Capítulo 16 – A terceira batalha começa

O dia de treinos correra bem. Haviam continuado imersos em seus esforços até a tarde, quando praticaram a montaria com os cavalos e depois se recolheram de volta ao castelo.

– Você ultrapassou os limites ontem. Ainda não está completamente recuperada. Já luta muito bem, devia ter parado depois do treinamento com as flechas. E ainda foi andar a cavalo depois...

Impa ajudava Zelda a se vestir na manhã seguinte. Após o longo dia de treinamentos, ela se sentira extremamente cansada e sonolenta, por isso agora levava uma bronca de sua babá.

– Me desculpe, Impa. Mas um aperfeiçoamento nunca é demais. Ganon nos atacará em breve e não sabemos como ele está dessa vez.

– Tem razão, mas o que espera fazer se desmaiar justamente quando ele aparecer? Tem que poupar suas forças. Ainda não temos certeza de qual é o problema com você. Dessa forma vai preocupar a mim, seu marido, amigos e até os criados.

– Tudo bem, farei o que puder – ela suspirou, rendendo-se.

Impa finalmente terminara de ajustar os adornos em seu cabelo, permitindo que ela colocasse a coroa.

– Obrigada, Impa – agradeceu com um sorriso.

Preparavam-se para deixar o quarto quando ouviram um barulho anormal do lado de fora, os soldados pareciam estar correndo pelo castelo. Ouviram batidas insistentes na porta.

– Sou eu!

– Entre, Midna!

A princesa das sombras adentrou o local com um olhar alarmado no rosto.

– Parece que ele finalmente resolveu se mostrar.

– O que?! – A guardiã e a princesa exclamaram juntas.

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– Aquela garota, filha do prefeito, esteve aqui hoje bem cedo e relatou acontecimentos estranhos na cidade – ela contava enquanto descia as escadas com Zelda e Impa.

– Link nos disse que seres estranhos perambulando, o céu está escuro e em alguns lugares chovendo constantemente. Todo mundo está trancado em casa. Estão com medo de raptarem suas crianças como daquela vez.

– Mas... Ganon... – Zelda não sabia por onde começar.

– Ele mesmo ainda não apareceu, só está dizendo olá... Talvez o meu reino esteja em descontrole também. A garota contou a Link sobre animais negros muito esquisitos que quase sempre aparecem em grupos de três. Isso é estranho. Era obra de Zant... Ganon deve ter absorvido essa habilidade quando o destruiu. Zant era capaz de materializar suas magias. Eu guardo até hoje a que ele usou pra transformar Link em lobo.

Finalmente chegaram ao fim das escadas e viram Link junto com Navi e o casal dos céus.

– Não há nada que possamos fazer? – Link* questionava.

– Fiquem aqui e ajudem a proteger o castelo se for preciso. E se protejam. Se Ganon está mesmo atrás de vocês, não devem aparecer aos olhos dele tão facilmente. Principalmente Zelda*.

– Mas ele não deveria querer tirar Link* de seu caminho? Ele é que sempre luta contra Ganon.

– Mas você é a deusa que lhe concedeu tal poder. Sem você, o herói pode não ir muito longe. Eu pedi que os guardas se disponham de modo a proteger o castelo da melhor forma possível se for necessário. Se Ganon está mesmo atrás de vocês é melhor que não saiam daqui por enquanto. Eu e Navi vamos sair com Epona e ver como estão as coisas.

– Link! – Zelda correu até ele.

– Zel! Como está?

– Estou bem, pare de se preocupar comigo por um segundo. Você vai sozinho?! Me deixe ajudar!

– Ficarei bem. Eu estive sozinho várias vezes e sempre voltei. Farei isso de novo. E agora Navi está comigo como naqueles tempos, será de grande ajuda.

Ela não disse nada, afinal confiava nele, e Link sabia disso, mas podia notar claramente o olhar angustiado no rosto dela. Nas outras vezes eles ainda não estavam casados. Agora o elo era maior, e qualquer dor também.

– Eu preciso ter uma ideia de como está o reino, se os soldados estão dando conta. Creio que Midna lhe contou tudo.

– Sim.

Houve silêncio enquanto Navi se escondeu no chapéu de Link e os demais se afastaram para que os dois pudessem conversar mais a vontade.

– Você ainda está fraca. Nós não temos certeza do que está acontecendo. Zel... Eu sempre te dei minha força sem hesitar quando você me pediu. Sei que sempre confiou em mim e confia agora também. Na maioria das vezes eu lutei tranquilo porque sabia que você estava segura. Você é minha força, então... Ao menos enquanto não sabemos da situação, por favor, fique e recupere suas forças. Eu estarei de volta o quanto antes.

Ela encarou aqueles olhos azuis. Tão calmos... Lhe transmitiam confiança e paz infinitas, como se lhe fizessem um promessa silenciosa.

– Não me deixe esperando.

– Não vou – beijou-a ternamente, envolvendo-a num abraço suave e acolhedor.

Ela o beijou de volta, pouco se importando com a presença das outras pessoas ali.

– Vá com cuidado, meu herói – dizendo isso, ela o beijou no rosto, exatamente como fizera dezessete anos atrás, na primeira vez que pedira a ajuda de Link, na primeira vez em que o beijara.

Ele abriu um doce sorriso ao lembrar-se daquele momento de quando tinham apenas dez anos de idade. Lembrava-se até mesmo de Navi zombando dele por sua queda por Zelda.

– Assim o farei, minha princesa – beijou-lhe a mão e finalmente afastou-se dela – Devo ir agora.

– Leve Midna com você. Ela poderá ajudar.

– Nem precisa pedir! – Ela apareceu do nada, se materializando ao lado do casal, assustando os dois.

– Ei! Onde você estava?! Ouviu nossa conversa?

– Não mesmo, Link. Eu não costumo invadir a privacidade de ninguém, apenas farejo de longe uma chance de chutar o traseiro de Ganon ou seus subordinados. Eu ia mesmo te pedir pra ir junto.

– Devemos partir agora.

Em poucos minutos, os dois se dirigiam até à cidade. Antes de partir, Link orientara a esposa e os outros a não ficarem muito próximos às entradas e locais abertos do castelo. Impa prometera manter vigilância constante, e Link carregar a Master Sword o tempo todo, e também a ocarina do tempo que trouxera de Skyloft.

Quando colocaram os pés no mercado de Hyrule, Midna deixou seu esconderijo na sombra de Link e viram um cenário de assustar. Pareciam ter voltado no tempo. O céu estava escuro, ninguém fora das casas, nenhum animal, alguns objetos e barracas caídos no chão, provavelmente derrubados em meio à correria.

– Midna... Vamos ao bar de Telma.

Percorreram mais algumas ruas até encontrarem o lugar, mas não chegaram a entrar. Três criaturas negras surgiram de um buraco que pareceu se abrir no céu.