Alianças escrita por Uchiha Anne


Capítulo 4
Coisas difíceis de se dizer




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Aquilo me deu forças pra tentar a tão difícil adaptação.

 

~*~

 

Coisas difíceis de se dizer

 

Sakura POV

 

Descobri ainda naquele dia, um pouco mais tarde, que Deidara morava no castelo, apesar de ficar muito tempo fora, cuidando de negócios que os irmãos Uchiha não gostavam.

 

Depois que a imbecil da Konan foi finalmente embora, depois de infernizar Deidara pelo resto da tarde, eu saí para dar uma volta no jardim. A casa estava insuportável pra mim, aquela cena de Sasuke e Karin vindo as minhas vistas toda vez que olhava os olhos ônix dele.

 

Minha irmã estava menos insuportável, mas nunca ficava comigo. Estava sempre fazendo alguma coisa com Itachi. Nesse momento ela e ele estavam jogando xadrez na sala, coisa que nunca fizemos juntas, já que meu intelecto não colabora em jogos de lógica.

 

O jardim exageradamente bem cuidado dos Uchiha se estendia embaixo de meus pés, e eu não esperava companhia tão cedo. Provavelmente só entraria pra jantar e iria direto pro quarto depois disso.

 

Estendi a manta verde clara que trazia junto comigo na grama brilhante e bem aparada e me sentei sobre ela, espalhando meu vestido lilás e branco por sobre o pano.

 

Olhava o horizonte sem ver nada, esperando que as lágrimas não caíssem. Não queria ser fraca. E é claro que estava perdendo espetacularmente a briga.

 

Um barulho de cascos de cavalo chegou aos meus ouvidos e não demorou muito para um cavalo negro entrar em meu campo de visão. Olhei curiosa e logo reconheci os cabelos preto azulados de Neji e Hinata.

 

Minha amiga vinha junto com Neji, agarrada a ele com uma expressão que interpretei como tristeza.

 

O Hyuuga a ajudou a desmontar e sem dizer nada entrou no castelo, onde imaginei que era esperado.

 

Hinata veio até mim correndo, sua expressão torturada atenuando aos poucos.

 

- Ah, Sakura! – cumprimentou-me ela, sentando-se comigo na manta. – Vejo que está muito bem!

 

- Não tanto quanto aparento, não tanto. – respondi, minha voz embargando com o choro contido.

 

- Não chore Saku-chan. – murmurou minha sempre fiel amiga.

 

Assenti a ela, levantando a cabeça momentaneamente para conter as lágrimas.

 

Tenten apareceu à porta, mas ao ver Hinata fez uma careta e colocou no rosto uma expressão mais profissional.

 

- Sakura, seu marido ordena que se junte a ele no jantar. – murmurou Tenten como se quisesse dar um murro em Sasuke por isso. – E convida Hinata-sama a juntar-se a família Uchiha no jantar, bem como seu primo Neji. – ela disse esse último nome com tanto amor e devoção que fez Hinata se encolher.

 

Murmurei um xingamento em latim, quase inaudível, que fez Hinata rir baixinho. Tenten, que achou que a Hyuuga estava rindo dela, saiu bufando e batendo os pés.

 

Revirei os olhos para a atitude infantil de minha dama de companhia e me virei para Hinata.

 

- Você não vai né? – perguntou ela.

 

Balancei a cabeça negativamente.

 

Suspirando, ela levantou, arrumou o vestido e rumou em direção ao castelo. Ao contrário de mim, ela era muito submissa.

 

Passados o que me pareceu pouco tempo minha irmã saiu do castelo, ligeiramente irritada.

 

- Saki, não sei o que houve contigo, mas se fosse você levantar-me-ia daí agora e entraria naquele castelo. – falou tentando me fazer mudar de idéia.

 

Foi fácil ignorá-la e logo ela entrou novamente no castelo, revirando os olhos.

 

Tempos depois foi a vez de Mikoto-sama.

 

Ela tinha os olhos torturados, como se soubesse exatamente porque eu estava ali.

 

- Sakura minha filha, porque não se junta a nós para o prato principal. – praticamente suplicou Mikoto, olhando-me nos olhos.

 

Balancei a cabeça em uma negativa, reprimindo o sentimento de culpa que ameaçava tomar conta de mim.

 

Ela me repetiu a pergunta, mas a resposta foi a mesma. Quase em lágrimas, ela me deixou ali e entrou novamente.

 

O frio invernal já descia sobre minha pele, entranhando a seda fina de meu vestido. Eu tremia, mas me recusava a entrar. No fundo sabia que eu queria que ele, Sasuke, viesse até mim e pedisse para que me juntasse a ele. Pedisse, não ordenasse.

 

Logo, o desejo de meu subconsciente foi atendido.

 

Ele vinha, uma aura de raiva sendo quase visível ao redor de sua figura, assumindo estranhas cores ao fim de crepúsculo. Andava, não, marchava em minha direção.

 

Ao chegar a minha frente, sua fúria era quase palpável. Eu me deleitei com isso, mas por um segundo de loucura apenas.

 

- Sakura, levante-se daí imediatamente e entre naquele castelo. Junte-se a nós para o prato final. AGORA!

 

Ao invés de me fazer chorar e obedecer, o tom de voz autoritário dele me encheu de um sentimento novo. Escárnio.

 

- Não. – foi minha resposta.

 

- Pare com esse ciúme idiota e me obedeça. Minha vida sempre foi assim e não é por sua causa que eu vou mudar. Agora, esqueça a Karin por um instante e entre naquele castelo.

