P.O.V. Hermione Granger

O Harry quase não aceitou a minha ideia dele nos ensinar magia. Ficou dizendo “Mas, Hermione, você é muito melhor em feitiços do que eu, você que deveria dar aulas.” e “Hermione, quem vai querer ter aula comigo?” Mas depois de muito tempo, eu e Rony conseguimos convencê-lo.

Eu queria ter ido sozinha chamar os outros alunos, pra poder ficar um tempinho com Fred, mas o Rony insistiu em ir comigo para chamá-los e ele cismava de ficar segurando a minha mão.

Muitos veriam esse gesto como uma coisa comum entre amigos, mas eu sabia muito bem que aquilo significava algo mais... E, infelizmente, Fred também...

Quando fomos chamá-lo, ele estava com Jorge e Lino testando os logros e falando mal da Umbridge. Eu e o Ron chegamos de mãos dadas, Lino, é claro, fez uma piadinha tosca com suas cordas vocais tão bem treinadas dos anos como locutor dos jogos de Quadribol, que foi ouvida por quase todos no Salão Comunal. Jorge teve uma crise de risos louca depois da piada de Lino, já Fred parecia que iria voar no pescoço de alguém, só não sabia ainda de quem: do Lino ou do Rony.

Fora isso, a chamada dos alunos correu bem. Chamamos só aqueles que julgávamos ser de confiança, ou seja, nada de sonserinos, é claro. Marcamos um encontro no Cabeça de Javali, era uma bar em Hogsmead, não muito frequentado pelos alunos de Hogwarts.

Marquei um encontro com Fred logo depois da reunião, no Três Vassouras. É um pouco arriscado, eu sei. O Rony ou a Angelina podem nos encontrar, mas eu preciso vê-lo. Não estamos conseguindo nos encontrar depois das aulas, porque ele tem pego detenção todos os dias com a Umbridge.

Merlin, essa sapa tem que sair de Hogwarts!

[...]

Chegamos ao Cabeça de Javali. Harry ficou o tempo todo falando que ninguém iria nos encontrar ali, que as pessoas achavam que ele era maluco e mentiroso e mais uma monte de baboseiras. Eu também, não achava que tantas pessoas fossem nos encontrar lá. Talvez os Weasleys e o Lino... Talvez o Neville também...

Então você já pode imaginar a minha cara quando eu vi todos aqueles rostos nos esperando para nossa reunião. Harry parecia prestes a ter um ataque do coração, mas talvez fosse porque a Cho estava lá e não parava de olhar pro meu amigo quatro-olhos.

Eu, Harry e Rony nos sentamos de frente para todos os presentes naquela sala. O silêncio que se seguiu foi constrangedor. Eu esperava que Harry falasse alguma coisa, mas como ele na se pronunciou, eu fui obrigada a falar.

–Ér... Bom... Oi... – eu não sabia muito bem o que falar, olhei para Fred e ele me deu um meio sorriso, quase imperceptível, me incentivando a continuar – Todos sabem porque estamos aqui. Precisamos de um... De um professor adequado. Com experiência em se defender contra as Artes das Trevas.

– Por que? – me perguntou um aluno da Lufa-Lufa

–Por que? – Rony respondeu no meu lugar, com um tom irritado – Porque Você-Sabe-Quem voltou, idiota.

– É o que ele diz – o lufano retrucou, apontando par Harry

– Dumbledore também diz – eu respondi

– Dumbledore diz porque ele diz. É o seguinte, cadê a prova? – ele disse com ar de quem sabe mais

– Se o Potter falasse mais sobre a morte do Diggory, talvez pudéssemos entender – disse um garoto da Corvinal, que era bastante amigo de Cedrico

– Eu não estou aqui para falar sobre o Cedrico – Harry disse se levantando – Se é por isso que vieram aqui, melhor irem embora – virou-se para mim e cochichou – Vem, Hermione. Eles só vieram aqui porque acham que eu sou pirado.

Eu já ia dizer para ele esperar, quando Luna levantou a voz e perguntou:

–É verdade que você consegue fazer o feitiço do patrono?

Harry não pareceu muito à vontade com a pergunta, então eu tomei seu lugar e respondi:

– É. Eu já vi.

– Caramba, Harry – Lino disse, mais animado do que o necessário, mas é claro, ele é o Lino – Não sabia que conseguia conjurar esse!

– E ele matou o basilisco na Câmara Secreta com uma espada da sala de Dumbledore.

– É verdade – Gina concordou, com os olhos brilhando, como se agradecesse ao seu salvador

– No terceiro ano, ele lutou contra centenas de dementadores – Rony disse, aumentando a lista de qualidades do Harry

Todos já pareciam estar bem impressionados, mas eu achei que ainda era necesssário mais, então falei:

– E ano passado, ele lutou com Você-Sabe- Quem pessoalmente.

– Não peraí – Harry me interrompeu, ele parecia não estar satisfeito com aforma como o fazíamos parecer tão incrível – Olhem, eu sei que parece fácil, ouvindo assim, mas a verdade é que eu tive muita sorte. Eu não sabia o que fazer muitas vezes e quase sempre tive ajuda.

Ele estava agindo como se não fosse forte o suficiente para ser nosso professor, eu tinha que fazer alguma coisa.

– Ele está sendo modest...

– Não – ele me interrompeu – Hermione, eu não estou. Enfrentar esses bichos na vida real não é como estar numa aula. Na escola, se você errar pode tentar outra vez amanhã, mas na vida real... Quando você tem um segundo para não ser morto ou ver um amigo morrer diante dos seus olhos... Vocês não sabem como é... – depois do discurso, ele se sentou e ficou lá, como se dissesse “Viram? É impossível eu ensinar vocês.”

Olhei para Fred em busca de ajuda. Ele e Jorge eram as melhores pessoas para animar qualquer um eu qualquer momento, mas até eles pareciam meio maus pelo discurso de Harry. Eles também eram amigos do Cedrico.

Eu precisava fazer alguma coisa. Pensa, Hermione, pensa!

– Isso mesmo, não sabemos – comecei – por isso precisamos de você. Porque queremos ter a chance de derrotar... – respirei fundo antes de falar aquele nome – Voldemort.

O lufano que havia me questionado no início da reunião foi o primeiro a se pronunciar.

– Ele voltou...

Apesar do silêncio, todos pareciam finalmente concordar e acreditar na verdade, por mais dura que seja...

Resolvemos então criar a Armada de Dumbledore, ideia da Gina, é claro. Todos assinaram seus nomes num pergaminho. Quando Fred foi assinar, ele aproveitou que Harry o Rony não estavam próximos, levantou um pouco a cabeça e disse:

– Estou te esperando no Três Vassouras.

E você pode apostar que eu vou estar lá, Fred.