Incandescente escrita por Joyce Emmanuely


Capítulo 10
Capítulo 10 - "Olha Só Quem Vem Para o Jantar"


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI CARALHO



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O observei por um tempo, sem nenhuma expressão. Ele estava com medo, dava pra ver. Medo do que eu iria dizer, de como eu reagiria, medo de eu pensar que a culpa foi dele. Continuei o olhando por um tempo, sem perceber.

– Emilly minha filha! – Minha mãe estava chorando e soluçando, ela veio me abraçar. Seu abraço foi muito forte, suas lágrimas molharam minha roupa. Mas eu não a abracei de volta, fiquei parada, sem reação, como uma morta, um fantasma perturbado, olhando para o nada. Ela me soltou, olhou nos meus olhos e perguntou se eu estava bem. Não respondi, nesse momento eu não ouço ninguém, não vejo ninguém. Ela me deixou quieta, virei – me para Harry de novo.

– A culpa não foi sua não é? Para que se preocupar então?

Todos me olharam perplexos. Meu pai levantou a cabeça, minha mãe parou de chorar, e Harry e Rony estavam de boca aberta.

– Emilly, sua tia morreu, você não entendeu isso? – Falou mamãe. Ela fica meio “grossa” quando está nervosa.

– Entendi sim mãe, claro que entendi, eu não sou idiota. Mas Harry diz que a culpa não foi dele nem do Rony, e eu acredito neles, eles não precisam se preocupar.

– Mas sua tia MORREU! Ela MORREU CARAMBA! Você não poderia demonstrar pelo menos um pouco de sentimento?!

– Calma querida, calma. – Papai dizia tentando segurar minha mãe.

– EU ENTENDI QUE ELA MORREU! – Gritei.

– Brigar não vai resolver coisa alguma. – Rony falou, tentando abaixar a poeira. Eu raramente brigo com mamãe, e quando brigo, é por causa de mim mesmo. Minha mãe é super sentimental, e eu sou completamente diferente dela. Eu guardo minhas emoções para mim, não choro perto de pessoas, prefiro me trancar no quarto e olhar para o céu pela minha janela.

– Nós vamos fazer a cerimônia de enterro este final de semana. – Harry agachou – se e segurou minha mão, dessa vez não esquivei – me. – Sabe Emilly, sua tia era muito querida, não só por mim e por Rony, mas por todos. Ela era uma ótima Auror, era simpática, e deixava todo mundo alegre, mas eu acho que você já sabe disso não é? – Ele sorriu e passou a mão em minha franja. Eu sorri de volta, mesmo sem ter motivos para sorrir naquele momento. – Espero que você fique bem, realmente. Eu e Rony precisamos ir, temos que avisar o resto do pessoal que o bruxo que matou sua tia ainda está solto por aí. Olha, eu prometo que vou fazer de tudo para pegá – lo e prendê – lo tudo bem? Pela Ro. Está na hora de ir, Vamos Rony! – Ronald estava ajudando meu pai a acalmar mamãe, e se despediu deles. Os dois me deram um forte abraço, e saíram pela porta.

Virei – me para as escadas, e as subi rapidamente, sem falar com meus pais. Quando já estava na porta do meu quarto, ainda pude ouvir um “Emilly volte aqui!” vindo de meu pai, mas dei de ombros e me tranquei. Já estava de noite, e o céu estava repleto de nuvens cobrindo as lindas estrelas do entardecer. Sentei-me na janela e comecei a lembrar de tudo. Todas as experiências com tia Ro. Suas chegadas todos os meses com presentes para mim, sua risada contagiante, seu jeito de contar histórias para eu dormir, seu abraço, seu amor por esportes de trouxas, seus namorados, o dia em que fomos pescar e ela acabou tirando uma meia de dentro do lago, o dia que fomos ao zoo pela primeira vez na minha vida, e a relação dela com a mamãe. As duas eram muito próximas e “ligadas” uma na outra sabe? Como leite e chocolate em pó. As duas se completavam. Eram muito amigas, e se demonstraram mais amigas ainda quando vovó morreu, que foi uma época muito difícil, onde mamãe quase entrou em depressão, e eu era muito pequena pra entender o que estava acontecendo, mas tia Ro sempre estava lá pra todas nós duas. As lembranças vieram como um jato, e eu comecei a sorrir que nem uma retardada em cima do telhado. Mas ao mesmo tempo, eu sentia um vazio. Não podia acreditar na notícia, não podia acreditar que nunca mais veria minha tia chegando em casa com presentes novos, nunca mais ouviria sua risada, e tão rapidamente ela se foi, nem pôde se despedir de mim. Chorei. Chorei o mais alto que pude, para todos ouvirem minha tristeza. Entrei em meu quarto e joguei minhas coisas em direção ao chão. Meus quadros, meus materiais, tudo, até que não agüentei mais e me joguei na cama sem me preocupar com a bagunça.

