermelho e delineador compunham sua imagem. Roupa amassada, short jeans cor clara e curtíssimo, coturnos em seus pés. Jaqueta de couro, e um cigarro na mão direita, ela andava descontraidamente pela calçada suja durante a madrugada sombria, por volta das cinco da manhã. Virou a esquina e deparou-se com a placa em neon vermelho do motel Flor de Lótus. Parou de andar, tragou e ouviu um carro frear com tudo ao seu lado. O vidro abaixou, revelando um homem na flor da idade, loiro, olhos escuros.

Ele disse,“o que faz sozinha por estas bandas, moça? Posso lhe fazer companhia, se desejar”.

Ela sorriu com o canto dos lábios e se inclinou pela janela do passageiro,“apenas dando uma volta... e para onde pretende me levar, senhor?”.

Os dois se encararam e o homem destrancou a porta. Lola sem hesitar, entrou. Mas logo que fez se arrependeu. Foi um lampejo de luz, uma memória veio-lhe a mente, tão doce e fresca como no dia do ocorrido. O cheiro despertou o déjà-vu que sentiu, trazendo de volta uma lembrança de sua infância. A colônia masculina que empestava o Impala 67 do homem era a mesma colônia que o pai de Lola usava nos seus dias de juventude, antes de morrer.

O homem passou sua mão pela coxa da jovem, acariciando levemente. Ela o parou. Atordoada, abriu a porta do carro e correu. Correu como nunca antes correra. Lola esteve na estrada durante muito tempo, livre de limites e vivendo sóbria consigo mesma, porém ela já tem viajado durante muito tempo, tentado muito forte conseguir encontrar motivos para levar esta vida adiante, e chegou a conclusão de que motivos para desistir, não faltam, mas de alguma forma uma voz dentro de sua cabeça não deixava que ela desistisse. Algumas lágrimas queriam escapar de seus olhos, mas Lola se manteve forte e não derrubou uma gota se quer. Continuou correndo, em busca de redenção, quem sabe. Viu uma moto vermelha parada na esquina de uma drogaria e, como se tivesse sido amor à primeira vista, correu até ela e a ligou. Fugindo dos prédios de concreto da cidade adormecida, ela correu. Apenas dirigiu. Rápido. Tinha o vento em seus cabelos, um sorriso de orelha a orelha e uma bela canção que a guiava pela escuridão. E a verdadeira liberdade apareceu sozinha na noite, ela apenas focou na estrada e em seus pensamentos mais profundos, permitindo-se sentir a dor da perda e lentamente afundar-se em sua própria loucura.


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Notas finais do capítulo

críticas e sugestões são sempre bem-vindos. ♥