 

Desta vez eu simplesmente o ignorei. Virei o rosto deliberadamente, mas antes deixei que ele visse meu sorriso de escárnio.

 

Acho que controlando-se para não me agredir, ele entrou na casa, sua fúria parecendo derrubar tudo a sua frente.

 

Eu quis rir. Naquele momento, um instante de loucura insana, eu quis rir. Meu interior se dobrava em espasmos que eu achava que eram por causa da vontade de rir, mas ao ouvir um som estranho e histérico, percebi que aquela agitação vinha de dentro de mim por causa de um choro contido.

 

Eu quase me entreguei ao choro que ameaçava me consumir desde o desjejum. E sabia que seria assim toda vez que eu visse aquela cena, eu sabia que a veria constantemente.

 

Deitei-me sobre a manta de cor clara, assumindo cores estranhas na luminescência do céu vermelho sangue e dourado. Fechei os olhos pelo que me pareceram vários minutos, mas em meu íntimo sabia que não havia de passado nem mesmo 3 minutos míseros.

 

E tão logo e repentinamente que me assustei, Deidara estava deitado ao meu lado na manta, com o rosto apoiado nos cotovelos, me olhando de cima.

 

Ele sorria, e seu sorriso me aqueceu por dentro, mesmo eu estando tremendo de frio por causa do ar invernal que o jardim assumira assim que o sol começara a se por.

 

Encarei seus olhos cálidos e tive que sorrir. Ele sorria também, um pouco contido e preocupado com minha sanidade mental.

 

- Eu iria te perguntar por que diabos você está deitada na grama nesse frio do cão. – começou ele sem me libertar da prisão que eram seus olhos azuis acinzentados. – Mas eu posso me contentar em te convidar para desfrutar da sobremesa comigo. Acredite, não vai querer perder Mayumi humilhando a ruiva nojenta né?

 

Um sorriso, acredito que o mais verdadeiro que havia dado naquele dia, surgiu em meus lábios roxos de frio. Levantei-me, admito que com um pouco de esforço, e esperei que o loiro fizesse o mesmo.

 

Quando vi que ele não levantaria, bufei, querendo deitar novamente.

 

- Não Saki. – disse-me ele quando fiz menção de me jogar novamente na manta. – Vá lá e enfrente sozinha, mostre pro chato do meu primo que você não é como ele pensa.

 

Lutando para eu mesma acreditar nessas palavras, assenti brevemente e rumei para o castelo, munida de uma coragem que certamente era inventada pela minha cabeça doente.

 

~*~

 

Mordendo de leve o lábio inferior, hesitei na porta um minuto. Depois, revirando os olhos, entrei a passos firmes, direcionando-me à sala de jantar.

 

Os sons baixos das conversas pararam quando eu apareci e eu reparei diversas reações a isso. Mikoto-sama sorriu maternal pra mim, Mayumi sorriu maliciosa e comentou alguma coisa ferina, que fez Karin retroceder. A ruiva por sua vez não modificou a expressão humilhada que tinha na face marcada de lágrimas. Hinata estava contente, minha irmã não prestava atenção em mim.

 

E a que me fez soltar um gemido baixo de contentamento. Sasuke me olhava com raiva. Mas a raiva dele era tão adorável que me fez ter vontade de rir. De novo.

 

Estava começando a ficar preocupada com minha sanidade mental.

 

Tentando me livrar desses pensamentos, me sentei ao lado de Mayumi e logo as conversas recomeçaram, tímidas. Sasuke me encarava ferino e eu deliberadamente sorri.

 

A sobremesa passou-se rápida, entre Mayumi humilhando Karin e Itachi e Yuka dando demonstrações patéticas de afeto. Realmente patético.

 

Todos se levantaram e eu subi, sem dar idéia pra mais ninguém. E é claro que todos, menos meu amado marido, não ligaram.

 

Entrei no quarto que dividia com Sasuke, vesti uma camisola grossa de algodão e estava penteando os cabelos quando ele entrou num rompante no quarto. Novamente sua fúria era palpável. Eu me deletei com isso, imaginando que o frio devia ter afetado meu cérebro mais do que imaginava.

 

- Por que diabos você fez aquela cena toda? – berrou ele em fúria. – Pra me contrariar na frente de todos?

 

Terminei de escovar meus cabelos róseos e só então o fitei. Estava serena, quase desligada.

 

- Não. Fiz porque quis. – respondi pousando a escova dourada na penteadeira. – E de agora em diante, vou seguir seu exemplo.

 

- Que exemplo? – perguntou-me ele com a mandíbula travada.

 

- O que levar minha vida como sempre levei. – retruquei ainda calma. – Não se assuste. Minha vida vai ser como sempre foi e não vou mudar por sua causa.

 

Ele não esperava que eu usasse quase as mesmas palavras que ele e também não deixou passar a ameaça explicita. Mas antes que ele pudesse ter alguma reação eu já tinha me deitado e apagado minha vela.

 

A última coisa que ouvi foi um rosnado e a porta batendo. Provavelmente ele iria procurar a ruiva. Isso se ela tivesse em condição de entretê-lo aquela noite.

 

Sorri. Agora ele veria. Aquilo era um jogo de dois.


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Notas finais do capítulo

N/A: Minna-san *-*
Eu demorei
Atirem pedras a vontade. Mas deixa eu falar. Ou melhor, escrever. Não foi minha culpa. Foi o maldito bloqueio .-.
Anyway, o capítulo está aqui. Espero mesmo que gostem. Tenho que responder reviews, mas não estou mesmo encontrando tempo pra isso :/
Quero terminar o mais rápido possível de atualizar as fics e aí sim eu respondo :*