Chorei. Chorei até dormir. Meus olhos incharam e ficaram roxos, mas continuei chorando, pra soltar toda a minha raiva sem quebrar mais nada. Tia Ro está morta. Eu nunca mais vou vê – La novamente, nunca mais vou rir das piadas sem graça dela, simplesmente não dá pra digerir. Prefiro me iludir, acreditar que ela ainda está viva e bem em algum lugar por aí, vivendo suas aventuras como sempre, e que ela vai vim me ver quando chegar, como ela sempre fazia.

Quando acordei, tomei um banho extremamente demorado, meu quarto tinha se arrumado magicamente, e eu desci para a cozinha. Mamãe estava lá cozinhando, coisa que ela raramente faz. Ela olhou para mim, deu um suspiro e falou:

– Me desculpe pela briga de ontem, eu sei que foi difícil pra você, sei mesmo, prometo que não vou surtar de novo daquele jeito.

É uma promessa que ela nunca cumpre.

– Onde está o papai? – Perguntei sem olhar para ela.

– Ele saiu, foi comprar flores para o... – Ela hesitou em dizer, como se tivesse com medo da palavra que era tão normal. – Enterro. Escolha uma roupa para você ir, Harry e Rony vão chegar logo, só estou fazendo um lanche para eles, mas daqui a pouco vou me trocar também. – Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas rapidamente foi limpa.

– Eu não vou. - Falei.

– Você não vai ficar aqui sozinha o dia todo, e é sua obrigação ir.

– Não é não.

– Emilly, não me faça perder a paciência com você outra vez, tenha um pouco de compaixão e me ajude, por favor!

Eu não disse? Minha mãe praticamente nunca cumpre as promessas.

– Não é minha obrigação ir, eu não quero e pronto! E papai vai estar lá para te ajudar, a senhora não precisa de mim. Por que eu iria pra o enterro? Só pra ver o corpo da minha tia morto na minha frente? E os vereles colocando ela de baixo da terra? Pra que mais sofrimento? EU. NÃO. VOU.

Sai correndo e desta vez tranquei a porta do quarto para ela não tentar entrar. Será que minha mãe não me entende mesmo? Acho que até Rose me conhece melhor do que a mamãe, sério. Joguei-me na cama e peguei meu celular. Coloquei músicas tristes pra combinar com o momento, afinal, todo mundo faz isso. E fiquei ouvindo. Passaram-se 30 minutos, e eu resolvi abrir a porta. Meus pais já estavam vestidos e Harry e Rony já estavam lá em baixo, meu pai me deu um “Adeus” e eles saíram. Que poder incrível é esse que fez minha mãe mudar de ideia? Fui para a cozinha novamente e peguei algo pra comer. Sentei – me no sofá e comecei a passar os canais da televisão pra ver se alguma coisa me distraia, até que pude ver uma coisa em cima da mesa, um papel, deixado por Harry. Resolvi abrir.

É a ficha de crimes do cara que matou a tia Ro! Roubos, assassinatos, seqüestros, tortura... Que desgraçado filho da mãe! Quanto mais eu lia, mais minha raiva dele aumentava. Ele não fez mal só a mim, mas a várias outras pessoas também. Resolvi guardar o papel, fingir que Harry nem trouxe uma coisa dessas aqui pra casa, eu preciso saber mais sobre este homem. Eu quero matá-lo. Por tudo que ele fez, tanto por mim quanto por outras pessoas. Eu vou achá-lo e vou matá-lo. Não vai ser Harry nem Rony ou qualquer Auror por aí. Vai ser EU. O sentimento de ódio e repugnância crescia mais e mais no meu peito. Eu queria explodir, ou melhor, explodir o pedaço de bosta que está no papel. Fui me deitar, pois já estava chorando de novo. Mas agora de raiva, de ódio.

Sonhei. Sonhei que encontrei o homem e com um único feitiço consegui acabar com sua vida. Eu sorria, eu gargalhava enquanto o sangue dele escorria. Foi um sonho bom.

Quando acordei, meus pais já tinham chegado e Harry e Rony saído. Minha mãe estava inchada de tanto chorar. Eu estava mais feliz, mas tão feliz, que abracei minha mãe muito forte, e pulei no colo do meu pai.

– Eu sei que vai ser difícil esquecer tudo isso, mas, vamos tentar ok? Para o bem de todos. – Pois agora eu vou me vingar por vocês meus queridos pais, vocês irão se orgulhar da filhinha indefesa, eu vou matá-lo, e vocês irão ter a sua cabeça nas mãos. “Esses pensamentos não são de alguém da sua idade” Dane-se, eu penso como quero, e se eu quero alguma coisa, eu vou consegui-la, e ainda vou mostrar a todos que eu consegui.

Hahahaha esse merda vai ter o que merece, bem no inferninho, ele vai sim.


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Notas finais do capítulo

Comentem, avaliem, falem bastante, eu quero opiniões gente, vamos.



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